terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Agulha Revista de Cultura # 222 | janeiro de 2023

 

∞ editorial | Circuitos elétricos da criação

 


01 | O moto continuo que é a nossa existência está sempre às voltas com o que se costuma chamar de boas e más notícias, a rigor uma voragem de fatos que permitem leituras diversas e nenhuma delas deve ter um peso excedente em relação às demais: Nas primeiras semanas de janeiro nós fomos informados da morte de Claudio Willer (Brasil, 1940-2023), dias depois da publicação do livro El frutero de los sueños, de Floriano Martins (Brasil, 1957) – livro que pode ser encontrado aqui: www.generis-publishing.com/book.php?title=el-frutero-de-los-sueos-1124 –. Os dois poetas estiveram juntos em inúmeros projetos, compartilharam entranhável amizade e respeito mútuo, mas foram, sobretudo, editores da Agulha Revista de Cultura nos anos 2000-2009, período em que a revista ganhou o prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte, pela excelência de sua difusão das artes em nosso país. A obra e o currículo de ambos estão vivos e se destacam pela qualidade e o sentido de resistência a todos os obstáculos da vida.

 

02 | Breve conversa com Thomaz Albornoz Neves | Este brasileiro, nascido em 1963, a qualquer momento o encontro com a sua obra nos surpreende, pela grandeza em duplo sentido: a extensão de seus escritos, sua busca inquieta de uma magia do tempo, e a densidade dessa procura, o modo como viaja pelos rios mais subterrâneos da essência poética, como ensaísta, tradutor e poeta. Mas sobretudo com a percepção que o conduz pelos caminhos com uma passada firme de quem está sempre aberto para tudo o que a paisagem tenha a lhe ofertar. Este número de Agulha Revista de Cultura é um reconhecimento dessa grandeza, expressa recentemente na forma de três livros fundamentais: À espera de um igual (2020), Oriente (2021) e 24 verbetes (2022). No diálogo a seguir conversaremos um pouco sobre eles.

 

FM | Naturalmente, cada leitor acaba por formar a própria linha de parentesco de um poeta de sua preferência. No prefácio do volume que reúne tua poesia – ah este belíssimo título: À espera de um igual, com sua força sedutora e mesmo desafiadora – o uruguaio Rafael Courtoisie situa a tua poética em uma quadra múltipla que eu sinceramente não identifico ao te ler. Para mim, a tua referência clássica vem da poesia desse raro que é Dante Milano, assim como a veia experimental a encontro melhor sintonizada com Francis Ponge e a síntese comparativa com Juan-Eduardo Cirlot. Talvez estejamos os dois errados e seja outra a tua linhagem. Acaso poderias nos aclarar algo a este respeito?

 

TAN | É curioso, Floriano, mas a linhagem de um poeta pode não ser a mesma dos seus poemas. Quero dizer, muitas vezes me peguei apagando minhas influências, escrevendo contra elas. As tirava dos versos, mas as mantinha em mim. Menos que de autores, minha formação foi feita por poemas esparsos. Ou melhor, por determinados versos desses poemas. No começo, me interessava o poder que as palavras têm de transformar minha percepção do mundo. Eu era um caçador de revelações. Os poemas 4 e 6 de O capuz do olhar (2018), livro que encerra À espera de um igual e que revisita o caminho do poeta que surge através dos meus poemas, ilustram melhor a que me refiro.

 


4 

Rio de Janeiro, 1982 

Peculiar leitor de poesia

Só se interessa por alguns poemas de uns poucos poetas E

mesmo o poema escolhido rara vez permanece inteiro 

apagado pelo clarão daquele verso único que o captura

 

Tendo conhecido a força dessa experiência lendo

está determinado a repeti-la também escrevendo

Persegue a centelha, o rapto repentino

da vida pela linguagem

 

Não nutre interesse algum nos poetas

Ler o que se escreve sobre eles e sobre as suas obras

lhe parece uma espécie de sacrilégio

Para que dissecar a estrutura de um poema contextualizá-lo

na vida do autor e na galeria da língua

embutir-lhe um ismo, se o que vale já está ali, nele mesmo?

 

Sim, é sabido

Há toda uma indústria em torno do verso

guiando a voz depois de ouvida

que também é conhecimento

Mas para ele há mais no que ignora de Safo do que sabe sobre Rimbaud

Ou Vinícius

 

A Literatura, ou seja, a soma das suas leituras essenciais 

resiste a ser um todo definido e definitivo

Pensar num contexto poético brasileiro

restringir o poema à sua língua

lhe parece o mesmo que reduzir o homem à sua espécie

 

Se termina por aprender idiomas

não o faz através de um curso sistemático

(como a lógica, a gramática o tortura)

mas através da poesia e com um dicionário

 

Dito em outras palavras

Se aprende uma língua é para ler poemas

Traduz para tomar posse

É um processo de revelações

 

