Introdução
Há 50 anos, o artigo “Why have there been
no great women artists?”, de Linda Nochlin, publicado na revista ArtNews, questionava de modo incisivo “por que não existiram grandes artistas mulheres”?
Visto como seminal, o ensaio expôs a questão que envolve o papel atribuído ao feminino
na história da arte, confirmou a lacuna nos estudos sobre a atuação de mulheres
artistas e abriu portas para nova abordagem historiográfica.
Não por acaso, os anos de 1970 marcaram
mudanças na cena mundial, especialmente a partir da ação de movimentos sociais que
reivindicaram o direito à vida. No Brasil, assim como em outros países sul-americanos,
a ousadia anti-hieráquica e igualitária deu prioridade ao desafio frente aos regimes
opressores e à estrutura social – o que abafou outras demandas, entre elas, as de
gênero e identitárias.
Apesar dessa condição, o número de mulheres
artistas expandiu-se ao longo das décadas seguintes e elas ocuparam lugares centrais
na produção e na reflexão sobre o contemporâneo. Já na virada do século, a quebra
das metanarrativas ocasionou a busca por referências na nova ordem mundial que se
instaurava. Os grupos sociais, sexuais, religiosos e étnicos outrora negligenciados
– isto porque todos foram invisibilizados pela tradição “patriarcal, branca e europeizada”
- eclodiram com grande força. A pergunta provocadora de Nochlin despertou sentidos
numa geração de mulheres, artistas e pesquisadoras que não menosprezaram ou ressentiram-se
das discussões feministas. Ao contrário, elas intensificaram o debate e surgiram
novas complexidades inerente ao discurso sobre o feminino. Evidenciam-se pontos
nevrálgicos entre feminismo e as discussões raciais dentro do movimento.
Quando a décima segunda edição da Bienal
do Mercosul, com curadoria da argentina Andrea Giunta e equipe integrada pela polonesa
Dorota Maria Biczel e pelos brasileiros Igor Simões e Fabiana Lopes, adotou como
temática Feminismo(s) Visualidades, Ações e Afetos respondeu, de
certo modo, a pleitos atuais e teve respaldo nesse contexto que vem desde os anos
de 1970. Como pesquisadora Giunta desenvolveu estudos de gênero desde meados dos
anos de 1990, incluindo o enfoque feminista a partir da exposição
Mulheres Radicais: Arte Latino-americana, 1960-1985, exibida no Hammer Museum
(2010), no Brooklyn Museum (2017) e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018).
A inflexão para a abordagem crítica estava
também presente na temática O Triângulo Atlântico da Bienal anterior, com
curadoria de Alfons Hug, que escolheu refletir sobre a escravidão e o apagamento
sofrido pelas culturas africanas e indígenas. Nesse itinerário, o curador levantou
conexões entre Brasil e África – algo que igualmente surge como mote nas produções
contemporâneas preocupadas com ancestralidade e representatividade. Assim sendo,
a Bienal de 2020 apresentava outra vertente da arte atual – a produção de mulheres.
E aqui enfatizamos o ponto de convergência
entre as duas edições da Bienal: a mulher negra. O que nos diz essa produção feita
por artistas negras ou mestiças? Quais suas preocupações e modo de fazer? Essas
mulheres artistas propõem redes colaborativas? Longe de esgotarmos todas as potencialidades
e transversalidades desse viés da produção contemporânea, propõe-se jogar luzes
sobre a história que envolve a organização da Bienal 12, em 2020, seus critérios
curatoriais, suas condições de execução, mas, sobretudo, sobre o discurso e a escolha
de artistas que nos seus repertórios trazem as memórias e as formas de resistência
da ancestralidade negra.
Nessa seara, estão artistas, tais como:
Rosana Paulino – uma das grandes homenageadas da edição; as brasileiras Aline Motta,
Renata Felinto, Janaina Barros, Jota Mombaça, Musa Michelle Matiuzzi e Priscila
Rezende; mas também, Rahima Gambo (Nigéria), Glady Kalichini (Zâmbia), Gwladys Gambie
(Martinica) e Joiri Minaya (EUA). Todas essas artistas têm em comum a tentativa
de reescrever as narrativas tradicionais e de descolonizar o pensamento tendo a
arte como instrumental. Reunidas na mesma plataforma, suas investigações repercutem
no circuito internacional das artes por intermédio de grandes exposições – tal como
a Bienal do Mercosul – e motivam novas proposições centradas no feminino e, particularmente
na condição da mulher negra no Brasil e no mundo.
