terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

CENTRO DE ESTUDOS LITERÁRIOS LATINO-AMERICANOS FLORIANO MARTINS



APRESENTAÇÃO


A concepção do Centro de Estudos Literários Latino-Americanos Floriano Martins é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL/CNPq), com sede na UNEB/Campus VI Caetité - BA. Nasceu da doação de livros, revistas, jornais, documentários e CD’s pelo editor da Agulha Revista de Cultura, o escritor Floriano Martins, à UNEB, por intermédio de Maria de Fátima Novaes Pires, uma das professoras responsáveis pela criação do Grupo de Pesquisa. A sigla CEL-FM (Centro de Estudos Literários Latino-Americanos Floriano Martins) é uma justa homenagem ao doador dos títulos, possibilitando a formação desse projeto. O objetivo do Centro de Estudos Literários é criar um espaço permanente para discussão, divulgação e, principalmente, intercâmbio entre Cultura e Literatura Brasileira (de fortes raízes latinas) com Culturas e Literaturas produzidas em outras regiões da América Latina. Tem o objetivo de ultrapassar os estreitos limites da academia e dialogar com práticas e saberes promovidos em outros ambientes de produção do conhecimento. Essa iniciativa visa a criação de espaços físicos e simbólicos para um variado acervo cultural, que possibilitará a interação de discentes da UNEB e demais membros da comunidade caetiteense. Com o pensamento voltado para a necessária interlocução entre diferentes visões de mundo, o Centro possibilitará a partilha de experiências acadêmicas, artísticas e culturais.


● OBJETIVOS DO CEL- FLORIANO MARTINS


1. Promover pesquisas no campo da Literatura Brasileira e de culturas Latino-Americanas numa perspectiva comparativa e interdisciplinar;

2. Criar condições para a recepção e análise de acervos bibliográficos da recente produção literária latino-americana;

3. Estimular o diálogo entre a realidade cultural brasileira e latino-americana;

4. Promover seminários, encontros, colóquios e manifestações culturais diversas para possibilitar diálogos permanentes com as culturas latinas das Américas;

5. Identificar particularidades temáticas e formais de obras de autores das Literaturas de Língua Portuguesa, como resultado de determinados fatores geográfico-culturais em comparação com a produção Latino-Americana;

6. Refletir sobre o lugar da ficção na construção das identidades nacionais;

7. Difundir a produção cultural do continente latino-americano;

8. Ofertar curso de espanhol;

9. Criar o componente adicional Literatura latino-americana para inserção nos currículos dos cursos de Licenciatura do Campus VI.


INFORMAÇÕES SOBRE O ACERVO DO CEL - FLORIANO MARTINS


Atualmente o CEL-FM conta com um acervo de pouco mais de três mil títulos de livros. Desse montante, pouco mais da metade está devidamente catalogada e disponível à consulta. Parte majoritária da doação envolve coleções quase completas de importantes revistas e suplementos literários de quase todos os países hispano-americanos. Destacam-se as importantes revistas mexicanas Blanco Móvil, Luna Zeta, Archipiélago e Alforja; a lendária El Pez y la Serpiente, da Nicarágua; a brasileira Poesia Sempre etc. Constam ainda da doação CDs dos mais reputados músicos da América Latina e DVDs de filmes de ficção e documentários. O acervo está em constante atualização com doações promovidas por intercâmbios com universidades, centros de pesquisas e doadores (particulares) comprometidos com o fomento de pesquisas e estudos latino-americanos no estado da Bahia.

 

HORÁRIO DE ATENDIMENTO

O CEL - FLORIANO MARTINS funciona de segunda à sexta-feira, das 13h30 às 17h30. Por enquanto, o CEL está instalado numa sala contígua ao serviço de cópia da UNEB/campus VI, Caetité-BA.


