I
Quem
conhece a obra de Péricles Prade sabe que ele se renova com o oculto nos termos
da hermenêutica na rubrica semiologia, cujos preceitos são de interpretação de signos
em seus aspectos simbólicos.
Quem
não conhece terá que “suspender a incredulidade” como pensava Coleridge. Um bom
começo é, para tanto, se oferecer sem reservas ao Sobre o livro mudo, 2014, no qual o hermético se diferencia de livros
anteriores por ter sido, exclusivamente, de ícones descritivos das operações pelas
quais se dá a Alquimia, provavelmente obra de Jacob Sulat, o didático, porém enigmático
Mutus Liber, publicado em 1677.
O
Liber, Livro, explica Péricles Prade em
nota introdutória, é composto por quinze gravuras que têm como objetivo o ensino
de “como, no laboratório e dentro do atanor (forno microcósmico e aquecedor do ovo
filosófico), na prática se opera a matéria-prima (ouro potável), visando à realização
da oculta Pedra Filosofal (Grande Obra)”.
O
livro de Jacob Sulat, portanto, é Mutus,
Mudo, embora as imagens por si mesmas falem na semiótica que potencializa alguma
narrativa. Isso pode ser verificado nas sequências desenhadas à maneira das histórias
em quadrinhos, o que significa dizer que no ato de serem vistas, na realidade são
lidas por meio das figuras que representam o que fazem. Imagens de gestos, que falam
por assim dizer, e na forma frontal que equivale à leitura oral de um texto.
As
imagens, de um modo geral, são facilmente assimiladas, não a relação entre elas,
ou seja, o que exprimem. Apesar de não haver nenhuma dificuldade de reconhecer as
de Mutus Liber nos aspectos de superfície,
a esfera a que se referem exige conhecimento, ainda que mínimo, do alquímico. Suponho
que Jacob Sulat dispensou as palavras por saber que seu livro estava destinado a
um pequeno círculo de pessoas, portanto, de iniciados. O mesmo ocorre nos poemas
do livro de Péricles Prade. As palavras que emprega são conhecidas, não suas reverberações
esotéricas. Impasse? De maneira alguma. O poeta foi receptivo ao que viu nas imagens,
coisa que o leitor deve fazer com os poemas para ter noções das propriedades da
poesia subentendidas nas palavras.
O DITO DO
LIVRO
Estas
poucas referências expositivas de Mutus Liber
foram a matéria-prima do livro de Péricles Prade. Seu alvo, no entanto, foi poético
no sentido de que a poesia para ele é alquimia do verbo, o que lembra, imediatamente,
Rimbaud, e não somente ele, pois a época em que viveu estava sob o signo da simbolização,
e em oposição ao determinismo e seus artifícios de que os poetas se resguardavam
com o cifrado de iniciações, que pretendeu afastar o vulgo, e o afastou com a poesia
que é condensação e transmutação.
Péricles
Prade, ainda na nota introdutória, adverte que seu livro é receptáculo de estudos
esotéricos, mas não é “um típico breviário didático – de caráter doutrinador – em
torno da Alquimia, transformando em escritura as lições contidas naquelas imagens”.
Então, escritura de rastros, cujo efeito poemático está acompanhado, em Sobre o Livro Mudo, pelas estampas de Jacob
Sulat, tendo, no sobrenome, o anagrama Salut,
soneto de Mallarmé, o supremo alquimista da poesia.
O
contraponto de iconografia e poema, em consequência, guia o leitor para onde o poeta
foi guiado com a livre associação de imagem figurada e palavra configurada, portanto
do interpretante no fluxo de consciência, compondo, em cada poema, o espelho dos
processos alquímicos no espelho alquímico de uma poética, que, por sua vez, faz
transparecer toda uma cultura do invisível que dignifica os segredos da recepção.
TRANSFUSÕES
Ao
longo de Sobre o Livro Mudo, que nesse
caso pode ser lido com a bibliomancia – que consiste em abrir o livro em qualquer
parte – as transfusões da iconografia à escritura em primeiro lugar indicam que
as gravuras não ilustram os poemas, e muito menos estes a elas. Em segundo lugar,
e por resultado do primeiro, gravuras e poemas têm acentuado grau de parentesco
em função da atividade interpretativa do poeta, que, de analogias, leva a algo que
delas está além: ao relacional por conjunção que articula a disjunção, fazendo da
matriz a geratriz poética de outro livro. Na rubrica geometria, a geração é uma
curva que se move e origina uma superfície. Ao se pensar essa curva efetuada de
um livro para outro, os poemas que o compõem são desvios no mesmo sentido da loxodromia,
a curva que uma embarcação à vela faz de seu lugar de partida até o lugar de chegada.
A
comparação pode ser engenhosa, mas o que importa é que tanto no velame, como na
velatura do poema, há o ponto velífero que reúne forças que fazem da embarcação
o que se transfere de um ponto para outro, assim como, em cada verso, a mente transportou
o poeta da recepção à emissão do poema, que vai fazer o mesmo com o leitor dependendo
de sua sensibilidade.
