segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ESTER FRIDMAN | Um passeio pela reflexão filosófica


1. SOMOS OU NÃO SOMOS AUTORES DE NOSSAS OBRAS?

O ser humano é ao mesmo tempo um e muitos. É um enquanto indivíduo, com variações de grau em relação a sua autenticidade. É muitos, enquanto pertencente à humanidade como um todo que possui uma consciência coletiva, que, como um rebanho, reage em grupo. Quanto maior o grau de autonomia de um indivíduo, menor sua reação coletiva. Parece não haver um grau absoluto de autenticidade no qual um indivíduo não se submeta ao coletivo em nenhum nível. Sempre haverá algum nível de submissão por maior que seja o grau de isolamento, autenticidade e independência.
E o que determina as ações tanto do coletivo quanto do individual?
Uma resposta possível é que o que determina uma ação e/ou um comportamento é um molde preexistente ao qual o indivíduo ou o coletivo se submete. Para que um ser se submeta a um determinado molde é preciso que ele tenha uma predisposição a ele. As diferenças entre indivíduos são as diferenças de predisposições. Algumas predisposições podem ser inatas e outras adquiridas ao longo da existência. Esta é a perspectiva platônica. O que chamamos aqui de molde são as formas ou ideias que cinco séculos antes da era cristã Platão nos apresentou. Os arquétipos platônicos seriam os formadores de mundos. Quando alguém se encontra tomado de raiva e violência, está identificado e submetido a esse arquétipo, que podemos chamar de Ares. A pessoa submetida a esse arquétipo não tem controle sobre si mesma. O mesmo acontece com o arquétipo do amor (Afrodite). Quando a pessoa se identifica e se submete a esse arquétipo diz-se que está apaixonada. Existe assim uma forma subjacente a todos os fenômenos, seja lá o que for: coisas, sentimentos, ações, etc.
A abordagem de mundo, ou seja, a interpretação que temos do mundo varia no tempo e no espaço. Até por volta do quinto século anterior a atual era parece que a humanidade se via como a degeneração de uma era de ouro, de um passado remoto onde mito e realidade se confundiam. Acreditava-se que nesta era dourada os seres humanos eram perfeitos, ou seja, bons, saudáveis e imortais, e não lhes faltava nada. Contudo, os gregos contemporâneos de Péricles mudaram a perspectiva e passaram a se ver como seres que saíram da barbárie e atingiram uma civilização. E o que chamavam de civilização era o início do materialismo. Aos poucos os homens foram deixando de lado suas crenças nos relatos míticos e seu temor aos deuses, e até mesmo sua credibilidade às explicações naturalistas dos primeiros filósofos. Agora a bola da vez era dos sofistas, com a máxima de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas.”, somente seu próprio julgamento a respeito das coisas era confiável, e Crítias dizendo que os deuses eram uma invenção para instalar o medo.
Tudo indica que antes deste fatídico século V, o homem como indivíduo, assim como somos hoje, ainda não existia. Assim, os poemas épicos brotavam de uma psique coletiva, e não de um autor único. Dessa forma, não teria sido Homero o autor da Ilíada e da Odisseia, mas estas seriam fruto da criação coletiva. Talvez nós possamos dizer que hoje continua assim, de modo que um autor literário não seja o criador de seus escritos, mas apenas captou o coletivo. Dessa forma, os autores não são criadores, mas seres dotados de boas antenas captadoras do que se passa na mente coletiva e dos desejos inconscientes das pessoas. Mas, enquanto indivíduos, acreditamos sermos os autores de nossas publicações e nelas assinamos embaixo.

2. MITO: VERDADE OU MENTIRA

A civilização humana desenvolve-se por partes. Para desenvolver o intelecto tivemos que sacrificar o instintivo e o intuitivo. Por essa razão, nos últimos milênios o mito foi menosprezado e o sentido do termo alterado para o seu oposto. Mythos em grego quer dizer palavra, e o verbo mitologizar significa narrar o conteúdo real do fato. O grande estudioso dos mitos, Junito de Souza Brandão, diz que etimologicamente mitologia é o estudo dos mitos concebidos como história verdadeira. Para Roland Barthes, o mito não é um objeto, um conceito ou uma ideia, mas um modo de significação. Os mitos, portanto, narram a realidade e seu significado. Com o início do desenvolvimento da razão passamos a usar unicamente o termo logos para significar palavra, da qual deriva a palavra lógica.
Como o mito narra algo verdadeiro e o logos narra algo idealizado, conclui-se que hoje somos autênticos platônicos – vivemos no mundo das ideias e desconhecemos a realidade dos fatos.
Compreender os mitos, que foram passados de geração em geração, seria uma forma de resgatarmos o que éramos antes da vinda de Platão.