2. A Bienal e as exposições que vieram antes
Nas últimas décadas, tem ganhado densidade
os estudos dedicados à história das exposições. Algumas mostras consagradas receberam
novas montagens e outras voltaram ao debate público, explicitando, principalmente
o papel das instituições na legitimação de movimentos, artistas e obras. Gradativamente,
considera-se essa vertente como capaz de desdobrar a obra de arte em diversas categorias
de visibilidade, assim como obriga a história da arte a conviver com a transitoriedade
e com as distintas relações que uma proposição artística pode adquirir a cada exibição.
Ao entrar no espaço controlado das galerias
ou dos museus de arte, poucos se dão conta que estão diante de um ambiente historicamente
construído. As exposições de arte sempre acompanharam as demandas da sociedade e
apresentaram transformações circunscritas ao modo de fruição de cada época. Dos
gabinetes de curiosidades, passando pelos salões europeus no século 18 e 19, chegando
ao “cubo branco” do modernismo entre os séculos 20 e 21, o modo de exibir as obras
tornou-se ponte entre arte e público, além do mais espelham valores, ideias e estigmas.
Sob essa perspectiva, conhecido por usar
máscaras de gorila em suas aparições públicas, o Guerrilla Girls, um grupo de mulheres
artistas ativistas, surgido nos anos de 1980, invocava as questões relacionadas
ao gênero, ao machismo e ao poder no mundo da arte nas portas e nos arredores dos
grandes museus norte-americanos. No início das suas atividades, por exemplo, as
ativistas convidavam os visitantes dos museus a fazerem o que chamavam de weenie
counts (algo como “contagem de salsichas”), ou seja, contar o número de artistas
homens e o de mulheres em cada exposição. Suas ações denunciavam o desequilíbrio
da representação de artistas mulheres nos acervos, assim como alertavam para a condição
da mulher no mercado de trabalho e na indústria do entretenimento.
No caso especial de mostras que tratam sobre
a produção de mulheres-artistas, resgatamos a sequência de três exposições realizadas
no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), com o tema
“mulheres-artistas”, entre os anos de 2007, 2008 e 2009, com curadoria de Lisbeth
Rebollo Gonçalves e Claudia Fazzolari. As mostras coletivas integravam o ciclo Mulheres artistas
e a contemporaneidade. Concentravam-se em discutir o universo feminino e
a posição das mulheres no panorama artístico à época.
A primeira mostra Mulheres Artistas –
Olhares Contemporâneos trouxe o fazer artístico de Rosana Paulino, Élida Tessler,
Karin Lambrecht e Beth Moysés, além da homenagem à Tomie Ohtake. No ano seguinte,
acompanhada por conferências e de atividades educativas, realizou-se Mulheres
Artistas – Relatos Culturais, contando com as obras de artistas latino-americanas,
como Lacy Duarte (Uruguai), Bruna Truffa (Chile), Ana Miguel (Brasil) e Paola Parcerisa
(Paraguai) – nessa mostra as homenagens foram para curadora e crítica de arte Radha
Abramo. Já fechando o ciclo, em 2009, organizou-se a mostra Corpos Estranhos
(em duas edições, no Memorial da América Latina e no MAC USP). Composta
por obras – vídeo, performances, fotografias e instalações – das artistas Laura
Lima (Brasil), Pilar Albarracín (Espanha) e Regina José Galindo (Guatemala). Em
comum, as três artistas apresentavam trabalhos com forte viés psicológico, revelado
através da exposição de seus próprios corpos ou de outrem.
Mais recentemente, a programação do Museu
de Arte de São Paulo (MASP) tem dado continuidade às exposições que tratam sobre
histórias (Histórias da infância, em 2016, Histórias da sexualidade, em 2017, Histórias afro-atlânticas, em 2018, e Histórias da dança, em 2020). Nessa programação, destaca-se
Histórias das mulheres, histórias feministas, em 2019, que
revelou criadoras presentes no acervo permanente do século 1 ao 19. Mencione-se
ainda as individuais, como Tarsila, popular (2019) e Beatriz Milhazes:
avenida Paulista (2020-2021).
