A mestiçagem será o tema
central da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará. “Nossa cultura é mestiça em sua essência.
É exatamente para isto que estamos chamando a atenção, para um melhor
conhecimento, aceitação e integração de nossas raízes”, diz o
escritor Floriano Martins, que responde pela curadoria do evento, que será
realizado de 12 a 21 de novembro, em Fortaleza. Antes de aceitar o desafio de
ser curador da Bienal cearense, Floriano fez questão de saber se teria carta
branca para poder alterar rotas e ajustar formatos que julga esgotados em
relação a outras feiras do livro país afora. O próprio conceito de “feira” está
sendo reavaliado e posto em questão. “Acho
que há um desequilíbrio nas razões culturais e de mercado que atuam em eventos
desta natureza”, argumenta. Garantida a desejada autonomia para
proceder a uma reformulação conceitual da Bienal, Floriano faz uma aposta
ousada: em vez de privilegiar nomes midiáticos para compor a lista de
palestrantes e de autores convidados para as costumeiras sessões de autógrafos,
dará preferência a mesas redondas e iniciativas que privilegiem, sobretudo, o
exercício da reflexão. “Trata-se
de equilibrar as relações entre cultura e mercado. Evidente que não se quer dar
importância menor ao setor comercial, muito menos à circulação de um grande
público. O que nos cabe acrescentar é a necessidade de maiores qualificação e
diversidade daquilo que se vai ofertar ao público, bem como das perspectivas de
negócios”, pondera. A programação, que conta com um bom número de
autores e produtores culturais de diversos países da América Latina, evidencia
que será dado amplo destaque ao diálogo entre duas comunidades lingüísticas: a
de língua portuguesa e a hispânica. “É
indispensável ousar, de maneira a apresentar soluções para uma política
cultural consistente”, resume Floriano. A seguir, os melhores
momentos de uma conversa, por e-mail, com o curador da 8ª Bienal Internacional
do Livro do Ceará: [LN]
LN As feiras do livro, país
afora, têm se transformado na verdade em grandes saldões, nos quais livreiros e
principalmente distribuidores aproveitam a oportunidade para desovar estoques e
encalhes a preços de ocasião. Em que medida a Bienal do Ceará pretende se
diferenciar desse modelo viciado, que já dá sinais visíveis de esgotamento?
FM Começamos aqui a tratar
da Bienal por sua área comercial, embora o esgotamento a que te referes esteja,
para mim, mais na sua outra área, geralmente identificada como a das sessões
literárias. De qualquer maneira, penso que o grande dilema da área comercial
está em sua ausência de organização, no estabelecimento – e cumprimento – de
regras mínimas de organização que sejam redigidas contratualmente em nome da
totalidade do projeto Bienal e não para atender a casos particulares. Houve já
uma conversa entre Curadoria, Sindilivros e RPS Eventos. Todas as editoras e
livrarias inscritas assinaram um contrato onde consta um novo conjunto de
regras de organização que recupera a qualificação do setor de vendas, regras
que tratam da arrumação ambiental dos estandes, da utilização de aparelhos de
som, dos balcões de saldos, dos limites de venda sobre produtos que não sejam
livros (material de papelaria, brinquedos etc.). Uma vez definido o mapa geral
das editoras e livrarias que participarão do evento, pretende-se ainda ter com
todas elas uma nova conversa, esclarecendo sobre a importância do conceito
atual e propondo uma maior integração ao mesmo.
LN Você sugere, no início
de sua resposta à pergunta anterior, que identifica um esgotamento também nas
sessões literárias. Onde você vê os sintomas mais nítidos desse esgotamento? E
quais os antídotos de que pretende lançar mão para evitá-los?
FM Acho que há um desequilíbrio
nas razões culturais e de mercado que atuam em eventos desta natureza. Maior
acento na área de mercado implica em demasiada dependência de suas cotações e
exposições de mídia. Estes aspectos podem, em geral, assumir uma conotação
negativa em um ambiente cultural fragilizado como o que temos hoje no Brasil.
