A poesia é o exercício do despertar.
Wei K’ing-tche
(poeta chinês do século XII)
O ponto de partida deste meu trabalho incide sobre a herança dos possíveis nos desafios da vida, da liberdade e da alteridade em dois poemas da obra poética, Duranguraños [01], de José Ángel Leyva: “Irmão Pai” e “Meu Avô”. Em entrevista a Ana Franco Ortuño, poeta, periodista e difusora cultural mexicana, José Ángel Leyva afirmou nas páginas desta revista: “Faço poesia e assumo-me como poeta contra a minha própria decisão. Eu tinha decidido não ser poeta, tinha decidido ser médico, ser psiquiatra, mas ganhou o poeta. Abandonei a medicina, abandonei-a entre muitas outras coisas para me dedicar a algo para o qual eu não me tinha preparado e para o qual ainda não me sinto de todo capaz. Mais que uma vocação é um anseio de uma forma de vida, um anelo de pensar o mundo, de conceber o mundo, e nem sempre somos coerentes com essa ideia. Há um pequeno matiz: podemos encontrar um escritor reconhecido, digamos na moda, com muita publicidade e influências, que, contudo, não é necessariamente um grande poeta; e há poetas que embora não sejam aqueles grandes escritores, isto é, não sejam os prémios Nobel, nem sejam os que são reconhecidos, pois esses poetas considerados “menores” são aqueles que nos habituamos a ver crescer com o tempo, na sua singularidade e no seu ambiente. Vejo muito essa relação entre o acto de vida e o acto de escritura, mas essa é a minha visão. Reconhecemos mais os grandes poetas pela sua capacidade de escrever do que pela sua capacidade de viver e deixar viver.”
Escrever estava fora da sua vontade e, no entanto, o apelo da poesia foi tão forte que anulou a sua decisão de viver pela prática da medicina. Que força é então essa, da poesia e da escrita, a que anseio do homem responde? Henri Michaux, o poeta que amava as árvores, e a quem o ofício de escritor e as respectivas servidões repugnam, herético - no sentido que os gregos davam à palavra, a de uma escolha ou uma alternativa teórica -, em relação aos géneros e aos meios literários, escreveu em algumas páginas sobre este duro ofício que é o nosso, o de escritores. Da majestosa árvore de sóis da sua multifacetada obra, colhi alguns ramos floridos : “Eu escrevo para me percorrer; escrever é a conquista de si mesmo pela ocupação progressiva do vasto horizonte inexplorado do imaginário; escrever é desmistificar-nos a nós mesmos, é fazer o inventário das ideias recebidas, buscar a sua verdade na floresta dos dogmas, das religiões, das ideias de toda a espécie que assaltam o homem; escrever é ultrapassar a vida para ir para milhões de possíveis”.
Nada nem ninguém nos prepara para sermos escritores ou poetas. Para o poeta José Ángel Leyva, existe uma genealogia de raiz universal de que brota um poeta, e, no seu caso particular, neste dois poemas, ele descreve o longo e obscuro caminho da palavra desde o ofício bárbaro à escrita, desde o estilete à caneta, desde a carne à palavra. Mas quem é o escritor ou o poeta? Na inquietante interrogação sobre a origem do dom que lhe foi conferido, José Ángel Leyva confia-nos que para ele esse dom reside adormecido no fundo do coração de todos os homens, esperando apenas por uma estação propícia para despertar, uma primavera mesmo negra ou, quem sabe, um Outono precoce cuja melancólica serenidade convide alguém a exprimir-se. De quem é aluno o poeta, que mestre o inspirou, que ideal o guiou até ao seu primeiro poema ou, simplesmente, até à primeira linha de um Diário? Um escritor é um experimentador não apenas no modo como utiliza os meios de que dispõe como no seu modo de sentir, de perceber e de representar o mundo. Não há um nome para o caminho que o poeta percorre na medida em que possui a faculdade de fazer, desfazer e refazer o mundo. Wittgenstein pôs em evidência os paradoxos inerentes à nossa relação com a linguagem. Contudo, para José Ángel Leyva, considerando-se ele membro da vasta família humana mais do que das suas raízes familiares, quem são, então os seus parentes? Todas estas questões as colocou o poeta José Ángel Leyva nos poemas: “Irmão Pai” e “Meu Avô”, insertos no seu livro Durangurañosde que dou aqui as respectivas traduções em português.