Esta
é, enfim, a semiótica imanente da arte relacional, que se distancia da disputa de
estéticas em favor de contatos entre aquele que faz e aquele que desfruta o feito.
Um cuidado de si no cuidado do outro.
VERSO E REVERSO
Das
imagens que falam, propícias são as que se velam nas dobras de si mesmas. Ou nos
lábios de quem vai dizê-las. Para tanto, há toda uma preparação de dispositivos
que filtram quem escreve no escrito.
O
que diz a epígrafe de Sobre o Livro Mudo
apresenta estas dobras, como também a respectiva nota na parte final. Na epígrafe
o pêndulo de Zohar na obsecração, revelo ou não revelo, e na nota o propósito do
poeta: construir a obra com palavras.
O
termo exotérico, portanto, é construção com o apelo ao esotérico ilustrado por Péricles
Prade com Jorge Luis Borges:
É distinta
a Grande Obra a que almejo e procuro: a construída com as palavras. Afinal, como
orou Jorge Luis Borges, cada palavra é uma obra poética.
Na
sexta, das sete célebres noites de Borges, simplesmente disse ele que a Cabala é
“uma espécie de metáfora do pensamento”. Bem, tudo era metáfora para Borges, o universo
a grande metáfora. E o livro deveria contê-lo com o pressuposto de que tudo sucede
pela primeira vez: quem vê ou lê um livro reinventa-o.
Não é necessário enfatizar que Péricles Prade foi
fiel ao preceito de Borges, o livro-espelho “que sempre nos revela outra face”.
As faces que Péricles Prade viu no Mutus Liber
têm o reflexo do âmago do símbolo, a ponto de se poder atribuir a ele a magia da cifra: Borges não sabia se foi “uma palavra
ou alguém”. Na sorte polissêmica dessa bisagra, o alguém da palavra foi o que Péricles
Prade fez falar das mudas imagens.
PEGADAS DE
PÁSSAROS
Depois
de ter escrito esta etapa do ensaio recebi, do autor de Sobre o Livro Mudo, uma cópia do livro que aborda Jacob Sulat, estudo
admirável de José Jorge de Carvalho, no qual as imagens canônicas da Alquimia foram
filtradas com as respectivas fontes que ficam sob o véu do enigma para o leigo.
O
estudo, para empregar uma figura de elucidação de perfeita e detalhada ciografia,
é o ingresso na simbolização alquímica, que, pela natureza de métodos e finalidades,
trata do oculto. E José Jorge de Carvalho adverte que é preciso sonhar para tê-lo
na aurora pessoal. Seu intuito foi, portanto, oferecer um feixe de funções da matéria
pela qual a compreensão do oculto pede a “viagem onírica”, subliminar então.
A
cópia do livro traz as digitais da leitura efetuada por Péricles Prade com marcações
em amarelo claro, sublinhados e com anotações marginais em preto, verdadeiro glossário
de ideias à maneira do grimório, a leitura gramatical que vai ser, posteriormente,
selecionada e recolhida no que se metaforizou como “linguagem dos pássaros”.
Para
quem vai interpretar esta dupla viagem, a do autor na matéria-prima e no repertório
que obteve, em primeiro lugar fica ciente de que o oculto leva ao oculto com a escrita
da imagem, desvio da argumentação ou da discursividade com o icônico como repositório
específico da simbolização, que ao esconder revela, e ao revelar esconde. José Jorge
de Carvalho, para essa ciência secreta, salienta a tríade da escrita da imagem:
literal, alegórica e hermética. O sentido hermético, originário, é o mais significante
por armazenar o espagírico e o espiritual. Química e anagogia que permeiam as imagens
sequenciais de Mutus Liber.
Publicado
no “ocaso da tradição alquímica”, o livro de Jacob Sulat é considerado canônico
ao privilegiar a imagem da Alquimia, e não a palavra, o que reafirma a suposição
que fiz antes de ter acesso ao estudo de José Jorge de Carvalho: Sulat preferiu
manter o velo sobre princípios que mediam o exotérico e o esotérico para que não
recaíssem nas mãos de incautos e charlatães. Velo é a imanente pele, camada indissociável
daquilo que oculta numa dialética que por meio da palavra pode ser distorcida em
comparação com a figura, que ao substituí-la, esclarece o segredo da imagem na imagem
simbólica.
Nesse
tópico, José Jorge de Carvalho aproveitou a oportunidade para rever os parabólicos
radicais de palavra e figura no sentido de obter luz na obscuridade que envolve
os processos alquímicos que oscilam do escrito ao desenhado, fazendo a pergunta
imprescindível: “será de fato a imagem pura a melhor alternativa para uma revelação
por escrito?” A resposta não é vaga, pois é baseada no criador da Alquimia:
Hermes
trouxe para os egípcios a escrita porque esta seria um modo mais preciso de fixar
o saber do que a imagem, isto é, teria um valor de remédio (phármakon) para a memória.