Posso ser acusado de eufemismo, porém tento aqui apenas evitar cair em seu
revés, o sentido catastrófico derrotista. O fato é que é preciso evitar
simplificações e reiterações temáticas na formatação das sessões literárias,
inclusive qualificando o mediador das mesas de maneira a não permitir que as
explanações dos convidados caiam no vazio, sem que os encontros produzam tanto
um enriquecimento crítico no público quanto perspectivas de parcerias entre as
partes envolvidas. Posso dar aqui dois exemplos, referentes a mesas de debate:
uma delas reúne diretores dos mais atuantes Centros de Estudos Brasileiros
existentes na América Hispânica, o que nos permitirá uma avaliação do
comportamento do Itamaraty e sua política cultural no tocante à integração
continental; uma outra mesa, com dupla jornada, reúne algumas das principais
editoras universitárias do país, ocasião em que evocará aspectos como
planejamento editorial e distribuição. As próprias sessões de leitura de poemas
serão mais abrangentes, permitindo aos poetas comentarem sobre sua poesia e
responder a perguntas do mediador e do público. Enfim, trata-se de dar mais
substância ao evento.
LN Como avalia o formato
que tem sido levado a efeito pela organização da feira do livro de Parati, a
Flip? Parece-me que eles buscam exatamente fugir do esquema tradicional e
sonolento das tardes de autógrafos das bienais, estabelecendo-se como uma
verdadeira festa literária ao ar livre – em que as atrações naturais e a
arquitetura histórica da cidade são elementos de atração para o público – mas
sem esquecer o lado da reflexão e da discussão de ideias. O que este modelo tem
a nos dizer, quando pensamos em uma bienal do livro realizada em um estado
solar como o Ceará? Seria ingenuidade demais supor que um evento desse tipo,
desde que planejado convenientemente, poderia vir a contribuir também, de
alguma forma, para a qualificação do turismo regional?
FM Talvez haja no tema mais
de armadilha do que propriamente de solução consistente. Se acaso tivéssemos um
planejamento educacional em curso – refiro-me em termos federais –, neste caso
seria salutar contar com a adesão de uma agenda turística. Como é outro o
cenário, a solução passa a ser um artifício que interessa mais ao imediatismo
de mercado do que propriamente à cultura. É quando menos uma solução fácil e
temporária. Evidente que caberia aproveitar melhor a condição solar do Ceará, e
neste caso seria uma fortuna poder contar com ações integradas das áreas de Educação,
Cultura e Turismo. Soa quase como um milagre, porém um milagre que nos traria
um bem imenso. Recentemente eu estive em Sidney e fiquei impressionado como um
ousado planejamento urbanístico pode trazer benefícios sólidos para uma
comunidade.
LN Para o leitor que quer
garimpar nas bienais, os estandes das editoras universitárias e internacionais
reservam sempre boas surpresas. Contudo, quase sempre, é relegado a elas um
espaço quase marginal nas feiras do gênero. Há algum plano específico para
valorizar essas editoras?
FM Na área das sessões
literárias, como recordei há pouco, foi criada uma série de mesas de debates
envolvendo editores universitários de vários estados brasileiros. No caso das
editoras internacionais, foi estabelecida uma área de 234m² dedicada a um
conjunto de editoras dos países hispano-americanos. Estas editoras participarão
pela primeira vez de uma feira no Brasil, e aqui estarão reunidas através de
acordos que estamos definindo com suas entidades de classe (redes, alianças,
câmaras setoriais etc.). Muitos dos editores também participarão de mesas de
debate sobre mercado editorial na América Latina. Evidente que também teremos
aqui editoras de Espanha e Portugal, através de seus representantes legais,
como já é feito habitualmente.
LN A nova edição da bienal
cearense movimenta-se em torno de um grande eixo, o da mestiçagem. Não há o
risco de um evento monotemático, que deixe de contemplar outros campos de
interesse mais amplo do público leitor e dos visitantes?
FM Mas é monotemático
apenas tecnicamente. Afinal, nossa cultura é mestiça em sua essência. É
exatamente para isto que estamos chamando a atenção, para um melhor
conhecimento, aceitação e integração de nossas raízes. Trata-se de uma
concentração que permite uma expansão em larga escala. Criar condições para um
diálogo entre as culturas de língua portuguesa e espanhola, culturas espalhadas
por quatro continentes, é exatamente uma forma de evitar políticas
discricionárias dessas culturas, de evocar a diversidade com consistência, de
sugerir novos mecanismos de tratamento com a produção do livro etc. Ao
contrário do que temes, público leitor e visitantes encontrarão um leque mais
amplo de oferta, tanto no que diz respeito aos livros expostos quanto à
presença de temas e autores em contato direto com eles.