● LINHAS DE PESQUISAS E CURSOS DE EXTENSÃO PROMOVIDOS PELO CEL-FM


Prof.ª Me. Zélia Malheiro Marques
Tema: Constituição Leitora e Cultura do Escrito
Discute a constituição leitora de escritores latino-americanos a partir da leitura de suas produções literárias. Identifica o circuito dos seus impressos e os mecanismos de divulgação de práticas intelectuais, culturais e artísticas.

Prof. Esp. Rogério Soares Brito
Tema: A linguagem fotográfica
Discute, a partir de fotógrafos latino-americanos, maneiras de compreender a natureza das fotografias, abordando questões técnicas e estéticas que esclareçam os seus possíveis significados culturais, históricos e artísticos.

Prof.ª Dr.ª Sidnay Fernandes dos Santos Silva
Tema: Discurso e mídia
Estuda a Análise do Discurso de linha francesa e seus desdobramentos na América Latina. Analisa os modos de produção e circulação de sentidos materializados na mídia latino-americana.

Prof.ª Dr.ª Esmeralda Guimarães Meira
Tema: Literatura Baiana na América Latina
Estuda a lírica e a ficção baiana e sua intertextualidade com a produção literária da América Latina.

Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Novaes Pires
Tema: Narrativa Ficcional e Narrativa Histórica - campos semânticos
Aborda campos narrativos, considerados em suas historicidades específicas e em seus lugares sociais de produção. Tem em vista perspectivas teóricas elaboradas por M. Certeau (1925-1986) e G. Gadamer (1900-2002), dentre outros autores.




EQUIPE DO CEL - FLORIANO MARTINS

Coordenador
Prof. Esp. Rogério Soares Brito

Equipe
Prof.ª Me. Zélia Malheiro Marques
Prof.a Dr.a Sidnay Fernandes dos Santos
Prof. Dr. Paulo Henrique Duque Santos
Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Novaes Pires
Prof.a Dr.ª Esmeralda Guimarães Meira

