sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Agulha Revista de Cultura | Fase II | Número 0 | Editorial



Agulha Revista de Cultura surge em 1999. A Internet era ainda motivo de espanto e descrença. Os primeiros números da revista circularam graças ao carinho de Rodrigo de Souza Leão, que generosamente me pôs um provedor à disposição. A revista tinha um design improvisado, eu tive que aprender em poucos dias a manejar as técnicas exigidas por esse mundo novo. E havia desafio ainda maior: como fazer frutificar essa aventura em termos de leitores. Quem seria o leitor virtual que teríamos que encontrar.
Poucos meses depois conheci Francisco Soares Feitosa, ainda mais precursor do que eu, que havia criado, em 1996, o Jornal de Poesia, este sim, o primeiro banco de dados de circulação virtual dedicado à poesia de língua portuguesa. Graças ao JP a Internet aprendeu a ler poesia. O trabalho que eu vinha desenvolvendo, fora do mundo virtual, de difusão da literatura de língua espanhola, coincidia com o sentido desbravador que então propunha o JP. Tratamos de reunir os dois projetos em um mesmo provedor, que utilizamos até hoje.
Luciano BonuccelliO passo seguinte foi dado pela recuperação casual de amizade, iniciada em 1983 e poucos anos depois interrompida, com Claudio Willer. Nossa afinidade com as vanguardas, em especial o surrealismo, foi ponto decisivo para que Willer passasse a integrar a equipe da Agulha Revista de Cultura, dividindo comigo a direção da mesma. No ano seguinte, 2001, trato de criar a Banda Hispânica, que era um equivalente, em língua espanhola, do que vinha realizando o JP em língua portuguesa. Considerando que a Agulha Revista de Cultura atendia à difusão de textos críticos sobre arte e cultura em qualquer lugar do mundo, desde que publicados em português e/ou espanhol, tínhamos assim estabelecido um ambiente cultural cosmopolita que era absolutamente invulgar em termos de Internet.
No entanto, o desafio maior permanecia: o da circulação de toda essa ousadia. A Internet não havia ainda descoberto uma ponte com o mundo impresso, as duas mídias até hoje possuem seus não declarados pontos de atrito. Consolidamos então um banco de dados – JPBanda Hispânica e Agulha Revista de Cultura –, boas articulações com colaboradores, projetos paralelos com editores virtuais que começavam a surgir em outros países, como México, Costa Rica, Portugal… São ações valiosas que foram enriquecidas por uma espécie de caça ao tesouro: a criação de um acervo de endereços eletrônicos. Esforços comuns fizeram com que em 2004 contássemos com mais de 100 mil e-mails cadastrados.
Foi quando a Agulha Revista de Cultura resolveu ampliar seu ambiente de trabalho e criamos uma seção dedicada à difusão de revistas de cultura, impressas e virtuais. Era também uma maneira de propor integração entre esses dois mundos. Revistas impressas, em alguns países, costumavam ter a presença, a cada número, de um único artista plástico ilustrando a edição inteira. Havíamos adotado esta sistemática desde o primeiro número de Agulha Revista de Cultura. Por isso, Em 2007, recebemos o Prêmio Antônio Bento, da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, por mérito na difusão das artes plásticas no país. Neste mesmo ano fui convidado pelo Governo do Estado do Ceará para ser o curador geral da Bienal Internacional do Livro do Ceará.
Embora a Bienal tenha se realizado em 2008, um ano antes realizamos em Fortaleza um primeiro encontro de promotores culturais da América Ibérica, cuja intenção era a de redefinir a pauta de um evento existente há 14 anos. Sem desgaste de público, embora aceitável diante da ousadia, a aposta da Bienal foi a de despertar a atenção para uma comunidade cultural envolvendo os idiomas português e espanhol. Neste sentido foi absolutamente atípica e lamento até hoje que institucionalmente não se tenha percebido a oportunidade de salto de qualidade em nossas relações tão precárias com o continente do qual fazemos parte. Dentro do ambiente criado, em 2009 reunimos em Fortaleza uma representação expressiva da diretoria da Fundação Casa das Américas, de Cuba, em comemoração aos seus 50 anos de existência.
Quando em 2009 editamos o número 70 de Agulha Revista de Cultura, concluímos uma fase expressiva que mescla pioneirismo, ousadias, premiação, reconhecimentos e parcerias internacionais. A Internet estava desbravada. Era preciso redesenhar o espírito com que iniciamos essa aventura. Em um primeiro plano, me voltei para uma maior articulação com o Jornal de Poesia. A partir do que havíamos até ali realizado desenhamos dois projetos editoriais, que passamos a chamar de Projeto Editorial Banda Hispânica e Projeto Editorial Banda Lusófona. Considerando que o JP possuía, no ambiente da língua portuguesa, uma revista de atualidades que era seu próprio portal, resolvi criar uma revista equivalente para a língua espanhola, a Agulha Hispânica.