LN No ano passado houve um
encontro preparatório ao evento, que teve como objetivo estabelecer a agenda
geral da Bienal. Quais as grandes conclusões e quais os rumos decididos naquele
encontro prévio?
FM Tão logo foi aceito o projeto
apresentado pela curadoria à Secretaria da Cultura, tratei de eleger um
convidado em cada um dos 30 países envolvidos, no sentido de obter informações
precisas sobre autores, instituições, perspectivas de parcerias etc. Tínhamos
então em mente a ideia de realizar uma série de eventos preparatórios, reunindo
em cada um deles sete ou oito desses parceiros eleitos. A primeira edição
trouxe a Fortaleza produtores culturais de Chile, Colômbia, México, Peru,
República Dominicana e Venezuela. Todos os convidados contavam em seu currículo
com experiências de curadorias de feiras e encontros internacionais de
escritores, em seus respectivos países. Ali comentamos sobre as estratégias
necessárias para um diálogo entre nossas culturas que não fosse mais tangencial
ou retórico. Então definimos a abrangência conceitual da Bienal do Ceará e sua
estrutura, aspectos que foram sendo realçados, enriquecidos, na medida em que
fomos conversando – através de correio eletrônico – com os parceiros de outros
países que não puderam estar conosco fisicamente e com instituições brasileiras
(sobretudo instituições ligadas ao Governo do Estado do Ceará). Este primeiro e
único encontro foi o suficiente para definir toda uma política cultural que se
caracteriza por uma abertura não somente em seu eixo temático, mas também em
sua maneira de legitimar parceiros que possam contribuir para o engrandecimento
do evento.
LN O material de divulgação
do evento, já distribuído à imprensa, menciona a existência de um “pavilhão
especial”, dedicado a Cuba e Venezuela. Qual o sentido dessa iniciativa? Não
estaremos diante de uma politização explícita de um evento eminentemente
público?
FM Em geral, feiras de
livros costumam eleger um país como homenageado. O Brasil mesmo já foi
convidado em tal condição por alguns eventos internacionais, e aqui antecipo
que será o país convidado da Feira do Livro da República Dominicana, a se
realizar em maio de 2009. Jamais se considera como – politização explícita – um
convite dessa natureza, sendo ou não. O que há de visível no que estamos
fazendo é que passamos a tratar por – pavilhão especial – o que costumeiramente
se chama – país convidado –, e que em nosso caso escolhemos dois países e não
apenas um. Isto além do vício ideológico que limita a compreensão que temos a
respeito desses dois países. Contudo, pensemos no que não está visível: Cuba e
Venezuela possuem destacada importância em termos de integração cultural na
América Latina, especialmente na área do livro. Há 50 anos surgiu em Cuba a
Fundação Casa das Américas, seguida 10 anos depois pela venezuelana Monte Ávila
Editores. Também na Venezuela é fundamental o trabalho realizado pela Fundação
Biblioteca Ayacucho, sem falar na criação recente da Fundação Editorial El
Perro y La Rana. São aspectos relevantes que necessitam ser reconhecidos
internacionalmente e, mais do que isto, que necessitam de ampla discussão, para
que assim possamos redefinir perspectivas do mercado editorial em todo o
continente. Que haja implicações políticas nisto tudo, não resta dúvida. Este
será um bom momento para discutir as políticas relacionadas ao livro e à
leitura no Brasil, por exemplo, ou seja, como a nossa democracia tem enfrentado
este tema.
LN Pelo que se lê também no
material de divulgação, a Bienal do Ceará pretende romper com outro hábito
arraigado nas demais feiras espalhadas pelo país. Irá valorizar a discussão, a
cultura e a reflexão, em detrimento das costumeiras tardes e noites de
autógrafos com autores midiáticos e geradores de grande público. É, sem dúvida,
uma opção ousada. Houve, até agora, alguma reação manifesta em relação ao novo
formato?