Muitas vezes, no primeiro entendimento

dúbio e nebuloso

a impressão é de ter se aproximado tanto

da origem do verso na mente do autor

quanto daquele silêncio onde as palavras se formam

 

Aprender um idioma através do poema

remete ao silêncio onde nascem as palavras

que é o mesmo da poesia

 

6

 

Folheia os ensaios nas livrarias pela riqueza das citações 

Não pelo pensamento dos ensaístas

O pensamento sempre almeja algo, é inacabado

e ele procura a fenda que a beleza abre nas palavras

 

O subsolo da PUC, embaixo dos pilotis da Faculdade de Direito onde

o Papaléguas vende seus livros e revistas é escuro e acolhedor O

lugar perfeito para a solidão que sente

Saudosa de inverno, albina no trópico

 

À direita de quem desce as escadas para o refeitório comunitário há

um balcão de bar

e bancos dispostos como os de trem contra a parede sem janelas As

estantes verticais giratórias

ficam entre as mesas cobertas pelas publicações à venda

 

Aquela gruta é seu lugar de leitura

Esvazia durante cada período de aula

e quando lota de repente a interrupção é bem-vinda

porque traz os amigos e as amigas

de passagem até o começo da aula seguinte

 

Além das aulas, também evita

a envidraçada e asséptica Biblioteca do terceiro andar

Lá, as pessoas parecem ler por profissão, circulam com pressa

e tratam os livros como instrumentos para matar o semestre

Já nós aqui, à meia-luz, fazemos tempo

Um tempo denso de ar viciado que demora mais, como na praia

 

Ao contrário da Biblioteca, os livros do Papaléguas

são objetos valiosos cedidos com generosidade a quem o frequenta

Tanto desprendimento aumenta o cuidado com os livros

sempre repostos à posição de venda nas estantes ou nas mesas

O lugar rescende a vinho barato, a cerveja derramada e, senão a maconha,

a maconheiros vindos do pebolim na Vila dos Diretórios

 

Entre nós, é um rito de passagem superar o crivo

desse culto camelô e ter poemas mimeografados ali

entre Vallejo, Artaud e Cacaso

Às vezes, enquanto folheia no encalço de pérolas

o Papa e sua melena rasta na penumbra

são para ele quase como quando o néon some

 

Epígrafe em um daqueles ensaios

a primeira estrofe de Éluard que lê mais que pérola é uma aparição

Por ela compra o livro sobre Surrealismo

e sobe ao terceiro andar pelo poema original nas Obras Completas

Retira o tomo da Pléiade, em papel bíblia, sem abri-lo sequer

e tenta voltar ao seu canto no fundo da cantina

Mas está lotada


Sai da Universidade para a luz da tarde

sentindo na bolsa de pano o peso dos livros não lidos 

imantados por esse tipo de expectativa

que se tem quando pressentimos epifanias

Mas, para a sua surpresa, a estrofe em francês não chega aos pés

da tradução da Sra. Eugénia Maria Madeira Aguiar e Silva

Nem versão alguma que viesse a pôr os olhos nas semanas seguintes jamais chegou

fosse a do Zé Paulo, a do Quasimodo, a do Beckett ou a do Octavio Paz

– que se permite a heresia de abolir da sua tradução ao espanhol

justo os dois versos que o elevaram –

 

Diz a estrofe final

do poema sem título que faz parte da coletânea Facile, de 1935:

 

Femme tu mets au monde un corps toujours pareil Le

tien

Tu es la ressemblance

 

e traduz a portuguesa:

 

Mulher tu dás à luz um corpo sempre semelhante O

teu

Tu és a semelhança

 

Éluard – e a tradutora com o seu “dar à luz”

a provocar tanta ternura pela Língua Portuguesa –

cria uma imagem de mulher que se renova nela mesma diante do leitor

E o que mais ocorre quando olhamos fascinados para a mesma pessoa

senão a impressão de estarmos a olhar sempre pela primeira vez?

 

Foi ler a um só tempo o movimento e sua origem que o suspende Ele

vem de locuções estáticas, vem de

 

Puedo escribir los versos más tristes esta noche

 

Ele vem de isto como aquilo


Cultivar o deserto como um pomar às avessas


ou


y sus muslos me escapaban como peces sorprendidos

 

Aquela alquimia verbal

a palavra criando algo que até então não existe mas que é real

agindo sobre o presente imediato do leitor

em vez de remetê-lo ao tempo em que foi escrita

dá um novo poder ao ofício

 

E por não ser retórico

esse poema se ajusta ao seu errático ritmo de leitura 

Salteado, caçador de flashes

Alguém já escreveu como ele, sem saber, pretendia

A evidente questão que se coloca ainda não chega a pesar 


Como fazer assim, à sua maneira?

