Albert
Einstein
O olho que tu vês não é olho porque o
vejas, é olho porque te vê.
António
Machado
Aos medíocres nem a superioridade no
vestir lhes devemos deixar
Gregorio
Marañon
Fora com o miserabilismo!
Frase
nos muros de Paris
O
Outro – Precisamente. Um vôo sobre o surrealismo. Nem exegese nem proposta de
uma tese, mas muito exactamente um esvoaçar de alguém que, mais que observá-lo
demoradamente nas suas obras vivas, fez dele ou nele se fez matéria de
existência quotidiana, defesa e ataque simultaneamente numa sociedade a muitos
títulos criadora de apoquentações e sofrimentos com que os que nela mandam
tentam sufocar-nos a alegria de uma vida vivida em plenitude. Um, digamos desta
forma, simples vôo de espírito e de corpo num continente sempre aberto – para que
a terra não esqueça.
NS – Da parte de Floriano Martins recebo neste início
do ano em que passa um século sobre o aparecimento dos primeiros textos de
escrita automática – que não foi, saliente-se, o núcleo duro da poesia/prosa
surrealista mas apenas um dos seus componentes – um acervo de poemas,
constituindo um número temático da Agulha, ilustrada soberbamente por Enrique
de Santiago.
De Isadora
Egler a Elvio Gonçalves Junior, o conjunto de dez poetas permite-me concluir
que nestes autores muito jovens a pegada do surrealismo marcou definitivamente
o que se propõem executar. O seu discurso centra-se na prática de três noções: “Poesia, amor, liberdade – a tríade essencial
do Surrealismo”, como é referido pelo organizador num passo da entrevista a
um dos arrolados. Ou seja, fica-se sabendo que da banda do Brasil, como de
outros lugares do mundo, a presença do surrealismo e de toda a carga
fundacional que ele arrasta continuará a emitir sinais para além do
convencionado/convencional, da retórica “metafísica” em uso por poetinhas que se servem duma mística
hipócrita e delicadinha para arrebanhar
notoriedade, pelos arrebentas da
ideologia e da propaganda senil, em suma - por todos os que procuram alapardar-se
à mesa dos diversos marketings onde a
mediocridade militantona e o cinismo orientado é astuciosamente erigido em
talento e qualidade.
EU MESMO – Se acaso não erro, o que tu deixas adivinhar no
que referes é que o surrealismo continua a ser o contrário de um objecto
histórico e, nessa ordem de ideias, a prática “cerrada e obstinada” de algo que, se necessário, se ergue contra a
história que, com intuitos ora academizantes ora de mumificação, os que o
contrariam e mesmo alguns que julgam ou simulam enfatizá-lo colocam nos locais
expressos da cidade (jornais, revistas, rádios e tevês).
NS – Entendeste-me bem… Aqui e em todo o mundo, mas
aqui mais que noutro lugar – sublinho – o que certa gente pretende é tornar a
poesia surreal, que parte da escrita e da pintura, mero objecto de uso comum,
uma espécie de inflexão intelectual para o correr dos dias e não aquilo que verdadeiramente é:
vivência quotidiana transfigurada e transfiguradora, aventura mágica
certificando o real em todas as direcções (o surreal), defesa íntegra contra tudo
o que rebaixa o ser humano que a sustenta, desmascaramento dos diversos
fideísmos “religiosos” ou laicos e dos colectivos que os propagam mais ou menos
totalitariamente.
É preciso
dizê-lo sem subterfúgios e sem nos deixarmos intimidar: neste país, durante o
longo período do antigo regime salazarista, sempre houve duas censuras: a oficial
e a que era propiciada e mantida pela inteligentsia
marxista, ora estalinista ora de outra feição aparentemente mais heterodoxa. E
ainda havia, muito pronunciadamente, aproveitando as características oficiais,
a marcação sacrista, o que criou um ambiente pantanoso, nauseabundo que ainda
hoje dura. Mais: se durante o antigo regime o estalinismo e seus derivados não
podiam agir com todo o à-vontade que visavam, neste em que agora estamos – de democracia apenas tendencial, realmente
partidocrática – eles podem actuar conforme lhes apraz, uma vez que os
órgãos de comunicação estão na quase totalidade sob o seu domínio, pois têm
sido seguidas com esmero as indicações gramscianas e politicamente correctas…Em
certas alturas, vive-se um ambiente de
cortar à faca, figurado numa acção social em que a frivolidade, a
puerilidade e a futilidade são o selo do dia-a-dia coberto com a propaganda
mais rasteira.