De alguma maneira, estamos em falta com nossos leitores, porque ainda não foi possível padronizar, como pretendemos, o banco de dados do Projeto Editorial Banda Hispânica, dentro do novo design criado desde 2010. Buscamos acordos de parceria com alguns países, e aos poucos estamos atualizando este acervo. Ao mesmo tempo, resolvi retomar o espírito cosmopolita da Agulha Revista de Cultura. Esta ideia é alimentada pelo encontro com novos cúmplices editoriais. Dentro do mesmo espírito, criamos aColección de Arena, série de e-books.
Em 2011 decido que a Agulha Hispânica teria um bom ciclo fechado em 12 números e dois anos de atividade. Em grande parte o material a ela destinado será absorvido pelo Projeto Editorial Banda Hispânica, em especial o que se destina à poesia. A partir de janeiro de 2012 surgirá a fase seguinte da Agulha Revista de Cultura, da qual esse número 00 é o marco inicial. Com o mesmo princípio editorial e igual sentido de abrangência. Agora já temos a Internet como um meio quase inteiro. Não há perigo maior do que o fato de que a espécie humana não nos surpreende em nada.
Quando iniciei a Agulha Revista de Cultura, por sua vez desdobramento de outras experiências editoriais impressas, eu simplesmente pensava na lacuna crítica, na ausência de reflexão existente em relação ao que somos, ao que fazemos. As resenhas em geral são superficiais e convenientes, uma maneira do espetáculo alimentar a si mesmo, jamais de refletir sobre causas e efeitos. A revista existe para isto: para pôr o dedo na ferida, quando houver ferida, quando houver dedo consistente.
Luciano BonuccelliPorém o espetáculo existe e hoje se converteu em uma forma de violação de reservas, o espetáculo é o que define a essência das relações humanas, já não importa se o ambiente é o da arte, da ciência, da política, da religião. O quarto poder agora é quinto. O quinto está longe de ser o inferno. Se me perguntarem o que faço ainda aqui, editando uma revista de cultura, eu digo que a cerveja está bem gelada. Gosto de fazer o que faço. Não há remédio para a espécie humana. Mas a cerveja está bem gelada. E graças a uma cerveja dessas conheci Márcio Simões. Por sorte, não leva jeito para discípulo, o que o torna perfeito para teimar comigo contra o mundo. Com ele, vamos à fase II da Agulha Revista de Cultura.
Este número que ora publicamos vem sendo programado há meses. O encontro com Márcio Simões foi decisivo para redefinir o ambiente cosmopolita da revista, sua aposta em novas conexões com diversos países, a ideia de criar um grupo de tradutores que possam nos ajudar a circular em vários idiomas. O que anunciamos aqui é um retorno. Um retorno que é também uma renovação de seus princípios. Francisco Soares Feitosa continua conosco como piloto magistral, regente de orquestra, amigo de todas as horas, inspirador insubstituível. Retomamos dentro dos 15 anos de existência do Jornal de Poesia. O que somos continua ainda a ter a marca amável desse ponto de partida na Internet: o JP de Francisco Soares Feitosa.
Ao lado do JP, o leitor encontrará em nosso portal quatro outros enlaces sugeridos para visita permanente: ViaPolíticaEdições NephelibataInstituto Anima de Sophia e La Cabra Ediciones. Representam, em ambientes distintos e complementares, uma espécie de aposta coincidente, de cumplicidade sincera e salutar. Nos dois primeiros casos, respectivamente, será possível acessar a Sala de Retratos e a Coleção O Começo da Busca, dois projetos paralelos que realizamos conjuntamente. O terceiro nome se refere ao espaço físico em São Paulo que receberá sempre os editores da Agulha Revista de Cultura para a apresentação de quaisquer de nossos projetos. Por último, a editora mexicana será responsável, a partir de janeiro de 2012, pela publicação de um conjunto de quatro volumes que reúnem o que de melhor se pode encontrar nos 70 números que configuram a primeira fase de nossa aventura editorial.
