segunda-feira, 5 de outubro de 2015

VIVIANE DE SANTANA PAULO | A tríade campo, rio e lago de Ingeborg Bachmann


"Sem que o escritor tenha consciência os anos da infância são seu verdadeiro capital… o que vem depois e que até pode ser considerado muito mais interessante, em nada acrescenta, estranhamente, apenas que, anos mais tarde é que se começa a entender o que se viu com o primeiro olhar", citação encontrada no diário de Ingeborg Bachmann, escrito em 23 de março de 1971, uma das escritoras mais representativas da literatura de língua alemã, na época do pós-guerra. Contemporânea de Paul Celan, Max Frisch, Bertold Brecht, Heidegger e Wittgenstein, entre outros, Bachmann nasceu em 25 de junho de 1926, numa pequena cidade austríaca chamada Klagenfurt, localizada na fronteira da Itália e Iugoslávia, oito anos após a primeira Guerra Mundial. Porém, quando a autora menciona sua infância, não é esta cidade que surge em sua reminiscência, mas a região de Obervellach, onde a família de seu pai vivia. Até os treze anos de idade, Bachmann passou uma infância tranquila em meio à natureza de um campo, um rio e um lago. A tríade campo, rio e lago acompanhou toda a obra da escritora, a bucólica saudade daquele pedaço de terra, intacto pela atrocidade, de onde foi expulsa pela história e desde então entregou-se à demanda destes três caminhos em sua vida, como a terra santa na Bíblia. Alguns personagens femininos em suas obras, como por exemplo, em Malina (Malina, 1971), Tipos de Morte (Todesarten) e O Caso Franza (Der Fall Franza) têm sua origem em Obervellach. Malina foi seu primeiro e único romance, os outros dois fazem parte de um ciclo que, entretanto, não chegou a ser concluído pela autora. Malina é dividido em três capítulos e narra uma história de amor não convencional entre três pessoas, isto é, duas pessoas, pois uma delas é, na realidade, representada duplamente. Malina integra a complexa trajetória de um personagem feminino transformado em um instrumento de análise dos seus próprios pensamentos e sentimentos, onde a hipérbole de sua sensibilidade e dor é descrita através de uma linguagem poética.
Não apenas a fronteira territorial existia naquela região, mas também a fronteira da língua. A necessidade de ultrapassar as fronteiras fizeram com que se tornassem imprescindíveis, mas nós queremos falar das fronteiras/ e as fronteiras ainda traspassam cada palavra:/ nós iremos ultrapassá-las movidos pela saudade da pátria/ e então entraremos em harmonia com todos os lugares. Desde a juventude a autora se opôs aos pensamentos nacionalistas da época, mais tarde tornou-se uma intelectual engajada politicamente, foi contra o armamento nuclear e a guerra no Vietnã. O pai, no entanto, foi integrante de grupos nacional-socialistas e serviu na primeira e na segunda Guerras Mundiais, era uma presença rara junto da família.
No final da segunda Guerra Mundial, em 1945, Bachmann era uma mulher jovem e desconhecida, que foi à Viena para estudar filosofia e filologia germânicas. Chegou numa cidade destruída pela guerra, circundada por escombros de edifícios bombardeados, pessoas passando frio e fome. Felizmente, a universidade e as mais importantes bibliotecas não tinham sido devastadas, o que contribuiu para que muitos intelectuais regressassem à Viena. Muitos deles se encontravam no famoso bar Raimund, de Hans Weigel, onde passavam a noite discutindo fervorosamente sobre política e literatura. Weigel foi escritor e cabaretista que muito colaborou para a literatura pós-guerra. Os intelectuais nesta época lutavam contra o conflito exógeno nascido do sentimento de culpa por pertencer a um país que contribuiu para a maior catástrofe na história da humanidade e a negação desta culpa, a angústia perante um sentimento cada vez mais arraigado, a debilidade diante do passado assombroso. Este passado assombroso é, nas obras de Bachmann, representado pela figura do pai. Como na obra expressionista de Kafka, onde em Carta ao Pai o conflito entre pai e filho foi acentuado, aqui o conflito é entre pai e filha, retratado, por exemplo, num trecho do romance Malina, no capítulo em que a autora descreve um sonho, onde pai e filha estão presos na maior câmara de gás (Gaskammertraum). O início deste capítulo é a cena precursora da literatura após 1945: uma criança da geração dos culpados, Tätergeneration, procura a fuga do mundo do holocausto e é abandonada pelo pai. 