O OUTRO - É talvez isso que explica que certos operadores,
como Mário Cesariny, fossem atacados por autores que se situavam, ou tinham
situado, até do lado em que ele se posicionava. E mesmo agora…
NS – Sem dúvida. Alguns desses autores eram
convictamente adeptos do chamado marxismo
cultural, apoiavam expressamente o comunismo militante, mais tarde o cunhalismo
que ao serviço da URSS queria estabelecer em Portugal uma ditadura
social-fascista. Utilizavam contra ele e outros companheiros, sem rebuços, a
injúria, a calúnia e o ataque soez. Pela minha parte nem preciso dizer nada,
pois foram bem conhecidas as tentativas contra mim feitas de me difamarem,
marginalizarem e impedirem de me exprimir. Aliás, isso ainda hoje dura, o facto
por exemplo de eu ser amigo de Floriano Martins, com apreço pela Obra que
firmemente vem estribando como autor, editor e investigador sem jaça, tem-me
valido mais ou menos discretas – quando não mesmo indiscretas – investidas para
definitivamente me calarem, me impedirem de aparecer publicamente tanto mais
que sem me deixar manobrar continuo a mostrar, pelo que faço e pelo que escrevo
e pinto, que o “surrealismo” deles é mera operação medíocre, confusionista e
fraudulenta ao serviço quer de formações a que se ligam quer da sua deficiente
capacidade de existirem com talentosa e erecta espinha dorsal.
Mas as
próprias condições económicas do país e de quem nele se move torna
frequentemente muito difícil a prática do surrealismo como agente actuante. Dou
como exemplo o que recentemente se passou com um texto, uma posição que desejei
pública, da minha parte. Esse texto, que foi (valha-nos a presteza da directora
do TriploV, Maria Estela Guedes!) na
hora dado a lume por aquela Página Cultural interactiva, referia uma
“pacoviada” protagonizada pelo então ministro da Cultura luso (depois
defenestrado em remodelação pelo seu chefe governamental) em companhia do
popular e populista - que em quase tudo aparece no seu jeito entre o
caricatural e o ridículo - actual presidente da República, por ocasião da
inauguração, numa povoação do Norte, do museu do Surrealismo. Enviado (e aceite
lhanamente pelo seu director) à revista de feição libertária “A Ideia”, não
pôde ali ser publicado por, conforme aquele confrade me explicou, faltar
absolutamente o espaço que se havia designado para o número. Depreendi, a meu
ver correctamente, que levantaria problema monetário alterar a estrutura da
dita, o que é respeitável.
O Outro – Mas, fazendo de advogado do Diabo, não seria por
ter o dito texto pouco interesse ou, mesmo, carecer dele completamente? Ou ser
inoportuno, que isto de ministros e presidentes num estado semi-autoritário… tem
que se lhe diga.
Eu Mesmo – Hum…! A meu ver, não. Mas para nos tirarmos de
dúvidas, aqui fica ele, tanto mais que aborda um detalhe (a tal “pacoviada”)
que tem sido glosada em escritos ou ditos por outra gente em outros lugares.
O SURREALISMO EM JEITO DE VAUDEVILLE…ESTATAL
Conforme se pôde
ler no diário Observador, foi há um
par de dias inaugurado, em Famalicão, o denominado “Museu do Surrealismo”, na
dependência e por manejo – dizem-me que luzido e competentemente afeiçoado – da
Fundação Cupertino de Miranda, entidade que já terá, como é voz corrente,
articulado outras andanças que ao surrealismo dizem parte.
A sessão, além de
dois protagonistas da pintura surreal, teve a presença do mais alentado
magistrado da Nação, que artilhou palavras como é de seu uso e seu jeito nas
sessões em que, esforçada e maciçamente, comparece para maior proveito –
calcula-se - abrangente das diversificadas “modalidades” em relevo na pátria.