 


Por ser da fronteira com o Uruguai, a biblioteca de casa era naturalmente bilíngue. Minha formação não diferenciou a leitura dos brasileiros e portugueses com os espanhóis e hispano americanos. Tenho vínculos com vários poetas vizinhos. Em 1996, Rodolfo Alonso traduziu Sol sem Imagem para a edição bilíngue que o Zé Mário publicou na Topbooks. Blanca Varela e o próprio Courtoisie também verteram meus poemas. Esta apresentação foi originalmente escrita para a edição que o Gustavo Wojciechowski fez dos meus poemas para a Yauguru, em Montevidéu. E me agradou a ideia de ter um olhar descentralizado, um olhar não brasileiro, apresentando a mesma edição aqui. Concordo contigo, embora também entenda que essa leitura - como bem dizes sobre cada um ter linhas próprias de parentesco - reflete a sua visão da nossa poesia e reconhece ecos onde nós não os ouvimos.

A evolução do meu estilo parte de uma apropriação de certos autores. O modelo romântico de poeta na adolescência é nerudiano (o Neruda hermético de Residencia en la tierra) transfigurado pela descoberta do verso de Éluard e de Char. Mas não saberia dizer com que intensidade se notam esses reflexos em Renée e em Sol sem imagem. É claro, Éluard deixou uma galeria de influenciados que eu também me apropriei: Elytis, de Sol Primeiro; algo no vocabulário neutro, o ambiente onírico, em Schehadé; a erótica de Paz. Não é possível negar a presença formal de Mallarmé nos fragmentos de “O Sono” e tampouco de João Cabral (e Valéry) na minha obsessão pela concisão. Uma obsessão que implodiu e se dissolveu em Versos para poemas não escritos, essa tentativa de escrever uma poesia sem poema, feita entre 2010 e 2015.

Apesar de ter escrito contra os meus mestres, tentando encontrar uma voz em que me identificasse por sobre a deles, não posso afirmar que me reconheça nos meus poemas. Se me leio, é como se eles tivessem sido escritos através de mim, apesar de mim.

Quanto ao Milano, não. Dante Milano chegou na minha vida por uma obrigação acadêmica. E o que me levou à sua biografia – uma biografia construtivista e experimental – foi a oportunidade que o seu comportamento recluso e avesso à fama me ofereceu para discutir os mecanismos da legitimação de um poeta no contexto literário modernista. Eu me perguntava como é possível que alguém com o seu talento fosse tão pouco lido. O que me atraiu em Dante foi a sua recusa em frequentar o stablishment literário, a sua aposta no texto como único responsável pela formação do prestígio.

Já Cirlot, possuo o seu inevitável Dicionário de Símbolos, na bela edição da Ciruela, e a mesma inquietação mística, espiritual. Nosso parentesco não é direto. Certas imagens de Renée remetem ao imaginário surrealista e à riqueza das suas associações.

Minha afinidade com Ponge vem do olhar distanciado sobre a realidade, essa perspectiva que descobre no cotidiano, nos objetos, dimensões até então despercebidas. Em Michaux me interessou a sua exploração da consciência ao ponto de tornar a escritura uma atividade secundária da experiência. Sua busca no limite do que não é nomeável, do que não pode ser dito, é a mesma que me levou aos orientais. Michaux é um dos meus verbetes. Ponge é só uma epígrafe.

 

ERZ | Na nota de apresentação do seu livro 24 verbetes você afirma: Convém esclarecer que não me tornei fluente em grego, sueco, russo ou romeno. É uma heresia, se sabe, mas para dar forma às minhas tentativas não foi necessário dominar o idioma, bastou dominar o poema. É dizer, esgotar o significado original de cada composição. Sobre essas traduções provisórias, como você as chama, poderia comentar mais sobre esse processo tradutório?

 

TAN | Sim, Elys. Assim como nunca premeditei o poema nem o poeta que nasceria dele, o tradutor que me tornei surge de um esforço para ler melhor aqueles poetas que me formaram. No caso da poesia chinesa e japonesa clássicas, fui levado por uma necessidade de descobrir a poesia que existe por trás de poemas que eu intuía serem maravilhosos, mas cujas versões me decepcionavam. E te confesso que com algumas exceções a maioria das traduções oscila da literalidade à adaptação sem equilíbrio algum.

Não ocorre o mesmo no caso dos poetas do ocidente que verti ao português. Há traduções excelentes de muitos deles para as línguas que conheço. Meu processo consiste em cotejar essas versões e através delas estudar os originais, procurando a melhor síntese para o meu ouvido de leitor. Esgotar o significado de um poema em uma língua que não domino não é difícil. Difícil é identificar e transmitir algo do timbre particular daquele poeta na versão realizada. Daí que as considere provisórias e esboçadas. No fundo, todas as minhas traduções resultam da tentativa de refazer o processo de criação daquele poema estrangeiro em português. A diversão é ser aquele poeta, incorporá-lo verso a verso durante o processo da tradução. Faz lembrar o Versiones y Diversiones, que melhor título para um livro de poemas traduzidos que esse do Octavio Paz?