Irmão Pai
à memória de Roberto Leyva Véliz
A morte, professor, não ensina nada:
Espelho abissal onde a parte conclui pelo todo E o todo se revela em cada parte. O magistério começa pelo corpo. Ali onde a vontade e o sonho irrompem, A memória encontra morada, Abre-se-nos passo ao alfabeto que sou Com meus irmãos No teu desejo, na tua mulher, na desordem De palavras que vão de trás para a frente. Volta e meia põem-se os ponteiros do relógio A quem ditam sem ler o que teus lábios calam?
Prostrado na inconsciência envias mensagem.
O ventilador automático trabalha a agonia, Dá-te o alento necessário da ausência, Impele a dor até encher-te os pulmões. Apenas o que sabe uma máquina de enigmas. Que não pode seguir nem compreender o ritmo Do pé que caminha do parto para a partida. Recordações talvez daquele primeiro ofício. Os pés, os dois, saúdam o filho do fundo do coma. Ponto e travessão. O telegrama do teu dedo, professor, Dá-me no olho Do nervo ao coração E ponto E coma. Decifro a lição em chave Morse: Dignidade, amor às mãos cheias, O bosque e o papel donde me escreves. Ponto e travessão. Salto contigo nas verdes espigas Do monitor aparvalhado que não apreende O génio dos teus navios e montanhas, O teu sangue, Ponto e coma. Nesse pé e no outro vais cantando As vogais, as tabuadas, O teu saber O teu tempo, Irmão pai.
[25 de Setembro de 2006, Cidade de Durango]
Meu Avô
a Juan Gelman, pelo
avô que não conheceu.
Meu avô tinha largas facas afiadas
E um estranho silencio de salgueiro nas pestanas Disse meu pai que era perito em matar de um só golpe Abrir os animais de alto a baixo e esfolá-los com perícia Esvair com cortes cirúrgicos a presa Meu avô José Ángel não pensava na dor Nem na morte da carne
No seu íntimo todas as manhãs se dessangrava uma palavra
Ao molhar o pão no café matinal Cravava-se-lhe uma picada no coração pelas carnes frias Imaginava que acendia cedo um forno Amassava a farinha e ensinava os netos a inventar Figuras com nomes que se incendeiam ao calor do barro
O carniceiro despertava no seu lugar de ganchos e sangue
Arrebanhava peças de rês de cabra de porco de cordeiro Calado Presenteava a clientela com um calmo sorriso Por vezes o álcool recuperava o sonho O aroma do pão As brilhantes brasas dos seus grandes olhos Entrava com voz e riso desconhecidos na rua Comprava no regresso a casa a melhor confeitaria
Antes de conhecer netos e de ser velho
Morreu o avô porque a fortuna doía-lhe no miocárdio
Os seus filhos herdaram da minha avó o magistério
E uma sentença de José Ángel “a palavra é para o homem o que o homem é para a palavra” Abandonou a família o matadouro Por uma sala de aulas
Na minha infância recordo o meu pai a sacrificar animais
com mão de mestre E a escrever discursos e poemas para grandes banquetes Numa comunidade de analfabetos Também o vi fazer fornos e pão junto de minha mãe
Agora pergunto-me ao escrever sobre o avô
onde ficaram as suas largas facas afiadas os nomes da farinha e aonde a palavra-carne
Como o médico e escritor português Fernando Namora e o mineiro João Guimarães Rosa, igualmente escritor e médico psiquiatra, José Ángel Leyva passou do campo do exercício da medicina para o dos exploradores de si e do mundo através do ofício cirúrgico da Escritura. O jogo da etimologia estabelece uma relação entre a escritura e o estilete, ostylos dos gregos, instrumento usado para a escritura e, em cirurgia, para a incisão que sonda as feridas. No ofício cirúrgico da escritura, as palavras transformam o movimento cortante do estilete em movimento curvo tal como o entendeu Maurice Blanchot na sua obra L’Entretien Infini [02]. O que significa, então, o movimento curvo? Para Emmanuel Lévinas, em Éthique et Infini [03], a relação com o Outro tem por elemento o Tempo em que a sua transcendência é pensada como diacronia. A curva do espaço, diz ainda Lévinas em Le Temps et L’Autre [04], exprime a relação entre seres humanos. Passando do campo das patologias orgânicas para o das patologias sociais, estes médicos tomaram a palavra como instrumento de um ofício rigoroso, optaram por esse movimento curvo na medida em que a palavra permite a análise de um sistema de relações muito vasto, desde as que o homem estabelece consigo mesmo como as que estabelece com os outros e ainda as que os outros estabelecem entre si.
