O Mundo não é esférico,
mas, sim, em forma de OVO… Daí o sucesso global do Coelho da Páscoa. A
Obviedade Ovante !… [que] se assenta sobre o bundão maior do Ovo e não há nada
que a demova de suas convicções filolux (Jean-Jacques, e seus panurgéricos
seguidores: Lux, Lux, mais Lux!… Há… jassaco).
(…)
A medida-in extremis das
páginas do kataloko deve ser o tradicional a-5, ou seja, meia-folha ofício,
cerca de 21x15 cm. Dentro dessas bordas matriciais vale praticamente tudo,
molduras retangulares, circulares ovais, poligonais, etzzz etzzz. .. as
leitoras ficarão encantadas com a variedade de quadros !… quanto aos leitores…
que senquadrem lá como possam… Guardemos apenas alguns marcos referenciais.
Assim todo desenho, artigo ou legenda deve conter o nome do autor inscrito numa
borda do produto, seja este lá qual seja. Assim quando for legenda ao rodapé de
vinheta, desenho e legenda devem vir assinados nas respectivas bordas por seus
autores. Assinatura clara e visível na obra revela uma confianzza de condottere, de Coglione a Cavalo, que impõe
respeito aos magarefes e carcamanos. O Kataloko sendo o patrono moral da kola
criativa, e do pastiche fulminante, devemos kolar a granel, em macarronix…Assim
por exemplo, uns nacos de frases sacados de críticos famosos, salpicados com
solertes mudanzas duma ou outra palavra, no korpo-santo do artigo kurto (máximo
tamanho a-5). As ressonâncias dos nacos usurpados, além de trazerem uma nobreza
indefínivel ao artigo, enlevará, pelos ecos familiares na mente, os leitores
mais eruditos. Sucesso garantido. Os kioskes mais finos seráo invadidos pela
nossa elite em delírio… se trocarão
sopapos pra conseguirem um exemplar.
(…)
Bisogna
maneirar com os Gnomos que vivem no inconsciente e aprontam mandracas que são
aparentemente contrárias a nossos planos… porque pertencem uma Razáo Gnómica…
(…)
Depois
das colagens cubistas e daquelas surrealistas de Max Ernst, chegou o tempo de
retornar à cola escolar, como foi proposto por Alfred Jarry que colou de si
mesmo e de seus camaradas de colégio o texto do Rei Ubu tal e qual. O colador
de gênio ultrapassa o cu-de-ferro de quem havia colado a matéria prima em
virtude de uma ciência secreta alquímica
de transformação da matéria fecal em ouro filosofal. Essa transformação será
tanto mais radical quanto menos for mudada a matéria prima, até o ponto em que
parecendo _ para a turba ignara _ ser totalmente idêntica à original, a matéria
filosofal terá sido inflamada pela chama invisível de Prometeu.
Será
preciso então superar inteiramente o preconceito moderno contra a cópia
para produzir a verdadeira MERDRA, i.e.,
transmutada em ouro?
Sim,
é bem este o caso… não poderemos nos furtar a essa missão irrealizável, quase
suicida, de desafiar o mundo das finanças globalizadas… Contra os originais da
arte de merdra (e aliás o dinheiro é um avatar da merdra e vice-versa), e logo
para transformar essa merdraem ouro, é preciso representar as merdroriginais
através de FALSAS cópias!…Pois… se as cópias fossem verdadeiras de verdade elas
seriam cópias de merdra e logo merdras de cópias… É por isso, então… que é preciso criar as
falsas-cópias. Saudações pyrosóficas!
(…)
Aliás,
é o que o sr. Bodeclair acaba de dizer sobre a mostra do nosso Zefir Soldan na
sulfurosa Galeria da Ordem do Templo: Zefir é uma espécie de gênio involuntário
que sabe extrair da preguiça ancestral uma grande parte da produção de seu
insignificante papelório recolado junto para dar ao público ingênuo de nossos
dias a ilusão de ver grandes afrescos renascentistas… Vejam por exemplo este "Auto-da-fé
de Sansão no atelier de Rembrandt". É o procedimento da Cola do Colégio
Pytanga conduzido aos seus extremos mais condenáveis, fazendo de Zefir um
falsário de pastiches.
(…)
Zomar Kardan, poeta
persa pre-samaritano, procura em sua poesia captar o chilrear dos pássaros, o
zombar de ventos e o zumbir de abelhas… o que o levou a uma sonoridade
lambrequista de Poesia
Totemikonomatopaika…Perseguido pelas autoridades, fugiu de falua, e veio se
refugiar no Camelódromo, na Rua Senhor dos Passos, onde o fomos entrevistar.
zzzzzzz
FENTO // O Bassarrinha /
foa… / e o Fento… / assofffia … //
Zzzzzzz
(…)
Creio que os
instalazzionistas partiram pros videos etzetz justamente pra destruir o
instante eternizado kanteano, mas isso me parece uma fuga pra fora da tela,
scaparam por traz da moldura, o psicopatetismo do marcel duchamp pret-a-porter.
O dificil justamente eh não fugir da tela, qual Leonidas nas Thermopilas
enfrentar a chuva de flechas dos xerxes da posmodernidade apres tout que xerxez
vous ? eppure si muove !…
& Para encerrar, um furo
de reportagem:
COMO SERIA POSSÍVEL fazer face ao desafio de uma
tela que se afirma por sua súbita ausência no Salão de Outono?
A tela em questão, “A Travessia do Mar Vermelho Pelo Faraó
Engolfado” é somente conhecida pelos relatos de Dona Redinha, chefe do setor de
vigilância do Palácio das Artes.
Tal paradoxo é a confirmação de uma tradição,
devidamente conservada no Katalox Kolax, mas desaparecida em torno: a Pintura
Mental.
FIM
NOTA
Sublimes imagens mentais
que suscitam um vago terror acompanhado de fecunda perplexidade! [N. O.]
[Especialmente
organizado e revisado por Kazimir Pierre para esta edição de ARC. Outubro de
2015.]
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