FM Trata-se, como já
frisei, de equilibrar as relações entre cultura e mercado. Evidente que não se
quer dar importância menor ao setor comercial, muito menos à circulação de um
grande público. O que nos cabe acrescentar é a necessidade de maiores
qualificação e diversidade daquilo que se vai ofertar ao público, bem como das
perspectivas de negócios. Trata-se de uma ousadia, sabemos, porém pode alcançar
um efeito imenso se contarmos com o empenho de todos os parceiros – sobretudo,
neste caso, a própria mídia – na definição de uma escala maior de abrangência e
renovação deste evento maior do Estado do Ceará. É preciso ousar, e a Bienal em
si é já um projeto consistente, que existe há 16 anos, ou seja, que
naturalmente permite – e até mesmo exige de todos nós que a fazemos – um
avanço, uma inovação. Eventuais reações manifestas em relação ao formato atual
serão recebidas como parte valiosa de um processo de renovação. Até o momento,
no entanto, temos recebido uma completa e declarada simpatia de todos os
parceiros envolvidos.
LN Nesse caso, qual o
critério que será estabelecido para o convite de autores estrangeiros? Serão
privilegiados os grandes nomes da literatura americana de língua hispânica ou,
ao contrário, dar-se-á preferência a autores não tão conhecidos assim do
público brasileiro ? se é que nós, leitores brasileiros, podemos dizer que
conhecemos algo dela?
FM Tua pergunta já traz
consigo a resposta. A única literatura hispano-americana que conhecemos é
aquela que se internacionalizou via mercado editorial europeu ou estadunidense.
Nosso critério será, antes de tudo, o de criar uma rede atuante de referências
literárias envolvendo todos os países. Buscamos nomes expressivos do ponto de
vista estético e que ao mesmo tempo sejam influentes produtores culturais,
estejam à frente da direção de revistas ou de quaisquer outros projetos
editoriais, incluindo traduções, ensaios etc. Buscamos assim desenhar uma
agenda com desdobramentos, que não se defina unicamente por uma festa em
isolado. Claro que estamos cientes dos riscos, pelo quase total desconhecimento
desses autores da parte do público, porém o desafio é fascinante e requer uma
atenção maior quanto ao plano de difusão da Bienal.
LN Qual o papel que caberá
à revista Mestiça, a ser lançada durante o evento? Qual a linha
editorial desta publicação? Será um número isolado ou há a possibilidade de se
pensar em uma periodicidade para ela?
FM A revista Mestiça
encontra-se em fase de definição estrutural e formação de equipe. Foi
originalmente pensada para ser uma publicação de circulação quadrimestral, com
distribuição gratuita, que funcione como veículo informativo não apenas da
Bienal em si (em suas atual e futuras edições), como também de toda uma
política do Estado do Ceará ligada ao livro e à leitura, abrangendo ainda os
diálogos com eventos similares em outros lugares do país e no exterior.
Informativa e reflexiva, cabendo ainda em sua pauta recuperar e destacar
aspectos relevantes de nossa cultura.
LN Anuncia-se também a
criação da “Coleção Biblioteca Bolivariana”, cujo nome de batismo já embute uma
orientação explícita de natureza política e ideológica. Há títulos definidos?
Quais os critérios de escolha?
FM Novamente o ardil de
natureza política e ideológica. O nome foi pensado como uma espécie de
reconhecimento ao trabalho de mapeamento cultural latino-americano
desempenhado, na Venezuela, pela Fundação Biblioteca Ayacucho. E encontra na
figura de Simon Bolívar um ícone ideal na representação de esforços por uma
integração continental. A pauta editorial primará por títulos que correspondam
a esta perspectiva, autores que tenham escrito sobre origens, integração,
mestiçagem, ao lado de um conjunto de obras que permitam uma aproximação do
leitor brasileiro da produção intelectual e literária da América Hispânica. E
naturalmente a recuperação de acervo literário cearense. Há um planejamento
editorial de lançar 10 primeiros títulos na Bienal, em novembro. Dentre os
autores encontram-se o argentino Juan Gelman, o nicaragüense Pablo Antonio
Cuadra e o brasileiro Thomaz Pompeu Sobrinho. Em boa parte são obras coligidas,
acompanhadas de estudos críticos. O que não impede a publicação de títulos
independentes.
