quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Agulha Revista de Cultura # 216 | setembro de 2022

 

∞ editorial | Intervalos diacrônicos

 


01 | Agulha Revista de Cultura e Surrealismo entram de férias. As primeiras férias da revista em seus 21 anos de ininterrupta atividade editorial. A série Surrealismo Surrealistas também acompanhará a revista em sua ausência. O duplo retorno será com a edição de 10/11. Durante este bimestre a revista Acrobata continuará publicando o projeto Atlas Lírico da América Hispânica, ao mesmo tempo em que 57 poetas convidados nossos aproveitam para responder a uma entrevista que será publicada em novembro, configurando a 2ª Etapa de outro projeto nosso, Conexão Hispânica. Agulha Revista de Cultura desde já se prepara também para a série da qual se ocupará em todo o 2023: “A arte no Século XXI”. De acordo com o convite enviado a inúmeros colaboradores, esta série deve ter a seguinte mecânica editorial:

Após as séries Partituras do Maravilhoso (2021) e Surrealismo Surrealistas (2022), a Agulha Revista de Cultura prepara para 2023 uma nova etapa dedicada à reflexão sobre os caminhos da arte em nossa época. Durante todo o ano de 2023 publicaremos duas edições mensais, sempre aos dias 10 e 25 de cada mês, cada edição incluindo um total de 10 ensaios que deverão ter um mínimo de 3 mil caracteres. Sob o tema central, “A arte no Século XXI”, os ensaios deverão abordar o modo como política, economia, mídia, mercado, guerras, religiões etc., têm afetado a criação artística em sua perspectiva humanística e quais as perspectivas para um novo renascimento ao longo do presente Século. Evidente que as escolhas pelos elementos externos serão distintas em cada convidado, de acordo com sua experiência de vida e a natureza de seu trabalho. De igual modo, esses elementos podem ser outros, não devendo haver limitação em face de nossas sugestões. O que desejamos, em tese, é um ensaio sobre as relações entre arte e cultura.

As datas exigidas para entrega dos textos obedecem a uma agenda editorial, assim definidas:

30/11/2022 (para o primeiro trimestre 2023)

28/02/2023 (para o segundo trimestre 2023)

30/05/2023 (para o terceiro trimestre 2023)

30/08/2023 (para o quarto trimestre 2023)

Cada uma das referidas datas só poderá contar com a inscrição de 60 convidados.

Para o momento o que queremos de todos os convidados é que confirmem sua participação em nosso projeto e que definam a própria data de entrega de seu ensaio. Lembramos ainda que os ensaios não devem acompanhar imagens, pois cada uma das edições, como tem sido uma marca da Agulha Revista de Cultura em seus 21 anos de existência, apresenta uma mostra de 48 obras de um artista convidado. Agradecemos a todos pela renovada cumplicidade.

 

02 | ZUCA SARDAN & FLORIANO MARTINS | Pélrodas negras de um papado branco

 

ZULFIROS BAQUE | Eis aqui o que periga ser uma estratégica absorção vulpinamente aprontada pelo mascovélico provável Papa Peroldo dos encantos sulfurosos do Xandonblet.

 

FLANELLO CARDO | Será a hora da mudança de conceito patibular, assim como das ordens aforísticas que campearão neste século faminto por novos caprichos.

 

ZULFIROS BAQUE | As mudanças fulminantes já começaram antes mesmo do Novo Século começar. O mundo de Hoje já nada tem a ver com o Século passado. Há milhares de Séculos não houve mudanças tão radicais, abruptas e violentas. E o mundo está se desmoronando a uma velocidade alucinante. Ninguém mais sabe o que vem por aí. Nem sequer sabemos como será o ano que vem.

 

FLANELLO CARDO | Nem mesmo de que forma o mundo acordará amanhã. É verdade que a mídia ainda não deu pela conta e range pela cartilha de décadas atrás. Também a política, velha arte da retórica, amarga no mercado de quinquilharias. E a arte então?