3. CAUSALIDADE – UMA TEORIA FINALMENTE REFUTADA

Para aqueles que ainda estão submissos ao paradigma newtoniano, e, assim, fervorosamente crentes às suas leis, buscando as causas de suas misérias no governo ou nas bactérias, saibam que John Bell já provou matematicamente que partículas de uma determinada fonte, chamadas partículas de fase fechada, estão ligadas para sempre, sendo que isso acontece de uma maneira não causal, que não pode ser concebida logicamente. O teorema de Bell prova que isso não é válido somente para as minúsculas partículas subatômicas, mas trata-se de uma lei geral. Com isso, o princípio da causalidade foi refutado e rebaixado a um modelo de explicação que permite somente uma abordagem aproximada da realidade. Se você tem interesse em conhecer a realidade de qualquer coisa que seja, não adianta buscar causas. O caminho é outro.

4. RESIGNIFICANDO

O grande problema humano: buscar significado nas coisas que estão fora. O significado, se é que há algum, a meu ver, está dentro. Para viver uma vida plena de significado interior há que convencer o ego de que sua função não é se exibir e se vangloriar para ser amado. Sua função é apenas estrutural, equivalente à estrutura óssea do corpo. Sem esta seríamos uma ameba. Uma vida interior rica de significado não é vista por ninguém. Para o mundo essa pessoa interiormente rica é pobre, não venceu no mundo, não conquistou uma posição. Não é fácil se desvencilhar do julgamento do mundo.