Não se pode dizer que estejamos de volta, porque a rigor nunca nos ausentamos. Ao longo desses 12 anos de intensa atividade virtual, o que vale afirmar é que o princípio é o mesmo, renovado, porém ciente de seu papel, o de suscitador, desafiador, articulador, propiciador de aspectos ligados à arte e à cultura, ao pensamento e à existência humana, que nos informem, quando menos, que nos incitem, estimulem, desafiem a buscar no mais íntimo de todos nós um homem melhor. Se não encontrarmos esta espécie em nosso pântano ulterior, a arte não vale a pena. Nada vale a pena. Mas algo sempre vale a pena, não importa o tamanho da alma. | Abraxas

[Setembro de 2011]





LAgulha Revista de Cultura nace en 1999. Internet aun no era confiable. Los primeros números de la revista circularon gracias al cariño de Rodrigo de Souza Leão, que generosamente me puso un servidor a disposición. La revista tenía un diseño improvisado, tuve que aprender en pocos días a manejar las técnicas exigidas por ese nuevo mundo. Y había un desafío todavía mayor: ¿Cómo hacer fructificar esa aventura en término de lectores? ¿Quién sería el lector virtual que tendríamos que encontrar?
Pocos meses después conocía a Francisco Soares Feitosa, aún más pionero que yo, quien había creado, en 1996, el Jornal de Poesía, primer banco de datos de circulación virtual dedicado a la poesía de lengua portuguesa. Gracias al JP internet aprendió a leer poesía. El trabajo que venía desarrollando, fuera del mundo virtual, de difusión de la literatura de lengua española, coincidía con el sentido domador que proponía el JP. Tratamos de reunir los dos proyectos en un mismo servidor que utilizamos hasta hoy.
El paso siguiente fue dado por la recuperación casual de la amistad con Claudio Willer, iniciada en 1983 y pocos años después interrumpida. Nuestra afinidad con las vanguardias, en especial el surrealismo, fue decisivo para que Willer pasase a integrar el equipo de la Agulha Revista de Cultura, compartiendo conmigo su dirección. En el año siguiente, 2001, trato de crear la Banda Hispânica, que era un equivalente, en lengua española, de lo que venía realizando el JP en lengua portuguesa. Considerando que la Agulha Revista de Cultura atendía la difusión de textos críticos sobre el arte y la cultura en cualquier lugar del mundo, publicados en portugués y/o español, teníamos así establecido un ambiente cultural cosmopolita que era fuera de lo común en términos de Internet.
Luciano BonuccelliCon todo esto, el desafío mayor permanecía: el de la circulación de toda esa osadía. Internet no había aun descubierto un puente con el mundo impreso, las dos medias hasta hoy poseen sus no declarados puntos de roce. Consolidamos entonces un banco de datos – JPBanda Hispânica y Agulha Revista de Cultura –, buenas articulaciones con colaboradores, proyectos paralelos con editores virtuales que comenzaban a surgir en otros países, como México, Costa Rica, Portugal… Son acciones valiosas que fueron enriquecidas por una especie de caza del tesoro: la creación de un acervo de direcciones electrónicas. Esfuerzos comunes hicieron que en el 2004 contásemos con más de 100 mil e-mails catastrados.
Fue cuando la Agulha Revista de Cultura resolvió ampliar su ambiente de trabajo y creamos una sección dedicada a la difusión de revistas de cultura, impresas y virtuales. Era también una manera de proponer integración entre esos dos mundos. Las revistas impresas, en algunos países, tenían la costumbre de tener en cada número, la presencia de un único artista plástico ilustrando la edición entera. Habíamos adoptado este sistema desde el primer número de Agulha Revista de Cultura. Por eso, en 2007, recibimos el Premio Antonio Bento, de la ABCA – Asociación Brasilera de Críticos de Arte, por mérito en la difusión de las artes plásticas del país. En este mismo año fui invitado por el Gobierno del Estado de Ceará para ser el curador general de la Bienal Internacional del Libro de Ceará.
Aunque la Bienal se haya realizado en el 2008, un año antes realizamos en Fortaleza un primer encuentro de promotores culturales de América Ibérica, cuya intención era redefinir la pauta de un evento existente hace 14 años. Sin desgaste de público, aunque aceptable frente a la osadía, la apuesta de la Bienal fue la de despertar la atención a una comunidad cultural envolviendo los idiomas portugués y español. En este sentido fue absolutamente atípica y lamento hasta hoy que institucionalmente no se haya percibido la oportunidad de salto de calidad en nuestras relaciones tan precarias con el continente del que formamos parte. Dentro del ambiente creado, en 2009 reunimos en Fortaleza una representación expresiva de la directiva de la Fundación Casa de las Américas, de Cuba, en conmemoración a sus 50 años de existencia.
Cuando en 2009 editamos el número 70 de Agulha Revista de Cultura, concluimos una fase expresiva que mezcla pionerismo, osadías, premiación, reconocimientos y compañerismos internacionales. La Internet estaba domada. Era preciso rediseñar el espíritu con que iniciamos esa aventura. En un primer plano, me incliné hacia una mayor articulación con el Jornal de Poesía. A partir de lo que habíamos hasta allí realizado diseñamos dos proyectos editoriales, que pasamos a llamar Projeto Editorial Banda Hispânica y Projeto Editorial Banda Lusófona. Considerando que el JP poseía, en el ambiente de la lengua portuguesa, una revista de actualidad que era su propio portal, resolví crear una revista equivalente para la lengua española, la Agulha Hispânica.