Estagiária
Viviane Marta da Silva

Contatos

UNEB
Av. Contorno, s.n.
46400-000 Caetité-BA


 CENTRO DE ESTUDOS LITERÁRIOS LATINO-AMERICANOS FLORIANO MARTINS

Não há símbolo de poder mais forte que o livro. Muito além da ideia de domínio ou influência, o poder essencial celebra concentração e irradiação. O livro recolhe em suas páginas raiz e variáveis de todos os demais símbolos de poder: os nomes, os selos, as leis, as chaves, as máscaras, as armas… O livro é o verdadeiro poder, sendo emblema e prática de todas as perspectivas do sonho, da memória e da atitude imediata com que nos definimos a cada instante.
O livro se reconhece pelo que está escrito dentro e fora de seus nichos e antecâmaras. O livro é talvez a única fonte real de integração, ao unir – sem a mínima sombra de imposição ou corrupção – os mundos destinados a ser e estar. O livro é o que somos, porém ao mesmo tempo em que é o lugar que habitamos.
Cofre único e generoso onde aguardam visitação os segredos da humanidade. Tudo em seu íntimo está aberto e ao mesmo tempo requer uma senha. A chave de acesso ao livro é a sua leitura, o que corresponde a uma relação amorosa entre conhecimento e sensibilidade.
A leitura é uma forma tanto de tecer quanto de desvendar a rota invisível dos labirintos. Podemos esconder o mundo dentro daquilo que sabemos. Também isto o livro nos ensina. Como podemos dar abrigo a todas as formas de vida que buscam novos laços de revelação e consciência. Ou podemos apenas transformar água em vinho. O livro é o reflexo de nossa existência.
O verdadeiro autor de um livro sabe que todo ele é apócrifo. Não recordo a origem da imagem de que, assim como o lago é um abismo acrescido de água, o livro seria o mesmo abismo acrescido de letras. De saberes, corrigiriam uns. De truques, remendariam outros. Porém o abismo ainda está ali e o que a ele acrescentamos é a medida exata do que somos.
Esta é a imagem que dá conformação à casa de leitura que idealizamos, como um lugar sagrado em que crisálida e cigarra se reconheçam irmanadas e integradas à representação maior de suas vidas. Casa ou ninho, o centro do mundo é uma estação, uma passagem, a ponte que entrelaça antes e depois, as margens místicas, os vislumbres acidentados, os extremos, as dissonâncias…
Porém não podemos chegar ali e seguir viagem sem que sejamos possuídos pela intuição de que nada permanece. A intuição não é uma certeza, mas antes um estado paradisíaco em que mil realidades vagam como transparências que se superpõem. O centro é uma esfera fabulosa, repleta de círculos concêntricos e postigos iluminados pela sensibilidade de quem os frequenta.
O centro é o livro é a chave é a crisálida e cada vez que deixamos pousar uma imagem sobre outra nos reconhecemos múltiplos de um mesmo sentido determinado: a convivência. Este é o princípio que protagoniza a criação do Centro de Estudos Latino-Americanos Floriano Martins.
Sinceramente não me encabula que o mesmo leve meu nome, porque o próprio ego não é senão uma fagulha da convivência. O que me estimula a rascunhar estas palavras é outra afirmação de uma mesma personalidade: a doação do acervo inaugural desta casa é uma espécie de determinação da chama, ou seja, a de que devemos buscar contatos significativos.
Somos tocados pelas formas. Nós nos comunicamos por intermédio delas. O símbolo maior da casa é a crença na integração. O mundo se espalha por todos nós justamente em seus fragmentos. Na exata medida em que nós nos espelhamos nos insaciáveis mundos que reproduzimos a cada instante.
Os livros que aqui estamos reunindo não são matizes de um dogma, mas antes o incorruptível acúmulo de combinações de saber. Um concerto que é retrato fiel de infinitos desconcertos. Se acaso delimitamos sua área com o marco geográfico de uma América Latina o fazemos movidos pelo mesmo princípio conjugado de concentração e irradiação.
São incontáveis os mundos que cabem em um livro, na mesma inumerável impossibilidade de definir quantos mundos saem dos livros a cada leitura. Continentes e conteúdos se mesclam, na mesma proporção em que corpo e alma, na formação de novos abismos aos quais decidiremos se lhe acrescentamos água ou letras. 


*****

A doação que fiz ao Centro de Estudos Literários Latino-Americanos Floriano Martins (CEL-FM) deste que ora se afirma como seu acervo inaugural expressa um velho sonho de dar à cultura sua carga mais intensa de generosidade. O acesso a toda forma de conhecimento é uma dádiva que deve ser estendida a todos. Sempre me inquietou visitar bibliotecas particulares de escritores e ali me deparar com um acervo mudo, que não se comunica senão com seu detentor. Ao longo dos anos fui tratando de doar livros a pequenas bibliotecas, porém uma ideia maior me perseguia, a de concentrar parte significativa de meu acervo em um local único, criando condições de pesquisa e deleite, um ponto a partir do qual pudéssemos ir além, planejando palestras e outros eventos que enriqueçam o conhecimento de quem se mostrar interessado. Outro aspecto fundamental é o da diversidade de opções de conhecimento, o que me levou a constituir o presente acervo não apenas de livros, mas também de revistas, jornais, documentários e música. Sua definição como centro de estudos latino-americanos vem do fato de que esta tem sido a área mais ampla de minha produção intelectual, ao mesmo tempo em que contribui, ainda que minimamente, para o acesso ao que se produz de mais relevante em boa parte de nosso continente. O Centro, contudo, tende a ser o mais amplo e generoso possível na busca de novos vasos comunicantes. Este é, portanto, um primeiro acervo. O passo seguinte já nos leva a sonhar com doações vindas de outros escritores e mesmo de instituições, de modo a instigar o prazer pela leitura, pelo conhecimento, e consequente aprimoramento da sensibilidade.