Com
a prerrogativa de que Sulat falou com a imagem, isso não quer dizer que tenha deturpado
a precisão alquímica, ficando as imprecisões por conta dos interpretantes que os
próprios alquimistas reconheceram. Assim, praticamente não importa se é a palavra
ou a figura, porém a versão dada por Derrida comentada por José Jorge de Carvalho:
o remédio para a memória é também veneno, ou seja: Sulat não empregou a farmácia
da memória, a escrita, e sim o que poderia evitar a contaminação, a imagem.
A
mudez do Liber, assim, fala. O Mutus também é Livre no silencioso, sem o qual o Adepto não poderia dizer como dizem
as figurações desde a Idade Média – por meios de gestos.
II
Prancha 1
| Durante a noite um jovem dorme e sonha.
/ Anjos o despertam para iniciar a Obra.
“NA ROCHA,
ADORMECIDO”
A
primeira imagem é frontispício do Mutus
e da tarefa alquímica, com título e inscrição cursiva dita como Filosofia hermética
com hieróglifos, dedicada aos filhos da arte do sol, sob os auspícios da misericórdia
divina.
O
desenho, com dois ramos na forma oval-vertical atados na base, mostra flores angiospérmicas,
rosa fechada e rosa aberta. Uma escada central liga terra e céu, a escada de Jacob,
com dois anjos anunciadores, prestes a acordar com as trombetas o possível Adepto,
o jovem reclinado na rocha que terá do céu o orvalho alquímico ou por meio dela
ascender e descender no recolhimento da “força das coisas superiores e inferiores”
no que diz a tábua de Hermes. Na escura
noite, a lua minguante figura a hora que chegou e prefigura o início da transmutação
com a lua nova.
Estes
sinais foram descritos numa ordem sucessiva do olhar para expor o predomínio da
paridade, quadro a quadro, nas demais gravuras. Quanto ao termo hieróglifo, tem
o sentido figurado, portanto símbolo do enigmista, aquele que se comunica por meio
do enigmático.
Sigamos
o enigmar de ambos os autores, esclarecendo que a hermenêutica dos poemas de Péricles
Prade é curiosa como perspectiva anamórfica típica do maneirismo, ou seja: recusa
o cientificismo empírico do início da era moderna com o antídoto de outra ciência,
a oculta.
Nos
três poemas de quem adormeceu na rocha, o poeta nos conduz à clareira de sua devoção.
E é ele que adormeceu para distender-se no mais oculto de si, no sonho lúcido, no
lucidar com o animal temido, mas recirculador, regenerador.
Silencioso, desperto
o alquimista, aquele que do escorpião
imitou igual defeito.
Do
enunciado tão claro um verso cabalístico: que defeito seria este que verte a poesia?
O escorpião não morde para viver, vive para morder. Animal da sombra e altivo entre
o equilíbrio e a tensão como é o empreendimento alquímico – entre o molhado e o
seco. Escorpião-arcano e o poeta-golem? O mimético não é defeito mesmo que seja
de um defeito, mas há o risco de quem traça o poema ao se curvar sobre si mesmo
para encontrar a alquimia do verbo, e o risco da emulação que daí decorre. Esses
são os traçados da iniciação que o poeta aspira no conhecimento hieroglífico das
cores e do sal da obra, o sal das palavras.
A
cada gravura do Mutus, variações da alquimia
do verbo, que é economia da linguagem. A operação poética é gota da gota como é
por etapas a alquimia. Constelações, o descer e o subir a escada. Separação de luz
e trevas, a ambivalência entre o imaterial e o material. O que é palpável no poema
é a matéria que se dissolve para dar lugar ao desprender-se do corpo no dizer da
luz que é dizer palavra. Muitas são as luzes do nascente, guardadas no poente, pois
o sol vai desejar a paisagem no que poderá ser.
Luz e trevas cortadas,
o sol ausente na paisagem
nem de longe se move
no espelho da natureza
por duas flores encantada.
Potencialidade
alquímica na potência precursora do poema: rosas místicas da complementaridade de
Michelangelo curvado diante da partição no teto, no poema abertas e fechadas “nas
mãos de Fulcanelli” adormecido na rocha do despertar.
Ao
fazer o alquímico falar nos poemas, seguem os versos cabalísticos na prudência do
adepto-poeta. A palavra escondeu-se “da fonética cabala”. Escondeu-se porque foi
escrita na luz branca com a luz negra, oral: na sonoridade da palavra o objeto de
seu nome. Era chave, o símbolo da língua submersa no som, ensino acroamático. Arca
da linguagem que se encontra no que não foi dito ainda. Luz escondida do anjo saturnino,
o sol da melancolia, entre ambos os sete degraus. Dotado de gênio, mesmo assim anjo-ajudante
no chumbo de seus dias. Melan (negro,
sombrio, triste), e chole (bile, fel,
veneno) – acídia e furor, o anjo longe e perto da arte. Lição ao poeta, que se exige
mais prudência na vigília para ter a graça de Daniel na luta com os anjos: “E assim
/ há de ser”.