De alguna manera, estamos en deuda con nuestros lectores, porque todavía no fue posible estandarizar, como pretendemos, el banco de datos del Projeto Editorial Banda Hispânica, dentro del nuevo diseño creado desde el 2010. Buscamos acuerdos de camaradería con algunos países, y poco a poco estamos actualizando este acervo. Al mismo tiempo, resolví retomar el espíritu cosmopolita de la Agulha Revista de Cultura. Esta idea es alimentada por el encuentro con nuevos cómplices editoriales. Dentro del mismo espíritu, creamos la Colección de Arena, serie de e-books.
En el 2011 decido que la Agulha Hispânica tendría un buen ciclo cerrado en 12 números y dos años de actividad. En gran parte el material destinado a ella será absorbido por el Projeto Editorial Banda Hispânica, en especial el que se destina a la poesía. A partir de enero de 2012 surgirá la fase siguiente de la Agulha Revista de Cultura, de la que ese número 00 es el marco inicial. Con el mismo principio editorial e igual sentido de cobertura. Ahora ya tenemos Internet como un medio casi entero. No hay peligro mayor que el hecho de que la especie humana no nos sorprenda en nada.
Cuando inicié la Agulha Revista de Cultura, por su desdoblamiento de otras experiencias editoriales impresas, yo simplemente pensaba en la laguna crítica, en la ausencia de reflexión existente en relación a lo que somos, a lo que hacemos. Las reseñas en general son superficiales y convenientes, una manera del espectáculo alimentarse a sí mismo, jamás reflexionar sobre causas y efectos. La revista existe para esto: para poner el dedo en la herida, cuando haya herida, cuando haya un dedo consciente.
Pero el espectáculo existe y hoy se convirtió en una forma de violación de reservas, el espectáculo es lo que define la esencia de las relaciones humanas, ya no importa si el ambiente es el del arte, de la ciencia, de la política, de la religión. El cuarto poder ahora es el quinto. El quinto está lejos de ser el infierno. Si me preguntaran lo que hago todavía aquí, editando una revista de cultura, yo digo que la cerveza está bien fría. Me gusta hacer lo que hago. No hay remedio para la especie humana. Pero la cerveza está bien fría. Y gracias a unas cervezas conocí a Márcio Simões. Por suerte, no sirve como discípulo, lo que lo hace perfecto para porfiar junto a mí contra el mundo. Con él, vamos a la fase II de la Agulha Revista de Cultura.
Luciano BonuccelliEste número que ahora publicamos viene programándose hace meses. El encuentro con Márcio Simões fue decisivo para redefinir el ambiente cosmopolita de la revista, su apuesta en nuevas conexiones con diversos países, la idea de crear un grupo de traductores que puedan ayudarnos a circular en varios idiomas. Lo que anunciamos aquí es un retorno. Un retorno que es también una renovación de sus principios. Francisco Soares Feitosa continua con nosotros como piloto magistral, maestro de orquesta, amigo de todas las horas, inspirador insubstituible. Retomamos dentro de los 15 años de existencia del Jornal de Poesía. Lo que somos continúa aun teniendo la marca amable de ese punto de partida en Internet: el JP de Francisco Soares Feitosa.
Al lado del JP, el lector encontrará en nuestro portal 4 otros enlaces sugeridos para la visita permanente: ViaPolíticaEdiciones NephelibataInstituto Anima de Sophia y La Cabra Ediciones. Representan, en ambientes distintos y complementarios, una especie de apuesta coincidente, de complicidad sincera y saludable. En los dos primeros casos, respectivamente, será posible entrar a la Sala de Retratos y la colección O Começo da Busca, dos proyectos paralelos que realizamos conjuntamente. El tercer nombre se refiere al espacio físico en São Paulo que recibirá siempre los editores de Agulha Revista de Cultura para la presentación de cualquiera de nuestros proyectos. Por último, la editora mexicana será responsable, a partir de enero del 2012, por la publicación de un conjunto de 4 volúmenes que reúnen lo mejor que se puede encontrar en los 70 números que configuran la primera fase de nuestra aventura editorial.