 

FM | Na mesma nota, encontro uma afirmação tua com a qual estou de completo acordo: O bom tradutor é o que some, não o que aparece no poema. Este teu livro é ao mesmo tempo uma aula da perspectiva crítica e a prova de que no poema traduzido importa mais a percepção das raízes essenciais da Poesia do que o domínio do idioma em isolado. Estava agora mesmo pensando em critérios de seleção de autores em uma mostra, justamente quando recordo que Desmond Morris em seu livro sobre a vida dos surrealistas optou por deixar Paul Éluard de fora. A tua seleção de autores para 24 verbetes, atendeu a que motivações?

 

TAN | Bem, eu poderia estender a afirmação e dizer que o bom poeta também é aquele que some do poema, no sentido de permitir que a linguagem se expresse por todos e por ninguém, anônima. Um exagero para uma cultura como a nossa, tão apegada às circunstâncias individuais, ao poeta como personae. Não tive bem um método, Floriano. Me parece que foi uma questão de aproximação, de afinidade e de admiração.

Procuro na tradução a transmissão que se dá entre mestre e discípulo nos rituais monásticos de ordenação, sem palavras, de coração a coração. O entendimento tácito. De tal modo que ao traduzir, não tento escrever um poema igual ao original em português. Tento escrever um outro poema com a mesma poesia. Pode parecer um jogo de palavras, mas não é. Sou fiel aos originais dentro dos limites que me permitam captar a sua poesia e transmiti-la ao português.

Não conheço o livro de Morris. Se há critérios para excluir Éluard, são arbitrários. A altura poética do Movimento Surrealista diminui sem Paul Éluard, mas Éluard não é menor fora do Surrealismo. Grosso modo, André Breton, Paul Éluard e René Char são o Surrealismo (na poesia), os demais orbitam na energia irradiada por eles. E desconfio – não se pode provar uma provocação assim – que Breton seria um poeta maior do que foi sem os dogmas que criou.

Minha seleção obedeceu ao vínculo emocional com os poemas traduzidos. Ao profundo amor que tenho por eles. Não quer dizer que admire os poetas com a mesma intensidade. As traduções pagam uma dívida de leitura com os poemas, os verbetes tentam acertar contas com o processo criativo dos autores e a forma como cada um enfrentou os dilemas da sua época. A relação entre arte e ética, basicamente. Se eu fosse citar um exemplo de coerência entre obra e vida, diria Montale. Se, por outro lado, me pedissem exemplos de incoerência, diria que em matizes diversas Blaga, Ungaretti e mesmo Éluard são indefensáveis.

 

FM | Completando a tua fundamental trilogia, o livro Oriente, no tocante ao Japão, em especial, me recorda a observação de Roland Barthes de que no haicai desaparecem as duas colunas centrais da escrita clássica ocidental, a descrição e a definição. Se a isenção do sentido, por um lado, particulariza o haicai, por outro lado não se pode dizer precisamente que no Ocidente nos percamos em um excesso de sujeito. Qual o teu entendimento comparativo, dessas duas operações criativas, se cabe, afinal, compará-las?

 

TAN | Barthes tem razão, embora o haicai, em especial o haicai de campo, onde Basho pontifica, para ser bem-sucedido deva, na captura do que acontece aqui e agora desdobrar-se. A descrição dos sentimentos diante da fugacidade da existência, o tom austero que transmite a modesta impessoalidade do poeta através da simplicidade do poema, a misteriosa integração entre a forma e o conteúdo, de tal maneira que o verso nasça da experiência e  a expresse com o mínimo filtro possível de processo conceitual, são características dessa poesia que refletem valores japoneses. Por outro lado, concordo que entre nós a impessoalidade seja menos frequente e que haja uma valorização do indivíduo. Não que ela seja necessariamente negativa. A personalidade do poeta muitas vezes é um elemento a mais na atmosfera da sua poesia e contribui para a forma como ela é lida. Nós cultivamos o personagem, nos projetamos nele. Talvez seja uma faceta da nossa imaturidade.

Alguns diriam as quadras, mas, a rigor, não há no ocidente um gênero paralelo ao haicai. E isto se torna evidente se entrarmos nas regras de composição e no acervo simbólico de conteúdo. São tão complexos e minuciosos que uma tradução que os considere não pode abrir mão de notas para cada verso do poema. Não é o meu caso. Minhas versões são livres e não possuem valor filológico algum.

 

ERZ | Você é poeta, tradutor e ilustrador. Dito isso, como essas três áreas convivem no seu dia a dia? Elas se retroalimentam? Por exemplo, é possível ver semelhanças com a potente simplicidade da arte chinesa na estética quase minimalista das suas ilustrações, em 33 esboços.

