quarta-feira, 24 de agosto de 2022

RODRIGO QOHEN | As collages de Georges Hugnet: decalcomania do gozo pulsante nas espumas de Vênus



Georges Hugnet (1906-1974) sai das sombras como um mestre da collage e poeta plástico de profusão criativa: em desenhos, pinturas, decalcomanias, objetos, livros-objeto, edição de livros, design gráfico, cinema e textos em ensaio, crítica literária, poema e prosa.

Seus passos são descalços, caminhando ao corpo nu. O olho faminto se volta ao erotismo, por vezes em busca da “Fêmea Fácil – “uma grande borboleta negra com espartilho carmesim portando em um triângulo de neve o fogo perpétuo” [1] –, por outras revelando “A Vida Amorosa dos Espumíferos”, bestas apegadas à nudez feminina, que gozam primitivamente de impulsos libidinosos como identidade. Sua expressão é provocante pelos materiais que possam amar-se pelos papéis, palavras, imagens e objetos sentidos.

 

A marca que o surrealismo deixou

Hugnet anda pela floresta triangular até a clareira, livre ao olhar selvagem pela brecha da abóboda celeste, onde descola, decola e se fixa entre as estrelas surrealistas que brilham céu diurno. Dessas que não revelam à primeira vista o brilho galáctico. É como parte de constelações maiores, que por vezes poderia não estar lá, mas mantém-se pulsante. Hugnet era discreto, aluava nos recantos da estranha beleza, onde abria seu leque imaginário de mulheres nuas acorrentadas em neblina, com homens castos em espanto ao espiar árvore aberta. Robert Benayoun lembra, em L’Érotique du surréalisme, que o “erotismo é a magia da vitalidade, expressa principalmente da potência sexual cuja finalidade é a união”.

André Breton interessou-se por Georges Hugnet após a leitura do artigo “Espírito de Dadá na Pintura” (L’Esprit Dada dans la peinture) – depois expandido em “A Aventura Dadá 1916-1922” (L’Aventure Dada) –, seu primeiro estudo crítico voltado ao dadaísmo. Tristan Tzara formalmente apresentou Breton a Hugnet, cuja adesão ao Grupo Surrealista de Paris ocorreu pelos anos de 1932 e 1939, até romper por optar pela amizade que nutria por Paul Éluard, este que foi se desgastando politicamente com Breton por décadas – anteriores e subsequentes.

A debandada se estendeu pelos próximos anos até reaparecer em 1941, em publicações de La Main à Plume (1941-1944), como “a mão de penas vale a mão do arado” (Arthur Rimbaud), grupo que expressava o surrealismo entre os não exilados que permaneceram em Paris durante a ocupação alemã na II Guerra. Mesmo grupo de onde Hugnet foi expulso em 1943 sob as bofetadas de Noël Arnaud e o repúdio de outros membros por conta de sua guinada política ao gaullismo. Seu livro A Aventura Dadá foi agressivamente criticado por Benjamin Péret, de quem Hugnet guardou rancor até contra-atacá-lo em um artigo (Arts, nº 89, nov/1962), 3 anos após sua morte. Péret foi “vingado” por Vincent Bounoure, Jean Schuster e Jehan Mayoux, que bateram à porta de Hugnet até desmaiá-lo em bofetões, o que rendeu queixas à polícia, julgamento e a assembleia que resultou na criação da Associação dos Amigos de Benjamin Péret (Association des amis de Benjamin Péret). Tal situação gerou repercussão midiática a favor de Hugnet, que escreveu nos meses seguintes dois artigos [2] contra Breton, responsabilizando-o pelo declínio do movimento e pela agressão. Mesmo assim, Hugnet seguiu com contribuições entre amizades e exposições coletivas, como a parceria com Marcel Duchamp no catálogo da Exposição Internacional do Surrealismo de 1947, cuja capa trazia uma teta de borracha acompanhada da legenda “por favor toque”.

