“O que é isto?!”, perguntam os exegetas,
face às Magnalia Naturae, praecipue quoad usus humanos, de Francis Bacon.
A estrutura sintáctica do texto foi sabiamente escolhida, para ocultar essa questão,
por isso não é nele que acharemos resposta, sim em nós. Até que ponto nos cega a
arrogância, para negarmos ao autor de um texto publicado em 1627 (postumamente)
a ciência que lhe permite saber o que diz? Em 1627, se porventura não se sabia como
alterar a estatura e a fisionomia (e de quê? – de indivíduos ou de espécies?), esse
era no mínimo um objecto de investigação. Em 1627, se não se sabia fabricar diamantes
artificiais, no mínimo sabia-se que esse era um objecto pertinente de investigação
científica. Nada porém nos autoriza a dizer que não se sabia, excepto o medo, apesar
de vivermos já em república, e a razoável distância da escolástica. Pesa
no entanto sobre nós um paradigma que envolve o conceito de progresso, dificilmente
compatível com a aceitação do facto de que as Magnalia Naturae correspondam
a uma lista de práticas científicas do século XVII.
Esse e outros textos
de Francis Bacon, incluído o que traz por título “Sobre jardins”, constituem o objecto
do presente ensaio.
Sobre os jardins
A Natureza, na literatura
mais invocada em relação à sua presença marcante, seja a novela romântica que põe
em cena o selvagem, seja a utopia, nunca é selvagem. Essa natureza é a do jardim,
do pomar ou da vinha. Nada disto é considerado natural pelas Ciências Naturais.
Campos são cultura – agricultura.
Selvagem autêntico
é algo que hoje já só deve existir por convenção: convenciona-se que dado território,
na Amazónia, por suposição, com a sua flora e a sua fauna indígenas, é floresta
virgem. Virgem quer dizer intocado pelos homens.
Tudo aquilo que
se ama na literatura, desde os ribeiros que saem dos seus leitos para ouvirem de
perto os cantos de Orfeu, passando pelo locus amoenus em que pastores se
cortejam, até aos jardins civilizacionais das utopias, são produtos do engenho humano.
Recebem por isso da ciência a etiqueta de artificiais.
Em Francis Bacon
domina uma tese, que se espraia por todos os seus textos, e não apenas em “Of gardens”:
a de que é possível melhorar a vida dos homens, mediante o absoluto controlo da
Natureza por parte da ciência. Por conseguinte, o jardim, imagem do Paraíso, é um
artefacto humano, mais próximo até do divino do que do natural, sobretudo se atendermos
a uma outra linha de força do rosacruciano autor, a de que o homem é Deus para si
mesmo.
“Naturarte”, eis
o termo que melhor define o leque de acções transmutatórias da natureza através
do artifício humano. Modificar a natureza com a técnica e com a ciência é o programa
levado a cabo na Casa de Salomão, ou Colégio da Obra dos Seis Dias, na Nova Atlântida.
Não é um programa literário. Ele foi o modelo das academias de ciências. Sobre a
estrutura da Casa de Salomão se ergueu a Royal Society of London, e sobretudo, como
revela Antoine Hatzenberger, foi esse o modelo que presidiu à fundação e actividades
da Academia Francesa.
“Of gardens”, “Sobre
jardins”, é um pequeno texto de Francis Bacon, editado nos Ensaios, em 1625.
Começa por considerar Deus o primeiro construtor de jardins, e o jardim como a mais
perfeita construção que existe: Na verdade – escreve ele -, plantar jardins
é o mais puro dos prazeres humanos, isto é, aquele que constitui maior repouso para
o espírito do homem; sem jardins, edifícios e palácios não passam de construções
grosseiras; e vemos sempre que, à medida que os tempos desabrocham para a civilização
e para a elegância, os homens se preocupam em construir edifícios grandiosos e em
jardinar delicadamente, como se a jardinagem fosse o complemento máximo da perfeição.
De seguida propõe
um jardim cercado, e indica as espécies a plantar ou a semear, de acordo com a sazonalidade
e o clima de Londres. Para o Inverno aconselha, entre outras, o ananás, uma planta
exótica. Mais espécies exóticas são seleccionadas, o que de resto se revela nos
nomes, como as flores africanas, o cravo da Índia ou o abrunheiro de Damasco. O
damasqueiro, conhecido no Norte da China, é cultivado em numerosas variedades e
híbridos, em toda a parte.
