sexta-feira, 13 de setembro de 2024

EDITORAS & REVISTAS

1. EDITORAS

 

BRASIL | ARC Edições

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2019/01/arc-edicoes-catalogo-2013-2018.html

Floriano Martins: floriano.agulha@gmail.com

ARC Edições surge em 2010, primeiramente como uma pequena casa de edições virtuais, cujo catálogo de 14 livros atendia pelo nome de Coleção de Areia. Alguns dos livros ali publicados foram posteriormente reeditados pela coleção O amor pelas palavras, uma coedição entre Editora Cintra e ARC Edições, de circulação exclusiva pela Amazon – hoje fora de mercado. Somente em 2013 a editora passou a produzir um catálogo de títulos impressos. 

 


 

BRASIL | Macabéa Edições

https://www.macabeaedicoes.com/

Bianca Monteiro Garcia: macabea@macabeaedicoes.com

Fundada em 2017, a Macabéa Edições propõe-se a publicar obras de mulheres e sobre mulheres, em uma perspectiva ampla: trabalhos de ficção e não ficção, em todos os gêneros textuais, que tragam uma expressão da mulheridade, por meio de protagonismo, vivência ou ponto de vista. 

 

 

BRASIL | Editora MamaQuilla

https://www.mamaquilla.com.br/

Elis Regina Zils: ed.mamaquilla@gmail.com e elysre@gmail.com

A MamaQuilla foi fundada em 2024 com o objetivo de levar aos leitores uma literatura de qualidade e com conteúdo relevante. A editora publica literatura latino-americana em todos os gêneros, incluindo poesia, contos, romances e material artístico diverso, com destaque para conteúdos com afinidade à estética vanguardista, especialmente surrealista. Como missão está a divulgação de autores e obras que contribuem para a valorização poética da vida.

 


BRASIL | Tan Editorial

https://taneditorial.com.br/

Thomaz Albornoz Neves: albornozneves@gmail.com

Idealizada por Thomaz Albornoz Neves, a chancela tan ed. reúne títulos de autores cisplatinos e afins. São obras de fotografia, arte, poesia, ensaio e relato escritas em português e espanhol (com alguma pitada de portunhol). O empreendimento é solitário, sazonal e sem fins lucrativos. Os livros têm a mesma identidade gráfica e são, na sua maioria, ilustrados com desenhos do editor. A tiragem varia entre 75 e 300 exemplares numerados. 

 


 

CHILE | LP5 Editora

https://lp5editora.blogspot.com/

Gladys Mendía: mendia.gladys@gmail.com

Editora independente e nômade dedicada a apoiar e difundir a literatura e as artes atuais. Gladys Mendía é editora fundadora da LP5 Editora, que existe desde 2004. Como editora desenvolveu mais de vinte e cinco coleções entre poesia, narrativa, ensaios e audiovisuais, publicando mais de 500 autores. 

 



2. REVISTAS

 

BRASIL | Acrobata

https://revistaacrobata.com.br/

Demetrios Galvão: demetrios.galvao@yahoo.com.br

Acrobata foi criada em 2004, primeiramente em formato impresso, posteriormente passando apenas ao formato digital. É uma publicação múltipla, de criação e estudos críticos em várias áreas. Nela se destaca o Atlas Lírico da América Hispânica, ousado projeto dedicado à publicação de poetas hispano-americanos em português.

 

 

 

BRASIL | cassandra

https://revistacassandra.com.br

Milena Martins Moura: milenamartinstradutora@gmail.com

cassandra surgiu em 2021, a partir da ideia de reunir mulheres artistas de diversos lugares e com diversas vozes para promover as artes e a literatura feitas por, de e para mulheres. Somos autoras de variadas esferas artísticas, reunidas no objetivo de abrir cada vez mais espaço para as vozes femininas na arte, para que nenhuma morra na garganta. Mais do que isso, desejamos ser resistência a tempos obscuros, em que tantos esforços para a igualdade e a promoção da diversidade estão sendo contestados, tantos direitos estão sendo retirados. Em tempos como esses, em que a arte é vista como inimiga e nós mulheres vemos nossos direitos ameaçados, toda voz é uma resistência.

 

 


 

BRASIL | Diversos Afins

http://diversosafins.com.br/

Fabiano Brandão: diversosafins@gmail.com e revistadiversosafins@gmail.com

A revista foi criada em 2006 e desde então circula ininterruptamente em formato digital, abrangendo um diversificado painel relacionado às letras, à música, ao mundo plástico, tanto na criação quanto na reflexão crítica. 