Floriano Martins

FLORIANO MARTINS (1957). Poeta, editor, ensaísta e tradutor. Dirige, desde quando a criou, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, de circulação pela Net, bem como o selo ARC Edições, de livros impressos. Este selo, ao lado de outro, Editora Cintra, são responsáveis pela criação da coleção “O amor pelas palavras”, de eBooks de circulação exclusiva pela Amazon.


APOIO CULTURAL




AGULHA REVISTA DE CULTURA # 107 | Fevereiro de 2018 | Editorial



• VISIONES SURREALISTAS DE JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES

El nombre de José Miguel Pérez Corrales es muy conocido internacionalmente, gracias a su permanente difusión del surrealismo en la esfera virtual a través de su blog Surrealismo Internacional. Ya en su presentación, él mismo afirma: “Aunque este blog tuvo como origen, en noviembre de 2011, la necesidad de acompañar el camino entre la primera y la segunda edición de Caleidoscopio surrealista, se prolongará durante algún tiempo, siempre atento a la actualidad del surrealismo como movimiento específico.” Es un esfuerzo magnífico y naturalmente sus eventuales silencios, respecto a uno que otro tema, son parte de la construcción permanente de la publicación y de la dimensión inabarcable del Surrealismo. Edición impresa de una selección de este blog el lector interesado puede encontrar en el doble volumen intitulado Surrealismo: el oro del tiempo. José Miguel Pérez Corrales es español, nascido en 1955 en las Islas Canarias. Para acompañar esta selección mínima que hemos hecho de su trabajo invitamos a la joven artista plástica chilena Singwan Chong Li (1989), gracias a la fuerza mágica de sus imágenes. Chong Li ha participado ya de algunas muestras colectivas, y sus collages son merecedoras de una individual, que aquí anticipamos en ambiente virtual.

Os Editores
  

*****


• Índice

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | André Bernard

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Benjamin Péret

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Infosurr

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Jean-Pierre Lassalle

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | L’impromptu

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | París de los surrealistas

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Raymond Roussel

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Sarane Alexandrian

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Surrealismo, arte, ciencia

JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Will Alexander


Artista convidada | SINGWAN CHONG LI








  

Página ilustrada com obras de Singwan Chong li (Chile), artista convidada desta edição.

*****

Agulha Revista de Cultura
Número 107 | Fevereiro de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista
os editores não se responsabilizam pela devolução de material não solicitado
todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
CNPJ 02.081.443/0001-80