Prancha
2 | O atanor foi aceso pelo casal com a exposição
do ovo filosófico pelos anjos, dentro Netuno que anuncia o nascimento do Sol e da
Lua.
“DIANTE DO
ATANOR”
As
gêmeas atividades, as idades da hóstia de ouro. Trismegisto: o ovo que está sendo
feito embaixo está sendo feito em cima. Aplicações singelas dos guias, os ajudantes
reverentes, cada qual na androginia de seus gestos. Cumprem as saudações ao forno,
onde está a gema e o filtro. Acima, na gravura, estão os anjos gêmeos que empunham
e mostram o crisol do que deve ser. Metáforas alquímicas para as metáforas do poeta.
O sol benfazejo aquece Netuno, senhor das águas, ladeado por Diana e Apolo crianças,
a Lua e o Sol. O mundo superior, divino, sobreposto no inferior, humano, espelhando-o,
e o pé direito do anjo que ultrapassa a linha divisória entre ambos.
Embaixo Mística Irmã e Flamel,
esposos
diante do forno sagrado, os joelhos
úmidos pelas preces no oratório
à margem da vela acesa.
Provavelmente
esposa de Flamel, o célebre alquimista francês, a Irmã é Dama Perenelle, que na
informação de José Jorge de Carvalho diz que Gilette Zigler, que biografou Flamel,
não teve dúvidas de que Sulat retratou-os, conúbio sem o qual a obra alquímica não
poderia ser iniciada.
Os
mundos limítrofes e complementares dos sopradores,
o casal, na separação de enxofre, mercúrio e sal no ovo aquecido. O poeta assiste
a cena, recinto de oratório sem portas e janelas, de cortinas ao proêmio do micro
ao macrocosmo.
Aqui serei o artífice
negado pelo soprador
amante apenas da matéria.
O
soprador se diferencia do operador, que segundo José Jorge de Carvalho
é aquele que ora ao estar espiritualmente
envolvido nas transformações da matéria.
A
matéria das palavras é então o vínculo do artífice na expectativa do poema, no expectante
sentido. Com o material da letra, que contém os mistérios de seu mundo suplementar,
a matéria verbal torna-se volátil, plana, quase a ave que se despista do que impede
o voo.
Prancha
3 | Círculos concêntricos, cosmos regido por
Júpiter, onde interagem princípios e naturezas.
“CÍRCULOS
DE SIMÉTRICO FASCÍNIO”
A
resolução inconsútil de Jacob Sulat é visionária nas polidas lentes acopladas, vidros
ou véus de esferas sucessivas e concomitantes da cosmogonia mítica-hermética.
Três são os círculos
de simétrico fascínio.
Mundos
que se dobram e se desdobram que Escher tentou representar, e esboçou, mas não pôde
ir além por não se tratar de ilusão de ótica, e sim da quarta dimensão, que prescinde
da gravidade perspectiva.
Os
três círculos da gravura são planos como são planas as palavras escritas, que uma
vez ditas se aproximam do imaterial pela vibração dos sons nos poemas. Digamos que
é o seccionado pequeno vidro de Sulat, no qual os espelhamentos afunilam-se no círculo
central regido por Netuno.
No
Zohar, como explicita Gershom Scholem
em A Cabala e seu simbolismo, tudo está
contido no todo, princípio que perdurou em versões tardias, como na do espanhol
Moisés Cordovero: “onde você está, aí estão todos os mundos”. O homem, portanto,
não precisa se movimentar na ascensão.
Decifra se for capaz
o enigma desse emblema
a Júpiter devotado.
Os
exegetas consideram o regimento de Júpiter destas esferas o mais enigmático, quem
sabe o mais complexo. Tanto é que são divergentes as interpretações do mitológico
neste estágio alquímico, o solar. Júpiter está acima das esferas, acomodado nas
asas da águia, e com cabeça que lembra a Fênix.
Não sei se é águia de estanho
ou Fênix,
a ave gigante cavalgada antes
de Cristo
pelo regente pai dos deuses.
A decifração do poeta não é menos enigmática, mantendo
a alquimia dos poemas sob a vigilância do saber mutável com o não sei sobre o estanho do criador dos deuses,
supostamente símbolo da juventude, pois Júpiter é Jovis, Jovem.
O
poeta se justifica por ainda não ter recebido a luz, como recebeu Böehme, e resta-lhe
o prazer de ver símbolos espelhados nos círculos sob os reflexos solares e lunares.
E delira sem perder o prumo das imagens, pois carneiro e touro “equilibram o vidro”.
A
metafísica corrigida com a mística: Netuno toca a esfera intermediária, a terra,
com o tridente, símbolo dos princípios da Obra: Mercúrio, princípio volátil; Enxofre,
princípio denso; e Sal, princípio fixador.