São essas ações e outras não descritas neste texto que
proporcionaram o escopo da 12ª. edição da Bienal do Mercosul – que teve um trabalho
processual iniciado em 2018, através de seminários e eventos de preparação e que
em 2020, contava com uma seleção de artista vindos da América Latina (Brasil, Argentina,
Chile, Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Guatemala e República Dominicana), da América
do Norte (EUA e Canadá), Europa (Polônia e Espanha), Ásia (Japão e China) e África
(Nigéria e Zâmbia). Dos artistas participantes, 80% eram mulheres e entre os objetivos
da mostra estava o de ser uma “zona de intercâmbios”. Prevista para abril/2020,
a 12ª. Bienal do Mercosul encontrou em seu caminho a crise sanitária ocasionada
pelo novo coronavírus – era março/2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS)
decretou o estado de pandemia.
Naquelas circunstâncias, era impensável a organização
de um evento artístico tal como a Bienal. A solução encontrada foi levar todas as
obras e ações para o ambiente virtual – a primeira bienal em formato digital do
planeta, como asseguraram alguns críticos e jornalistas. A motivação do tema Femininos
(s), Visualidades, Ações e Afetos se colocou como ato de resiliência. Curadores
e artistas tiveram que pensar juntos numa nova forma de exibição das obras.
Originalmente, cerca de 30% dos trabalhos eram instalações
e performances que exigiriam a interação do público – esses trabalhos foram suspensos.
Outros recursos de fruição foram empregados, entre eles, a subversão do binômio
espaço/tempo. O local de fruição não era tão somente Porto Alegre e, sim o ambiente
virtual, onde se encontravam curadores, convidados e artistas. Nessas inúmeras e
transitivas “realidades”, a fruição estaria em todos os lugares e em todos os tempos
– mesmo agora, passados meses do encerramento da Bienal, é possível visitar os trabalhos
e escutar os depoimentos. Então, o site https://www.bienalmercosul.art.br/online)
transformou-se em rede colaborativa em processo, com a inserção de novas obras e
proposições, com textos, fotos e informações sobre o trabalho, o processo criativo
e a intenção de cada artista.
3. As artistas e as obras
Sob a eleição do recorte para nosso texto,
temos onze artistas que em seus trabalhos focam atenções sobre uma nova visualidade
que envolve ancestralidade, afetos e femininos, sendo sete brasileiras e quatro
de nacionalidades distintas. [1] Optamos
por trazer ao presente texto, a ênfase em algumas dessas artistas e suas respectivas
proposições para o evento. Não caberia aqui a análise sobre cada obra e artista,
mas, confessemos: a tentação é grande! São trabalhos com diversas camadas de leituras
e desdobramentos reflexivos. Fiquemos a meio caminho do risco, abrindo, então, espaços
para alguns deles que nos apoiam no entendimento do repertório e do “fazer artístico”
sustentado por conceitos afrocentrados.
Na 12 Bienal, Rosana Paulino (São Paulo,
1967) tem um lugar destacado: oito trabalhos foram expostos de modo virtual, são
eles: Série carapaça de proteção
(2003), Parede da memória (1994-2015),
Série tecelã (2013-2014),
As filhas de Eva (2014),
¿Historia natural? (2016),
Paraíso tropical (2017),
A geometria à brasileira chega ao
paraíso tropical – azul (2017-2018) e A geometria à brasileira chega ao paraíso tropical – amarelo
(2017-2018). Mais uma vez, o exercício de selecionar os trabalhos para a discussão
se faz necessário, escolhemos para comentários cinco deles.
Em Parede da memória (1994-2015),
a artista monta um “álbum de família” impresso sobre patuás. Aos espectadores coloca-se
uma árvore genealógica – uma tentativa de reconstruir sua identidade a partir da
ancestralidade. Aos afrodescendentes, põe-se uma questão: a diáspora rompe com os
laços familiares e a reconstrução dessa linha condutora torna-se relevante para
esse indivíduo. Nesse mural, a linhagem ancestral constrói a identidade negra de
grande parte da população brasileira.