JOSÉ MIGUEL PÉREZ CORRALES | Will Alexander



Entre 1987 y 2013, Will Alexander ha publicado una impresionante cantidad de libros donde se reconoce el surrealismo, que para él es “un estado eléctrico de pensamiento, una fuerza, un impulso cristalino”. De poesía son Vertical Rainbow Climber (1987), The Stratospheric Canticles (1995), Asia & Haiti (1995), Above the Human Nerve Domain (1998), Exobiology As Goddess (2005), The Sri Lankan Loxodrome (2009), Compression & Purity (2011), Aboriginal Salt: Early Adivinations (2012) y Kaleidoscopic Omniscience (2012), este último incluyendo Asia & Haiti, The Sratospheric Canticles y, como novedad, Impulse & Nothingness. De ficción, Arcane Lavender Morals (1994), Sunrise in Armageddon (2006) y Diary as Sin (2011). De filosofía, Towards the Primeval Lightning Field (2006) y Mirach Speaks to his Grammatical Transparents (2011). De ensayos, Inalienable Recognitions (2010), On the Substance of Disorder (2011) y Singing in Magnetic Hoofbeat (2012). De teatro, Inside the Earthquake Palace (2011). La mayoría de estos títulos es un buen índice del registro de este escritor tan original como profundo, pero todo Will Alexander está presente poderosamente en el que nos toca hoy anotar, y celebrar: The Brimstone Boat. For Philip Lamantia.
Este barco de azufre, “en perpetua exploración”, es el barco alquímico de uno de los más grandes poetas que ha dado América: Philip Lamantia, a quien tan intensamente recordamos siempre. A lo largo de unos dos mil versos, Will Alexander se dirige a aquel para quien la poesía era “la vida más pura”, y que por tanto rechazaba todo lo pedestre y prosaico. Sus palabras son fruto no solo de la lectura de Lamantia, sino del trato directo que sostuvo con él –de hecho, Lamantia incluso conoció “The Brimstone Boat” en su formulación original.
Por el poema pasan los nombres luminosos de Breton, Artaud, Poe, Baudelaire, Péret, Lam, Borduas (por su Refus Global) y Miró (por sus Constelaciones), aunque también, en sentido contrario, los inicuos de un Ezra Pound –“viejo romano comedor de sangre”, con sus “embellecidas doctrinas”– o un Marinetti, ambos más cercanos a “los hechizos obscenos de los navegantes que envenenan el mar con su colmena de traidoras toxinas morales” que al bello “poder de la anti-estética”.
Siguen a “The Brimstone Boat” tres poemas también de carácter cósmico y también precedidos, como aquel, de un epígrafe de Lamantia. La dificultad de muchas de las referencias que maneja Will Alexander hace que tras los cuatro poemas venga un glosario en que se combinan explicaciones de física, ciencias naturales, geografía, mitología, viejas civilizaciones, religiones remotas, etc.
Los cuatro ensayos siguientes no dejan de insistir en la miseria de la vida “moderna” tal y como se cuece en las sociedades actuales, en “un mundo en que textos seminales no son leídos, y en que alguien de la estatura de André Breton permanece crónicamente desconocido”.
La mandálica portada de The Brimstone Boat, aunque diseñada por Tom Bhurns, no deja margen de dudas acerca de su autora, que es por supuesto Marie Wilson. En 1970, Philip Lamantia le pidió para el frontispicio de The Blood of the Air el dibujo Aspectos de la Adivinación, y luego ella hizo la pintura, derivada del dibujo, acabándola en 1979 y que ahora funciona como idóneo pórtico al poema de Will Alexander dedicado a Lamantia. Del mismo modo, el frontispicio lleva el dibujo de Marie Wilson Guardianes contra el miedo. Will Alexander aprovecha para homenajear también a esta “sublime artista surrealista”, cuya obra, una vez vista, “es imposible de olvidar”. ¡Y tanto que lo es!
“you the captain / atop the hull of the brimstone boat / erudite with your deltas / with your ghosts from dazed Phoenician settlements”

***

Muy poco después de The Brimstone Boat. For Philip Lamantia, ha aparecido de Will Alexander, en Gran Bretaña, este otro libro de letanías poéticas oraculares. El propio autor señala cómo los tres títulos que lo componen, Asia & Haiti, The Stratospheric Canticles e Impulse & Nothingness, los dos primeros publicados ya en 1995 y el segundo inédito, constituyen “una constelación orgánica”.
El conjunto va dedicado a Jayne Cortez, un nombre bien familiar para los conocedores del grupo surrealista de Chicago, desaparecida en 2012. También, en el tercer libro, hay un poema a ella, de bello título: “Para mi salvaje dama moscatel”.
En la introducción, Will Alexander se sitúa bajo el signo del “je est un autre” rimbaldiano, opone el poeta al periodista, explica su fascinación por el objeto mágico que da título a su obra y destaca como central su interés por el “misterio del cosmos”.
Asia & Haiti está formado por dos poemas que constituyen respectivamente una diatriba feroz contra las atrocidades de los marxistas-maoístas en el Tibet y del matrimonio Duvalier en Haití.
Los ocho “cánticos estratosféricos”, como siempre en el arrebatado estilo versicular del poeta, van acompañados de cinco dibujos, como Volcán de pájaros o El ojo subconsciente.
Uno de los cánticos estratosféricos lleva un epígrafe de Shuzo Takiguchi, figura mayor del surrealismo nipón. En el que da título a la serie, Will Alexander enumera una serie de nombres en esa “tensa cancelación de las especies” a que ha llevado la locura del mundo occidental, tras la cual leemos:
“the wicked Euro-abscess model / claiming Democracy & engagement / claiming a factotum of decimals / eclipsing from life the fervour of condors / the ingestion of caimans / the savage sororocide of bears / so as to mechanically stoke the technicality of polls / to wash the terror of flesh from the general tax payer’s grist”
En esta poesía total, llevada por la corriente del automatismo, no sorprende algunas páginas después encontrarnos con el Miró pintor-poeta (“with his precise free & cosmic certainty / flowing through tresholds of maturation & demonology”), o, ya en Impulse & Nothingness, con otra violenta invectiva antipolítica, en este caso al abyecto Enver Hoxha y sus “asesinas soluciones racionales”, tanto como con un retrato de la “psicosis europea”, bien preparados, como estamos aquí, “contra las sensaciones / del embellecimiento eurocéntrico”.
“but always on guard / against assasination & hookworm / my aura exists / above propane & discord / above linear scansion & its cell salts / destroying the paralytic /of secular integers & judgement”