No apartamento do pintor surrealista Edgar Jené, em 1948, Ingeborg Bachmann conhece o poeta Paul Celan, com quem mais tarde manteve uma extensa e valiosa correspondência. 86 cartas da escritora dedicadas a Celan estão trancadas no arquivo literário alemão de Marbach, as de Celan estão lacradas no arquivo da biblioteca de Viena. Paul Celan teve seus pais assassinados no campo de concentração, ele próprio sobreviveu aos tratamentos desumanos num campo de trabalho. Muitas das poesias de Paul Celan foram direcionadas a Ingeborg Bachmann. Ela o segue até Paris, para tentarem uma vida juntos, amava-o mais do que minha vida, mas por razões diabólicas (…), foram as suas palavras numa carta ao amigo Hans Weigel. Eles se separam. Contudo, o encontro com Celan serviu para transformar profundamente os pensamentos e a linguagem da poeta, onde o acontecimento histórico relacionado ao extermínio dos judeus adquire a efusiva em suas obras. Der dunkle Schatten,/ dem ich schon seit Anfang folge,/ führte mich in tiefe Wintereinsamkeiten (A escura sombra/ que persigo desde o início/ me conduz a uma profunda solidão de inverno), a escura sombra que antes representava a solidão do eu-lírico condenado a viver subjugado pela arte, como na poesia Medo (Ängste), onde a iníqua lei da arte, igualada à lei dos homens no que diz respeito à criação literária, exaure o sangue da vida. Neste período artístico a exigência de escrever era encarada como uma tortura e obsessão. A escura sombra passou a ser a sombra da guerra, da destruição. Sob a influência de Celan, der dunkle Schatten transformou-se na escura sombra em cima dos escombros da guerra, o tema tradicional do poeta exilado pela arte é agora a imagem do exílio do poeta após o holocausto.
Bachmann defendeu sua tese sobre a filosofia existencial de Martin Heidegger, mas recusou-se a escrever uma poesia dedicatória aos setenta anos do filósofo, assim como seu amigo Paul Celan, como nolição ao pensamento irracional alemão: Heidegger era simpatizante com idéias nacionalistas. No início dos anos cinquenta a escritora voltou-se para os pensamentos de Wittgenstein, nesta época a poeta, ensaísta e filósofa era conhecida no meio literário, possuía seus textos publicados nas revistas mais significativas da Áustria. Escreveu um ensaio sobre a filosofia de Wittgenstein que foi publicado no Caderno de Frankfurt 1953, um ensaio sobre o romance de Robert Musil, O Homem sem Virtude (Der Mann ohne Eigenschaft) na revista Akzente (1954) e outros. Foi um dos primeiros intelectuais a reconhecer o valor da filosofia de Wittgenstein. Mas o verdadeiro sucesso obteve com o Grupo 47, de onde eram integrantes a também poeta austríaca Ilse Aichinger e Paul Celan. Em 1953 foi publicado seu primeiro livro de poesias, O Tempo Prorrogado (Die gestundete Zeit), que tornou-a famosa de um dia para o outro. A maestria de fundir fatos históricos com experiências empíricas resultou na tônica de suas poesias, unir a condição social e histórica atual à tradição literária. Os motivos e a linguagem adotados pela poeta lembra Bertold Brecht no que se refere ao ir embora, a não se fixar em nenhum lugar, a não se prender a nada. Contribuiu para o grande sucesso de O Tempo Prorrogado o fato de ser uma lírica que podia ser interpretada não apenas através de um prisma político, mas também do ponto de vista filosófico. Há uma alusão à passagem de Heidegger, O Tempo Contado (Die gezählte Zeit) e ao texto de Aristóteles, Ser e Tempo (Sein und Zeit). Só mais tarde é que a crítica iria se deparar com o elemento você (Du): pela primeira vez na história da lírica um poeta se dirige diretamente a um você para desafiar a posição masculina desprovida de respeito contra a mulher em desvantagem. Não é sem fundamento que Bachmann, consciente ou inconscientemente, preferia se expressar através de personagens masculinos. Segundo Christa Wolf escreveu sobre Ingeborg Bachmann: toda mulher deste século que ousou circular no nosso meio cultural dominado pelos homens - a literatura, a estética - conheceu o desejo de autodestruição. 