Michel Foucault em L’écriture de soi [05], escreveu: “O papel da escrita é constituir, com tudo o que a leitura constitui, um corpo. E, este corpo, há que entendê-lo não como um corpo de doutrina, mas sim - de acordo com a metáfora tantas vezes evocada da digestão - como o próprio corpo daquele que, ao transcrever as suas leituras, se apossou delas e fez sua a respectiva verdade: a escrita transforma a coisa vista ou ouvida em forças e em sangue. Ela transforma-se, no próprio escritor, num princípio de acção racional.”
Em L’Entretien Infini, Maurice Blanchot, escreve ainda - e passo a citá-lo -, que “dizer, no pensamento grego, significa levar a aparecer, significa fazer aparecer uma coisa na figura que lhe é própria, mostrá-la no modo como ela nos olha e que é por isso que dizendo-a, nos vemos claro nela”. Também com o avô do poeta, José Ángel, nele, o carniceiro despertava apenas no seu lugar de ganchos e sangue pois acendia o forno e amassava a farinha e ensinava os netos a inventar figuras com nomes que se incendiavam ao calor do barro. Presenteava a clientela com um calmo sorriso e por vezes o álcool recuperava o sonho, o aroma do pão. Abandonou a família o matadouro por uma sala de aulas. O poeta fixa no poema uma sentença de José Ángel: “a palavra é para o homem o que o homem é para a palavra”. Com ele aprendeu o poeta a carne da palavra carne, a sua nudez e vulnerabilidade assim como a nudez e vulnerabilidade da linguagem como sistema de comunicação.
A acção da morte começa no corpo, nesse mesmo corpo onde a vontade e o sonho irrompem e a memória encontra morada. No poema, “Irmão Pai”, a medicina e a gramática têm uma linguagem comum no telegrama que o pai moribundo lhe envia através do dedo do pé, desse pé que fez a sua marcha do parto que foi o seu nascimento para derradeira partida para o desconhecido que é a morte. Dessa caminhada indecifrável e solitária restam o espaço comum das recordações familiares. O pai recorre às virtudes da mnemotécnica que enquanto professor aplicou nas tábuas aritméticas e envia a mensagem em chave Morse em que a pontuação nos dá os ritmos diferentes de que são feitos esses movimentos da partida e de chegada: punto e raya, ponto e fronteira para o desconhecido; punto y raya = ponto e travessão (-). A nova definição da morte é o electroencefalograma e o electrocardiograma a tenderem para o traço plano que reenvia o ser vivo para o seu tempo reversível, reversibilidade a que a morte, espelho abissal, põe cobro, porque a tensa oscilação de que é feita a vida encontra o seu termo e a sua expressão no traço horizontal; punto y coma poder-se-ia traduzir como ponto e vírgula ou ponto e coma, pois coma é, em português, simultaneamente sinónimo de vírgula e de perda de consciência.
Apesar de vulnerável e dependente de máquinas e de relógios, o pai encontra um irmão no filho. Contudo, mais do que amor fraterno e mais fundo do que um laço de sangue, é o juízo justo lançado pelo filho sobre o seu modo de existir enquanto homem e que o poeta inscreve no bosque branco do papel. A herança dos possíveis está representada no dedo do pé, dedo que indica a situação do que está e o amargo e custoso percurso para a exterioridade de uma outra situação, para o exterior da vida ou para o seu lado de fora. Através do dedo do pé, o pai dá ao filho uma lição sem palavras. Acaso não é com os pés que nos fazemos aos complexos caminhos do Aberto? A filialidade assim vivenciada não implica uma ruptura, pelo contrário, o filho representa aqui os possíveis que para o avô e o pai foram impossíveis. É no poeta e na sua obra que essas impossibilidades se tornaram nas possibilidades do avô e do pai. Os possíveis do filho são o espaço e o tempo em que as possibilidades inscritas na natureza de dois dos seus ascendentes, o poeta concretiza. Os laços específicos e formalmente rígidos que caracterizam uma herança paterna, são nestes poemas substituídos por um laço imemorial ao outro através da experiência sensível e para além da alternativa liberdade/alienação. A alteridade assim concebida impede a razão de se transformar em violência, sendo a violência como que uma incapacidade de alguém dar o lugar a outro.