5. A INVERSÃO SOCRÁTICA E A EXPULSÃO DO SÍMBOLO

A meu ver, em seu Zaratustra, Nietzsche restitui o simbolismo das palavras, que teria sido retirado por Eurípides e Sócrates. Com Ésquilo e Sófocles tínhamos a criação inconsciente do coro trágico, com toda sua dimensão simbólica. Eurípides teria substituído a linguagem simbólica por uma linguagem de signos. Em O Nascimento da tragédia, Nietzsche chega a dizer que Eurípides se gaba de que “o povo aprendeu a observar, a discutir e a tirar consequências”, por seu intermédio. Ocorre uma transformação na linguagem pública e o cotidiano passa a ser representado no palco. É o fim da tragédia como arte e seu início como argumentação, onde começaria também o desenvolvimento de uma supremacia da consciência. Nesta perspectiva, Eurípides mudou a linguagem da tragédia, mas não conseguiu lutar contra o dionisíaco da arte antiga. A mais nova contradição, segundo Nietzsche, fica a cargo de Sócrates: “O maravilhoso acontecera: quando o poeta se retratou, a sua tendência já tinha triunfado. Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o fora através de um poder demoníaco que falava pela boca de Eurípides. Também Eurípides foi, em certo sentido, apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio de recentíssimo nascimento, chamado SÓCRATES. Eis a nova contradição: o dionisíaco e o socrático, e por causa dela a obra de arte da tragédia grega foi abaixo”. (O nascimento da tragédia, seção 12)
Na seção 13 de O nascimento da tragédia, Nietzsche observa que os contemporâneos de Sócrates perceberam que este trazia uma estreita relação com a tendência de Eurípides. Para Sócrates, as celebridades de Atenas exerciam suas profissões “Apenas por intuição”, sem ter um entendimento correto e seguro sobre elas. Assim, tanto Eurípides quanto Sócrates, diferentemente de seus contemporâneos, não mais aceitavam a intuição como fonte criativa e de conhecimento. O que se impõe então é a arte socrática, ou seja, a dialética. Para Sócrates, não bastava saber intuitivamente; devia-se justificar através de argumentos. E mais: o conhecimento que se tinha de algo não era instintivo, mas a lembrança de outro mundo, o mundo das Ideias, o verdadeiro mundo, em contraposição a este, mera cópia daquele. Segundo Nietzsche, o famoso “daimon de Sócrates”, aquela voz divina que ele ouvia nos momentos que seu entendimento lhe faltava, é uma chave para entender Sócrates, uma vez que essa voz sempre vinha para dissuadir: “A sabedoria instintiva só se mostra, nessa natureza inteiramente anormal, para contrapor-se aqui e ali ao conhecer consciente, impedindo-o. Enquanto em todos os homens produtivos o instinto é precisamente a força criadora-afirmativa e a consciência se porta como crítica e dissuasiva, em Sócrates é o instinto que se torna crítico e a consciência, criadora – uma verdadeira monstruosidade per defectum!”
Ao detectar essa inversão feita por Sócrates, Nietzsche nos relata o que talvez tenha sido o acontecimento mais importante de toda a história ocidental. Ele nos fornece a chave para a compreensão de uma cultura que se desenvolveu a partir do que ele chama de “uma verdadeira monstruosidade per defectum”. Em Nietzsche, assim como nos gregos anteriores ao socratismo, e em todos os homens produtivos, o instinto é criativo e a consciência é crítica. Em Sócrates, assim como em todos os socráticos, a consciência passa a ser criativa e o instinto crítico. Essa é a absurda racionalidade da qual nos falará Nietzsche em um de seus últimos livros, o Crepúsculo dos ídolos, de 1888. Para ele, a própria razão é uma questão moral, que veio como remédio para frear os instintos que estavam em anarquia. A separação entre instinto e pensamento consciente, que se efetivou em Sócrates, teria dado início à decadência. Ele constata ainda que a equiparação socrática entre “Razão, Virtude, Felicidade diz meramente o seguinte: é preciso imitar Sócrates e estabelecer permanentemente uma luz diurna contra os apetites obscuros – a luz diurna da razão. É preciso ser prudente, claro, luminoso a qualquer preço: toda e qualquer concessão aos instintos, ao inconsciente conduz para baixo...” Enquanto para Sócrates “Razão = Virtude = Felicidade”, para Nietzsche felicidade é igual a instinto. A razão socrática surge assim tiranizando os instintos em um momento propício para que isso acontecesse, uma vez que estavam “por toda parte os instintos em anarquia”, uns se voltando contra os outros. Antes que estes se fizessem tiranos, Sócrates adivinhou que o remédio era inventar um contratirano que fosse mais forte. Ser “absurdamente racional” foi a salvação, que, para poder salvar de uma situação desesperadora, tornou-se fanatismo: “O fanatismo, com o qual toda a reflexão grega se lança para a racionalidade, trai uma situação desesperadora. Estava-se em risco, só se tinha uma escolha: ou perecer, ou ser absurdamente racional...” O erro dessa crença foi os filósofos e moralistas pensarem que saíram da décadence por fazerem guerra contra ela. Para Nietzsche, “mesmo aquilo que escolhem como remédio, como salvação, é apenas, outra vez, uma expressão de décadence – eles alteram sua expressão, não a eliminam”. A racionalidade, a vida clara, consciente, que resiste aos instintos, é, para Nietzsche, apenas outra doença. Sendo felicidade igual a instinto, combater os instintos é décadence.
Assim, poderíamos dizer que antes de Platão expulsar os poetas da cidade (República, 595 a,b), Sócrates já havia expulso sua linguagem, pela boca de Eurípedes. Como sabemos, a palavra poeta vem do grego poietes, que significa criador. A linguagem simbólica, a linguagem dos criadores, dos poetas, teria sido expulsa antes destes. Sócrates não só separa o consciente do inconsciente, como trava uma guerra contra este. Não podemos dizer que ele e seus sucessores tenham ganho esta guerra. Os poetas foram expulsos, mas não morreram. Em todos esses séculos, Nietzsche foi um dos raros pensadores que voltou a pôr em cena o inconsciente com toda sua riqueza e importância. Freud fez uma tentativa, mas recuou, preferindo ficar na dialética socrática. Com isso ganhou um lugar na filosofia tradicional. No dia em que Nietzsche for devidamente reconhecido, se isso um dia acontecer, não será mais o nome de Freud que virá a seu lado, mas o de Jung. Nietzsche e Jung, e todos aqueles que continuam em suas esteiras, talvez consigam estirar a flecha de tal modo que “o pior, mais persistente e perigoso dos erros (...): a invenção de Platão do puro espírito e do bem em si”, seja superado.

 