O desejo de autodestruição recrudesceu com a separação de Max Frisch. No outono de 1958 Ingeborg Bachmann conhece o escritor austríaco Max Frisch, com quem viveu durante cinco anos e que a levou ao abismo sentimental. Após a separação do conterrâneo e depois da publicação de seu livro Meu Nome é Gantenbein (Mein Name ist Gantenbein, 1964), onde Max Frisch descarrega livremente todas as frustrações do casal, Bachmann se sente aniquilada, a aleivosidade do ex-companheiro a atinge profundamente. Segue estadias em hospitais e manicômios, a entrega ao alcoolismo e à dependência de calmantes. Nesta fase obscura de sua vida, em sua expressão artística a doença deixa de ser subjetiva e passa a adquirir um âmbito social - a metáfora para o insalubre da sociedade na época. No discurso por ocasião do Prêmio Büchner, com o qual foi agraciada em 1964, o enfermo não surge como metáfora, mas as condições externas que levam um indivíduo a adoecer: a usurpação da violência, a pura brutalidade, a perda da honra e a ameaça de ver sua existência destruída. A loucura, os nervos, são a visível derrota num mundo aparentemente saudável. O discurso para o Prêmio Büchner, Um Lugar de Coincidências (Ein Orte für Zufälle, 1965), refere-se a uma crise durante sua estadia em Berlim, de 1963 a 1965; aqui ela descreve um doente anônimo internado num hospital à mercê das experiências destrutivas da cidade, a fronteira deixa de existir entre o Eu, o hospital e a cidade e a violência toma posse dos acontecimentos. No livro Tipos de Morte, talvez uma alusão à menção de Brecht sobre os diferentes métodos de se matar alguém (existem várias formas de assassinato, pode-se enfiar uma faca na barriga de alguém, roubar-lhe o pão, não curá-lo de uma doença, colocá-lo para viver em moradia precária, fazê-lo trabalhar até a morte, induzi-lo ao suicídio, enviá-lo à guerra etc. Somente poucos destes meios são ilícitos na sociedade), Bachmann descobre que muitos destes métodos são considerados naturais na sociedade e é exatamente esta indiferença à desgraça humana que leva um indivíduo à doença física e psíquica. Paradoxalmente surge nesta época de crise os seus mais belos poemas, A Boêmia fica perto do Mar (Böhm liegt am Meer) e Praga Jänner 64 (Prag Jänner 64), revelam a saudade onírica daquele pedaço de terra da infância, representando a harmonia com o mundo, a tranquilidade e a anuência com a natureza, onde entre o Morava e o Danúbio/ e meu rio da infância/ tudo possui uma noção de mim.
Outros gêneros literários fazem parte da gama artística de Ingeborg Bachmann, além de poemas, contos, ensaios e romances, produziu novelas para programas de rádio e também um livreto para a ópera de Hans Werner Henzel, O Príncipe de Homburg (Der Prinz von Homburg, 1960). As mais conhecidas novelas para rádio são Uma Loja de Sonhos (Eine Geschäfte mit Träume, 1952) e As Cigarras (Die Zikaden, 1955): pois as cigarras foram um dia pessoas, que pararam de comer, de beber e de amar, para continuarem cantando sempre. Na fuga à música foram se tornando magras e pequenas e agora elas cantam perdidas de saudades, encantadas, mas também amaldiçoadas, porque sua voz não é mais humana.
A complexidade na obra de Bachmann concentra-se na tríade eu-lírico, arte e história. A arte é um istmo que promove a união à exigência da criação literária e à interpretação da história - para a nolição a qualquer método incruento de morte, a qualquer pensamento bélico diante da raça humana. Como resposta a uma pergunta, numa entrevista para um programa de rádio polonês, Bachmann define como principal compromisso do escritor descrever suas experiências o melhor possível e aliciar o leitor a sentir, pensar e sofrer exatamente como o escritor o fez. Esta escritora, pertencente à literatura após 1945, como Paul Celan, Ilse Aichinger e a poeta russa Ana Achmatowa, a quem conheceu pessoalmente em Roma, entre outros, não nega o passado assombroso, mas é de uma forma singular que ela o interpreta em suas obras, acentuando a concatenação de sua dor, sua doença com o enfermo de toda uma geração. Não é o passado que Ingeborg Bachmann combate, mas um futuro ágrafo, um futuro que sirva apenas para encobrir os crimes do passado, um futuro mudo que permita que estes crimes incomparáveis caiam para sempre no esquecimento. E além disso, seu esforço literário consistiu também na expressão estética infensa aos diferentes métodos de morte que não são considerados ilícitos na sociedade.
Na madrugada de 26 de setembro de 1973 Ingeborg Bachmann sofre um acidente, cujas queimaduras graves levam-na ao falecimento semanas depois no hospital, no dia 17 de outubro. Seus amigos surpreenderam-se com a gravidade das queimaduras, uma vez que a escritora tinha apenas desmaiado no banheiro com o cigarro aceso e, mesmo inconsciente, teria voltado a si em pouco tempo movida pelas dores da chama ardendo na pele. No entanto, Bachmann não despertou a tempo, estava alcoolizada e sob efeito de calmantes. Foi enterrada em Klagenfurt, perto de Obervellach, onde um campo, um rio e um lago compõem a paisagem.