No poema “Irmão Pai”, a fraternidade substitui ou acompanha o amor filial. Não é apenas o pai que morre, quem morre com o pai, é um homem coroado por uma singularidade própria e ao qual o poeta se liga por uma solidariedade que brota já de novos horizontes morais. Na entrevista acima referida, José Ángel Leyva afirma: “Vejo muito essa relação entre o acto de vida e o acto de escritura, mas essa é a minha visão. Reconhecemos mais os grandes poetas pela sua capacidade de escrever do que pela sua capacidade de viver e deixar viver.” É tempo, pois, dos poetas entabularem essa relação ética entre o acto da vida e o acto de escritura. Neste contexto não posso deixar de recordar aqui a horrível tragédia que opôs os poetas da Arcádia Lusitana no processo da chamada Inconfidência Mineira [06], uma das páginas mais negras da História da Literatura Portuguesa e uma lição para os incautos que se arriscam no domínio das Artes e das Letras, crentes de que por trás de um bom poema pode estar uma boa pessoa, porque como nos adverte Vladimir Jankélévitch em Le Paradoxe de la morale: “Mais de uma vez nós perguntamo-nos para onde ela se escapou, a nossa vida moral, em que consiste ela, e se de facto ela consiste em alguma coisa! Ora é precisamente nestes instantes, em que ela está a ponto de se escapar, em que nós desesperamos de a alcançar, que ela é mais autêntica: é preciso então agarrar rapidamente a ocasião na sua viva flagrância!”. José Ángel Leyva agarra essa viva flagrância no seu poema, abraçando com a generosidade que é a essência da poesia e do amor, ao estender a sua relação familiar com o avô e o pai, a outrem, a outros, abrindo o seu eu e a sua família à alteridade. Como membro da vasta família humana os seus parentes, serão, pois os outros poetas, e entre eles, Juan Gelman com quem partilha o avô, exactamente Juan Gelman, o poeta que não conheceu o avô. É este o bom infinito, o infinito que não nega o tempo como acontece numa concepção falsa e idílica da eternidade, mas o bom infinito de que nos fala Maurice Blanchot e Emmanuel Lévinas, um tempo diacrónico que escapa ao saber e à medida e que posso reencontrar pelo pensamento do outro e para o outro e que nos liberta do confinamento do eu egoísta.
Empenhados na tarefa de inventarem um devir comum, os artistas Duranguraños estariam convocando os seus concidadãos para a poesia, iniciativa cheia de paradoxos e assombros pois que para eles, a descoberta de novos princípios, começa por uma espécie de desenraizamento, desenraizamento que acaba por lhes assegurar uma retomada bem conseguida dessa vida anterior que teve de ser abandonada. A singularidade de um caminho que apenas fora entrevisto em alguns gestos do avô e do pai que ficaram sem sequência mas cuja extensão o poeta assume na sua obra, essa singularidade afirmara-se já com a liberdade de pensamento e de escolha de um caminho próprio, anunciando a dignidade da revindicação de cada pessoa dispor de si mesma e tornando essa dignidade extensível a todos os outros. Como acontece com Henri Michaux, a liberdade, para os artistas, escritores e poetas “é necessária para libertar uma consciência escrava de hábitos, de constrangimentos aviltantes que tornam o homem vítima dos seus próprios mitos; é necessária para ensinar o homem a utilizar os prodigiosos recursos do imaginário e não ficar colado ao real, ao limitado, à história, à memória, à memória da história. As possibilidades do homem são sem dúvida restritas, mas ele é responsável dessa falta de imaginação, dessa rotina, dessa recusa de sair disso; necessária enfim para viver noutro lado as aventuras prodigiosas dos milhões de possíveis. A liberdade é pois condição de salvação, de emancipação do real, de esperança de sobrevivência.” No entanto, na voz singular e única de José Ángel Leyva, a liberdade não está como em Michaux impregnada da rebeldia e da revolta do poema Contre, pelo contrário, a ideia de liberdade está impregnada do sentimento de que a infinitude do homem está no homem, numa cadeia infinita que lhe garante a imortalidade.
NOTAS
o1. José Ángel Leyva. Duranguraños. Alforja Arte y Literatura, México, 2007.
o2. Maurice Blanchot. L’Entretien Infini. Gallimard, 1969.
o3. Emmanuel Lévinas. Éthique et Infini. Librairie Arthème Fayard, 1982.
o4. Emmanuel Lévinas. Le Temps et L'Autre. Fata Morgana, Montpellier, 1975.
o5. Michel Foucault. L’écriture de soi, in Corps Écrit, nº 5, février 1983.