As
alusões nos poemas funcionam desta maneira, montagem intertextual, o poeta solvendo
e solvido em companhia de Netuno com sua corda atada à dama que repousa em sua beleza,
o companheiro à vista, tranquilo no leme.
Mulher,
mulher que sob os braços
agasalha o pavão de asas fechadas
após a captura do golfinho
coagulado para a pérola esposar.
Claudio
Willer viu nestes versos as núpcias alquímicas, porém da poesia. A mulher, no hermético
como esclarece José Jorge de Carvalho, sob as ordens de Netuno vai ao encalço de
quem pilota a onda, a mulher-peixe, Sereia, cercando-a com a lâmpada e a rede. José
Jorge de Carvalho:
Partindo
do princípio de que a posse da lanterna é quase sempre um atributo masculino, chego
a supor que essa mulher, cujos seios não são tão femininos quanto os de Melusina,
representa de fato algum tipo de hermafrodita.
Para sustentar o hermafroditismo da imagem, José
Jorge de Carvalho cita Canseliet e a etimologia que atribuiu à sereia, palavra que
vem do grego sirenê, composta por seir, sol, e enê, lua.
Quanto
aos takes poemáticos, o poeta continua
apreciando a metamorfia mítica, pois ainda não plantou “na agricultura celeste”
e não pescou “na água filosófica”.
Outros
mitos aparecem, metáforas operadoras. Édipo passeia, pés inchados, hermafrodita
da lua na testa, mas não do Mutus. A mulher,
na aparência a mesma que pescava, leva uma gaiola ou uma lanterna, que é a busca
filosófica.
Com o esperma de Urano
nos dentes
as pombas fiéis de Afrodite
sobre aquática Trindade sobrevoam
à sombra do ferreiro coxo.
A mulher da lanterna pode ser Afrodite, as pombas
que a identificam, e a rede que segura entre água e ar, o que confirma ter nascido
do esperma de Urano. Da infidelidade conjugal de Afrodite sabe-se que o coxo ferreiro
Hefesto fez uma rede, teia invisível, para apanhá-la com Ares no momento que o Sol
indicou com o piscar de olhos. Nesta esfera, a da terra, está uma pastora com um
jarro com sete flores, os espíritos que se ocultam na matéria-prima.
Oh espíritos ocultos de 7 cores
que a planetária pastora espreita.
Na
interpretação de José Jorge de Carvalho, o Sol pisca ao leitor, o poeta espreitando
no poema:
Como o do Sol
e o da Lua
meu olho direito só em parte vê
a desdobrada imagem no horizonte.
O
olho semicerrado concentra o campo de visão, e, na imagem desta prancha, as figuras
estão concentradas entre as curvas das esferas. O poema – de olhar entre a vigília
e o sono – vê os pássaros que chegam indicados por Juno tendo a seu lado o pavão,
a cauda pavonis, com as cores entre o
fim do nigredo e o início do albedo. A cauda ocelada do pavão, diz a mitologia,
tem os cem olhos de Argos, ali escondidos por Juno.
Prancha
4 | Recolhimento, do alquimista e sua irmã,
/ da flor celeste, o orvalho.
“SOB O ORVALHO
DE MAIO”
O
poema, ao se valer com perfeição do solver e coagular as palavras, tem o seu nome.
Insisto nesta imagem porque o poeta místico aspira a flor de seu firmamento, que
nos estágios alquímicos colhe o orvalho da noite de Áries e Touro, que estão frente
a frente, cada qual num lado da paisagem, no primeiro plano o alquimista e a irmã
torcendo a líquida toalha numa bacia. Acima, nos vértices da prancha, o sol e a
lua vigiam a tarefa reverente. Recolhem a “flor do céu” que está no Empíreo representado
pelo lençol de luz que desce até a aldeia. A gravura é singela e descreve o que
deve ser feito no amanhecer com o que é obra sutil da noite na primavera.
José
Jorge de Carvalho lembra que a arte da Alquimia é noturna, correlato do poético
no sentido de onde provém – da hora quieta do poeta “sob a radiação do grande arquiteto”.
A paisagem no poema é de Eliot e lembra Millet do Angelus.
Prancha
5 | O orvalho, no laboratório é levado ao
fogo, do qual / surge enxofre e mercúrio.
“ENTREGUE
AO DEUS DO SECRETO FOGO”
Na
sequência dos poemas desta prancha, o poeta acompanhou a feitura do laboratório
(orvalho, redoma, fogo, destilação, capitel, balão, vasilha, cal), na feitura da
poesia: a depuração. Seis são as operações do casal enfeixadas em três poemas. O
poeta, assim, sabe que no pouco dizer está o que tudo deve ser dito no feito alquímico
das palavras.
É no laboratório
que a teoria
o seu destino encontra.