HERBSTMANÖVER

Ich sage nicht: das war gestern. Mit wertlosem 
Sommergeld in den Taschen liegen wir wieder 
Auf der Spreu des Hohns, im Herbstmanöver der Zeit. 
Und der Fluchtweg nach Süden kommt uns nicht, 
wie den Vögeln, zustatten. Vorüber, am Abend, 
ziehen Fischkutter und Gondeln, und manchmal 
trifft mich ein Splitter traumsatten Marmors, 
wo ich verwundbar bin, durch Schönheit, im Aug.

In den Zeitungen lese ich viel von der Kälte 
und ihren Folgen, von Törichten und Toten, 
von Vertriebenen, Mördern und Myriaden 
von Eisschollen, aber wenig was mir behagt. 
Warum auch? Vor dem Bettler, der mittags kommt, 
schlag ich die Tür zu, denn es ist Frieden 
und man kann sich den Anblick ersparen, aber nicht 
im Regen das freudlose Sterben der Blätter.

Laßt uns eine Reise machen! Laßt uns unter Zypressen 
oder auch unter Palmen oder in den Orangenhainen 
zu verbilligten Preisen Sonnenuntergänge sehen, 
die nicht ihresgleichen haben! Laßt uns die 
unbeantworteten Briefe an das Gestern vergessen! 
Die Zeit tut Wunder. Kommt sie uns aber unrecht, 
mit dem Pochen der Schuld: wir sind nicht zu Hause. 
Im Keller des Herzens, schlaflos, find ich mich wieder 
Auf der Spreu des Hohns, im Herbstmanöver der Zeit.