06. A Inconfidência Mineira constituiu um episódio relevante da História Brasileira e ocorreu no ano de 1789 na Capitania de Vila-Rica de Ouro Preto. A Inconfidência Mineira, também chamada A Revolta de Tiradentes, foi uma conspiração patriótica em prol da independência do Brasil. Inconfidência era o nome que o absolutismo monárquico dava às doutrinas políticas da liberdade democrática. Este episódio ficou ligado à História da Literatura Portuguesa porque nela intervieram alguns dos poetas mais importantes da Arcádia Lusitana, a escola literária dessa época, posicionando-se, no entanto, uns do lado das ideias democráticas e de independência nacional enquanto outros se situavam do lado do poder absoluto e intolerante que caracterizou o reinado de D. Maria I. Entre os Inconfidentes, além do alferes Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, que pugnava pela ideia republicana da autonomia, estavam três poetas: Tomás António Gonzaga (n. Miragaia em 1744 e m. em Moçambique em 1810) autor de Marília de Dirceu; Inácio José Alvarenga Peixoto ( n. no Rio de Janeiro em 1748 e m. no presídio de Ambaca em Angola em 1793) autor das Cartas Chilenas, uma sátira em verso escrita contra o governador Luís da Cunha Meneses, repletas de acusações contra o seu mau governo; e Cláudio Manuel da Costa (n. Vila do Carmo, Minas Gerais em 1729 e m. em 1789 em Vila Rica), advogado, desembargador e secretário de Estado, poeta e escritor, traduziu e comentou o Tratado da Riqueza das Nações de Adam Smith.
Receando o contágio das ideias revolucionárias no Brasil, os frades franciscanos denunciaram a Arcádia Ultramarina como um clube jacobino e sob essa acusação foram presos e encarcerados nos subterrâneos de ilha das Cobras,os poetas Manuel Inácio da Silva Alvarenga (n. em Minas Gerais em 1740 e m. no Rio de Janeiro em 1814) e José Basílio da Gama (n. em Minas Gerais em 1740 e m. em Lisboa em 1795) autor do poema Uruguai dedicado ao irmão do Marquês de Pombal, Francisco Xavier de Mendonça, então governador do Brasil.
Relaxados ao braço secular foram condenados a penas horríveis pelo poeta António Dinis da Cruz e Silva em 1796. Tal foi o papel que nesta tragédia social coube a António Dinis da Cruz e Silva que foi agraciado pelo governo com o cargo de chanceler da Relação do Rio de Janeiro. Aqui também actuou como profissional de justiça que, segundo o historiador literário, Teófilo Braga, pelo exclusivismo das formalidades perdeu o senso moral e a consciência da justiça. Na época e depois dela até aos nossos dias ainda se consideram fiáveis as verdades das fórmulas judiciárias como um fatalismo ou jogo de acaso mesmo tornando-se evidente a inocência dos acusados.
Joaquim Pedro de Andrade, baseando-se nos documentos do processo dos Inconfidentes - Os Autos da Devassa e no livro Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, realizou em 1971 o filme Os Inconfidentes.
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Joana Ruas (Portugal, 1945). Jornalista cultural e tradutora no jornal da República da Guiné-Bissau e na Radiodifusão Portuguesa. Ensaísta, poeta e narradora. Graças a seus conhecimentos sobre a realidade sócio-cultural de Timor Leste e da Guiné-Bissau, dará conferência acerca desses países na Bienal. Crédito da foto de José Ángel Leyva: Gabriela Bautista. Contato: joanaruas@sapo.pt. Página ilustrada com obras do artista Juan Bustillos (Bolívia).
El período de enero de 2010 hasta diciembre de 2011 Agulha Revista de Cultura cambia su nombre para Agulha Hispânica, bajo la coordinación editorial general de Floriano Martins, para atender la necesidad de circulación periódica de ideas, reflexiones, propuestas, acompañamiento crítico de aspectos relevantes en lo que se refiere al tema de la cultura en América Hispánica. La revista, de circulación bimestral, ha tratado de temas generales ligados al arte y a la cultura, constituyendo un fórum amplio de discusión de asuntos diversos, estableciendo puntos de contacto entre los países hispano-americanos que posibiliten mayor articulación entre sus referentes. Acompañamiento general de traducción y revisión a cargo de Gladys Mendía y Floriano Martins. |
terça-feira, 18 de novembro de 2014
José Ángel Leyva e a herança dos possíveis | Joana Ruas
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