 


 

BRASIL | Ruído Manifesto

https://ruidomanifesto.org/

Matheus Guménin Barreto: matheusgumenin@hotmail.com e matheus.barreto@alumni.usp.br

Dedicada à literatura, à crítica e ao audiovisual, Ruído Manifesto foi criada em 2017, circula no formato digital, destacando-se como uma das publicações mais versáteis e relevantes existentes hoje no Brasil.

 

 

 

BOLÍVIA | La Trini

https://www.revistalatrini.com/

Vadik Barrón: latrinicultural@gmail.com

La Trini foi criada em 2022 e circula tanto no formato digital quanto impresso. Trata-se de uma revista cultural independente especializada em artes e culturas da Bolívia.

 

 

 

CHILE | Altazor

https://www.revistaaltazor.cl/

Mario Meléndez: mariomelendez71@hotmail.com

Altazor é uma revista electrônica de literatura, criada em 2000, dedicada exclusivamente à poesia. Circula semanal e é editada pela Fundação Vicente Huidobro. 

 

 

CHILE | LP5 – Revista de Literatura y Arte

https://lp5.cl/

Gladys Mendía: mendia.gladys@gmail.com

LP5 (Los Poetas del 5) foi criada em 2004 no Chile, com a missão de amplificar as vozes latino-americanas e globais através de plataformas digitais como LP5.cl, Blog LP5 e YouTube. Seu símbolo, a mão do filósofo, representa a abertura à criatividade. O LP5 promove a colaboração entre escritores e artistas, fomenta novas linguagens e celebra a diversidade de gêneros e culturas, criando um mosaico criativo em constante evolução. 

 


 

COLOMBIA | La Raíz Invertida

https://www.laraizinvertida.com/

Laura Castillo, Hellman Pardo, Henry Alexander Gómez, Jorge Valbuena: raizinvertida@gmail.com

La revista y editorial de poesía La Raíz Invertida es un espacio diseñado para el rescate de la tradición poética en Colombia y la promoción de escritores de diferentes latitudes y generaciones. Los lectores están invitados a generar un continuo diálogo desde la creación literaria y la lectura, considerando la palabra como voz perdurable.

 

 

 

COLOMBIA | H’Art Revista de Historia, Teoría y Crítica de Arte

https://revistas.uniandes.edu.co/index.php/hart

Patricia Zalamea: pzalamea@uniandes.edu.co

Laura Bolívar: lp.bolivar10@uniandes.edu.co

H’Art tiene como objetivo contribuir a la divulgación de la investigación, los análisis y las opiniones sobre la historia, la teoría y la crítica de arte. H’Art publica contenidos inéditos de autores nacionales e internacionales, los cuales incluyen artículos, reseñas, textos críticos y entrevistas, así como curadurías digitales y otros formatos experimentales. H’Art es un espacio abierto a la pluralidad de ideas y propone un foro de discusión enriquecedor para la reflexión sobre el arte.  La revista está dirigida a profesionales, estudiantes y demás interesados en la historia, la teoría y la crítica de arte y sus áreas afines. H’Art es una publicación trianual (enero-abril, mayo-agosto, septiembre-diciembre) y se publica al inicio de cada uno de estos periodos en versión digital de acceso abierto. La calidad de los artículos se asegura mediante procesos de evaluación con pares académicos nacionales e internacionales. La revista contempla diversas secciones, desde artículos académicos de investigación hasta análisis críticos de obras, reseñas de libros y exposiciones, entrevistas y otros formatos experimentales. Todos los artículos que se reciben son sometidos a herramientas de detección de plagio; los contenidos que se publican en la versión digital son de libre acceso y se pueden consultar en versión HTML y descargar en formato PDF; los autores deben manifestar que el texto es de su autoría, inédito, y que respetan los derechos de propiedad intelectual de terceros. En cuanto a los evaluadores, deben señalar que no tienen conflicto de interés con los autores y temas sobre los cuales van a establecer un concepto.

 


 

 

COSTA RICA | Quimera

https://revistavirtualquimera.com/

Victoria Marín Fallas: ivannia.marinfallas@ucr.ac.cr

Quimera fue creada en 2018 como un proyecto virtual de difusión de la cultura clásica. A partir de 2019 ella se concreta como una plataforma de enfoque cultural diverso. Quimera es un proyecto independiente, sin fines de lucro y con intereses culturales y educativos que pretende difundir arte y conocimiento, no solo en línea o de manera impresa, sino también por medio del cumplimiento de actividades que involucren a los miembros de las comunidades en Costa Rica sin distinción.

 

 

 

EL SALVADOR | El Pez Soluble

https://revistaelpezsoluble.com/

Melvyn Aguilar: melvynaguilar66@gmail.com

El Pez Soluble tiene como fin generar un espacio crítico más allá de lo académico y el establishment, difundir propuestas literarias periféricas dentro de la periferia, visibilizar las estéticas que estén al margen de las propuestas que dominan las editoriales públicas y privadas, los mass media, los premios y los festivales de poesía. Nos interesa la otra poesía, la que no se afana en ser commodity. Esa que no se simplifica hasta ser una mera expresión emocional del poeta. Nos interesa, sí, la joven poesía, sus lenguajes, manifestaciones estéticas y atrevimientos, pero también se nos antoja partir de puerto desolación en búsqueda del ordovícico de los trilobites, de los fósiles que empolvados en las bibliotecas o revestidos de algas en los naufragios –dificultan–  ver de qué se trata el cosmos autopouésico, pero que, de todos modos, nos sigue asombrando con sus olvidadas claridades. A la revista le interesa el símbolo, la mujer-ventana, el hombre-puerta. El suicidio como tono desesperado de la rebeldía y el sueño como forma de la recomposición del ser, pero encaminado al ser. El presentimiento de la felicidad, los caminos opuestos del laberinto, el destello de la metáfora, el encuentro de dos imágenes o significantes que se electrizan entre sí provocando la cadena significativa y posibilitando el hallazgo.

 

 

 

ESTADOS UNIDOS | EntreTmas Revista Digital

https://www.entretmasrevistadigital.com/

Juana M. Ramos, Margarita Drago, Jaqueline Herrans Brooks, Yrene Santos, Zaida Corniel, Eva C. Vásquez:

entretmasrevistadigital@gmail.com

EntreTmas Revista Digital es un proyecto creado y dirigido por un grupo independiente de académicas, escritoras, dramaturgas, agentes culturales y artistas visuales cuyo propósito es la difusión de la literatura, el arte, la cultura y el pensamiento crítico producido en lengua española en los Estados Unidos y Latino América. Este proyecto, con base en Nueva York, incluye voces latinoamericanas residentes tanto en sus países de origen como en los EE.UU. y aspira a servir de material educativo contemporáneo para el estudio de las letras, la cultura y el arte latinoamericanos. 

 


 

ESTADOS UNIDOS | Nueva York Poetry Review

https://nuevayorkpoetryreview.com/

Mar Russo: nuevayorkpoetryreview@gmail.com

Esta revista es una extensión de Nueva York Poetry Press, casa editorial especializada en poesía en lengua española y en traducción, con la que comparte el objetivo de difundir en los Estados Unidos las voces esenciales de la poesía mundial. De este modo, Nueva York Poetry Review, tanto en su soporte electrónico, como en el impreso, no sólo se ha propuesto funcionar como un medio de divulgación de poesía, sino también como un espacio para reflexionar sobre el ejercicio de la composición. Aunado a esto, la revista ofrece una galería de arte visual en la que se expone el trabajo de los autores más representativos de nuestro tiempo. 

 

 

MÉXICO | Blanco Móvil

https://blancomovil.com.mx/

Eduardo Mosches: blanco.19mosches85@yahoo

Melissa Pastel: delineria@gmail.com

Blanco Móvil é uma revista impressa que existe desde 1985, tendo sido criada com uma característica singular de que cada edição se dedica a um único tema. Atualmente a revista também se encontra em formato digital. 

 

 

MÉXICO | La Otra

https://www.laotrarevista.com/

José Ángel Leyva: josanley@gmail.com

Revista de Poesia + Artes Visuais + Outras Letras, La Otra foi criada em 2008, convivendo nos formatos impresso e digital, apresentando-se como uma publicação literária que tem como principal pilar a poesia (abrange ensaios, entrevistas, recensões de poesia), embora inclua também outras disciplinas literárias e visuais. Seu objetivo é contribuir para ampliar o horizonte literário, particularmente a poesia, do nosso país e do mundo, nas esferas mexicana e latino-americana. 

 


 

NICARÁGUA | 400 Elefantes

https://400elefantes.wordpress.com/

Marta Leonor González: 400elefantes@gmail.com

Juan Sobalvarro: jsobalvarro70@hotmail.com

400 Elefantes fue creada en 1994 como una revista impresa por ambos escritores. En 1997 crearon la revista electrónica que estuvo alojada en distintos sitios, iniciando en Geocities, hasta su residencia actual. Ahora la revista sólo se edita en formato digital. 

 


 

REPÚBLICA DOMINICANA | Plenamar

https://plenamar.acento.com.do/

Contacto: plenamardo@gmail.com

El objetivo de Plenamar al presentar los siguientes requisitos para la publicación de colaboraciones en sus diferentes secciones es conseguir la unificación de criterios para la redacción de los trabajos que se vayan a remitir, por parte de los colaboradores o autores en sentido general, aportando con ello a la coherencia estilística, gráfica y visual de nuestra revista. Estos requisitos serán de obligado cumplimiento por parte de los autores.  El equipo editorial queda facultado para adecuar los materiales remitidos, previo aviso a los colaboradores, especialmente en la adaptación a las secciones de la revista. Estamos comprometidos con ofrecer a los lectores textos bien cuidados, bien documentados, de incuestionable calidad y adecuados al formato digital de la revista, de manera que la experiencia de lectura resulte agradable y enriquecedora.

 

 

 

URUGUAI | Esteros

https://esteros.org/esteros-revista-literaria/

Carolina Zamudio: carozamudio@gmail.com

Esteros – que existe desde 2019, sendo publicação vinculada a uma fundação cultural homônima – é uma revista de divulgação, pesquisa, estudo e compêndio – limitado, mas ilimitado – de todas as letras, em suas mais variadas formas de expressão, envolvendo desde os clássicos aos exaltados escritores contemporâneos.

 

 

 

FRANÇA | Ojo Vulgar

https://www.instagram.com/ojovulgar/

https://sites.google.com/ojovulgar.com/ojovulgar/accueil

Natalia Vélez: info@ojovulgar.com

Ojo Vulgar foi criada em 2020 e circula apenas em formato impresso. Segundo sua editora, a revista tem como eixo o papel da arte e da cultura na atualidade, convidando produções com elevado espírito crítico para promover diálogos entre artistas e agentes culturais com a sociedade. É necessária uma viagem no tempo através dos movimentos artísticos para compreender a história das respectivas influências estéticas nos nossos dois continentes: Europa e América Latina.

 

 

 

PORTUGAL | Athena

https://athena.pt/

Júlia Moura Lopes: revista.athena2017@athena 

Athena foi criada em 2017, é uma revista de circulação trimestral em formato digital, que apresenta criação e estudos críticos em caráter variado. Como está dito em sua apresentação, Athena tem como objetivo a comunicação através da divulgação do conhecimento e criatividade. 

 

 

PORTUGAL | Triplov

https://triplov.com/

Maria Estela Guedes: estela@triplov.com

Triplov foi criado em 2001, como um banco de dados que reunia material de estudo referente a temas como letras, teatro, ficção, gnose, cibercultura, botânica, naturalismo, ornitologia etc. Posteriormente seria criada, em 2017, a Revista Triplov de Artes, Religiões, Ciências.

 


 

 

Agulha Revista de Cultura

criador, editor | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editora | ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

https://www.instagram.com/agulharevistadecultura/

http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

ARC Edições © 1999-2024



sábado, 7 de setembro de 2024

A TRAGÉDIA DO DESTERRO | LA TRAGEDIA DEL DESTIERRO | THE TRAGEDY OF DISPLACEMENT

CANDELARIA SILVESTRO | FLORIANO MARTINS | WOLFGANG PANNEK


 

A TRAGÉDIA DO DESTERRO 

Os encontros ternários costumam evidenciar um caráter religioso ou filosófico. A sua matriz, no entanto, evoca a essência da criação, o que acaba por nos ligar ao plano poético. Deuses e sistemas filosóficos por vezes exaltavam a trindade, como a manifestação genética que curiosamente a ciência acabaria averiguando ter uma condição inusitada, ao perceber a existência de um cromossomo a mais em cada par desses filamentos que determinam a hereditariedade. A relação entre Gênese e Hereditariedade é, portanto, a mesma entre Princípio e Fim. A vida é o elemento central, o terceiro filamento. O homem é seu único deus supremo, e em seu íntimo a trindade se revela o símbolo por excelência de reconhecimento do mistério.

Nas artes plásticas o tríptico é um modo de abraçar o mistério, disposto em três painéis, de modo que apenas aquele que se encontra no centro é uma peça fixa. Identificada como uma arte cristã primitiva surgida na Idade Média, o tríptico ganhou, desde o primeiro momento, certas singularidades que lhe ampliaram o espectro, até a grandeza e abrangência de uma arte metafísica. Essa concepção tríplice ata e desata a história sob inesgotáveis circunstâncias: sagrado/guerra/trabalho, pensamento/palavra/ação, terra/atmosfera/céu. As relações entre seus componentes determinam a morada de variações que acabam por esboçar desejos, opiniões, compromissos. Mesmo em áreas tão confusas da história, como a que enfrentamos atualmente, onde se mesclam as cortinas que guardam os elementos de cada trindade, é fundamental a percepção dessa riqueza triangular que pode distinguir reentrâncias, perspectivas e direções a serem tomadas.

Três artistas se reúnem considerando os atos sucessivos da criação, os gestos da mão, os rituais da visão, o ritmo uterino do verbo. Algo neles os convida, algo que os supõe inseparáveis nessa precisa conjuntura em que são determinados pela pintura crítico-evocativa de um tríptico que intitulam A tragédia do desterro. Cada um deles traz em seu íntimo sua própria cosmovisão trifásica, a festa de sentidos em que se torna sugestivamente visível o entrelaçamento entre sujeito, ação e objeto. A arte é o instante maior da vida compartilhada. A tragédia evocatória deste tríptico nos estimula a participar de seus filamentos na medida em que sua fascinante economia de imagens é uma combinatória quase aleatória de prazeres da criação. Ao centro a tábua apresentada por Candelaria Silvestro, Expulsos do Paraíso, traduz a materialidade substancial de um mito que definha a condição sobrenatural, mágica, da espécie humana. Conceber a árvore do conhecimento como um símbolo inalcançável é a extrema violência de uma religião que acabou se tornando o coração ordinário do mundo.

Candelaria, no entanto, decidiu-se pela narração da linguagem corporal do exílio da parelha bíblica, a humilhação, o medo, a vergonha. Lugar já sufocado pela profanação, onde os indivíduos incorporam a generalidade, figuras alegóricas que representam a humanidade. A partir dessa tábua central, o tríptico se desdobra em duas inquietações de forma e conteúdo. De um lado, à margem esquerda, o Coro órfão de Gaza apresentado por Wolfgang Pannek, esboço vertiginoso de uma cantata que originalmente é um vídeo-poema, alegoria assombrosa de um fantasma que nos define ao ponto de que não acreditamos (mais) na recuperação do espírito humano. A terceira tábua, disposta à direita, O Inferno perdido, de Floriano Martins, é uma reflexão densa a partir do entrelaçamento guerra-religião em direção a uma avaliação mais abrangente do percurso humano sinistro e desmoralizado. Observando o tríptico de seu distanciamento necessário, é revelador que Candelaria nos leve, de certa forma, a uma Idade Média – mesmo que, segundo ela, a parelha bíblica represente a humanidade contemporânea –, onde o espectro dantesco estabelece um contraponto com o Paraíso de John Milton invertido por Floriano, e que essa reviravolta de linguagens encontre um Moisés situado por Wolfgang no tablado atual como um personagem desovado em um campo minado, a Faixa de Gaza. Nas três peças a humanidade está fora de lugar, não propriamente como desconectada da história, mas sim como resultado de uma violência que o homem cometeu consigo mesmo. A tragédia do desterro deve fornecer ao leitor apetite suficiente para devorar essa visão desterrada da realidade. O princípio é o factual. O centro ou meio é a visão bíblica. Ao final, o plano metafísico. Castigo, perdição, morte são maços insuficientes para desfazer o princípio das trevas que o homem determinou a todos os deuses criassem para encobrir a sua própria existência. A luz por vezes não passa de um estado depressivo do ser. A razão mais secreta de seu desterro. A tragédia da qual nos alimentamos a todo instante.

 

Candelaria Silvestro             |              Floriano Martins            |              Wolfgang Pannek

 

LA TRAGEDIA DEL DESTIERRO 

Los encuentros ternarios suelen tener un carácter religioso o filosófico. Su matriz, sin embargo, evoca la esencia de la creación, que termina por conectarnos con el plano poético. Dioses y sistemas filosóficos exaltaron en ocasiones a la trinidad, como la manifestación genética que, curiosamente, la ciencia acabó descubriendo que tenía una condición inusual, al percibir la existencia de un cromosoma extra en cada par de estos filamentos que determinan la herencia. La relación entre Génesis y Herencia es, por tanto, la misma entre Principio y Fin. La vida es el elemento central, el tercer filamento. El hombre es su único dios supremo, y en él la trinidad se revela como símbolo por excelencia del reconocimiento del misterio.

En las artes visuales, el tríptico es una forma de abrazar el misterio, dispuesto en tres paneles, de modo que sólo el del centro sea una pieza fija. Identificado como un arte cristiano primitivo surgido en la Edad Media, el tríptico adquirió, desde el primer momento, ciertas singularidades que ampliaron su espectro, hasta la grandeza y alcance de un arte metafísico. Esta triple concepción une y desata la historia en circunstancias inagotables: sagrado/guerra/trabajo, pensamiento/palabra/acción, tierra/atmósfera/cielo. Las relaciones entre sus componentes determinan el hogar de variaciones que terminan perfilando deseos, opiniones, compromisos. Incluso en zonas de la historia tan confusas, como la que hoy afrontamos, donde se mezclan los telones que custodian los elementos de cada trinidad, es imprescindible percibir esa riqueza triangular que permite distinguir recovecos, perspectivas y direcciones a tomar.

Tres artistas se reúnen para reflexionar sobre los sucesivos actos de creación, los gestos de la mano, los rituales de la visión, el ritmo uterino del verbo. Algo en ellos los invita, algo que los supone inseparables en esa coyuntura precisa en la que los determina la pintura crítico-evocadora de un tríptico que titulan La tragedia del destierro. Cada uno de ellos trae consigo su propia visión del mundo en tres fases, la fiesta de significados en la que el entrelazamiento entre sujeto, acción y objeto se vuelve sugerentemente visible. El arte es el momento más grande de la vida compartida. La tragedia evocadora de este tríptico nos anima a participar de sus filamentos en la medida en que su fascinante economía de imágenes es una combinación casi aleatoria de placeres de la creación. En el centro, la tablilla presentada por Candelaria Silvestro, Expulsados ​​del Paraíso, traduce la materialidad sustancial de un mito que define la condición sobrenatural y mágica de la especie humana. Concebir el árbol del conocimiento como un símbolo inalcanzable es la extrema violencia de una religión que acabó convirtiéndose en el corazón ordinario del mundo.

Candelaria, sin embargo, decidió narrar el lenguaje corporal del destierro de la pareja bíblica, la humillación, el miedo, la vergüenza. Un lugar ya asfixiado por la blasfemia, donde los individuos encarnan la generalidad, figuras alegóricas que representan a la humanidad. A partir de esta mesa central, el tríptico se despliega en dos preocupaciones de forma y contenido. A un lado, en la margen izquierda, el Coro de Huérfanos de Gaza presentado por Wolfgang Pannek, vertiginoso esbozo de una cantata que en origen es un videopoema, una inquietante alegoría de un fantasma que nos define hasta el punto de que ya no creemos en la recuperación del espíritu humano. El tercer cuadro, desplegado a la derecha, El infierno perdido, de Floriano Martins, es una densa reflexión basada en el entrelazamiento guerra-religión hacia una valoración más integral del siniestro y desmoralizado viaje humano. Observando el tríptico desde su necesaria distancia, resulta revelador que Candelaria nos traslada, en cierto modo, a una Edad Media –aunque, según ella, Adán y Eva representan a la humanidad contemporánea–, donde el espectro dantesco establece un contrapunto con el Paraíso de John Milton invertido por Floriano, y este giro de lenguajes encuentra a un Moisés colocado por Wolfgang en el escenario actual como un personaje arrojado a un campo minado, la Franja de Gaza. En las tres obras, la humanidad está fuera de lugar, no precisamente como desconectada de la historia, sino como resultado de la violencia que el hombre cometió contra sí mismo. La tragedia del destierro debería proporcionar al lector suficiente apetito para devorar esta visión exiliada de la realidad. El principio es fáctico. El centro o medio es la visión bíblica. Al final, el plano metafísico. El castigo, la perdición, la muerte son insuficientes para deshacer el principio de oscuridad que el hombre determinó que todos los dioses crearan para cubrir su propia existencia. La luz a veces no es más que un estado depresivo. El motivo más secreto de su exilio. La tragedia de la que nos alimentamos todo el tiempo. 

 


THE TRAGEDY OF DISPLACEMENT 

Ternary encounters usually evince a religious or philosophical character. Their matrix, however, evokes the essence of creation that connects us with the poetic plane. Gods and philosophical systems on occasion exalted the trinity, just as the genetic manifestation that, curiously, science would end up discovering to have an unusual condition upon realizing the existence of an extra chromosome in each pair of the filaments that determine heredity. The relationship between Genesis and Heredity is, therefore, the same as between Beginning and End. Life is the central element, the third filament. Man is its only supreme god and in his intimacy, the trinity reveals itself as the symbol par excellence of the recognition of mystery.

In the visual arts, the triptych is a way of embracing mystery, disposed in three panels, such that only the centerpiece is fixed. Identified as a primitive Christian art form that emerged in the Middle Ages, the triptych acquired, from the very beginning, certain singularities that broadened its spectrum to the grandeur and scope of metaphysical art. This triple conception ties and unties history under inexhaustible circumstances: sacred/war/work, thought/word/action, earth/atmosphere/sky. The relationships between its components determine the abode of variations outlining desires, opinions, and commitments. Even in such confusing areas of history, as the one we face today, where the curtains that guard the elements of each trinity are mingled, the perception of this triangular richness capable of distinguishing possible reentries, perspectives, and directions is fundamental.

Three artists come together considering the successive acts of creation, the gestures of the hand, the rituals of vision, and the uterine rhythm of the verb. Something about them invites them, something that supposes them inseparable in this precise conjuncture in which they are determined by the critical-evocative painting of a triptych they call The Tragedy of Displacement. Each carries within a personal three-phase worldview, the feast of the senses in which the intertwining between subject, action, and object becomes suggestively visible. Art is the greatest instant of shared life. The evocative tragedy of this triptych encourages us to participate in its filaments to the extent that its fascinating economy of images is an almost aleatoric combination of creative pleasures. In the center, the panel presented by Candelaria Silvestro, Expelled from Paradise, translates the substantial materiality of a myth that undermines the supernatural, magical condition of the human species. Conceiving the Tree of Knowledge as an unattainable symbol is the extreme violence of a religion that ended up becoming the ordinary heart of the world.

Candelaria, however, decided to narrate the body language of the biblical couple's exile, the humiliation, the fear, the shame. A place already suffocated by profanation where individuals embody the generality, allegorical figures that represent humanity. From this central panel, the triptych unfolds into two formal and substantive concerns. On one side, on the left margin, the Gaza Orphan Choir presented by Wolfgang Pannek, a dizzying sketch of a cantata originally conceived as a video poem, a haunting allegory of a ghost that defines us to the point that we no longer believe in the recovery of the human spirit. The third panel, on the right, Lost Hell, by Floriano Martins, is a dense reflection based on the intertwining of war and religion towards a more comprehensive assessment of the sinister and demoralized human path. Observing the triptych from a necessary distance, it is revealing that Candelaria takes us, in a certain way, to the Middle Ages – even though, according to her, the biblical couple represents contemporary humanity. There the Dantesque specter establishes a counterpoint with John Milton's Paradise, inverted by Floriano, and this reversal of languages ​​encounters a Moses situated by Wolfgang on the contemporary panel as a character spawned in a minefield, the Gaza Strip. In all three parts, humanity is out of place, not precisely as disconnected from history, but as the result of the violence man committed against himself. The tragedy of displacement should whet the reader's appetite enough to devour this displaced vision of reality. Its principle is the Factual. The center or middle is the biblical vision. Ultimately, the metaphysical plane. Punishment, perdition, and death are insufficient bundles to undo the principle of darkness that man determined all gods to create to cover up his existence. Light sometimes is nothing but a depressive state of being. The most secret reason for his displacement. The tragedy we feed from at any instant.

 

A TRAGÉDIA DO DESTERRO

[livro eletrônico]

Wolfgang Pannek, Candelaria Silvestro, Floriano Martins

São Paulo : Taan Teatro Companhia, 2024

 Edição: Wolfgang Pannek

Prefácio: Floriano Martins

Textos: Wolfgang Pannek, Candelaria Silvestro, Floriano Martins

Traduções: Floriano Martins e Wolfgang Pannek

Desenho gráfico: Hiro Okita

Screenshots capítulo I: Wolfgang Pannek

Pinturas capítulo II: Candelaria Silvestro

Fotos capítulo II: Victoria Fraticelli

Fotos capítulo III: Floriano Martins

Retrato capítulo III: Pascual Borzeli Iglesias

Todos os direitos desta edição reservados à

Transcultura Marketing e Comunicação Ltda. © Wolfgang Pannek, 2024

 


WOLFGANG PANNEK (Alemanha, 1964). Diretor, performer, autor, tradutor e produtor. Integrante (1992) e codiretor (1994) da Taanteatro Companhia. M.A. (filosofia, letras e psicologia) pela FernUniversität Hagen (Alemanha). Diretor de produção da Mostra 95 Butoh e Teatro Pesquisa, idealizador e diretor de produção de Artaud 100 Anos, coordenador do Intercâmbio Cultural Matola-Brasil (2005) e organizador da Hans Thies Lehmann Brasil Tour 2010. Idealizador e produtor da Ocupação Artaud (2016) e da Ocupação Deleuze (2017) no Teatro Aliança Francesa de São Paulo. Atuou como coreógrafo e ator em Os Sertões, sob direção de José Celso Martinez Corrêa. Criou e dirigiu a trilogia cARTAUDgrafia (2015) sobre a vida e obra de Antonin Artaud e o espetáculo 1001 PLATÔS (2017) baseado na obra Mil Platôs de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Idealizou e produziert o filme coletivo The Theatre and the Plague (2020). Na televisão participou como ator do seriado “fdp” (HBO Brasil), da telenovela “Além do horizonte” (TV Globo) e da série “El Presidente: Jogo da Corrupção” (Amazon Prime).



CANDELARIA SILVESTRO. Artista argentina nacida en Córdoba, en 1977. Expone desde el año 1998 en salas de arte, galerías y Museos públicos y privados. Su obra forma parte de colecciones públicas y privadas, nacionales e internacionales de Argentina, Brasil, Holanda, Estados Unidos. Desde el año 2000 colabora con la Compañía Taanteatro de São Paulo en la realización de escenografía, vestuario, video animación, objeto escénico y performer. Sus trabajos más recientes son una participación en el film internacional La Peste de Antonin Artaud junto a la Compañía Taanteatro, en 2020; además de una participación especial en el Festival de Ecoperformance 2021 (Compañía Taanteatro); una exposición de pinturas de gran formato inspirada en el paisaje de la Mar Chiquita “Bandada de Flamencos”; la performance Ophelia de Ansenuza, concepción, dirección y coreografía de Maura Baiocchi (Compañía Taanteatro); y participación en el filme Apokalypsis, dirección de Maura Baiocchi y Wolfgang Pannek – todo esto en 2021.

 


FLORIANO MARTINS
(Fortaleza, 1957). Poeta, editor, dramaturgo, ensaísta, artista plástico e tradutor. Criou em 1999 a Agulha Revista de Cultura. Coordenou (2005-2010) a coleção “Ponte Velha” de autores portugueses da Escrituras Editora (São Paulo). Curador do projeto “Atlas Lírico da América Hispânica”, da revista Acrobata. Esteve presente em festivais de poesia realizados em países como Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Panamá, Portugal e Venezuela. Curador da Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008), e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009), foi professor convidado da Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos, 2010). Tradutor de livros de César Moro, Federico García Lorca, Guillermo Cabrera Infante, Vicente Huidobro, Hans Arp, Juan Calzadilla, Enrique Molina, Jorge Luis Borges, Aldo Pellegrini e Pablo Antonio Cuadra. Criador e integrante da Rede de Aproximações Líricas. Entre seus livros mais recentes se destacam Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad (ensaio, México, 2015), O iluminismo é uma baleia (teatro, Brasil, em parceria com Zuca Sardan, 2016), Antes que a árvore se feche (poesia completa, Brasil, 2020), Naufrágios do tempo (novela, com Berta Lucía Estrada, 2020), Las mujeres desaparecidas (poesia, Chile, 2022) e Sombras no jardim (prosa poética, Brasil, 2023).

 




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