MANOBRA OUTONAL

Eu não digo: foi ontem. Com dinheiro de verão 
desvalorizado no bolso estamos novamente  
no debulho do escárnio, na manobra outonal do tempo. 
E a saída de emergência para o sul não nos é,  
como aos pássaros, favorável. Á noite, 
passam barcos pesqueiros e gôndolas, e às vezes 
me atinge um estilhaço de mármore cheio de sonho, 
onde sou vulnerável, através da beleza, no olho.

No jornal leio muito sobre o frio 
e suas consequências, de mórbidos e mortos, 
de desalojados, matança e miríades 
de pedaços de gelo, mas pouco sobre o que me agrada. 
E por que deveria? Para o mendigo, que vem ao meio dia, 
fecho a porta na cara, pois é tempo de paz 
e pode-se poupar tal visão, mas não 
na chuva a morte infeliz das folhas.

Vamos fazer uma viagem! Vamos ver debaixo dos ciprestes 
ou também das palmeiras ou das plantações de laranjas 
a preços reduzidos o crepúsculo inigualável! 
Vamos esquecer as cartas não respondidas ao ontem! 
O tempo faz milagres. Mas quando nos alcança em momento  
errado, 
com o pulsar da culpa: nós não estamos em casa. 
No porão do sentimento, sem dormir, me encontro 
no debulho do escárnio, na manobra outonal do tempo.




SALZ UND BROT

Nun schickt der Wind die Schienen voraus, 
wir werden folgen in langsamen Zügen 
und diese Inseln bewohnen, 
Vertrauen gegen Vertrauen.

In die Hand meines ältesten Freunds leg ich 
mein Amt zurück; es verwaltet der Regenmann 
jetzt mein finsteres Haus und ergänzt 
im Schuldbuch die Linien, die ich zog, 
seit ich seltener blieb.

Du, im fieberweißen Ornat, 
holst die Verbannten ein und reißt 
aus dem Fleisch der Kakteen einen Stachel 
das Zeichen der Ohnmacht, 
dem wir uns willenlos beugen.

Wir wissen, 
daß wir des Kontinentes Gefangene bleiben 
und seinen Kränkungen wieder verfallen, 
und die Gezeiten der Wahrheit 
werden nicht seltener sein.

Schläft doch im Felsen 
der wenig erleuchtete Schädel, 
die Kralle hängt in der Kralle 
im dunklen Gestein, und verheilt 
sind die Stigmen am Violett des Vulkans.

Von den großen Gewittern des Lichts 
hat keines die Leben erreicht.

So nehm ich vom Salz, 
wenn uns das Meer übersteigt, 
und kehre zurück 
und lege auf die Schwelle 
und trete ins Haus.

Wir teilen ein Brot mit dem Regen, 
ein Brot, eine Schuld und ein Haus.


SAL E PÃO

Então o vento manda os trilhos na frente, 
seguiremos em vagarosos trens 
e povoaremos estas ilhas 
Confiança por confiança.

Na mão do meu amigo mais antigo coloco 
meu ofício de volta; o homem da chuva governa 
agora minha casa sinistra e completa 
as linhas no livro da culpa, que eu tracei 
desde que me tornei cada vez mais estranho.

Você, com a batina branco-febril, 
recupera os desterrados e retira 
da polpa dos cactos um espinho 
o símbolo da impotência, 
para o qual nos curvamos sem querer.

Sabemos, 
que permaneceremos prisioneiros do continente 
e à mercê de novo de suas injúrias, 
e a maré da verdade 
não se tornará ainda mais rara.

Dorme então nos rochedos 
do crânio pouco iluminado, 
a garra segura na garra 
na escura pedra, e curados 
estão os estigmas no violeta do vulcão.

Da grande tempestade de luzes 
nenhuma alcançou a vida.

Assim pego do sal, 
quando a maré nos sobe, 
e regresso 
e o coloco no umbral 
e entro em casa.

Dividimos um pão com a chuva, 
um pão, uma culpa e uma casa.  




***

Agulha Revista de Cultura # 11. Abril de 2001. Página ilustrada com obras de Otto Apuy (Costa Rica), artista convidado desta edição.





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