LN A maior parte dos
visitantes das feiras dos livros são crianças, que quase sempre chegam em
grandes caravanas escolares. Isso é sempre bastante louvável, já que a Bienal
funciona também como uma formadora de potenciais leitores do futuro. Contudo, nem
sempre as visitas desses estudantes são feitas de forma organizada e
devidamente orientada, o que gera mais congestionamentos nos corredores do que
propriamente um contato efetivo das crianças com o mundo dos livros. Não seria
a hora de avaliar esta questão?
FM Retomamos o tema da
desorganização. Não vou minimizar o problema, porém não se pode fugir da
necessidade de estabelecer uma agenda de visitação que seja cumprida com rigor.
Ao mesmo tempo, há que se compreender que é insuficiente tal iniciativa, que
exige um cuidado prévio que envolve contatos com setores do ensino público e
privado, a elaboração de uma cartilha a ser distribuída nas escolas etc. Há
todo um trabalho preparatório que demanda empenho e atenção. Temos um setor da
curadoria cuidando especialmente disto.
LN É curioso notar que
Chico Anysio, mais conhecido por sua atuação na televisão, seja o grande
homenageado do evento. Recentemente, em entrevista, ele próprio afirmou que
gostaria de ser mais valorizado pelo escritor que, de fato, também é?
FM Chico Anysio é um desses
casos típicos nacionais. Livros como O batizado da vaca (1972), O
enterro do anão (1973), A borboleta cinzenta (1985), Feijoada no
Copa (1987) e O tocador de tuba (1990) jamais foram devidamente
avaliados como a notável contribuição à narrativa brasileira que efetivamente
são. Porém o público o recebeu sempre muito bem, pois em grande parte sua
bibliografia alcançou grande vendagem. Mesmo que fosse apenas um criador de
tipos para o teatro e a televisão, ainda assim seu universo é o da literatura,
seja como dramaturgo ou roteirista. É essencialmente um escritor, além de ator
fabuloso. Sob todos os aspectos, merece nosso declarado reconhecimento como um
dos mais expressivos nomes ligados à arte e à cultura no Ceará em todos os
tempos. O curioso é que não tenha sido até aqui declarado motivo de orgulho
nosso, como sempre deveria ter sido.
LN Pelo que se depreende do
conjunto de suas respostas, teremos uma bienal diferente de todas as outras já
realizadas no Ceará. Você espera que os resultados dela sejam visíveis e
politicamente animadores a curto prazo, para que não se caia na tentação e no
risco de se buscar de novo o caminho do mais fácil e da mesmice?
FM Esperar é insuficiente.
A rigor, se considerarmos o cenário do que se poderia chamar de políticas
culturais no Brasil, este é absolutamente desalentador. Não me cabe a
ingenuidade – aqui sim – de acreditar que tal situação possa mudar a partir de
um evento em isolado. Esta nova configuração que vem sendo dada à Bienal Internacional
do Livro do Ceará se trata de uma grande ousadia que, ao mesmo tempo, reconhece
os riscos de vir a cair no vazio. De qualquer maneira, é preciso fazê-lo,
enfim, é indispensável ousar, de maneira a apresentar soluções para uma
política cultural consistente.
Originalmente publicada em Agulha Revista de Cultura # 65, Setembro
de 2008.
*****
Organização a cargo de Floriano Martins © 2016 ARC Edições
Artista convidado: Floriano Martins
Retrato do artista © 2014 Michael Pichardo
Agradecimentos a Márcio Simões
Imagens © Acervo Resto do Mundo
Esta edição integra o projeto de séries
especiais da Agulha Revista de Cultura, assim estruturado:
1 PRIMEIRA ANTOLOGIA ARC
FASE I (1999-2009)
2 VIAGENS
DO SURREALISMO
3 O RIO DA
MEMÓRIA
A Agulha Revista de Cultura teve
em sua primeira fase a coordenação editorial de Floriano Martins e Claudio
Willer, tendo sido hospedada no portal Jornal de Poesia. No biênio 2010-2011
restringiu seu ambiente ao mundo de língua espanhola, sob o título de Agulha
Hispânica, sob a coordenação editorial apenas de Floriano Martins. Desde 2012
retoma seu projeto original, desta vez sob a coordenação editorial de Floriano
Martins e Márcio Simões.
Visite a nossa loja
Nenhum comentário:
Postar um comentário