 

TAN | E agora, graças à pandemia, estou encerrando quase três anos de atividade como tipógrafo digital, já que as facilidades de programas como o in design desestimulam o artesão manual. Eu queria mesmo era ter montado um ambiente como o do Cléber Teixeira, da Noa Noa, em Florianópolis.

Não há retroalimentação propriamente dita. As áreas, se esgotam. Quando uma seca, surge a outra. Desenhei entre 1981 e 1999. Tenho pouco mais de 90 esboços nascidos do gesto, do estado de espírito e do contexto da minha vida então. A maioria dos esboços foi feita nas primeiras páginas de livros, na mesa de papel de um bar, em guardanapos. São coisas simples, meio naïf mesmo. Olhando para eles hoje posso resgatar onde eu vivia, com quem eventualmente estava, o que lia e como me sentia ao traçar aquele desenho. Como em um diário de imagens.

É claro que há uma relação entre a despretensão do traço com a espontaneidade de alguns estilos da caligrafia oriental. Uma relação que eu só fui identificar mais tarde. Vejamos o desenho que está na capa de Renée. Eu não tinha a menor ideia da arte do movimento único ou do abandono controlado e mesmo assim desenhava com o estado de espírito e com a respiração.

Cada uma dessas linhas são expirações. Então sim, há uma afinidade de sensibilidades – como a de um homem das cavernas teria com um calígrafo refinado (e aqui eu deveria inserir: risos) – embora não haja nada de oriental no meu punho.

 

ERZ | No Brasil ainda conhecemos muito pouco da cultura e arte oriental. Porém não precisamos ir tão longe, conhecemos pouco incluso da literatura dos nossos países vizinhos. Na sua opinião, porque no Brasil se conhece tão pouco sobre a literatura que não seja europeia ou estadunidense? Nesse sentido, recordo a tan ed. Esse seu projeto almeja reunir títulos de autores cisplatinos, em espanhol, português e portunhol. Qual a importância de iniciativas como estas?

 

TAN | Somadas idas e vidas vivi uns 12 anos no Rio de Janeiro e outros oito campos afora, talvez eu tenha me tornado o que se convencionou chamar de desterrado, um homem de mundo. Porto Alegre olha ao Rio e São Paulo abanando o rabo. E, para o Rio e para São Paulo, o Brasil que importa só existe lá. Generalizo, eu sei, mas a centralização é ainda resquício colonial. É natural que procurem modelos na Europa e em Manhattan. Os franceses replicando Blanchard e Jaccottet e os americanos Hass e Glück (estou meio defasado, talvez os nomes sejam outros, mas o estilo é o mesmo, te asseguro).

O fato é que entre o Brasil e o restante da América Latina existe uma indiferença mútua. Salvo um trabalho persistente, hercúleo, como o teu, Floriano, quem mais faz ponte com os autores do continente? Por outro lado, é interessante observar como os poetas hispano-americanos estão conectados entre si e com o circuito literário espanhol através de editoras, prêmios e festivais. A distância entre os poetas brasileiros e Portugal é maior.


Muito da nossa falta de integração se deve ao mercado editorial. É uma situação secular, conjuntural, que não caberia neste espaço. A tan ed. nasceu da ideia de uma coleção que obedecesse ao mesmo padrão gráfico dos meus desenhos e fosse exposta como quadros em uma exibição. Projetei imprimir tiragens numeradas de doze títulos de autores que estivessem entre as costas de Porto Alegre e as costas de Montevidéu, autores cisplatinos, na falta de uma denominação menos genérica. Em março alcanço a dúzia com o poeta colombiano Felipe García Quintero e encerro. Dirás que a Colômbia está longe da cisplatina e eu te direi que boicoto minhas próprias diretrizes em favor de um bom livro de poesia.

Ignoro a importância de iniciativas como esta, Elys, com toda a sinceridade. Se eu fosse pensar na repercussão do que realizo não teria feito nada. Apesar de não ser um projeto comercial, pretendo vender o número suficiente de exemplares para cobrir o custo do catálogo. Para isto conto apenas com o boca-a-boca on line. O percentual de distribuição e venda em livrarias físicas inviabiliza o projeto. É quixotesco.

 

ERZ | Após suas extensas pesquisas, que resultaram nas obras Oriente e 24 verbetes (Ocidente), quais são os seus próximos projetos?

 

TAN | Minha primeira obrigação é viabilizar a coleção este ano, isto é, fazer com que circule, alcance leitores e exista para as pessoas que se interessam por poesia no Brasil e no Uruguai. Os quatro livros que publiquei pela tan – a trilogia e Pós-escrito a Dante Milano (biografia que saiu do prelo semana passada) – me deixam vazio, hibernando. Depois de escrever um único poema em cinco anos, não sei qual Thomaz me aguarda. Só sei que o poeta desses livros não existe mais em mim. Espero que quem quer que surja de um improvável livro futuro seja alguém em quem eu ouça a minha própria voz. Alguém diante de quem eu possa me dizer: então Estranho, finalmente nos encontramos.

