RETRATO-RELÂMPAGO DE OLGA OROZCO
Na poesia
de Olga Orozco sonho e memória encarnam abissal perspectiva de infinitos mundos
paralelos, que se fundem e mesmo desaparecem aos olhos da realidade, como um
ninho de provocações. Um labirinto de dimensões que se abrem e fecham como o
olhar de uma pintura que nos desafia a fazer parte dela ou a porta que nos
seduz a compartilhar infinitas moradas. Mais do que uma metáfora do precário, o
que lemos em Olga é a transmigração do tempo pelos mais acidentados rincões da
experiência humana. Iniciática e peregrina, em sua poesia captamos a essência
secreta do ser e da linguagem. A definiu bem María Meleck Vivanco, ao dizer que
ela elevou seus indulgentes olhos claros
a zonas do espanto que erguem uma figura do olimpo […] sacrificando no deleite sua forma de lua matizada, de maga nos jardins
da cabala, com seu exercício suspirante de respiração. Sua biografia a
encontra intensamente dedicada à criação poética. Embora tenha mantido boas
relações de amizade com alguns surrealistas argentinos, jamais aderiu ao
movimento, no que pesem ainda as diversas analogias possíveis entre sua lírica
e o Surrealismo. Ela mesma dirá: Ainda
que eu não seja uma surrealista ortodoxa, creio que há elementos em comum: o
predomínio do imaginário, buscas subconscientes, o fluir das imagens, a imersão
no onírico e no fundo de si mesmo como canteiro de sabedoria, a crença em uma
realidade sem limites, muito além de toda aparência e de toda superfície e a
avidez de captar essa realidade por inteiro em todos os seus planos.
*****
Escritura
Conquistada – Poesía Hispanoamericana reúne ensayos, entrevistas, encuestas y
prólogos de libros firmados por Floriano Martins, además de muestra parcial de
su correspondencia pasiva.
*****
*****
|
| |
|
|
|
Floriano Martins
ARC Edições | Agulha Revista de Cultura
Fortaleza CE Brasil 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário