quinta-feira, 16 de maio de 2024

Agulha Revista de Cultura # 251 | maio de 2024

 

∞ editorial | O mistério das páginas espelhadas

 


01 | Este número nós comemoramos o retorno de Floriano Martins à direção de Agulha Revista de Cultura. Ao lado de Elys Regina Zils, agora finalmente se configura o melhor corpo editorial possível. E as notícias se multiplicam como se tivéssemos mil céus como nosso porta-novas. Comecemos pela criação de um novo selo editorial, Mamma Quilla Edições, criada por Elys Regina Zils e que estreia com um valioso trabalho de recuperação da poesia da Leila Ferraz, seguramente a mais expressiva voz poética, ao lado de Roberto Piva, daqueles autores ligados, direta ou indiretamente, ao Surrealismo no Brasil. O livro se intitula O dia dos cinco orgasmos e pode ser adquirido diretamente com a editora, através do e-mail: elysre@gmail.com. Igualmente queremos destacar três preciosos desdobramentos de nosso trabalho editorial. O Atlas Lírico da América Hispânica: https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2023/06/atlas-lirico-da-america-hispanica.html, que semanalmente vem se expandindo de modo vitorioso, contando já com 350 poetas publicados. Outro aspecto diz respeito ao centenário do surgimento do Primeiro Manifesto do Surrealismo, que se comemora este ano. Em 2019, quando foi a vez do centenário do movimento em si, a Agulha Revista de Cultura trouxe para seus leitores uma verdadeira festa que tomou o ano inteiro: https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/04/centenario-do-surrealismo-1919-2019.html. Na sinopse de seu enlace, lemos: Em um antigo editorial da revista, escrevemos: a trajetória de vida de Agulha Revista de Cultura é marcada por esse sentido singular de conquista e desbravamento. Não cortejamos o túmulo da glória. Arriscamo-nos sempre a difundir nomes de pouca circulação ou esquecidos, desde que não faltasse consistência a seu trabalho. Mesmo agora, com uma série de 200 textos sobre Surrealismo, exploramos relações incomuns, como comics, Beatles, a presença das mulheres no movimento etc. Agora nos preparamos para os festejos em torno do Primeiro Manifesto, do qual nos ocuparemos no segundo semestre. Por último, um terceiro aspecto a ser anotado diz respeito à continuidade de nosso projeto paralelo de um libreto com resenhas de livros, reflexo de nossa parceria com outras revistas. Este número a cumplicidade se reafirma na pessoa da poeta Victoria Marín Fallas, que dirige, na Costa Rica, a revista Quimera (https://revistavirtualquimera.com/). Em uma separata incluiremos resenhas de 05 livros cedidas pela referida revista. Todo o exposto significa muito para nós, que desde o princípio zelamos pela constância de uma vida compartilhada.

Na parte # 2 de nosso editorial, reproduzimos a íntegra de um texto de Maria Alice Outeiro Fernandes, algo que nos surpreendeu, através de sua postagem há poucas semanas no Facebook, palavras felizes acerca do início de sua leitura de dois livros de Floriano Martins.

Na parte # 03, publicamos também um breve texto do artista e crítico tcheco Jan Dočekal, sobre seu patrício Jaroslav Šerých, artista convidado da presente edição de Agulha Revista de Cultura, aproveitando a ocasião para agradecer o carinho de Dočekal, pois foi ele quem preparou para nós a paste com a obra de Šerých.

 

02 | Floriano Martins, um Baudelaire com alma de Rimbaud


Assim ouso classificar o poeta Floriano Martins. Há anos eu planejava ler/conhecer sua obra poética. Dele só conhecia alguns textos da Agulha Revista de Cultura, criada e dirigida por ele desde 1999. Excelente revista, a qual consultei muitas vezes, buscando informações de qualidade acerca de muitos outros escritores. Ler poesia, para mim, não se desliga nunca do estudo, que leva ao conhecimento. As duas atividades ficaram solidamente coladas entre si, ao longo dos anos. Ler poesia se tornou sinônimo de mergulhar na obra de um escritor, observando as nuances de sua linguagem, adivinhando os procedimentos, a densidade das imagens, a organização equilibrada (ou não) das partes, a originalidade das construções, a consistência do ritmo, seguindo os movimentos de cada texto ou o desdobramento deles, perseguindo as continuidades, descobrindo descontinuidades e rupturas, adivinhando as filiações, localizando sua família, analisando os entrelaçamentos de signos sons, a geração dos sentidos, me encantando com os mistérios e sentindo as belezas que emergem dos poemas. Desde que prestei concurso na área de Portuguesa, por dever de ofício, não destituído jamais de paixão, tive que me conter, na maior parte do tempo, nas obras de poetas lusitanos. Não tive tempo nem disponibilidade suficientes para acompanhar o surgimento e o desenvolvimento da obra de muitos excelentes poetas brasileiros. A narrativa, por conta de uma disciplina da Pós centrada em romances e contos contemporâneos, eu acompanhei bem mais. A poesia, contudo, só agora estou podendo me deter um pouco sobre ela. E, como acontece sempre, ler/conhecer um poeta novo é para mim algo que precisa ser arrebatador. Do contrário não rola. Eu estou tranquila, com a mente desocupada, naquele ócio necessário à vida inteligente, leio distraidamente alguma referência, algum fragmento de texto poético ou até mesmo um poema inteiro e, num átimo, não sei que botão é acionado lá dentro, que vai do cérebro ao coração e volta ao cérebro, e penso: preciso ler este poeta. Foi isso que aconteceu com Floriano Marins. Curiosamente, porém, não aconteceu com um livro de poesia, mas com uma publicação sobre poesia. Há mais de 15 anos tive o prazer de ter entre os alunos de uma disciplina da Pós, um doutorando, R. Leontino Filho, nascido no Ceará, mas radicado no Rio Grande do Norte, que também é poeta e que passou todo o semestre me dizendo, não sem alguma recriminação implícita, que eu precisava conhecer a poesia de Floriano Martins (imagina uma professora da Unesp não conhecer Floriano Martins!). Infelizmente demorei tanto tempo para ouvir o Leontino! De repente, durante um desses passeios cotidianos pelas páginas do Face, me deparei com uma publicação maravilhosa, dessas que ligam o tal botão do cérebro: Um novo continente – Poesia e surrealismo na América. Nossa! Eu sempre sonhei em fazer um projeto para estudar os ecos do surrealismo na poesia contemporânea de língua portuguesa. Ensaiei alguns estudos, escrevi uns poucos textos, mas nunca consegui viabilizar isso. Então, o livro de Floriano Martins é uma espécie de parente do que eu teria amado fazer. Além disso, no anúncio dizia que havia no livro um posfácio assinado por Leontino Filho (sim, o mesmo Leontino que foi meu aluno!). A imagem do Leontino, com suas palavras, me veio imediatamente à memória. Pois então, sem demora, escrevi um comentário dizendo que queria o livro e que conhecia Leontino Filho. Mencionei até que ele sempre havia me recomendado muito os trabalhos de Floriano Martins! Qual não foi minha alegria quando o poeta, gentilmente, me enviou também, junto com a minha encomenda, o livro Sombras no Jardim, publicado em 2023, pela ARC Edições/Sol Negro Edições, respectivamente de Fortaleza e Natal. O livro não poderia ter chegado às minhas mãos em momento mais oportuno. Estamos, eu e o Paulo, no meio da nossa disciplina da Pós, sobre Poesia Moderna, terminando de ler com os alunos alguns dos principais fundadores da lírica moderna, entre os quais Baudelaire e Rimbaud. Em breve entraremos nos poetas contemporâneos de língua portuguesa. Incluirei algumas das composições primorosas de Sombras no Jardim e comentaremos em sala de aula a forte herança de Baudelaire e Rimbaud nas criações de Floriano Martins. Comentaremos também, é claro, acerca das diferenças buscando compreender tudo o que for específico de Floriano Martins pois, um poeta, a despeito de suas filiações e parentescos, nunca é igual a outro. Estou amando ler o livro. Recomendo muito. Quanto ao denso estudo sobre poesia e surrealismo na América, vou precisar de um tempo bem maior, pois é um livro de 552 duas páginas.

 

03 | A Arte de Jaroslav Šerých

JAROSLAV ŠERÝCH (27 de fevereiro de 1928, Havlíčkův Brod 23 de março de 2014, Praga) foi um artista visual tcheco. Estudou na Escola Superior da Indústria da Arte em Jablonec nad Nisou, na Escola de Artes Aplicadas de Turnov e na Academia de Belas Artes de Praga. Dedicou-se à gráfica livre, pintura, mosaicos, criação de livros, ilustrações, bibliofilia e também criou placas de cobre em relevo. Na década de 1960, ele aderiu à abstração expressiva. Logo que a deixou, voltou a acreditar na nitidez da forma e do enredo da obra. Trabalha atualmente com uma metáfora artística cujo ponto de partida reside em uma ampla gama de imagens firmemente apoiadas na liberdade criativa. Em seus desenhos, pinturas e obra gráfica, compõe imagens simbólicas baseadas nos princípios da ética cristã, cuja ideia é a superfície combinada da humildade humana, da empatia e da crença na persistência da esperança. Do ponto de vista do método criativo, é a soma da linha sensível do desenho, da morfologia dinâmica e da cor enfatizada. As obras apresentam uma estilização figurativa descontraída, de forma alongada, e possuem uma estrutura visual distinta. 

Os Editores 

 

 

∞ índice 


ARISTIDES OLIVEIRA, DEMETRIOS GALVÃO E JOÃO PAULO PEIXOTO | Elio Ferreira, a palavra como martelo de Ogum

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BERTA LUCÍA ESTRADA | Floriano Martins, el escritor de las mil y una caras

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CÉSAR BISSO & FLORIANO MARTINS | Escribir lo vivido o vivir lo escrito

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CLAUDIO WILLER | Por onde passamos é Brasil o que se mostra, II

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/claudio-willer-por-onde-passamos-e.html

 

FLORIANO MARTINS | El abismo y sus incansables inventos: hablando con Hugo Francisco Rivella

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/floriano-martins-el-abismo-y-sus.html

 

JESÚS J. BARQUET | El feminismo en acción (poética) Escribas, de Aimée G. Bolaños (Cuba, 1943)

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LUIS CARLOS MUÑOZ SARMIENTO | Ikiru o Vivir (1952), de Akira Kurosawa

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SANTIAGO MONTOBBIO | Al hilo de las cartas entre María Zambrano y Ramón Gaya

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/santiago-montobbio-al-hilo-de-las.html

 

VIVIANA MARCELA IRIART | Beatriz Iriart: Poeta del ostracismo

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/viviana-marcela-iriart-beatriz-iriart.html

 

WOLFGANG PANNEK | Variações sobre língua e linguagem

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/wolfgang-pannek-variacoes-sobre-lingua.html

 

Libreto # 2 | Revista Virtual QUIMERA (Costa Rica)

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2024/05/libreto-2-revista-virtual-quimera.html 

 



Jaroslav Šerých


 Agulha Revista de Cultura

Número 251 | maio de 2024

Artista convidado: Jaroslav Šerých (República Tcheca, 1928-2014)

Editores:

Floriano Martins | floriano.agulha@gmail.com

Elys Regina Zils | elysre@gmail.com

ARC Edições © 2024


∞ contatos

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FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

 






 

 

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