Primeiras formações artísticas
O homem, ao submeter a natureza
para criar as condições necessárias ao desenvolvimento social, desdobra e
amplia suas relações de produção. Surge então um artesanato rudimentar que,
atingido certo grau de diversificação, constitui-se na base sobre a qual se
apoia a produção artística. Esta, ao longo da história, vai adquirindo sua
autonomia ideológica. Assim a arte se organiza sempre ao nível das relações de
produção. Isto explica porque a arte dos povos primitivos, sejam quais forem as
condições geográficas e distâncias históricas que entre eles se intercalem, a
presenta semelhanças óbvias. Da mesma forma se explicam as coincidências
surpreendentes entre a arte egípcia e a arte pré-colombiana em suas formações
mais expressivas (arte incaica, asteca e maia).
Formas da consciência social
A consciência social desenvolve
suas formas dentro de um processo de ação e reação através do qual elas se
modelam e estruturam a partir dos elementos primários da natureza. A arte entre
estas formas representa uma atividade de transcendental importância na criação
das imagens plásticas, poéticas, literárias, musicais, teatrais e coreográficas
de que se compõe o universo espiritual da humanidade. A arte, nas suas várias
manifestações se constitui no mais poderoso instrumento de libertação do homem
da sua condição animal, ao acrescentar à sua natureza os atributos essenciais à
sua evolução física, intelectual e social.
Significado da arte
O significado da arte está
solidariamente ligado ao significado da vida. É que na arte se refletem as
imagens elaboradas pelo nosso cérebro para traduzir e interpretar o mundo
exterior. Daí o pensamento filosófico dar grande importância à produção
artística, onde sob variadas formas, aparecem transfigurados os fatos, coisas e
fenômenos que envolvem a vida e seus desdobramentos sociais.
Teorias sobre a arte
As forças que impulsionam a criação artística
não se mostram ostensivamente. Atuam por catálise. Por isso a arte tem
resistido à crítica filosófica. Como decorrência, as teorias ensaiadas, via de
regra, posicionam inadequadamente os problemas essenciais que estão no fundo
das elaborações artísticas. Detêm-se, geralmente, no estudo e análise dos
diversos estilos e escolas, procurando nas suas exterioridades formais os
elementos para a elucidação e interpretação da arte e seus movimentos,
desligando-se para isso de suas implicações e conexões históricas. O método de
conhecimento empregado mais frequentemente, se reveste de um caráter
metafísico, procedendo como se a arte se desenvolvesse por etapas estanques se
processando uma após outra, sem as correlações entre elas existentes. Só a
dialética constitui o método de conhecimento capaz de dar uma visão completa da
arte, dos desdobramentos que nela se operam, das influências ideológicas que
nela intervêm, das modificações estruturais que se impõe para criação de novas
expressões plásticas. Assim, uma teoria sobre a arte só estará completa quando
enfeixar em seus estudos e pesquisas os principais fenômenos ligados ao
processo de elaboração e transformação da arte onde intervêm as ideologias
filosóficas, sociológicas, religiosas e políticas que dão ao contexto social de
cada época suas características fundamentais. Neste contexto a arte desempenha
um papel de suma importância ao tornar-se depositária das aspirações do homem,
das suas mais legítimas ambições, dos seus pensamentos mais fecundos.
A mitologia está na base das formações artísticas
A mitologia é uma concepção do
mundo em que a fantasia supre as deficiências científicas através de uma
elaboração artística primária. Esta elaboração se constitui na base sobre a
qual se apoia a arte e seus desdobramentos de ordem decorativa e ornamental.
Assim a arte egípcia repousa na mitologia egípcia, a arte grega se forma a
partir da mitologia grega, a arte do renascimento se funda e estrutura-se na
mitologia cristã, o mesmo acontecendo com as outras formações artísticas das
civilizações passadas e também com aquelas que não atingiram um nível cultural
que permita uma correta interpretação dos fenômenos da natureza.
Com o advento do Impressionismo a
arte estabelece formas de sustentação ideológica
Com o advento do impressionismo a
arte abandona os últimos elementos mitológicos que ainda persistiam nas suas
elaborações anteriores. A mitologia com suas narrativas e imagens fantásticas,
com seus santos, suas piedosas madonas e astutos demônios nela está ausente. Já
não há o céu e o inferno espreitando e atemorizando o homem. A luz é o demiurgo
da nova realidade pictórica. A arte atém-se aos eventos cotidianos. Seus temas
prediletos são as paisagens, as naturezas mortas, as cenas campestres, a rua,
seu casario e recantos pitorescos.