A minha insistência
neste ponto, além de prolongar um assunto que estudo há anos, visa lembrar que o
cultivo de espécies exóticas, a criação de híbridos, etc., são instrumentos de modificação
da natureza. Não é só na utopia que ela se controla, a selecção artificial e a introdução
de espécies estava a ser recomendada por Francis Bacon aos seus contemporâneos do
século XVI e XVII, tudo indicando que eram práticas tão correntes como hoje.
Continua a curta
dissertação aludindo aos perfumes, doces no ar mas de que as flores são avaras,
salientando a violeta como a mais aromática.
Em relação à superfície,
Francis Bacon opta por uma geometria francamente simbólica, propondo, para o jardim
principesco, no mínimo “trinta acres de terreno”, divididos “em três partes: o relvado,
à entrada; um matagal ou deserto à saída; e o jardim principal, ao meio, além de
alamedas dos dois lados”.
Tão bem delineado
como o Templo de Salomão, o jardim terá então alamedas cobertas de doze pés de altura,
um monte no meio de trinta pés de altura, com três caminhos para subir a ele, água
e gaiolas para aves, colunas, pirâmides, um caramanchão para ágapes com fornos e
sem muito espelho, e mais nenhuma ornamentação além desta.
Não fora dar-se
o caso de Francis Bacon escrever um século antes de Anderson, e de estar bem identificada
a sua pertença à Fraternidade Rosa-Cruz, na qual ocupou o mais alto posto, o de
Imperator, e eu diria que o seu jardim é tão maçónico como a Quinta da Regaleira.
Aliás, se ele antecipou a engenharia genética e o armamento nuclear, não posso ter
medo de declarar que não há nada de mais maçónico do que a sua Casa de Salomão.
Maravilhas da natureza
“Saber é poder”, eis a mais conhecida máxima de Francis Bacon. Ela estabelece
a dimensão política do conhecimento científico, pois é de política que em geral
tratam as utopias, e é de política e ciência que trata o autor do Novum Organum,
da New Atlantis, e de obras mais miúdas como as Magnalia Naturae, praecipue
quoad usus humanos, ou Maravilhas da Natureza, destinadas sobretudo a uso humano.
As Maravilhas
da Natureza são um enigma. Trata-se de uma lista redigida de tal maneira que
ficamos sem saber o que é: um projecto de investigação? O rol dos resultados obtidos?
Um programa eleitoral com promessas capazes de dar a felicidade a um povo? Vejamos,
em tradução minha do francês:
Prolongar a vida
Devolver, em qualquer
grau, a juventude.
Retardar o envelhecimento.
Curar as doenças
reputadas incuráveis.
Minorar a dor.
Purgas mais fáceis
e menos repugnantes.
Aumentar a força
e a actividade.
Aumentar a capacidade
de suportar a tortura ou a dor.
Transformar o temperamento,
a obesidade e a magreza.
Transformar a estatura.
Transformar a fisionomia.
Aumentar e elevar
a capacidade cerebral.
Metamorfosear um
corpo noutro.
Instrumentos de
destruição, como os da guerra e o veneno.
Tornar alegres os
espíritos, dar-lhes boa disposição.
Poder da imaginação
sobre o corpo, ou sobre outro corpo.
Acelerar o tempo
no que respeita às maturações.
Acelerar o tempo
no que toca às clarificações.
Acelerar a putrefacção.
Acelerar a decocção.
Acelerar a germinação.
Fabricar compostos
ricos para a terra.
Forças da atmosfera
e nascimento das tempestades.
Transformação radical,
como a que se verifica na solidificação, amolecimento, etc..
Transformar as substâncias
ácidas e aquosas em substâncias gordas e oleosas.
Produzir alimentos
novos a partir de substâncias que actualmente não são utilizadas.
Fabricar novos fios
para as roupas; e novos materiais, a exemplo do papel, do vidro, etc..
Predições naturais.
Ilusões dos sentidos.
Maiores prazeres
para os sentidos.
Minerais artificiais
e cimentos.
[Francis Bacon, Maravilhas da Natureza, destinadas sobretudo a uso humano]
Os problemas levantados
pelas Magnalia Naturae não se cingem
ao literário, pois está bem de ver que, num primeiro nível de interpretação, a dificuldade
advém da inexistência de estruturas sintácticas que definam o tempo e o modo de
cada enunciado. Ora é crucial saber se, por exemplo, no último, “Minerais artificiais
e cimentos”, Francis Bacon se refere a ter ele conseguido obter diamantes artificiais
em laboratório, ou se a frase corresponde a um projecto de investigação para o futuro.
É que a realidade científica actual dessa indústria exclui a hipótese de se tratar
de um produto da sua imaginação.