Diz-nos, sem
incorrecta intenção o mesmo Observador
que, a dada altura (e citamos cabalmente), “No rodopio de discursos, ainda
houve tempo para o ministro da Cultura fazer uma pequena reflexão do
surrealismo português, que “aparece de uma forma diferente do francês”:
“Por um lado, é menos terrorista, por
outro lado, é mais empenhado politicamente, apesar de não haver uma estética de
compromisso com ideologias. O surrealismo é uma ideia de emancipação total, de
liberdade.”.
E
é precisamente baseados nessa noção de liberdade que o surrealismo, ontem, hoje
e sempre é de facto, que - apesar de
vivermos numa mera partidocracia, que não democracia, o que sãmente nos expõe a
eventuais velhacarias do Estado e da sua parceira de casal “geringonça” - vimos
dizer ao excelentíssimo (digamos desta forma) – governante, cujas qualidades,
muitas ou poucas, já foram magnificamente caracterizadas num esclarecedor texto
transacto de Alberto Gonçalves:
- o seu conhecimento interior do
surrealismo e da liberdade e emancipação que lhe assiste será, cremos,
meramente superficial, eventualmente fútil e necessariamente confuso, a atender ao verdadeiro insulto consignado nesta sua pequena
jaculatória. Classificar de terrorista as actividades vitais e conceptuais dos
nossos companheiros franceses é simples expressão que, se estivéssemos numa
democracia real não poderíamos deixar de qualificar como acintosa e caluniosa.
(Não sendo eventualmente produto de um espírito ou cândido ou ardiloso).
E o resto do seu raciocínio que, em
frase quase caricatural, a seguir expande, vem na sequência dessa confusão,
dessa superficialidade e dessa futilidade que se deixam adivinhar.
Nesta conformidade, e em jeito
queirosiano, solicita-se a Vexa. que retire a sua alentada figura de dentro do
surrealismo, que está e estará sempre
pelo que se percebe nos antípodas de tudo o que Vexa. é ou se pensa,
eventualmente, ser.
E, já agora, ajude igualmente outro
qualquer elemento estatal ou de representatividade político-oficial a
retirar-se também de dentro desse continente, avesso como ele é a entidades
estatais, ministeriais ou, até, de uso para galhardetes ou “selfies”…
Nicolau Saião - Participante do
Movimento Surrealista Internacional. Criador, com Mário Cesariny, do Bureau
Surrealista Alentejo-Lisboa
NS – Ora bem… Passando agora a um outro olhar, raciocinando
livremente sobre coisas que se impõem e outras que se propõem, procuremos verificar
até que ponto, ou como, o surrealismo e seus cultivadores se posicionam num
mundo onde, por exemplo, 600 espécies estão prestes a desaparecer seguindo-se a
outras já definitivamente extintas, onde as religiões reveladas oscilam entre a
hipocrisia afável do catolicismo e a brutalidade primária do islamismo, onde pretensos
“amigos do povo” praticam descaradamente
o roubo, a exacção corrupta e a demagogia, onde a mentira e a dissimulação se
tipificam como não mais que habilidades governativas e os operadores culturais são cada vez mais tão-só agentes de difusão da
ideologia e da propaganda.
No
prefácio ao livro A Intervenção
surrealista, diz-nos Cesariny a páginas doze do mesmo: “É ainda Breton quem,
em 1946, regressado da América do Norte onde exemplificou o manifesto lançado
ao Daladier de Munique – ‘nem a vossa guerra, nem a vossa paz’ – traz, escrito
no Grande Canyon, não o poema lírico do trânsfuga social, mas sim, na Ode a Charles Fourier, a crítica cerrada
e obstinada do pensamento e dos sistemas então vitoriosos e engalanados”.
Quer
isto dizer: é claro, que muito do que se
passa e passa por surrealismo, em acção ou tentação, mais não é que
tagarelice ou actividade eventualmente pernóstica propiciada por cavalheiros e
cavalheiras que não percebem ou fingem não perceber que agir surrealmente não é
debitar uma prosódia arrebicada ou absurda, escrita ou pintada, mas sim aplicar
e praticar uma crítica lúcida e operar em real liberdade e originalidade,
aberta por exemplo aos conhecimentos e à ciência de ponta para que a
descoisificação do mundo seja uma via terrena e estelar que temos o direito de
exigir e tentar atingir.
Daí
que, paralelamente às reservas vivíssimas que é necessário colocar a um certo
progressismo que mais não é que estratégia de domínio autoritário, posto que
tacticamente afável e manso, é fundamental desmascarar os diferentes tentames
fideístas com que os próceres da religião revelada visam domesticar-nos.