 

03 | Concluímos nossas notas editoriais apresentando o artista convidado desta edição, o peruano Lennin Vásquez (1978). Estudou na Escola Superior Autônoma de Belas Artes do Peru entre 1996 e 2002, onde obteve medalha de ouro em desenho. Suas exposições pessoais incluem Metaphysical Landscapes (2023), Collected Work (2019) Spain, I Have All Nights in My Veins (2018); Delírios Crepusculares (2017); Quadrante dos Sonhos – jardins e labirintos (2015); Vento SURreal (2010); Aos Olhos do Apu (2009); Ritual Beings (2007), entre outras. Desde 1997 expôs coletivamente em dezenas de oportunidades no Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Colômbia e Espanha. Em 2010 realizou mural no encontro internacional Art x Parte em Berazategui, Buenos Aires, Argentina. Seu trabalho está no Museu Belas Artes, Santiago do Chile; Aliança Francesa Lima, Peru; Município de Suba, Bogotá, Colômbia; e Coleção Faber Castell, Lima, Peru. Coleção Mapfre Lima Peru. Lennin possui um traço refinado repleto de referências mitopoéticas, que expressam não apenas sua afinidade com o Surrealismo, como também um universo acentuado por suas origens indígenas. 

Os editores 

 

 

∞ Índice 

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | André Breton, o surrealismo em dois poemas

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomas-albornoz-neves-andre-breton-o.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Antonio Porchia, aforismo e poesia

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-antonio-porchia.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Cuatro poemas de Henri Michaux

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-cuatro-poemas-de.html 

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Erik Lindegren, poesia e abstração

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-erik-lindegren.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Georges Schéhadé, poesia e fábula

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-alboornoz-neves-georges-schehade.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Giórgos Seféris, estória mítica

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-giorgos-seferis.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Harry Martinson e a noite de criação

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-harry-martinson-e.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | John Ashbery, um autorretrato

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-john-ashbery-um.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | René Char, alquimia e poesia

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-rene-char.html

 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Seis poemas de Sandro Penna

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/01/thomaz-albornoz-neves-seis-poemas-de.html 

 

 

Thomaz Albornoz Neves


Lennin Vásquez


Agulha Revista de Cultura

Número 222 | janeiro de 2023

Artista convidado: Lennin Vásquez (Peru, 1978)

editor | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editora | ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

ARC Edições © 2023

 


∞ contatos

Rua Poeta Sidney Neto 143 Fortaleza CE 60811-480 BRASIL

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FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

 


 

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Seis poemas de Sandro Penna

 


Sandro Satta Penna (Peruggia, 1906-Roma, 1977) foi um menino doentio -padecia de bronquite crônica- e retraído. Sua mãe abandona a família quando o pai, Armando, volta da guerra sifilítico. Em 1925, Penna forma-se em contabilidade no Instituto Técnico de Peruggia. Em 1929, depois de trabalhar como balconista em uma livraria de Milão, muda-se para Roma, onde viverá o resto da vida. Sua condição econômica será instável e nunca conservará um emprego regular. A tal ponto que em seus últimos anos um grupo de intelectuais promove uma campanha de arrecadação de fundos no jornal Paese Sera para socorrê-lo. Apesar das adversidades, sua poesia transmite um prazer de viver inabalável.

É através do poeta triestino Umberto Saba que Penna tem seus primeiros poemas publicados enquanto trabalhava como balconista no comércio em Roma, por volta de 1930. A partir de então, passa a contribuir para revistas como Letteratura, Il Frontespizio e Corrente escrevendo quase exclusivamente poesia.

Suas influências transparecem pouco em seu estilo. Se por um lado manteve-se ao largo do hermetismo, a crítica aponta a presença de autores crepusculares do início do século xx, como Gozzano, Corazzini e Palazzeschi, muito provavelmente pela relação com a cultura clássica. A forma, a limpidez do verso e a extrema a concisão característicos de Penna não evitam que a sua oralidade tenha um tom furtivo quase como que sussurrado para si mesmo enquanto contempla o que lhe fascina. A primeira leitura de um poema seu dá a impressão de quase nada, não mais que uma descrição plana de algo banal. Porém, dali surge também uma liga que o seguinte repasse de olhos capta de imediato: a sutileza inimitável da sua sensibilidade.

 

L’aria di primavera

invade la città.

Ai fanciulli la sera

cresce un poco l’età.