Tudo se torna claro
e simples, mas claro e simples apenas na dimensão literária, se entendermos o texto
como cábula para ajudar à redacção da lista das conquistas da ciência postas ao
serviço do bem-estar dos habitantes de Bensalem, na Nova Atlântida. Isto
é, as Maravilhas da Natureza seriam um memorando, uma lista para ser usada
noutros livros do autor, onde os assuntos são descritos com mais pormenor, mas não
para publicar como texto independente.
Vejamos o problema,
quando, diante das Magnalia Naturae, alguém pergunta, espantado: “O que é
isto?!” O texto não é um poema, nem uma fábula. Aliás, nem as utopias podem tão
simplistamente ser catalogadas como ficção. Estamos a lidar com textos políticos
e científicos, e sobretudo com textos políticos e científicos que nos põem diante
dos olhos conhecimentos, objectos e aparelhos cuja existência desconhecemos na época
em que foram publicadas as utopias. A minha mais espontânea e sincera reacção face
a estes documentos é a de os considerar falsos: alguém, no nosso tempo, publicou
esses livros, atribuindo-lhes uma data remota. O raciocínio está errado mas não
é artificial. Pelo contrário, é naturalíssimo, vem na sequência do que sabemos do
autor, uma figura misteriosa e problematizante, cujos lances biográficos mais polémicos,
a serem verdadeiros, confinariam com o crime: como chanceler da rainha Isabel I,
Francis Bacon caiu em desgraça, acusado de corrupção; foi-lhe atribuída a verdadeira
autoria dos manifestos Rosa-Cruz - Fama Fraternitatis (1614), Confessio
Fraternitatis (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz. Também
foi acusado de ter sido ele o verdadeiro autor da obra completa de William Shakespeare.
Enfim, outros acusam-no de ser mais alquimista do que homem de ciência, e de não
passar de um divulgador, limitando-se a vulgarizar as descobertas científicas e
as tecnologias do seu tempo.
Não parece que a
situação se tenha esclarecido com o rótulo de divulgador, por isso vejamos mais
de perto as electricidades, os submarinos, os microscópios, as genéticas, e as telefonias
e telefones popularizados por este homem no século XVII.
Teres e haveres
As Maravilhas
da Natureza, em especial destinadas a uso humano, são aquilo que, na Nova
Atlântida, aparece regido pelo verbo “ter” e conveniente sujeito. Cito Carlos
Fiolhais, para não traduzir eu: “Temos
todos os meios de transmitir sons em caixas e tubos, em linhas e distâncias estranhas”.
Como é que nos finais
do século XVI, princípio do século XVII, um cientista foi capaz de imaginar o gira-discos,
o telégrafo, o telefone, a televisão, até a Internet? A imaginação não tem limites?
Trata-se de delírio poético?
Carlos Fiolhais
classifica estes enunciados como antecipação científica. Existe um exemplar da Nova
Atlântida, anotado à margem por um contemporâneo de Francis Bacon, Christopher
Wren, que vai acompanhando com exemplos comprovativos os teres e haveres enumerados,
como revelam as notas de Michèle Le Doeuff à edição de La Nouvelle Atlantide
da Flammarion. Christopher Wren não é o único a achar normal a lista de teres e
haveres que consideramos fantásticos, e a manifestar a ideia de que Francis Bacon
se comportava como um divulgador da ciência. Mas vejamos: etiquetar Francis Bacon
como divulgador é tão extraordinário como considerá-lo autor de ficção científica.
Não parece que tenhamos saído do reino das ciências ocultas com nenhuma das soluções.
Para resolver o
problema houve quem tivesse criado modelos de leitura, o que não quer dizer que
ele esteja agora resolvido. Hatzenberger refere o modelo proposto por Raymond Trousson,
com três aproximações: na primeira, far-se-ia o inventário de todas as descobertas,
identificando as intuições, os pressentimentos e as antecipações. Na segunda, procurar-se-ia
analisar a vontade do utopista em vulgarizar a ciência; a terceira aproximação consistiria
em perguntar qual foi o papel das ciências e das tecnologias na utopia, uma vez
que elas afectam a organização política, social, e mesmo a natureza humana, num
manifesto de que a ciência é útil para o progresso social.
Por estas razões
de programa eleitoral, ou ideológico, patente nas utopias, não é possível tomá-las
como puras ficções, no interior das quais as tecnologias de vanguarda decorressem
de delírios da imaginação dos autores. Note-se, no método citado, que a imaginação
nem é referida. Pode apenas ser entrevista no primeiro modo de leitura, o que contempla
as intuições, os pressentimentos e as antecipações. Mas perguntemos: que lista é
esta, em que as antecipações fecham uma tríade encabeçada por intuições e pressentimentos?