***

Completamos la noticia del trío de libros que Will Alexander ha publicado en el último año: The Brimstone Boat (For Philip Lamantia), Kaleidoscopic Omniscience y ahora Singing in Magnetic Hoofbeat, reunión de ensayos, textos en prosa, entrevistas y una lectura, datados entre 1991 y 2007.
El azar con objetivo ha querido que mi lectura de Singing in Magnetic Hoofbeat coincida con la de otros dos libros excelentes y con un acontecimiento que ha sido para mí un disgusto.
Primero está la lectura del libro de Marcus Salgado A vida misteriosa dos signos, cuyas páginas sobre la diáspora negra, la música de jazz y la búsqueda de “imagen de futuro” enlazan con otras del libro de Will Alexander.
Segundo, la visión y lectura del catálogo Renzo Margonari (Alchimie dell’inconscio), que hace más de un año intentaba conseguir, y que se abre con un fino estudio de Arturo Schwarz (“Margonari, infatigable explorador de un mundo nuevo”) sobre la obra de este admirable artista como expresión del magisterio alquímico en sus distintas etapas, siendo la tradición hermética uno de los grandes temas tratados por Will Alexander en Singing in Magnetic Hoofbeat. Recordemos que en 1986 publicó Schwarz Arte e Alchimia, con una encuesta a numerosos artistas y escritores, en la que una edición actualizada obligaría a incluir tanto a Renzo Margonari como a Will Alexander.
El suceso infausto es la muerte hace unas pocas semanas de Jimmy Dawkins, epítome del blues más duro y profundo, del verdadero deep blues, sin florituras ni concesiones, nacido en 1936 en el Mississippi y trasladado a Chicago, y para quien esto escribe el más grande bluesman de los últimos 50 años (debutó en 1968). Y es que, como veremos, Will Alexander también nos habla del blues más genuino en el libro que vamos a comentar.
La primera parte se dedica a “geografías, historias, resistencias”, e incluye un texto contra el Estado precedido de una contundente cita de Bakunin. La que abre mi lista de citas en Cabina de barlovento es también de Bakunin: “Donde hay estado no existe la libertad, donde hay libertad no existe el estado”. Georges Darien se extiende algo más: “La soberanía ilimitada del Estado puede pasar de las manos de la realeza para las manos de la burguesía, de las de la burguesía para las del socialismo; continuará existiendo. Pasará, incluso, a ser más atroz, ya que aumenta a medida que se degrada. ¡Qué dogma!... Pero ¡qué cosa terrible concebir, un instante, la posibilidad de su abolición, y un individuo imaginarse obligado a pensar, a actuar y a vivir por sí mismo!”. Esto último que señala Darien es crucial, pero mi cita favorita es la de Maurice Blanchard: “El Estado es siempre el Estado, y eso será siempre la mierda”.
La segunda parte se compone de “monografías, memoriales, encuentros”. La abre un ensayo sobre Charles Fourier y siguen breves y no tan breves semblanzas y evocaciones, entre las que se encuentran la de Bob Kaufman, la de Laurence Weisberg, la de K. Curtis Lyle y, por descontado, la de Philip Lamantia. Will Alexander escribe desde Los Angeles, y en el artículo sobre Lyle homenajea a una tradición en la que sitúa los nombres de Eric Dolphy, Charlie Mingus, Ornette Coleman, Jayne Cortez y el Watts Writers Workshop, del que Lyle fue miembro fundador. La descripción de su encuentro con Lamantia, y la relación con él, hace pensar en otro libro que hemos de situar cerca de este: el Annandale Blues de Guy Ducornet, por lo que respecta tanto al trato de Ducornet