 

ZULFIROS BAQUE | A arte hoje é mesmo barbulhar os muros da cidade com rabiscos copiados das Hq, que são apreciados pelos melhores críticos… Um jovem talento de São Paulo faz arte com cocô e outras porcalhadas originais… expostas nas melhores galerias de São Paulo… O-Rô- Rôôôô!… O Mundo está rachando, mas o Arcanjo na nuvem não toca a trombeta, porque a violência, ignorância e porcalhada da população não anima mais os Arcanjos do Apocalipse a descerem no meio de toda essa ignorância, violência e imundície que súbito se apossaram da Humanidade. Resta só tomar umas férias de duração interminável, num Vapor do Loide em que o Capitão irá procurar uma ilha de rodas, absolutamente perdida e inacessível.

 

FLANELLO CARDO | A arte transferiu todos os seus palpites para o jogo do bicho. Por vezes (ainda) me surpreende que um belo dia a moral debandou e deixou cair pela janela do vagão a moralidade, já uma pobre esclerosada que não reconhecia a quem servia. Na debandada geral se levou por terra todas as conquistas das vanguardas que, vendo de longe, e já com o fardo de sua perda, observamos que foi algo precioso e diversificado, e que muito dificilmente o mundo recuperar-se-á dessa ausência completa de liquidez.

 


ZULFIROS BAQUE | A velha esclerosada Moralidade na sua defenestração, foi salva por uma DragQueen, e está comandando todas as facções da bandeira do Arco-Íris, com o grande sucesso internacional que todos conhecem. A velhota está comandando uma Revolução Mundial apoiada pelos Verdes, os Pentassexuais, os anti-colonalistas, e inúmeras outras facções, com a aprovação dos Governos da Europa, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, etzzz etzzz etzzz

 

FLANELLO CARDO | A Liga Panssexual comanda o espetáculo, de modo que não há mais espaço para discursos pseudo laterais, projetados em telões acanhados de ponta de rua. Um multiverso de debulhas de gêneros está tomando o planeta de assalto e logo a cama deixará de ser parte de uma alcova secreta e passará a ser a grande instalação dos amparos e diversões ligeiras ao uso franqueado de toda a gente.

 

ZULFIROS BAQUE | Mas é preciso a turma pansexual atacar presto o programa, antes que o Globo Terrestre se rache ao meio.

 

FLANELLO CARDO | Pois é, todo um dilema, ainda estão acanhados, tratando de escapar do tiroteio da Dona (água) Benta, em um retiro de pílulas e cirurgias de membros realizadas em uma cozinha suspeita. A rigor, boa sopa não sairá desse caldeirão de artes defumadas…

 

ZULFIROS BAQUE | Seria bom se ficassem acanhados por um tempinho, mas… duvido muito. O assanhamento é colossal.

 

FLANELLO CARDO | Ninguém supera o meu assanhamento: 240 convidados para a nossa festa. Claro que uns 30 inventarão uma desculpa para a rejeição. O relógio terá derretido seus ponteiros.

 

ZULFIROS BAQUE | Os relógios melhores são os que não funcionam mais, e guardam pra sempre a hora que marcarmos. São os preferidos dos macróbios.

 

FLANELLO CARDO | Qualquer relógio quebrado acerta no alvo duas horas por dia… melhor mesmo é arrancar seus ponteiros. Quanto mais invisível mais sombrio e imprevisível é o tempo…

 

ZULFIROS BAQUE | Mais uma razão pra guardar os ponteiros. Basta acertar a hora duas vezes por dia. Pro resto do tempo… a situação vai ficando cada vez mais preta.

 

FLANELLO CARDO | Pafúncio tinha uma andorinha que, segundo me contou, o pôs em uma gaiola e grudou em sua vetusta calvície os tais ponteiros que havia arrancado de um relógio. Pafúncio se converteu em cuco e com a boca imitava uma trombeta berrando duas vezes ao dia como sinal de que todos ficassem atentos que lá vinha o Armagedão. Pafúncio esbodegou o tal berrante e a entidade aguardada não apareceu. Com os beiços inchados a troncha aberração matutava se toda história deveria mesmo ter uma moral…

 

ZULFIROS BAQUE | Talvez sim… cada história deve ter sua moral. O problema é achar uma seja adequada ao texto, e aceita pela cidadania.