No se puede decir que estamos de vuelta, porque realmente nunca nos ausentamos. A lo largo de esos 12 años de intensa actividad virtual, lo que vale afirmar es que el principio es el mismo, renovado, pero conocedor de su papel, el de provocador, desafiador, articulador, propiciador de aspectos ligados al arte y a la cultura, al pensamiento y a la existencia humana, que nos informen, cuanto menos, que nos inciten, estimulen, desafíen a buscar en lo más íntimo de todos nosotros un hombre mejor. Si no encontramos esta especie en nuestro pantano ulterior, el arte no vale la pena. Nada vale la pena. Pero algo siempre vale la pena, no importa el tamaño del alma. | Abraxas

[Septiembre de 2011]
Traducción de Gladis Mendía





Agulha Revista de Cultura arises in late 1999. Internet was still a motive for amazement and disbelief. The magazine’s first issues circulated thanks to the caress of Rodrigo de Souza Leão, who generously pus a host at my disposal. The magazine has a makeshift design, I had to learn in a few days how to handle the techniques demanded by this new world. And there was a yet bigger defiance: how to make fruit this adventure in terms of readers. Who would be the virtual reader we had to find.
Not many months later I met Francisco Soares Feitosa, even more precursory than I, who had created, in 1996, the Jornal de Poesia, this indeed, the first data bank with virtual circulation dedicated to poetry in Portuguese language. Thanks to JP the Internet learned reading poetry. The job I was developing, out of the virtual world, diffusion of literature in Spanish language, coincided with the pioneer sense than proposed by JP. We dealt with gathering both projects in a same host, which we use until today.
The next step was taken by the casual recovery of friendship, started in 1983 and interrupted a few years later, with Claudio Willer. Our affinity to the forefront, especially surrealism, was a decisive point for Willer to start integrating the Agulha Revista de Cultura team, dividing with me its direction. In the next year, 2001, I deal with creating the Banda Hispânica, which was an equivalent, in Spanish language, to what was being done by JP in Portuguese language. Considering that Agulha Revista de Cultura met the diffusion of critical texts about art and culture anywhere in the world, since published in Portuguese and/or Spanish, we had thus established a cosmopolitan cultural ambience which was absolutely unusual in terms of Internet.
Luciano BonuccelliHowever, the biggest defiance remained: that of the circulation of all this daring. The Internet hadn’t yet found a bridge to the printed world; both Medias still now have their unspoken attrition points. We then consolidated a data bank – JPBanda Hispânica and Agulha Revista de Cultura –, good articulations with cooperators, parallel projects with virtual editors that started arising in other countries, such as Mexico, Costa Rica, Portugal… These are valuable actions which were enriched by a kind of treasure hunt: the creation of a collection of electronic addresses. Common efforts lead us to count, in 2004, over de 100 thousand e-mails registered.
It was when Agulha Revista de Cultura decided to broaden its work ambience and we created a section dedicated to the diffusion of culture magazines, printed and virtual. It was also a manner to propose the integration between these two worlds. Printed magazines, in some countries, used to have the presence, in each issue, of a sole plastic artist illustrating the whole edition. We had adopted this systematic since the first issue of Agulha Revista de Cultura. Therefore, in 2007, we were awarded the Antônio Bento Prize, by ABCA – Brazilian Association of Arts Critics, for merit in diffusion of plastic arts in the country. In the same year I was invited by The Government of The State of Ceará to be the curator of Ceará International Book Biennial.
Although the Biennial had taken place in 2008, a year before we promoted, in Fortaleza, a first meeting of cultural promoters from Iberian America, whose intention was defining agenda of an event existing since 14 years ago. Without public wear, although acceptable before the bolding, the Biennial bid was attracting attention to an absolutely typical cultural community involving Portuguese and Spanish languages. In this sense it was absolutely atypical and I regret that even today, institutionally, the opportunity of a quality leap in our so precarious relationship with the continent we are part of hasn’t been noticed. Within the ambience created, in 2009 we gathered, in Fortaleza, an expressive representation of Fundación Casa de las Américas directory, from Cuba, to celebrate its 50th anniversary.
When, in 2009, we edited Agulha Revista de Cultura’s # 70, we completed an expressive phase, which mixes pioneering, bold, prize award, international recognizing and partnership. The Internet was quelled. It was necessary to redesign the spirit with which we started this adventure. In a first plane, I turned myself to a greater articulation with Jornal de Poesia. Starting from what we had done so far we designed two editorial projects, which we started naming Projeto Editorial Banda Hispânica and Projeto Editorial Banda Lusófona. Considering that JP had, in Portuguese language ambience, a news magazine which was its own site, I decided to create an equivalent magazine for Spanish language, Agulha Hispânica.
In a certain way, we are in debt with our readers, because it wasn’t yet possible to standardize, as we intend, the Projeto Editorial Banda Hispânica’s data bank, within the new design created since 2010. We pursued partnership agreements with some countries, and little by little we are updating this collection. At the same time, I decided to retake Agulha Revista de Cultura’s cosmopolitan spirit. This idea is fed by the encounter with new editorial accomplices. In the same spirit, we created Colección de Arena, an e-book series.