 

O ar da primavera

invade a cidade

Aos meninos a tarde

amadurece a idade

 

Recai no estereótipo a reiterada associação com Wilde, Rimbaud ou Crevel. Se fosse para estabelecer paralelos, a visão melancólica do homossexualismo, a marginalidade dos encontros e a solidão desconsolada o remetem antes ao outro sátiro essencial, Konstantinos Kaváfis. Com o reparo de que a afinidade entre ambos é a moderação e a elegância expressiva. Mesmo a sensualidade, em Kaváfis é mais nostálgica. O hedonismo de Penna lida com o tempo presente e, em função disso, é menos idealizado.

 

Basta all’amore degli adolescenti

sentirsi possedere

dal sole entro la sabbia calda immoti.

 

Tutto è così. Non viene un forte vento

a rovesciare la calma accecante.

 

La sera, all’ombra della cattedrale,

con gridi e gridi giocano i fanciulli.

 

Ma nel silenzio è inutile la voce

anche delle campane.

 

Basta o amor dos adolescentes

sentir-se possuir

pelo sol na areia ardente imóveis

 

Tudo é assim. Não vem um forte vento

revirar a calma ofuscante

 

Na tarde, à sombra da catedral

com gritos e gritos brincam as crianças

 

Mas no silêncio é inútil mesmo

a voz dos sinos

 


Tal poesia não revela seus modelos senão por compatibilidade. Seja com a típica dicção danunzziana de um verso como Nel cuore è quasi un urlo / di gioia. E tutto è calmo. (No coração há quase um urro / de alegria. E tudo está em calma). Ou no uso da alma infantil como mote da arte poética escrita por Pascoli em Il Fanciullino.

 

Olha para todas as coisas com espanto e admiração, não compreende as relações lógicas de causa e efeito, mas sente.

Preenche cada objeto com sua imaginação e memórias (subjetivação), transformando-o em símbolo.

Possui uma sensibilidade especial, que lhe permite dar aos objetos mais comuns significados adicionais e misteriosos.

Comunica verdades latentes aos homens: ele é “Adão”, que nomeia tudo o que vê e ouve (conforme o seu modo de sentir pessoal, mas que tem significado universal).

Deve saber combinar o talento da infância (saber ver), com o da velhice (saber dizer).

Percebe a essência das coisas e não sua aparência fenomenal.

 

De acordo com Pasolini

 

a poesia de Penna é feita de um material extremamente delicado de lugares da cidade, com asfalto e grama, paredes caiadas de casas pobres, mármores brancos das pontes, e por toda parte o sopro do mar, o murmúrio do rio em que as luzes noturnas trêmulas refletem.

 

O poeta que Penna se torna, escreve do vivido, prefere usar termos coloquiais e ocupar um cenário realista. A narrativa – onde algo acontece ou está para acontecer – varia de atmosfera, mas traz sempre à situação concreta uma tensão interna e subjetiva. Por epigramaticos que sejam os seus dísticos ou os seus quartetos, a impressão é de que neles sobra espaço, que neles tudo cabe.

 

Era l’alba sugli umidi colli

e la luna danzava ancora assorta

colle lepri del sogno. La lattaia

discendeva il suo colle. Ognuno amava

la propria casa come una scoperta.

 

Amanhecia nas colinas orvalhadas

e a lua dançava ainda absorta

com as lebres do sonho. A leiteira

descia a sua colina. Cada um amava

sua casa como uma descoberta

 


Em um tempo em que Montale inova com a sua transfigurada concisão e Ungaretti com a fragmentação radical da estrofe, Penna ignora o vanguardismo e reduz deliberadamente seus meios expressivos a uma simplicidade tal que lhe permite rimar amor com dor (também amore / cuore) ou utilizar as expressões em seus significados mais elementares como, por exemplo, chamar de “brilhantes” os olhos de um jovem. A voz baixa submetida a um controle da forma e ao uso de termos primários instiga a imaginação do leitor. O conduz pela cena sem que a surpresa da metáfora rapte sua atenção e a desvie para o virtuosismo do poeta. A ânsia sufocada é o que conta.

 

CIMITERO DI CAMPAGNA

 

Fra la gioia dei grilli

oscure fiaccole.

E in alto le stelle.

 

Al giovane cuore

la riposata ridda

delle solari

gesta del giorno.

 

Ma un’ansia i ridenti occhi

già turba

al fanciullo venuto

per gioia con me.

 

CEMITÉRIO CAMPESTRE

 

Entre a alegria dos grilos

escuros círios

E no alto as estrelas

 

Ao jovem coração

a vagarosa vertigem

dos solares

feitos do dia

 

Mas uma ânsia já perturba

os olhos risonhos

do menino vindo

por alegria comigo

 

Como Kaváfis, Penna sabe que a transgressão com que aborda o erotismo é potencializada pelo uso de uma linguagem convencional. Mas o que destaca esta poesia é a sua capacidade em transcender o próprio realismo através do choque lírico.

 

Se la notte d’estate cede un poco

su la riva del mare sorgeranno

– nati in silenzio come i suoi colori –

uomini nudi e leggeri che vanno.