Na série As filhas de Eva (2014), a artista emprega técnicas mistas sobre papel azul para
recriar imagens de africanos e sombras que evocam os pretos novos (escravos recém-chegados
que pereciam face aos maus tratos da viagem no navio negreiro). Essas imagens aludem
a flora e a fauna Brasilis, colocando o negro “como o
natural da terra”, ou seja, nada mais do que um elemento da fauna exótica (dele
se retira a humanidade). O título do trabalho
nos faz lembrar que todas as mulheres, inclusive as negras, são “filhas de Eva”–
a primeira a provar do fruto do saber e, por consequência, a ser expulsa do Paraíso.
¿Historia natural? (2016) é um
livro de artista com 12 pranchas. Faz referência aos volumes enciclopédicos – reconhecidos
pela tentativa de ordenação dos reinos animal e vegetal. Paulino dedica-se à pesquisa
das teorias da classificação das raças; subverte e sutura imagens e argumentos,
mostrando o avesso da razão colonial. Através da gravura e das colagens, a artista
oferece imagens borradas, sujas e suturadas como se nos mostrasse que aquela história,
legitimada pelo discurso moral, religioso e pseudocientífico, é falsa; tornou-se
grande trapaça.
Já em A geometria à brasileira chega ao
paraíso tropical – azul (2017-2018) e A geometria à brasileira chega ao
paraíso tropical – amarelo (2017-2018) um cânone da história da arte
é questionado: que “vocação à geometria” é essa que nos conta o abstracionismo e
o concretismo nacional? Nesse espectro de indagação, os dois trabalhos trazem imagens
da exuberante natureza tropical e da iconografia de homens e mulheres negros do
século 19, em geral, em preto e branco, com interferências de figuras geométricas
em cores fortes – essa associação torna-se inquietante pelo contraste visual. No
fundo, explicita a ironia de um país que se pretende “moderno”, mas que excluiu
sua natureza e sua história.
Note-se que uma das lives mais concorridas do evento ocorreu
no mês de julho de 2020, com Rosana Paulino e o curador do programa educativo Igor
Simões. Nessa ocasião, temas, tais como, a necessidade de se usar o termo “arte
contemporânea afro-brasileira” e o intercâmbio com artistas latino-americanas que
tratam assuntos semelhantes em sua poética são enfrentados pelo curador e pela artista
de modo franco e prospectivo.
Em um dos seus trabalhos anteriores, Renata
Felinto (São Paulo, 1978) nos mostra como os territórios são racializados na cidade
de São Paulo – transformam-se em verdadeiras fronteiras intangíveis. No vídeo performance
White face and blonde hair (2012), realizado
na Rua Oscar Freire, ela caminha com o rosto pintado de branco, trajes “à lá patricinha”
e uma peruca loira. Sua presença ali provoca a perplexidade e o desconforto dos
transeuntes – o preconceito tão velado transparece em seus rostos com tensão. Na
12 Bienal, Felinto apresentou Danço na terra em que piso (2014). Ela dançou
por sete locais públicos da cidade de São Paulo, alguns pontos históricos e outros
ligados às suas memórias. Para cada lugar, uma música (uma paisagem sonora) – a
seleção considerou a letra da música, questões históricas e afetos – nessa proposta, o corpo da mulher negra ocupa espaços,
exercendo seu devido pertencimento.
De ascendência nigeriana,
Rahima
Gambo (Londres, 1986) desenvolve seus projetos a partir Abuja, onde fixou residência.
Dona de múltiplas linguagens, entre elas, a ilustração, a fotografia, o texto, o
vídeo, a escultura e a instalação, seu projeto mais conhecido é Education is
Forbidden (2015-2017). Nesse trabalho, Gambo abordou a luta de meninas que tentam
obter educação no Nordeste da Nigéria e explorou como é ser aluna em meio a dominação
do Boko Haram. O nome do grupo radical islâmico, em livre tradução, diz que “a educação
ocidental ou não-islâmica é pecado” – confirmando o fundamentalismo religioso. Como
estratégia de ação, o grupo terrorista sequestra mulheres, comete assassinatos e
ataca povoados. Na série Tatsuniya holiday
is coming (2017), apresentada na 12 Bienal, a artista continua conceitualmente
a série Education is Forbidden, usando imagens estáticas e instalações para
representar as jovens alunas da escola Shehu Sanda Kyarimi, em Maiduguri. A artista
propôs, em princípio, uma foto-documentação das estudantes, porém, aos poucos, a
ação tornou-se desdobramento lúdico com narrativas compartilhadas entre as meninas
e a artista – juntas elas reconstituíram brincadeiras de infâncias e passeios pelo
parque local.