À
hipocrisia melíflua e doce do Vaticano & companhia, hoje por hoje uma
verdadeira “entidade criminal” (negócios escuros, pedofilia estrutural, cinismo
institucional, etc.) ainda que envolta nas delicadezas francisquistas, (camuflagem
dum “salto para a frente” de gente que tenta que a sua específica burla siga
frutificando), urge - tal como em face da “entidade criminosa” islamita – opôr
um rotundo non serviam, um claro Nem deus nem dono. A este propósito, é
necessário, diria mesmo fundamental,
levar em conta as investigações e as análises do ensaísta italiano Mauro
Biglino, que em dois livros instigantes e dos mais importantes publicados nos
últimos cem anos (A Bíblia não é um livro
sagrado e A Bíblia não fala de Deus)
desvela de forma superior e desmonta irrecusavelmente a mentira a que durante
séculos se entregaram os teólogos e os poderes políticos para estabelecerem a
imagem, sinistra, de uma Potestade feita de interpolações falsas e de um vazio que,
por ser vazio e falso, só cria em quem o frequenta ora monomanias, ora
neuroses, ora claras psicopatias sociais. Para vantagem e interesse espúrios
dos donos do mundo e seus avatares.
Eu Mesmo - No que respeita a certa arte moderna
contemporânea o que se verifica é – por obra e graça de um dito pós-modernismo
de timbre ora esquerdizante ora de cariz argentário – a vacuidade conceptual e
a mediocridade criadora, feitas de pretensiosismo e de vaidade ao serviço de
políticas e de economicismos pacóvios. Por razões meramente de propaganda e de
ideologia epigrafam-se, como notáveis, companheiros
de jornada cujas prestações causam enjoo e, na verdade, servem os intuitos
de quem os coloca na ribalta. No mundo do espectáculo, aqui entre nós o
ambiente é o de um melting pot que
frequentemente causa asco a quem tem da dignidade e da verdade uma ideia filha
da decência elementar.
O Outro – Tem-se mesmo a impressão que o
regime actual estimula tal estado de coisas…
NS – Evidentemente. Se escavarmos um bocadinho, de uma
maneira surreal e esclarecida, os volteios do país pretérito e do de agora,
concluiremos facilmente que se algo mudou depois da reviravolta abrilina a
essência que fere os lusitanos continuou a ser igual. Neste momento, por
exemplo, temos na governação um aventureiro político (propiciador de uma dita
“geringonça”, uma aliança partidária) manobrador descarado e cuja ética deixa
muito a desejar, figura secundarizante que foi no consulado dum outro de jaez
semelhante, hoje crivado por suspeitas de corrupções e já processado
criminalmente. Esse actual mandante, que em diversas ocasiões deixou que se
notasse o seu cariz de maldosa ineficácia, tem como parente na magistratura
mais alentada da res publica um conhecido
jongleur das políticas, famoso pelas suas traquinices demagógicas – uma espécie
de populista com semblante psicológico de vedeta de talk shaws, cuja popularidade, conseguida por meio de
“engraxadelas” ao vulgar cidadão cândido e primário, começa a esfarelar-se à
medida que as condições desta pátria patrioteira se vão afunilando e
esboroando.
É
neste ambiente, onde já se iniciou um perfil sintomático de prepotência
social-fascista e de “esquerda caviar”, deficientemente enfrentada por uma
oposição mal-ajambrada, que o surrealismo possível vai vivendo, não esquecendo
que os meios universitários, no que a uma prática crítica e criadora diz parte,
pouco têm que os recomende – para me exprimir desta forma suave…
O surrealismo,
nos seus anos vividos, teve relacionamentos os mais diversos, frequentes vezes com
resultados nada famosos. São da história os seus diferendos, ou diferenças, que
se estabeleceram com formações que se diziam progressistas ou partidárias de
uma real emancipação do espírito, mas que apenas visavam conquistas de poder
político que, na verdade, jungiam os cidadãos em geral e os surrealistas em
particular a novas dependências.