 

FLANELLO CARDO | Pois quando a história se precipita em busca de uma moral a cidadania arranca a língua dos galos e os estoca no porão para que o dia acorde mais tarde e desconheça o que lhe havia planejado o destino.

 

ZULFIROS BAQUE | A moral no caso é que a história não deve buscar sua moral, que de qualquer modo jamais será aceita pelo Doutor Froyd, que colocará as galinhas para botar ovos no seu famoso sofá.

 

FLANELLO CARDO | Como o tempo acaba descobrindo de tudo um pouco logo se soube que dr. Froyd mantinha sete anões em trabalho forçado pintando ovos das galinhas de d. Moraleja, que eram vendidos como ovos multifaces da ilha da Páscoa…

 

03 | Nossa artista convidada nesta edição da Agulha Revista de Cultura é a fotógrafa francesa Agnès Geoffray. Uma valiosa leitura crítica de Eva Wittocx situa sua obra como um ideal equilíbrio entre realidade e ficção, entre situações cotidianas e impensáveis. Suas fotografias, instalações e vídeos combinam o desconhecido com o aterrorizante, como nos contos de fadas populares. Um fascínio pelos vestígios visíveis e invisíveis de desordem, ou mesmo desastre, em situações e eventos cotidianos está subjacente aos textos, fotografias, vídeos e apresentações de slides em STUK. Em fotografias quase inteiramente brancas, composições horríveis inspiradas em imagens da mídia, ou composições com as quais estamos familiarizados da iconografia tradicional, escapam aos olhos do público. Outra importante voz crítica, a da curadora belga Katerina Gregos, destaca que todas as fotografias de Geoffray podem ser vistas como lugares latentes de devir e equivalentes espaciais que representam nossos medos infantis ou nossos piores pesadelos adultos. Mas, além de seu impacto visual sinistro e imersivo, as fotografias de Geoffray acabam abrindo um espaço para a imaginação e para a ficção e, nesse espaço, as possibilidades de interpretação são ilimitadas. Agradecemos à fotógrafa sua imediata aceitação de participar da presente edição. 

Floriano Martins 

 

 

∞ índice

 

FLÁVIA FALLEIROS | Paris pós-guerra

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/flavia-falleiros-paris-pos-guerra.html

 

IGNACIO JEREZ | Centroamérica, la gran unidad de la fragmentación: Breve análisis semántico en torno a Libro centroamericano de los muertos

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/ignacio-jerez-centroamerica-la-gran.html

 

LUIS EDUARDO CORTÉS RIERA | Hugo Gernsback: Padre de la literatura de ciencia ficción

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/luis-eduardo-cortes-riera-hugo.html

 

LUIS FERNANDO MACÍAS | León de Greiff en el suroeste antioqueño

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/luis-fernando-macias-leon-de-greiff-en.html

 

MADELINE MILLÁN | Carmen Amato, poeta y fotógrafa de la frontera

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/madeline-millan-carmen-amato-poeta-y.html

 

MADELINE MILLÁN | Celeste Alba Iris: error y fortuna del extravío: del poemario al fotolibro

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/madeline-millan-celeste-alba-iris-error.html

 

MARIA ESTELA GUEDES | Tradição e fronteiras em Floriano Martins

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/maria-estela-guedes-tradicao-e.html

 

MARITHELMA COSTA | David Cortés Cabán y la presencia de lo efímero

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/marithelma-costa-david-cortes-caban-y.html

 

MARY CARMEN MOLINA ERGUETA | Escandalosa escritora boliviana: María Virginia Estenssoro

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/mary-carmen-molina-ergueta-escandalosa.html

 

OSWALDO GUERRA SÁNCHEZ | El azoriano Roberto de Mesquita (1871-1923) y los poetas modernistas canarios

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/09/oswaldo-guerra-sanchez-el-azoriano.html 

 



Agnès Geoffray


Agulha Revista de Cultura

Número 216 | setembro de 2022

Artista convidada: Agnès Geoffray (França, 1973) 

editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com

concepção editorial, logo, design, revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS

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