 

Ma come il vento muove il mare, muovono

anche, gridando, gli uomini le barche.

 

Sorge sull’ultimo sudore il sole.

 

Se a noite de verão ceder um pouco

da orla do mar surgirão

– em silêncio como as suas cores –

homens leves e nus que vão

 

E como o vento move o mar, os homens

também movem, aos gritos, seus barcos

 

Sobre o último suor o sol surge

 


Frequentemente acusado de alienação pela esquerda e de depravação pelos intelectuais conservadores, Sandro Penna manteve-se afastado da esfera pública do tempo em que viveu. Cultivou a indiferença e se rejeitou o convívio em sociedade foi por não deixar de olhar o mundo com o distanciamento pascoliano. Esse encanto paradoxal em que a descrição objetiva de um submundo cotidiano é sublimado pela intensidade do desejo. Assim, os parques noturnos, as praias vazias, os bares, os ginásios e os trens lotados, os mictórios públicos, os cinemas de bairro, os terrenos baldios de antes e de depois da Segunda Guerra na Itália, de Milão a Ancona, de Roma a Perúgia, surgem tomados por um ar de sonho proibido, de urgência reprimida e de não pertencimento. O ar de um exílio nômade e anônimo.

 

Se son malato vago tra la folla

del sobborgo. Ma l’umido grigiore

invernale mi rende triste e solo.

A soffi sale sulla via un afrore

caldo da una palestra sotterranea

ove giovani e nude belve assalgono

nemici immaginari, in basso a scatti soffiando.

Un vecchio mendicante guarda,

con me, la scena senza nostalgie.

 

Se adoeço vago entre as pessoas

do subúrbio. Mas o cinza úmido

invernal me entristece, solitário

Aos bafos sobe a rua um ranço

quente de um ginásio subterrâneo

onde jovens e feras nuas submetem

rivais imaginários, de baixo em lufadas arfando

Um velho mendigo observa,

comigo, a cena sem nostalgia

 

Publicou Poesie, em 1939 e sua edição ampliada em 1957. Mais tarde, em 1970, Garzanti reúne em Milão Tutte le Poesie. É o típico caso em que a fortuna crítica nunca esteve à altura do mérito da obra, como ocorre com aqueles cuja lírica resiste à análise por sua aparente simplicidade alcançar inteiramente o que se propõe.

À já mencionada falta de referências literárias, Penna oferece a si próprio, repetindo rimas e aproximações linguísticas em poemas diferentes. Recurso que, como muito, dá margem para óbvias interpretações sobre sua natureza narcisista. Uma poética, portanto, sem evolução interna, cuja origem se perde no universo clássico e não avança a lugar algum, a-histórica inclusive em relação a si mesma. A falta de mobilidade e a limpidez formal esvaziam qualquer ensaio. Ou muito pelo contrário.

 

 


THOMAZ ALBORNOZ NEVES (Brasil, 1963). É advogado, cineasta, tradutor, ensaísta e poeta. Ao longo de quase quarenta anos, tornou-se um dos mais ativos tradutores de poesia contemporânea para o português. Viveu na Itália, França e Espanha durante seus anos de formação. Fixou-se então no Rio de Janeiro, no norte do Uruguai e finalmente em Livramento. Publicou vários livros, entre eles Renée (1987), Poemas (1990), Golfe (2012), À espera de um igual (2020), Oriente (2021) e 24 verbetes (2022).

 


LENNIN VÁSQUEZ (Peru, 1978). Artista convidado desta edição de Agulha Revista de Cultura. Estudou na Escola Superior Autônoma de Belas Artes do Peru entre 1996 e 2002, onde obteve medalha de ouro em desenho. Suas exposições pessoais incluem Metaphysical Landscapes (2023), Collected Work (2019) Spain, I Have All Nights in My Veins (2018); Delírios Crepusculares (2017); Quadrante dos Sonhos – jardins e labirintos (2015); Vento SURreal (2010); Aos Olhos do Apu (2009); Ritual Beings (2007), entre outras. Desde 1997 expôs coletivamente em dezenas de oportunidades no Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Colômbia e Espanha. Em 2010 realizou mural no encontro internacional Art x Parte em Berazategui, Buenos Aires, Argentina. Seu trabalho está no Museu Belas Artes, Santiago do Chile; Aliança Francesa Lima, Peru; Município de Suba, Bogotá, Colômbia; e Coleção Faber Castell, Lima, Peru. Coleção Mapfre Lima Peru. Lennin possui um traço refinado repleto de referências mitopoéticas, que expressam não apenas sua afinidade com o Surrealismo, como também um universo acentuado por suas origens indígenas.




Agulha Revista de Cultura

Número 222 | janeiro de 2023

Artista convidado: Lennin Vásquez (Peru, 1978)

editor | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editora | ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

ARC Edições © 2023

 


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