Ao fim e ao cabo, essas
mulheres artistas tratam sobre suas memórias carregadas de ancestralidade, de questões
que envolvem a discussão sobre a violência, o racismo e o gênero. Os anseios e as
preocupações desse grupo social pautam os trabalhos dessas artistas de modo sensível
e denunciador. O uso dos objetos domésticos do universo feminino e as referências
ao corpo da mulher transformam-se em matéria-prima para a reflexão.
Considerações finais
Em síntese, 12 Bienal
do Mercosul respondeu a pauta coeva na arte contemporânea: o “fazer arte” de mulheres,
sua visualidade, seus temas e motivações. O registro sobre a produção de artistas
mulheres foi escrito por elas próprias. Foram elas as protagonistas frente à organização
e ao conteúdo do evento.
No
seu formato tradicional, a Bienal, costumeiramente, era espaço de exibição, fruição
e intercâmbios entre artistas, críticos e público. Porém, com as condições impostas
pela pandemia, o evento se tornou virtual. Era necessário fazer valer o tema selecionado
para a mostra que envolvia resiliência, mudança de planos e inovações no modo de
exibir obras e ideias. As lives, os eventos de preparação e paralelos, os
textos de apoio e os depoimentos foram fundamentais para a extroversão da mostra
– tudo contido/expandido pela plataforma digital. Para a história das exposições,
o evento torna-se capítulo singular e cheio de potencialidade para novos estudos
e abordagem.
No
recorte selecionado para este artigo, percebe-se que as artistas, mulheres e negras
têm em seus repertórios conceitos ligados à ancestralidade, aos femininos e aos
afetos. Elas são senhoras de manifestações questionadoras. Suas proposições rompem
com valores e estigmas coloniais; evocam sentimentos de identificação, reconhecimento
e pertencimento. Evidenciam questões que por
muito tempo foram abafadas.
Elas tomaram para si temas e linguagens que expressam suas
vidas e, simultaneamente, realidades plurais. Seus trabalhos mostram que as demandas
das mulheres negras não se restringem ao Brasil. Reunidas na mesma plataforma suas
obras geram possibilidades de reflexão e de ativação de redes colaborativas sustentadas
pelos discursos do afeto, dos femininos e da ancestralidade.
NOTAS
1.
Aline Motta, Rosana Paulino, Renata Felinto, Janaina Barros, Jota Mombaça, Musa
Michelle Matiuzzi e Priscila Rezende (Brasil); Rahima Gambo (Nigéria), Glady
Kalichini (Zâmbia), Gwladys Gambie (Martinica) e Joiri Minaya (EUA).
Referências
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Arte Africana. Pesquisa em Debate. Edição 9, vol. 5, n. 2, jul/dez. 2008.
BOUSSO, Daniela. Quem são os artistas negros da arte contemporânea? Select.https://www.select.art.br/quem-sao-os-artistas-negros-de-arte-contemporanea/.
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A Força do Terro como Inspiração Criativa. Filhos do Cotidiano Contemporâneo.
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VIANA, Janaina Barros. A invisível luz que projeta a sombra do agora:
gênero, artefato e epistemologias na arte contemporânea de autoria negra. São
Paulo: PGEHA USP, 2018 (tese de doutoramento).
_____
ALECSANDRA MATIAS
DE OLIVEIRA. Doutora em Artes Visuais pela ECA
USP (2008) e pós-doutorado pela UNESP (2018). Atualmente, é especialista em cooperação
e extensão universitária do MAC USP, membro da ABCA e pesquisadora do Centro Mario
Schenberg de Documentação da Pesquisa em Artes. Autora do livro Schenberg: Crítica e Criação (EDUSP, 2011). E-mail: alecsandramatias@gmail.com.
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Agulha Revista de Cultura
UMA AGULHA NA MESA O MUNDO NO PRATO
Número 190 | dezembro de 2021
Curadoria: Maria de Fátima Novaes Pires (UFBa) e Rogério Soares Brito (UNEB)
Artista convidado: Eduardo Eloy (Brasil, 1955)
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