con Ralph Ellison como a la cuestión racial; ello sin duda daría pie a unas reflexiones muy sugestivas. Will Alexander titula su memorial de Lamantia “Perpetua incandescencia” (“It was this great impersonal fire which first dazzled me about Lamantia. His works became my cryptic ritual criterai. I was always listening to him in my mind, and so when I met him face to face it was a twelve-hour encounter which has marked me forever. He being the saturated icon, the onyx bird who knew the invisibility of knowledge and its power beyond reason”).
La siguiente sección está dedicada a la diáspora africana, la negritud y los blues. El primer texto alude, y no es la única vez en Will Alexander, al encuentro entre André Breton y Aimé Césaire, con la siguiente pregunta: “Alguien puede imaginar a Pound o a cummings dándole la bienvenida a Aimé Césaire en el mundo de las letras hacia 1941?”, para sumarles en seguida el nombre de la abuelita Eliot y el de Williams Carlos Williams. Breton, en cambio, encontró en él al poeta que liquidaba la autoridad grecolatina. Y otra pregunta similar, con respecto a los dos últimos: “¿Alguien puede imaginarlos denunciando la ocupación americana de Haití en la manera, digamos, como los surrealistas denunciaron la guerra entre Francia y Marruecos en 1925?”. Mientras, un Wallace Stevens elogiaba a Mussolini, justificando su derecho a dominar Etiopía. Estas observaciones tan lúcidas es siempre pertinente hacerlas.
El otro gran ensayo de esta sección es el dedicado a los blues, que además da título al libro. Recordemos una vez más que el surrealismo debe a Paul Garon una obra extraordinaria sobre esta música: Blues and the Poetic Spirit (1975). Pues bien: estas breves páginas rayan a la misma altura. La galería de nombres que esparce aquí Will Alexander (Black Bottom McPhail, Elmore James, J. B. Lenoir, Texas Alexander, Blind Lemon Jefferson, Bessie Smith, Memphis Minnie, Smokey Hogg, Lightnin’ Hopkins, Victoria Spivey, Jazz Gillum, Willie Dixon, Muddy Waters, Sleepy John Estes) es fabulosa, pero es que esos nombres, para quien conozca los blues, podrían multiplicarse por cien. Para algunos blancos que renegamos de nuestra raza, el blues ha sido también una de las armas de resistencia y de desafío (otra es el surrealismo) al horroroso mundo burgués que nos ha rodeado y rodea, con su miseria vital y su imperio de la razón realista. Un arma que es también un mundo alternativo, alimentado de revuelta y de lirismo, cuyos poderes poéticos subversivos Will Alexander no puede dejar de oponer a los nombres del anterior texto:
“La diurna penuria de pensamientos de un T. S. Eliot o de un Ezra Pound, no puede coexistir con los blues. Porque Eliot se quedaría absolutamente petrificado si se viera confrontado con la potencia de Lightnin’ Hopkins como un mujeriego y como un perpetuo aficionado a la bebida”. Lo mismo un D. H. Lawrence “reaccionando con disgusto histérico ante una grabación de Bessie Smith” (y aquí viene bien recordar a Thomas Alva Edison registrando esta anotación sobre Bessie: “mala voz”).
Toda esta parte final del ensayo de Will Alexander merece transcribirse íntegramente, pero me limitaré al último párrafo:
“Therefore the blues singer is never prone, or apathetic, or dyslexic with indifference. Smokey Hogg exists within an imaginal range which should be generally acknowledged as is they case say, with Lautréamont, or Uccello. The forays into splendor, the ferment, the color, yellowed and dazzling as moonrise in Mississippi. The old Delta, with its rain drops and parching, with its monstrous and racists accruals, only fueled the anger, the eruptive miasma, of a song form imbued with explossion and linkage”.