O
final da elaboração do orvalho: a teoria é quatro triângulos, e a teoria da poesia
o ganho do que se perde no ato de escrevê-la. O frasco essencial, tanto no alquímico
como no poético, é entregue a um lunático, Vulcano, que tem dificuldade de caminhar
não somente por ser manco, mas porque leva uma criança. A poesia, beneficiando-se
de seu fogo, é a criança que conduz o poeta, o médium.
Prancha
6 | Continuação da prática alquímica: Apolo,
o Sol, recebe o que / foi vertido da rosa de seis pétalas, simbolização da filosófica
pedra.
“ACESA ROSA
DE SEIS PÉTALAS”
Quarenta
dias devem passar para que as operações alquímicas possam continuar com o símbolo
e sua prática mágica. A cocção foi retomada com o fogo aceso e do alambique nasce
a rosa de seis pétalas, oferecida ao deus Apolo.
O
mesmo ocorre nos poemas, mas neles desabrocha a escritura que oscila das referências
ao Mutus às transferências nas quais o
poeta é o artífice do verbo. E o número retorna no poema, não por extenso, cifra
mesma do que excede a descrição e situa a transmutação química na transversão do
escrito. Se o poeta pergunta sobre tais números, é na pergunta que está a resposta:
as 6 pétalas na revelação da preciosa pedra alquímica, na realidade do poema são
3 cores: branca, amarela e vermelha. O branco é polarizador, ou amálgama das demais
cores, no caso a matéria viva da luz no amarelo, equilíbrio, e no vermelho, força.
Prancha
7 | A via úmida passa à via seca com Saturno,
a nigredo, / que entrega vitríolo a Diana,
a albedo.
“ALÉM DA NEGRA
CABEÇA DO CORVO”
Esta
prancha se reveste de particular interesse na genealogia visualizada por Sulat,
que tem o caráter literal do que fazem os operadores que subentende a simbologia
alquímica. Literalidade e simbolização são inseparáveis, espelham-se nas interpretações.
Como
Sulat dispensou as palavras, fazendo a imagem dizer as operações alquímicas, nesta
prancha a descrição teve, no canto esquerdo da base da gravura, a inserção do símbolo
como explicação do processo que ali se vê. Portanto, uma nota visualizada como são
as notas de textos, marginais, ao pé da página ou no final do texto.
Na
inserção está Saturno, sentado numa fogueira e comendo uma criança, indício simbólico
da antropofagia, a putrefação por meio do pai devorador, a obra em negro do corvo
que chegará à purificação. José Jorge de Carvalho:
A ação
de Saturno reflete a Noite ou a Escuridão da Dissolução, a Cabeça do Corvo (caput corvi), desse Corvo que é a Coroação da Obra, visto que sem Putrefação não pode
haver Geração.
No
apuro com que José Jorge de Carvalho amplia a simbologia, ele não deixou de comentar
autores modernos imbuídos, direta ou indiretamente, dos poderes alquímicos do corvo
que bem conhecemos em Nietzsche, Poe, Nerval, Huyssmans, Strindberg, Rimbaud, Freud,
Ducasse, Stocker, Meyrink, Bataille e Yourcenar. Outros autores poderiam ser inseridos
nesse rol, como, por exemplo, Artaud.
Nos
três poemas desta prancha com a alegoria do devorador, o último privilegiou a nigredo geradora de Nerval e de Lautréamont,
chamados de “sacerdotes solitários”. De ambos sabe-se que Nerval teve conhecimentos
diretos da Alquimia, enquanto de Lautréamont pouco se sabe em todos os sentidos,
a ponto de Dali fazer seu retrato imaginário que tem a feição de um mago. O mago
de Cantos de Maldoror, que, com a intuição
poética da agressão, redime a força da vida. O que Lautréamont poderia fazer com
os náufragos? Abatê-los. O que sucedeu quando o porco nele se incorporou? Ficou
feliz.
Prancha
8 | O casal na oração da espera, o fogo apagado
no atanor, / o Mercúrio no ovo se realizou.
“OUTRA VEZ
NO DIMINUTO TEMPLO”
O
templo na parte inferior, onde está o casal alquimista em oração e reverência, acima
a anunciação mercurial obtida, representada no ovo que dois anjos seguram, dentro
o deus que tem na cabeça o pétaso de Hermes. Estende o caduceu com cinco serpentes
em cada lado. Seu pé direito pisa o Sol de sete raios, e, acima, aparece o Sol cósmico.
Águias voam em direção do ovo, cinco de cada lado, com duas que têm ramos nos bicos
perto do ovo.
Os
poemas são dois, cada qual unindo as duas esferas, a terrena e a celeste, que é
uma pausa na paciente e longa jornada física e espiritual dos estágios que levam
ao lapis, a pedra suprema. O forno está
em repouso, mas a operação alquímica da inércia prepara a albedo, que é a cauda pavonis,
a ocelada potência das cores.
Forno
e alquimista, por outro lado, são indissociáveis assim como poeta e poema. Alquimista
e poeta estão atentos ao que neles se passa e atentos ao interior do forno e do
poema. A eles a intuição da paridade deverá ser o zelo e a observação do amado fruto.