O homem, nesta
pintura, parece despojado das suas complexidades interiores, como simples
componente pictórico integrado no conjunto de formas, cores e ritmos que se
organizam na tela, fundindo-se neles, nas largas pinceladas em relevo, que se
expandem luminosas, acariciantes e sensuais. Com esta arte assim alegra, assim
liberta de injunções e propósitos subalternos, se abrem os caminhos, para as
futuras e profundas transformações plásticas que na primeira década deste
século (XX) deram à arte uma nova configuração estética.
Nascimento, uma nova estética
Ao criarem-se as condições
objetivas para sua transformação, a arte assume uma linguagem revolucionária,
por vezes contraditória e hermética, e não raro iconoclástica, torna-se
polêmica, entra em choque com as concepções acadêmicas, sofre a obstinada
incompreensão dos setores de menor sensibilidade artística onde se abriga um
misoneísmo incongruente. Estes obstáculos estão sempre presentes na formação de
uma nova estética. Apesar deles ou por causa deles, novos conceitos se vão
afirmando lenta e decididamente. Uma vez configurada ela responde ao avanço da
ciência e da técnica, ao progressivo aprofundamento dos conhecimentos do homem.
Na primeira década deste século (XX) dois movimentos de grande significação
para as artes plásticas surgiram: o cubismo e o abstracionismo. O primeiro na
França tendo como fundadores Picasso, Braque e Gris. O segundo na Rússia
através de Kandinsky e Malevitch. Com eles se operaram transformações técnicas
de grande alcance ao incorporarem novos métodos de elaboração artística. A arte
entra então em um profundo processo de depuração, apresentando formas
livremente modeladas, relações cromáticas e espaciais de um novo tipo. A partir
deste momento, plenamente desenvolvida, a arte estabelece os contornos
definitivos de uma nova estética, estética representativa do espírito da nossa
época, do gênio criador do homem moderno.
Transformações dos conceitos
estéticos
Produto das relações sociais, o
homem, ao se modificaram estas relações, modifica-se também, adquire uma
maneira diferente de ver, sentir e interpretar os fenômenos e fatos que o
rodeiam. Assim ao abrir-se um novo período histórico, se estabelecem novos
conceitos estéticos em oposição aos precedentes, mas a eles ligados pela continuidade
de um mesmo processo dialético. É que na sucessão dos seus movimentos, a arte
retém, apesar das transformações que se vão seguindo, uma parcela do que
existiu antes, ainda que sob a forma de protesto ou negação dialética. Não é
concebível uma estética nascendo como Minerva da cabeça de Júpiter. Toda a arte
por mais revolucionária que seja, tem relações com o passado. Em suas
manifestações mais recuadas no tempo, ligações periféricas denunciam-se com a
presença de formas oriundas da pré-elaboração artística que jaz no fundo das
interpretações mitológicas da natureza.
Fenômeno da abstração
O fenômeno da abstração é uma
constante na produção artística, sendo em determinadas formas de expressão um
atributo intrínseco como na arquitetura: está presente nas concepções
paisagísticas, é familiar na tapeçaria oriental, aparece com frequência nas
artes menores através de uma infinidade de objetos plasticamente abstratos,
abarca considerável parte da arte ornamental e decorativa. Assim o que é
contestado na pintura e escultura contemporânea não é propriamente sua forma
abstrata, mas a adoção desta forma em um gênero de arte secularmente dominada
pelo figurativismo. O que de resto é explicável, uma vez que a pintura e a
escultura por muitos séculos representaram a maneira mais expressiva e elevada
de fixas fatos históricos, mitológicos, religiosos etc. Eram como que a
ilustração dos eventos mais importantes da vida social dos povos. Esta função
foi sendo substituída por outras formas de expressão que, apesar de sua menor
qualificação artística, possuem maior comunicabilidade, e têm mais fácil poder
de difusão. Aí se incluem a fotografia, o cinema, a televisão, cartazes, as
ilustrações etc.