In 2011 I decided Agulha Hispânica would have a good cycle closed in 12 issues and two years in activity. In great part the material destined to it will be absorbed by Projeto Editorial Banda Hispânica, specially the one for poetry. Starting from January, 2012, the next phase of Agulha Revista de Cultura will arise, of which this issue number 00 is the starting mark. With the same editorial principle and coverage sense.
When I started Agulha Revista de Cultura, in turn the unfolding of other printed editorial experiences, I just thought about the critical gap, about the lack of reflection existing relative to what we are, to what we do. Reviews in general are superficial and convenient, a way for spectacle to feed itself, never to reflect on causes and effects. The magazine exists for this purpose: to put the finger in the wound, when there is a wound, when there is a consistent finger.
Luciano BonuccelliHowever the spectacle exists and today it was converted in a way of reserve violation, the spectacle is what defines the essence of human relationship, it no longer matters if the ambience is that of art, of science, of politics, of religion. Fourth power is now fifth. Fifth is far from being hell. If I’m asked what I’m still doing here, editing a culture magazine, I say the beer is cool enough. I like to do what I do. There’s no remedy for human species. But the beer is cool enough. And thanks to one of these beers I met Márcio Simões. Luckily, he’s not the disciple kind, which makes him perfect to persist with me against the world. With him, we are bound to Agulha Revista de Cultura’s phase II.
This issue we now publish has been scheduled for months. Meeting Márcio Simões was decisive to redefine the magazines’ cosmopolitan ambience, its bid in new connections with many countries, the idea of creating a group of translators which may help us to circulate in various languages. What we announce here is a return. A return which is also a renewal of its principles. Francisco Soares Feitosa continues with us as a masterful pilot, orchestra regent, friend in every hour, irreplaceable inspirational.We resume within Jornal de Poesia’s 15-year existence. What we are still keeps having the kind stamp of this starting point in the Internet: Francisco Soares Feitosa’s JP.
Beside JP, the reader will find in our website four other links suggested for permanent visits: ViaPolíticaEdições NephelibataInstituto Anima de Sophia and La Cabra Ediciones. They represent, in distinct and complementary ambiences, a kind of coincident bid, of sincere and healthy complicity. In the first two cases, respectively, it will be possible to access the Sala de Retratos and the collection O Começo da Busca, two parallel projects we accomplish jointly. The third name refers to a physical space in São Paulo which will always welcome Agulha Revista de Cultura’s editors for the presentation of any of our projects. Last, the Mexican editor will be responsible, from January 2012 on, for publishing a set of four volumes which gather the best that can be found in the 70 issues that set the first phase of our editorial adventure.
One can’t say we’re back, because, in fact, we never absented. During these 12 years of intense virtual activity, what is worth saying is that the principle is the same, renewed, but conscious of its role, as evoking, defying, articulator, propitiator of aspects linked to art and to culture, to thinking and to human existence, which inform us, when less, which incite us, stimulate, defy to seek in the most intimate of us all a better man. If we don’t find this species in our ulterior swamp, then art isn’t worthwhile. Nothing’s worthwhile. But something’s always worthwhile, no matter the soul’s size. | Abraxas

[September, 2011]
Translated by Luiz Leitão





Agulha Revista de Cultura a paru en 1999. A cette époque-là l’Internet était encore une cause et d’étonnement et d’incrédulité. Les premiers numéros de la revue ont été diffusé grâce à l’amour de Rodrigo de Souza Leão, qui a généreusement mis un fournisseur à notre disposition. Le magazine avait une conception impromptue, car j’ai dû apprendre en quelques jours à manipuler les techniques nécessaires pour ce nouveau monde. Et il y avait un défi encore plus grand: comment rendre fructueuse cette aventure en termes de lecteurs. Qui serait le lecteur virtuel que nous avons eu à trouver?
Quelques mois plus tard, j’ai rencontré Francisco Soares Feitosa, d’autant plus un précurseur que moi, qui a créé en 1996 le Jornal de Poesia, lequel est, certainement, la première base de données dédiée au mouvement virtuel de la poésie portugaise. Grâce au Jornal de Poesia l’internet a appris à lire la poésie. Le travail que je développé en dehors du monde virtuel - la diffusion de la littérature en espagnol - a coïncidé avec le sens que proposait alors le pionnier JP. Nous avons essayé de combiner les deux projets vers un seul fournisseur, qui est le même que nous utilisons aujourd’hui.