Prancha
9 | A purificação prossegue com a entrega
do líquido sutil, / pela operadora, ao deus Mercúrio.
“QUANDO MERCÚRIO
EXIBE DEZ PEQUENAS SERPES”
Outra
vez dois poemas à purificação alquímica simbolizada pelo caduceu de Mercúrio, e
com uma forma peculiar. No primeiro poema o poeta se coloca no lugar do alquimista
operador: deseja o maná, sendo o touro e o carneiro que se olham frente a frente.
No segundo, que prossegue o primeiro, o feminino é o agente, portanto mais ativo
e mais relacionado com o divino e sua matéria espiritualizada. O poeta bipartido
unifica-se no poema.
Prancha
10 | O ciclo das cores se completou, conjunção:
Apolo e Diana / de mãos dadas festejam o feito.
“REVELA-SE
A CONJUNÇÃO INCIPIENTE”
Na
primeira pessoa, quatro poemas revelam a conjunção. O número quatro sustenta o mundo
e o poeta sente-se comovido por ser o espelho que reflete a sabedoria obtida. Isaac
Newton, que conhecia a transmutação, concluiu que cada pedra poderia ser múltipla
quatro vezes, o que equivale ao número dez pitagórico, pelo qual se alcança a rubedo. Número do pequeno Redentor na mística
alquímica. Apolo e Diana comemoram a conjunção com o número dez.
Ao lado deles
é o número 10,
diminuto Cristo,
que em nome de Newton ou de Pitágoras
o segredo da multiplicação revela.
No
quarto poema, o poeta ouve e cala as conjunções dos nomes que fundam a poesia por
conta própria. São suas cores que são ouvidas e não esquecidas no ritmo dos tons
que fecundam a alquimia do verbo, a cor das vogais de Rimbaud.
Ouço o rumor do músico divino
quando o terceiro fogo,
nela escondido,
desperta-me como se desperta
de um sonho de cores audíveis
no exercício ardente
do tríplice trabalho.
Prancha
11 | Acima o regime Solar, abaixo as janelas
do laboratório abertas.
“MENINO EM
PÉ DENTRO DE UM OVO”
A
operação alquímica já obteve o ouro, e o menino dentro do ovo, ao pisar o sol com
dez raios, exprime o splendor solis, o
esplendor solar. Além do pétaso na cabeça, o deus ostenta uma espécie de máscara
com dois furinhos que lembram olhos e que metaforiza a coruja de Minerva. O forno
foi aceso outra vez, e o laboratório tem quatro janelas. O ovo, em forma de gota,
apresentado por dois anjos, reafirma o sentido alegórico, portador de símbolos no
imaginário do Mutus, porém imaginação,
por assim dizer, da própria matéria alquímica.
A
matéria dos poemas, ao seguir passo a passo a reanimação solar, vai de seu interior
ao interior da “criança divina que brinca”. São os poemas que brincam com o equilíbrio
da sublimação solar.
O Sol,
eixo de energias,
para o antigo lugar não olha,
apenas à
esquerda
mira os dedinhos de Mercúrio.
Embaixo,
os compenetrados nubentes
ao labor retornam.
Prancha
12 | O casal alquímico intercambia com Mercúrio,
o deus-princípio.
“PAISAGEM
DESPROVIDA DE RELÂMPAGOS”
A
materialidade do mercúrio aspira a flor do céu representada nos pratos, dispostos
na forma perspectiva triangular. Neles o orvalho se agita como são agitadas as nuvens
na esfera da lua, que, entretanto, não anunciam tormentas. As ondulações das nuvens
são ebulições na exegese de José Jorge de Carvalho:
Essa
insuflação astral promovida pela dama da noite nos faz penetrar na essência hermética
do orvalho: um mediador, que resolve a oposição entre as águas superiores e as inferiores.
O
hermético na essência é a energia plena do mês de maio, também configurada na força
do touro, prestes a desprender essa energia.
Sou, hoje e sempre,
o próprio touro alquímico,
o falo sempre ereto
porque em maio nasci.
Só o carneiro
com seus passos lentos
é animal que não se agita.
A
forma triangular, apontada para o alto, simboliza o fogo, que abriga o hermetismo
filosófico da Alquimia.
Na
paisagem sem relâmpagos, o imaterial e o material se atraem:
Espírito e corpo
corpo e espírito
em recíprocos movimentos.
Prancha
13 | A finalidade da multiplicação: os metais
chegam ao ouro.
“SOLENES VIRTUDES
DA MULTIPLICAÇÃO”
Os
três poemas desta prancha chegaram à hóstia de ouro da poesia. O que é da multiplicação
o número regeu.
Os números
fermentam.
Perdão
pede o poeta: o vértice do poema que apontava para cima, agora aponta a esfera do
ofício que escondeu “sob o manto da fábula da serpente”. Na brevidade dos poemas
a extensão de reflexos na palma da noite, obra da noite na manhã do poeta.