6. OS ARTISTAS SÃO CONSTANTES E VERDADEIROS. JÁ OS CIENTISTAS...


Verdade: palavra carregada de tradição, cujo significado vem sendo investigado por mais de dois mil anos, de Platão à contemporaneidade. No entanto, revela-se através de múltiplas interpretações, a despeito, e para o desgosto, daqueles que buscam uma única verdade para todos, uma verdade universal e atemporal. Fazemos parte de uma tradição que remonta a Sócrates, que associa a verdade à razão. Idolatra-se o Logos, que se infiltra na linguagem com a roupagem e a forma da lógica, com o consentimento de nossas entranhas. Enquanto, na Idade Média, a cartilha dos intelectuais da Igreja era os escritos de Aristóteles, na Idade Moderna uma nova cartilha é elaborada: o método científico. A linguagem científica pretende ser unívoca, agindo através de signos, e só comporta uma forma de interpretação Já a linguagem ordinária é multívoca – age através de símbolos, e cada símbolo tem muitos significados. É esta última a linguagem da arte. Por isso a arte é passível de uma multiplicidade de interpretações. As ciências da natureza iam, e ainda vão, de “vento em popa”. Então, quando surgiram as ciências humanas, quase que por inércia, quiseram aplicar o método das ciências naturais ao estudo do homem. Mas não deu certo. Em meio a este cenário, Dilthey irá formular uma espécie de separação entre ciências da natureza e ciências humanas. As primeiras buscam explicações, enquanto que as ciências do espírito não têm como objetivo a explicação, mas a compreensão. E essa compreensão diz respeito ao significado. Nessa esteira entra Gadamer, que avança um passo a frente ao se perguntar como é possível a compreensão. O que significa dizer que compreendemos algo? Ele percebe que há um grande âmbito da experiência humana que escapa à metodologia científica, que por trás do que ele chama de “racionalização crescente” da sociedade, há certa concepção de verdade que se dissemina. A noção de experiência se associou à experiência científica. No entanto, existem formas de experiência que escapam à experiência científica: a experiência da arte, da filosofia, da história e da linguagem. Além do que, na experiência científica não há uma continuidade, como irá mostrar o filósofo da ciência Thomas Kuhn. A história da ciência não é um acúmulo progressivo de teorias bem sucedidas, mas o resultado de rupturas e de passos em falso. Em contrapartida, as formas de experiência que escapam à ciência são dotadas de continuidade, e pertencem a uma tradição. Tradição esta que parece sobreviver até mesmo a uma mudança de paradigma.

7. HIPÓCRATES E A DECADÊNCIA DA MEDICINA

Considerado o pai da medicina, Hipócrates (400 a.C.) pertencia à família dos Asclepíades. Asclépio foi educado pelo Centauro Quíron e desenvolveu uma escola de medicina. Estudiosos presumem que tenha vivido antes do séc. XIII a.C. Como herói deificado, participava da natureza humana e divina simbolizando a unidade entre ambas. À entrada de seu recinto sagrado de cura lia-se:

“PURO DEVE SER AQUELE QUE ENTRA NO TEMPLO PERFUMADO.”

Ser puro é ter pensamento sadio, para que estes habitem nosso corpo – o templo perfumado. O ser humano, nestes antigos tempos, era visto como corpo, mente, alma e espírito conectados harmoniosamente, e a cura como algo que purifica e reforma o homem inteiro. Ser saudável era ser você mesmo e estar em harmonia com a sociedade em que você vive, com a natureza e com tudo a sua volta. Para Asclépio, aliado à ajuda dos deuses, só havia cura quando havia metanoia, transformação de sentimentos e purificação da mente. Quando nossa consciência se mantém em estado de pureza e harmonia, o físico torna-se sadio. Assim também falou o médico filósofo Erixímaco no Banquete de Platão: “... a arte da medicina pode ser sinteticamente descrita como um conhecimento das coisas eróticas do corpo (…) e o médico consumado é aquele capaz de distinguir no corpo entre o amor nobre e o vil, além de ter competência de empreender a transformação em que um desejo é substituído pelo outro, (…) deve estar capacitado a instaurar a amizade e o amor recíproco entre os adversários mais violentos do corpo. (…) De fato, foi por conhecer como fomentar amor e concórdia entre esses contrários que nosso ancestral Asclépio, como atestam esses nossos dois poetas (Agaton e Aristófanes) constituiu essa nossa arte.” (Banquete, 186 d).
O santuário de cura de Asclépio situava-se em Epidauro, um centro cultural e de lazer com um Odéon para ouvir os poetas e os músicos, um teatro, uma biblioteca, numerosas obras de arte, um Ginásio para exercícios físicos e um Estádio para as competições esportivas que se realizavam de quatro em quatro anos. A harmonia entre música, poesia e dança era utilizada por seu alto valor tranquilizante e terapêutico sobre corpo e alma.
Hipócrates, no entanto, apesar de enfatizar sua descendência dos Asclepíades, rompeu com a tradição da medicina sacerdotal. Passou a considerar a enfermidade de forma isolada do contexto geral, social, religioso, etc, e a desenvolver as curas levando em conta apenas o percurso da doença. A medicina de hoje é herança dessa decadência. Nietzsche fala que a decadência da civilização ocidental começa com Sócrates e Eurípedes. Eu acrescentaria um terceiro decadente: Hipócrates.
Já é hora de resgatarmos a sabedoria dos antigos e (re)conhecermos a importância da arte na vida. Arte não é mero entretenimento; arte é a própria vida – a vida plena.



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ESTER FRIDMAN (Brasil, 1963). Filósofa e escritora, pesquisadora da linguagem simbólica, seu tema de mestrado foi A Linguagem Simbólica no Zaratustra de Nietzsche. Estudiosa também das filosofias da Índia, escreveu Kriya-Yoga e a Filosofia dos Kleshas no Yoga Sutra de Patanjali. Contato: ester8fri@gmail.com. Página ilustrada com obras de Armando Reverón (Venezuela), artista convidado desta edição de ARC.






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