A abstração na arte contemporânea
Na produção da arte contemporânea
a abstração enfeixa as forças de maior potencialidade criadora. É a forma que
apresenta a necessária capacidade de expansão e diversificação. Ela é, antes de
tudo, um ato de libertação interior, de afirmação, de invenção. É por
excelência dialética, dinâmica, multiforme. Na sua elaboração, cores, volumes e
formas se interpenetram, ora densos, dramáticos, ora transparentes, leves,
luminosos. Ela desdobra num processo criativo em que seus elementos conjugam
ações automáticas onde o consciente e o inconsciente se impulsionam
reciprocamente. Não traduz ou evoca coisa e fatos do mundo exterior, suas
conexões com a natureza se fazem através de elos que escapam ao nosso
entendimento imediato. Tem uma problemática específica, configura uma estética
nova, revolucionária, formulada dentro das condições sociais da vida moderna,
mobiliza sentimentos, emoções e não pensamentos como acontece na literatura e
na poesia; de um certo modo provoca estímulos semelhantes aos que emanam da
música. Não se reveste de atributos outros senão aqueles de ordem puramente
plástica. Dirige-se à nossa contemplação, fonte primária das relações entre o
homem e a natureza, entre a vida e a arte. Diante de uma obra abstrata, onde
inexiste qualquer mensagem explícita, a posição correta do espectador é
deixar-se envolver pelo jogo cromático, pelas formas e ritmos que nela se
organizaram, sem indagações apriorísticas ou ideias preconcebidas. Não estando
subordinada a módulos ou leis de proporcionalidade preestabelecida, a arte
abstrata encerra em si os parâmetros necessários à sua interpretação,
elucidação e compreensão. Instrumento de enriquecimento interior esta arte
confere dimensões novas ao nosso horizonte espiritual. A arte abstrata
contemporânea, pela sua amplitude, praticada que é por todos os povos
civilizados, apresenta no conjunto de sua produção diversas tendências e
modalidades de expressão, nas quais se fixam certas peculiaridades nacionais ou
regionais, certas relações formais e cromáticas de cunho religioso, ou
folclórico. Além disso, conforme a mecânica de cada processo criativo, dos
objetivos plásticos colimados e sobretudo conforme a capacidade desenvolvida em
cada artista para captar, transformar e exteriorizar seu mundo interior, se
estabelecem as diferenças que personalizam cada obra de arte. As telas de
Schneider e da Soulages são inconfundíveis, como inconfundíveis são as de
Pollock e Mathieu, de Bazaine e Bertholle, de Kline e Motherwell, de Vedova e
Lanskoy, apesar das semelhanças secundárias que entre elas existem.
No começo é a ação
As tentativas de submeter os
movimentos da arte às teorias pré-formalistas, como ensaiou Mondrian para
estruturas o neo-plasticismo, incorrem em um erro anti-histórico ao fazer
preceder a ação, as normas para criação de um novo tipo de expressão artística.
Toda a teoria é uma sistematização a posteriori do que aconteceu ou está em
vias de surgir, ou desenvolver-se.
Nesta altura
só se pode conjeturar, perscrutar, assinalar tendências, fazer prognósticos;
nada além disso. Mondrian ao antecipar uma teoria para a elaboração artística,
criou os germes para sua posterior estagnação, a tal ponto, que seus trabalhos
adquirem, ao serem hoje contemplados, uma frieza geométrica, sem calor humano,
sem impulso para se renovar ou transformar-se. Sua obra é uma sucessão de belas
épocas coloridas refletindo um mundo inerte, onde o homem e suas paixões estão
ausentes.
Espaço e cor
Em oposição do espaço
bidimensional do cubismo, a arte informal cria um espaço cósmico de múltiplas
profundidades, de variadas densidades, onde cores e formas transitam em ritmos
intensamente vivos. Suas criações têm a grandiosidade das nebulosos em
expansão, o silêncio sideral de ignotos mundos. Em oposição às cores primárias
enclausuradas em rígidos esquemas de sisuda geometria, a arte informal vive a
lírica explosão de milhares de tonalidades se expandindo livremente, pulsando
sincrônica nos ritmos que se vão criando incessantemente.
Caminhos do abstracionismo
Os métodos de abstração na sua
fase inicial tiveram como base a estilização progressiva de modelos ou formas
existentes. É conhecido o procedimento pictórico de Mondrian a partir da imagem
de uma árvore que chega a uma representação inteiramente abstrata. Há vários
exemplos desta técnica nos primeiros ensaios abstracionistas. De Delaunay,
Russel, Picabia e outros mestres da fase preparatória da nova arte. Em certas
obras recentes persistem ainda estilizações deste gênero. São formas de
semi-abstração em que aparecem camuflados elementos figurativos. Nestas
produções pairam expressões que oscilam entre o realismo e suas contrafações,
entre o moderno e o acadêmico, tudo dentro de uma aparente coerência formal.
São obras, sem maior significação, presas a esquemas há muito superados, obras
à margem das grandes correntes da arte contemporânea.