Sobre o minúsculo ser
triunfa a rosa futura,
hermética flor vital
por ela parida no escuro.
Prancha
14 | A Obra realiza-se e fica em segredo.
O forno / exibe, feliz, a pedra filosofal.
“LUDUS PUERORUM”
A
arte de cuidar do fogo: a Alquimia. E os que cuidam, na culminação das etapas, são
duas fiandeiras e um menino, que abandonou os brinquedos, bola e raquete. Os alquimistas
não são mais necessários, pois a multiplicação que se deu tornou-se simples, exigindo
“pouco esforço e muito resultado”.
A
prancha, com estas imagens sugere: “Todo o processo da obra se chama trabalho de
mulheres e brincadeira de criança”. Eles estão entre os três fornos e o casal e
seus gestos. Ambos apontam o indicador da mão direita para o alto, sinal de tarefa
bem-sucedida, e com dois dedos da mão esquerda sobre os lábios pedem silêncio, isto
é, segredo.
Reservei
a leitura dos poemas para depois de verificar o que é interpretado por José Jorge
de Carvalho. Os fornos, para o poeta, representam a “Trindade humana”.
Os três artistas com perfeição
recriam o fogo
zombando de Prometeu.
A
brincadeira é outra deste menino sabedor do cuidado do fogo, um fogo lúdico?
Também com as cores
hoje quero brincar: prefiro
violeta, azul, verde,
alaranjada, amarela ou mesmo
o vermelho falso.
Se
as cores da alquimia feliz fossem de uma pintura, o pintor seria o de contrastes
simultâneos: o verde estaria entre o violeta e o alaranjado, o azul ao lado do amarelo,
e o vermelho, uma vez aplicado, ficaria púrpura. Um espectro: solarium.
Na
Alquimia as cores têm funções semelhantes como obra solar na explicação de Canseliet,
citado por José Jorge de Carvalho:
A Alquimia é a separação do impuro
da substância mais pura. A mesma ideia de progressão constante, de melhoramento
concomitante na pessoa íntima do artista, é desvelada pelo vocábulo do que os alquimistas
queriam que designasse a cor e a natureza da Pedra Filosofal: o púrpura, proveniente do latim purpura, que é o vermelho subido; na alquimia do Verbo,
o puro do puro, pyr pyrós, isto é, o fogo do fogo.
O
“vermelho subido”: intensificado pelo rubi alquímico, subido de si com a cor inexistente,
porém a rubedo.
Não sei se é espelho
o compasso abandonado
que sob o frasco recolhi.
A
visão refletida e a visão interior, e os espéculos
pelos quais se atinge a natureza. O Aleph
de Borges, conclui José Jorge de Carvalho.
Além
das palavras no frontispício do Mutus,
Jacob Sulat grafou o que pode ser a epígrafe da última prancha, seu lema: Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invenies:
Reza, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás.
Prancha
15 | O Adepto transfigurado. O sonhador completou
/ a iniciação, reunindo-se ao imortal.
“SOB A PELE
DE UM LEÃO VERDE”
O
poeta conclui o sonho com a oração que solicita o despertar. O primeiro sonho sonhou
o seguinte, e assim por diante. De poema ao poema, até chegar à nudez da pele de
um leão.
O
corpo separou-se do corpo, o neófito transformado em Adepto. Transcendido, é coroado
por anjos infantis. E segura duas rosas, agora abertas. O casal, de mãos dadas,
segura a corda sob a qual está o transcendido que recebe a mesma mensagem em fitas
que saem de suas bocas: Oculatus abis:
Enfim, abriste os olhos. Clarividência.
Com
o anagrama percebido na mensagem, José Jorge de Carvalho supõe que Jacob Sulat tenha
sido o autor do Mutus Liber, sendo um
adepto: Oculatus abis anagramatiza seu
nome, Iacobus Sulat.
Aos
poemas o que é do poema: a alquimia, que se engendra de si mesma do solver ao coagular.
Da letra à consoante das palavras nubentes de nomes.
Clarividente
&
Mudo
A Obra terminarei em forma de
oração.
A estátua
no ar
continua suspensa.
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Agulha Revista de Cultura
UMA AGULHA NO MUNDO INTEIRO
Número 150 | Fevereiro de 2020
Artista convidado: Daniel Cotrina Rowe (Peru, 1966)
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
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revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS |
MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2020
A bela literatura
ResponderExcluirDo autor Péricles Prade
Eleva-me como confrade
Dessa preclara figura
De insigne cultura;
E exalta a Academia
Centenária, o que seria
A glória do centenário,
Não fosse o vil vírus vário
Em tempo de pandemia.
Minha exaltação ao Ilustre confrade da centenária Academia Catarinense de Letras (novembro 1920 - 2020)! Parabenizo este maravilho espaço literário por postar tão extraordinário material. Cordialmente. Laerte Tavares. ACL - Cadeira 16