NS – Sim. São bem conhecidas as tentativas,
frustradas posteriormente, de colaboração intensa com os sectores comunistas,
que a breve trecho se mostraram impossíveis. O comunismo, principalmente nesses
tempos, tinha uma feição estalinista, autoritária e primarizada, muito limitada
e tendenciosa. As adesões de alguns surrealistas, nomeadamente Breton, a breve
trecho se tornaram uma fonte de constrangimento para os que não se renderam nem
venderam, pois o surrealismo visava a integral libertação ao passo que aquela
formação ideológico-partidária tinha um intuito apenas de agit-prop e de
domínio de um sector dependente de ditaduras expressas. Ou seja, hoje vê-se na
perfeição que não é possível conciliar liberdade descomprometida com ideologias
que, afinal, visam simplesmente equacionar laços de dominação absoluta.
O Outro – Numa fase última, houve a noção, explícita, que
a colaboração com os sectores libertários, ou anarquistas, poderia propiciar virtualidades
mutuamente proveitosas…
Eu Mesmo – Exactamente. Lá fora não sei como tal se tem
verificado. Neste país apenas posso falar, aquilatar, pela minha experiência
pessoal. Logo depois do 25 de Abril houve aproximações, que deram alguns
pequenos frutos, mas o sector anarquista, provavelmente pela longa ausência de
cena e de actuação provocada pelo período salazarista, como que se quedara num
tipo de formatação que eu chamaria de “neo-realista”, não conseguia ver que a
prática surrealista era na verdade uma prática libertária por si mesma, sem
necessitar de utilizar a ideologia. Assim, por exemplo, quando apresentei, em
acordo com Cesariny e outros confrades, a um jornal anarquista, significativos textos
de nossa lavra, a resposta que obtivemos depois de uma projectada aceitação foi
esta, contida neste pequeno bilhete de resposta que nos enviaram:
Quintal
Aqui te deixo
o material contido no envelope junto, enviado pelo Saião.
Li, como era
meu dever, para mais uma vez poder observar as inclinações literárias e
sociológicas do nosso Saião. Desejo ser justo nas minhas análises. Acho, do que
li, haver alguns trabalhos de interesse para serem publicados na V.A., contudo,
há outros que também possam ter certo interesse, mas que pecam por ser
demasiados (sic) filosóficos e bastante intelectualizantes, pouco acessíveis à
grande massa dos nossos assinantes os quais é provável dizerem que o jornal
está a ser acessível a intelectuais e não para os proletas de média cultura.
Será de analisar melhor os textos para publicação.
Sebastião
NOTA – Os textos referidos no recado eram os seguintes: “Surrealismo
& Revolução – 1ª parte” de Franklin Rosemont, em tradução de ns; um poema
de Mário-Henrique Leiria (“Ida sem volta”); dois poemas de Luís Buñuel (“A
Santa Missa Vaticanae” e “Quando fomos para a cama”; dois poemas de Cesariny
(“História de cão” e “Alegoria do mundo na passagem de Arnaldo de Vilanova”) e
uma pintura (“Homenagem a Buñuel”); um poema de Manuel Lourenço cujo título não
recordo); “Subsídios para o entendimento surrealista”, ns.
Claro que, em vista
desta “opinião”, não insistimos, abandonando o tablado.
Na revista A Ideia, actualmente dirigida por Cândido
Franco – que tem tido interesse pelo surrealismo e manifestamente se esforça por
lhe dar análise e alguma guarida – foram publicadas peças epigrafando-o, posto
que maioritariamente de feição histórica.
NS – Tenho verificado, principalmente pelas
informações e leituras que me chegam de fora – e tenho de conferir relevo ao
que me é dado pelos confrades do Brasil – que a prática e a vivência
surrealistas mais apuradas se determinam por certos factores, sempre nele
presentes e muitas vezes cerzidos de forma mais marcada, quais sejam: a noção
de que a liberdade, o amor, a abertura à imaginação, ao mistério e à pesquisa
de novos rumos originais – recusando-se o já visto e as fórmulas de escola – são o caminho que se trilha
com mais amplas possibilidades de navegar com sabedoria e aprazimento, para
sempre e sempre se chegar a bom porto.
*****
EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO DO
SURREALISMO 1919 –2019
Artista convidado: Alfonso Peña (Costa
Rica, 1950)
Agulha
Revista de Cultura
20
ANOS O MUNDO CONOSCO
Número
129 | Março de 2019
editor
geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor
assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo
& design | FLORIANO MARTINS
revisão
de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
ARC
Edições © 2019
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