As utopias são textos místicos? É penoso responder. Diria que sim, que há nelas
componentes New Age. Apesar de parecerem afastadas dos propósitos religiosos e estéticos,
e mais próximas das ideologias políticas, Cioran não receia considerá-las aberrações
intelectuais. É que no horizonte das utopias, como em qualquer messianismo, rebrilha
a promessa de salvação. Cioran não suporta a ideia de que a ciência possa ter a
pretensão de resolver a questão social, e resolvê-la com remédios mais ou menos
miraculosos.
É aquilo a que Marquer
chamaria a propaganda eleitoral: movemo-nos no jardim da política, a garantir que
a ciência aplicada é a instituição capaz de transformar em Paraíso a vida na Terra.
Concessões à novelística e à poesia há poucas, e manifestam-se mais na cobertura
esotérica de certas descrições, caso da Casa de Salomão, que à evidência é o Templo
de Salomão das sociedades iniciáticas.
Na parte final da
Nova Atlântida, os resultados práticos obtidos pelos cientistas são apresentados
não como programa eleitoral, sim como resultados da eleição de governantes que de
há muito vêm cumprindo todas as promessas feitas. Por isso Bensalem já não é uma
ilha oculta. Para os estrangeiros, ela é a revelação do Jardim do Paraíso, em que
todos têm.
Nós temos é a frase dominante
da lista. Ela define a satisfação dos sentidos, uma vez atingida a felicidade do
corpo e do espírito com o conforto e o consolo proporcionados pela ciência. Nada
falta em Bensalem, os ilhéus têm tudo, incluída a “Água do Paraíso”, que cura todas
as doenças e concede o prolongamento da vida.
Entre os muitos
teres e haveres, vejamos o que se passa com a jardinagem:
“Temos também extensos
e diversificados jardins e pomares nos quais investigamos menos a beleza do que
a variedade de terras e de solos que convenham a diferentes árvores e plantas. […]
Levamos a cabo neles todas as experiências possíveis relativas a diferentes técnicas
de enxertia, tanto em árvores frutíferas como selvagens, o que dá muito resultado.
Conseguimos, com a nossa arte, nestes mesmos vergéis e jardins, tornar mais precoces
ou mais tardias as árvores e as flores; também conseguimos que as árvores cresçam
e frutifiquem mais depressa do que é natural nelas. À força de arte, tornamo-las
maiores do que seriam pela sua natureza; os frutos são maiores e mais doces; o seu
sabor, o seu perfume, a sua cor e forma são diferentes dos que encontramos em estado
natural. Entre estas plantas, são numerosas aquelas que modificamos de tal modo
que se tornem úteis de um ponto de vista medicinal”.
À força de arte, escreve Sir Francis
Bacon. O que o homem cria é naturarte, próprio da Arte. Qual a diferença entre os
produtos da selecção humana e os produtos da selecção natural? Para nós, que nos
limitamos a usufruir dos bens que a ciência nos concede, eis uma das raras respostas
claras: os frutos da selecção humana são maiores, mais substanciosos, mais saborosos,
mais belos. Mas não é com novas espécies que a ciência consegue salvar a Humanidade
do colapso ambiental que ajudou a criar na Terra.
Concluindo com idolatria
Não resolvi os problemas
que Francis Bacon levanta, limitei-me a apresentá-los nesta assembleia. Em minha
defesa direi que ensaístas bem mais preparados, e munidos até de grandes conhecimentos
científicos, também os não solucionaram. Cioran espanta-se: Como é possível que
os utopistas tenham falado de coisas que só no nosso tempo se descobriram? Os escritores
são profetas, magos ou adivinhos? Cioran insulta as utopias, diz que são taras.
Persuade-se assim de que resolveu o problema.
Francis Bacon tem
resposta para a nossa incompreensão: cega-nos e tolhe-nos a idolatria…
O pensamento está
preso em falsas noções, aquilo a que o autor, no Novum Organum, chama os
ídolos. Em especial os idola theatri, a idolatria pelos sistemas, a cegueira
provocada pelos paradigmas e modelos. A ideologia do progresso impede-nos de pensar
que tivesse existido ciência em séculos anteriores àquele em que nós admitimos a
sua assunção. Cegamos com os idola fori, os nossos espelhos narcísicos, esses
que nos obrigam a decretar que a verdadeira ciência só despontou no século XXI,
e está bem de ver que um resto de pudor não me deixou assinalar esse nascimento
com o meu próprio nome…
Página ilustrada
com obras de Sérgio Bonzón (Argentina,
1959), artista convidado desta edição.
*****
Agulha Revista de Cultura
Número 109 | Abril de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
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