Descaminhos da arte
Às vezes, no curso de seu
desenvolvimento, a arte entra em crise, perde suas fontes de inspiração,
deixa-se envolver em um processo de autodestruição, negando-se, alienando-se,
tornando-se agressiva. Organiza-se ao revés das progressões históricas normais,
sobrepondo-se aos procedimentos técnicos e suportes usuais. Reveste-se de um
sentimento iconoclástico inconsequente, apenas destrutivo. Desordenada, difusa,
carece de permanência como objeto plástico. Externa-se como fragmentos de ordem
teatral, cenográfica. Sem ação, sem conteúdo, ou mensagem, ela transforma a
banalidade em uma banalidade maior ainda, oca, estéril, incapaz de provocar
estímulos visuais de quaisquer naturezas. Nas últimas bienais se apresentaram
obra, no gênero edificantes. Uma delas consistia em transformar uma das salas
do recinto da exposição, em cocheira contendo quatro cavalos vivos de esquálido
realismo. Em outra, uma sala despida, tendo a um canto um homem sentado em pose
de escriba egípcio, sangrando abundantemente. Uma terceira, finalmente,
compunha-se de uma mesa retangular sobre a qual, num varal acrílico estava
pendurado o banquete em perspectiva. Se os cavalos ainda existem em qualquer
cocheira menos nobre, se o homem ainda não morreu de inanição, se o banquete
ainda não apodreceu de todo, ainda é possível a reconstituição destas obras.
Caso contrário, sem seus elementos originais, elas se afundarão para todo o
sempre em alguma dobra do tempo, o que certamente se constituirá em irreparável
prejuízo para a humanidade.
Na arte os homens revelam suas
paixões, seus pensamentos mais íntimos
Na arte o homem se revela, se
acusa, se defende, se nega, se afirma. Na literatura, na poesia e no teatro
estes aspectos contraditórios transparecem objetivos e claros. Já nas artes
plásticas, porém, eles se ocultam, se disfarçam, ora através de deformações
intencionais, ora através de relações formais de intensa dramaticidade. Em
Picasso, Soulages, Vedova, Bran van Velde, para citar apenas pintores modernos,
é possível captar estados de inquietação interior, de revolta, de dúvida, de
perplexidade, refletindo contradições e visualizações conflitantes.
Da escultura abstrata à
arquitetura
Ao tornar-se abstrata, a
escultura absorve certos atributos da arquitetura, tais como a ordenação dos
elementos plásticos segundo um sistema de equilíbrio estático de caráter construtivo,
onde os volumes se relacionam subordinados a módulos estruturais básicos. A
diferença fundamental, em termos de arte, entre uma obra de arquitetura moderna
e uma escultura abstrata, reside em que uma se expressão em formas que envolvem
e dimensionam espaços visando uma utilização predeterminada e a outra se
expressa em volumes que se exteriorizam sem qualquer sugestão de envolvimento
interior. Uma e outra, porém, se organizam plasticamente de maneira semelhante
e condicionam emoções e sentimentos da mesma natureza.
FIRMINO SALDANHA (Brasil, 1906-1985). Pintor, arquiteto. Na década de 1940, inicia-se como autodidata em pintura. Em 1957, é escolhido, juntamente com Candido Portinari, para concorrer aos prêmios Guggenheim e participar da exposição realizada em Paris. Além disso, integra a comissão encarregada de projetar a Cidade Universitária, no Rio de Janeiro, ao lado de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy; atua como presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil/IAB; e realiza, dentre outros, o mural do Banco Nacional – Palácio do Planalto, em Brasília. O crítico Flávio Aquino diz a seu respeito: Nas telas de Saldanha sentimos formas, linhas e cores se movimentando, criando contraste, se ajustando ou se opondo umas às outras, como se nascessem do mesmo ritmo, obedientes à composição geral, com seus elementos fortemente ligados através de uma coerência formal, de onde emerge a mensagem emocional com limpidez e transparência… O presente texto foi gentilmente fornecido pelo colecionador João Antonio Buhrer.
FRANKLIN CASCAES (Brasil, 1908-1983). Folclorista, ceramista, antropólogo, gravurista e escritor. Dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina e região, incluindo aspectos folclóricos, culturais, suas lendas e superstições. Usou uma linguagem fonética para retratar a fala do povo no cotidiano. Seu trabalho somente passou a ser divulgado em 1974, quando tinha 66 anos. A Universidade Federal de Santa Catarina mantém um arquivo com a obra de Cascaes, aproximadamente 4.000 peças em cerâmica, madeira, cestaria, gesso, gravuras em nanquim e desenhos a lápis, além de um razoável conjunto de escritos que envolvem lendas, contos, crônicas e cartas, todos resultados do trabalho de 30 anos do escritor junto a população ilhoa coletando depoimentos, histórias e estórias místicas em torno das bruxas, herança cultural açoriana. Por sugestão de Elys Regina Zils, Franklin Cascaes é o artista convidado da presente edição de Agulha Revista de Cultura.
Agulha Revista de Cultura
Número 261 | junho de 2025
Artista convidado: Franklin Cascaes (Brasil, 1908-1983)
Editores:
Floriano Martins | floriano.agulha@gmail.com
Elys Regina Zils | elysre@gmail.com
ARC Edições © 2025
∞ contatos
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http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com










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