L’étape suivante a été prise par la reprise de l’amitié avec Claudio Willer, commencée en 1983 et quittée quelques années plus tard. Notre affinité avec l’avant-garde, surtout le surréalisme, a été un tournant pour que Willer ait rejoint l’équipe de Agulha Revista de Cultura, en en étant le partage avec moi dans la même direction. L’année suivante, 2001, j’essaie de créer un groupe hispanique, qui était un équivalent en espagnol, de celui que le JP avait fait en anglais. Comme l’Agulha Revista de Cultura a rencontré la diffusion de l’écriture critique sur l’art et la culture partout dans le monde, puis, publié en portugais et/ou en espagnol, nous avions établi un environnement culturel cosmopolite qui était absolument unique en termes d’Internet.
Cependant, notre défi le plus grand demeure: la circulation de tout ce qui est audacieux. L’Internet n’avait pas encore découvert un pont avec le monde de l’impression, les deux médias jusqu’à présent n’ont pas avoué leurs points de friction. Ensuite, une fois une base de données consolidée – JPAgulha Revista de Cultura et le Projeto Editorial Banda Hispânica – des bonnes connexions avec les employés, desprojets parallèles avec les éditeurs virtuels ont commencé à émerger dans d’autres pays, tels quels le Méxique, la Costa Rica, le Portugal… ce sont des actions de valeur qui ont été enrichies par une sorte de chasse au trésor: la création d’une collection d’adresses de courriel. Nos efforts en commun ont permis de compter en place en 2004 avec plus de 100.000 courriels enregistrés.
Luciano BonuccelliC’est alors que Agulha Revista de Cultura a décidé d’étendre notre bureau et de créer une section dédiée à la diffusion des magazines culturels, imprimés et virtuels. Ce fut aussi une façon d’assembler ces deux mondes. Certains magazines imprimés dans certains pays avaient jusqu’alors l’habitude d’avoir la présence, dans chaque numéro, d’un seul artiste illustrant toute son édition. Nous avions adopté cette systématique depuis le premier numéro du Agulha Revista de Cultura. Ainsi en 2007, la revue en a reçu le Prix Antonio Bento, de l’ABCA - Association Brésilienne des Critiques d’Art, à cause de son mérite dans la diffusion des arts plastiques dans le pays. Cette même année, j’ai été invité par le gouvernement de l’État du Ceará pour être le commissaire général de la Bienal Internacional do Livro do Ceará.
Alors que la Biennale a été tenue en 2008, un an avant nous avons promu la première assemblée à Fortaleza dans l’Amérique Latine avec des promoteurs culturels, laquelle avait pour but de redéfinir l’ordre du jour d’un événement existant il y avait 14 ans. Pas d’usure devant le public, bien qu’il soit acceptable dans le visage du courage, l’engagement de la Biennale a été d’attirer l’attention d’une communauté culturelle impliquant les langues portugaise et espagnole. En ce sens, il était quelque chose d’absolument inhabituelle. Et j’ai le regret de cette journée que l’on n’avait pas institutionnellement pu réaliser la possibilité d’un bond en avant dans nos rapports, cependant si précaire, avec le continent auquel nous appartenons. Dans l’environnement créé en 2009 à Fortaleza nous avons rencontré une forte représentation du conseil d’administration de la Fondation Casa de las Américas, Cuba, pour commémorer son 50e anniversaire.
Lorsque nous avons édité en 2009 le numéro 70 de la revue Agulha, nous avons accompli une phase importante qui fusionne des pionniers, l’audace, les récompenses, la reconnaissance et des partenariats internationaux. L’Internet y a été effacé. Il nous paraissait alors nécessaire de repenser l’esprit avec lequel nous avons commencé cette aventure. Dans un premier plan, je me tournai vers une plus grande connexion avec le Jornal de Poesia. De ce que nous avions fait jusque-là j’ai pu en tirer deux projets de livres, que nous appelons projet de rédaction de Projeto Editorial Banda Hispânica et Projeto Editorial Banda Lusófona. Considérant que le JP avait, dans l’environnement de la langue portugaise, un magazine qui mettait à jour son propre portail l’on a décidé d’en créer un équivalent magazine pour la langue espagnole, l’Agulha Hispânica.
D’une certaine manière nous nous sentons un peu en défaut avec nos lecteurs, car il n’était pas possible de normaliser, comme prévu, la base de données de la bande de rédaction du Projeto Editorial Banda Hispânica, créée au sein du nouveau design depuis 2010. Puis, nous cherchons des accords de partenariat avec certains pays, et nous sommes progressivement mise à jour de cette collection. Dans le même temps, nous avons décidé de continuer suivant l’esprit cosmopolite de Agulha Revista de Cultura. Cette idée a été nourrie par la rencontre avec des complices nouvel éditorial. Dans le même esprit, nous avons créé la Colección de Arena, une série d’e-books.