La cuarta sección tiene como temas la poesía, la alquimia y la cosmología, temas que Will Alexander, poeta y pensador visionario, enlaza sabiamente. El texto sobre la alquimia es antológico, y también hay una breve reflexión sobre lo que para él significa la expresión dibujística, que ya le conocemos por The Stratospheric Canticles.
Entrevistas, algunas muy amplias, y una lectura cierran el volumen, aparte una nota final de Andrew Joron titulada “El nuevo animismo”. En una de las entrevistas, Will Alexander vuelve a hablar del “orden racista” de los Eliot, Pound, cummings, Stevens... “No he visto a gente como Pound o Eliot decir nada de los linchamientos en los años 30 ó 40. Les debía parecer una curiosidad”; en este punto, hace un interesante inciso para señalar cómo los pueblos indios de Norteamérica han trabajado la idea integral del universo, con lo que ello tiene de consecuencias: “la razón de que vivimos es porque hay un sistema completo”, y “si una parte de ese sistema no funciona, entonces enfermamos”.
Las referencias surrealistas de Will Alexander son muchas, y recurrentes las principales: André Breton (y en especial Nadja), Aimé Césaire, Philip Lamantia, Antonin Artaud, Wifredo Lam, Joan Miró, André Masson, René Daumal, Paul-Émile Borduas, Octavio Paz, García Lorca. Otras remiten a sus ancestros: Rimbaud, Shelley, Lautréamont, Blake. Y otras son ya más lejanas y hasta en algún caso ajenas por completo: Fernando Pessoa, López Velarde, Gorostiza, Vallejo, Sarduy, el Goytisolo donjulianesco, Broch, Bernhard. En una de las entrevistas, señala que está más interesado en la actividad creativa que en los movimientos, “incluido el movimiento surrealista”, y en otra que aun siendo el surrealismo un gran activador de energía, no ha sido nunca para él una circunferencia abstracta o teórica dentro de la cual iba a encerrarse, sino una energía tan poderosa que no puede confinarse “en una simple escuela o en una simple definición”. Pero, por ejemplo, si volvemos a leer la lista de nombres citados, sería muy difícil o imposible encontrar un solo surrealista que no haya tenido, junto a las balizas más comunes, otras de carácter individual. Como decía Aldo Pellegrini, “me declaro surrealista por el hecho mismo de ser fundamentalmente heterodoxo, y el surrealismo no me impone más dogma que el de la libertad integral”.
En uno de sus textos, Will Alexander declara que el surrealismo, del mismo modo que a Aimé Césaire le reveló su africanidad, en él liberó su “instinto anímico”, lo que ha resultado decisivo para su escritura. Y a propósito de su lectura sobre el surrealismo, no duda en dejar claro que “el surrealismo no mira hacia la historia, sino hacia el futuro”. Lo que nos lleva de nuevo a las páginas finales del libro de Marcus Salgado, a Annandale Blues, a la “alquimia del inconsciente” y a la guitarra ácida de Jimmy Dawkins, que no ha parado ni parará de sonar.


*****

Página ilustrada com obras de Singwan Chong li (Chile), artista convidada desta edição.

*****

Agulha Revista de Cultura
Número 107 | Fevereiro de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista
os editores não se responsabilizam pela devolução de material não solicitado
todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
CNPJ 02.081.443/0001-80