En 2011 nous avons décidé que l’Agulha Hispânica aurait un bon cercle fermé en 12 numéros et deux années d’activité. Une grande partie du matériel destiné à eux sera absorbée par la rédaction de Projeto Editorial Banda Hispânica, spécialement celui destiné à la poésie. En Janvier 2012, nous lancerons la deuxième phase de Agulha Revista de Cultura, avec le même principe et le même sens de la couverture éditoriale. A présent nous avons l’Internet comme un moyen presque entier. Il n’y a pas de danger plus grand que le fait que l’espèce humaine n’est pas surprenante du tout.
Quand j’ai commencé l’Agulha Revista de Cultura, à son tour partagée avec d’autres expériences d’édition imprimée, je pensais à l’écart critique en l’absence de pensée disponible quant à ce que nous sommes, et à ce que nous faisons. Bien que les commentaires que nous avons reçu aient été plus généralement de façon superficielle et pratique de montrer un flux lui-même, cependant je n’en ai pensé jamais à de causes et d’effets. Le journal existe pour cela: pour mettre le doigt sur le moment blessé, quand le doigt cohérente.
Luciano BonuccelliMais quant au spectacle qui existe aujourd’hui et qui est devenue une forme de violation des réserves, il est ce qui définit l’essence des rapports humains. Ce n’est pas grave si son environnement, ce sont l’art, la science, la politique, la religion. Le quatrième pouvoir est désormais devenu le cinquième. Le cinquième est loin de l’enfer. Si vous me demandez ce que je fais encore ici, avec l’édition d’un magazine de culture, je vous dirai que la bière est très froide. J’aime faire ce que je fais. Il n’y a pas de médicament pour les humains. Mais la bière est très froide. Et grâce à une bière j’ai rencontré Márcio Simões. Heureusement, il ne prend pas place de disciple, ce qui le rend parfait pour moi dans notre lutte contre le monde. Avec lui, nous allons à la phase II de Agulha Revista de Cultura.
Ce numéro-ci a eu son publication prévue depuis des mois. La rencontre avec Márcio Simões était critique pour rédéfinir le milieu cosmopolite de la revue, ses paris et ses enjeux sur de nouveaux liens avec plusieurs pays, l’idée de créer un groupe de traducteurs qui peuvent nous aider à circuler dans plusieurs langues. Ce que nous annonçons ici est un retour. Un retour qui est aussi un renouvellement de ses principes. Francisco Soares Feitosa est toujours avec nous comme un pilote magistral, chef d’orchestre et ami de tous les temps, inspirant irremplaçable. Nous sommes de retour encore une fois dans ces 15 ans du Jornal de Poesia. Les restes que nous sommes portent encore le genre de point de départ sur l’Internet: le JP de Francisco Soares Feitosa.
A côté du JP, le lecteur trouvera dans notre site des liens pour quatre suggéré visitez permanente d’autres: ViaPolítica, Editions Nephelibata, Instituto Anima de Sophia et La Cabra Ediciones. Elles représentent, en distinctes et complémentaires, une sorte de pari correspondant, de complicité sincère et saine. Dans les deux premiers cas, respectivement, les lecteurs seront en mesure d’accéder à la Sala de Retratos et à la collection O Começo da Busca, deux projets parallèles que nous faisons ensemble. Le troisième nom se réfère à un espace à Sao Paulo, lequel recevra toujours les rédacteurs de Agulha Revista de Cultura pour la présentation de l’un de nos projets. Enfin, l’éditeur mexicain sera responsable, à compter de Janvier 2012, pour la publication d’une série de quatre volumes qui rassembleront le meilleur que l’on peut trouver dans les 70 numéros qui composent la première phase de notre aventure éditoriale.
L’on ne peut pas dire que nous sommes de retour, car à proprement parler nous n’avons été jamais absents. Au cours de ces 12 années d’intense activité dans le monde virtuel, ce qui vaut mieux dire c’est que notre principe et notre commencent sont les mêmes, renouvelés, mais conscients de leur rôle, celui défiant d’articulateur, visant à procurer pour nous et pour nos lecteurs des aspects de l’art et la culture, de la pensée et de l’existence humaine, à nous informer, au moins, nous incitant, encourageant, toujours avec le défi de regarder profondément en chacun de nous un meilleur homme. Si nous ne trouvons pas cette espèce dans nos marais ultérieurs, l’art ne vaut pas la peine. Rien ne vaut plus la peine. Mais toujours quelque chose vaut la peine, peu importe la taille de l’âme. | Abraxas

[Septembre de 2011]
Traduction par Eclair Antonio Almeida Filho



Página ilustrada com obras de Luciano Bonuccelli (Itália), artista convidado desta edição de ARC.

Agulha Revista de Cultura
Fase II | Número 0 | Setembro de 2011
editor geral | FLORIANO MARTINS | arcflorianomartins@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FLORIANO MARTINS

GLADYS MENDÍA | LUIZ LEITÃO | MÁRCIO SIMÕES
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