De volta à passagem de Hugnet pelo movimento surrealista, o poeta plástico deixou estampadas duas principais, magníficas e “canônicas” contribuições: os avanços no campo da collage e – junto com Óscar Domínguez e Max Ernst – a co-criação da decalcomania, técnica de pintura em que se aplica (ou calca) uma superfície contra outra, gerando novas possibilidades automáticas entre os caminhos tomados por abstrações automáticas.

Na revista Minotaure (n8, 1936), foi publicado um dossiê nas decalcomanias, com a apresentação “De uma decalcomania sem objeto preconcebido (decalcomania do desejo)” (D’une décalcomanie sans objet préconçu [décalcomanie du dési])”, de André Breton. Nesse ensaio, “como uma “nova fonte de emoção”, a técnica foi comparada ao hábito das crianças borrarem folhas de papel com tinta e dobrá-las em dois. O resultado pode se limitar a um desenho “que sofre de certa monotonia resultante da repetição de formas simétricas em ambos os lados de um eixo”. Mesmo assim, a atividade de dobrar folhas borradas para produzir a ilusão de entidades/crescimentos, animais/vegetais, é técnica que não esgota os recursos do processo. Uma janela pode se abrir às mais lindas paisagens de um mundo novo. Então, após o estudo da imagem resultante em aplicações secas, o observador deve encontrar um título que transmita a mais-realidade descoberta. É aí onde nasce/brota a certeza de tal expressão.


No livro Dicionário do Dadaísmo (1976), Hugnet classifica a collage como processo de criação com o ato de recortar elementos gráficos para montá-los, conforme a composição revelada, ao prazer da imaginação, sendo a única “regra” uma mudança de cenário para trazer novas realidades e então “penetrar no domínio do maravilhoso desviando as imagens de sua finalidade inicial e de seu significado banal”. Max Ernst apresenta alguns dos melhores exemplos, segundo o autor, vendo na collage “a exploração do encontro fortuito de duas realidades distantes em um nível inadequado”, em paráfrase a Lautréamont: “belo como o encontro fortuito de uma máquina de costura com um guarda-chuva numa mesa de dissecação”.

No texto, conforme Breton, a surrealidade dependerá do desejo de expatriação completa de tudo, onde realidades banais (um guarda-chuva e uma máquina de costura) escapam de seus destinos ingênuos e vão a um espaço (a mesa de dissecação) onde revelam-se em um novo absoluto – verdadeiro e poético. A transmutação dos elementos é seguida de “um ato puro como o do amor”, que ocorre sempre em condições favorecidas ​​pelo efeito dado: o “acoplamento de duas realidades aparentemente desacopladas em um plano que aparentemente não lhes convém”.

Timothy Baum, escritor, editor e marchand em dadá e surrealismo, divide as collages de Hugnet em três categorias: as “figuras sem palavras”, peças extraídas de uma multiplicidade de fontes que vão de revistas a almanaques; “obras que associam palavras e figuras”, collages-poemas de força evocativa sem limites; e “associações de collages com tinta” (decalcomanias ou guaches). Se examinarmos as definições técnicas de Ernst que Hugnet colocou no “Dicionário”, a collage está em “o elemento fotográfico colado em um desenho ou pintura; o elemento desenhado ou pintado sobreposto a uma fotografia; a imagem recortada e incorporada a uma pintura ou outra imagem; e a fotografia pura e simples de um arranjo de objetos tornados incompreensíveis pela fotografia”.

Diante do espelho, Hugnet definiu um “poeta sem saber, inventei personagens, inventei paisagens, inventei um mundo sem nenhuma sorte de lei onde o impossível não existia.” De sua manufatura, nasceram livros de collages, como A sétima face do dado (La septième face du dé, 1936, com capa de Duchamp), uma coletânea de 20 poemas-recortes, e Oito dias em Trébaumec (Huit jours à Trébaumec, publicado em 1969), livro com textos escritos à mão e 82 collages que se apresenta como Guia Rose Micheline, sátira de uma mulher Michelin servindo como guia turística conduzindo o leitor pela fictícia Trébaumec, “a pequena cidade perdida na Bretanha, o paraíso reconquistado”.

 


A vida amorosa dos Espumíferos

Dentre os trabalhos mais notáveis de Hugnet estão as bestas pintadas em guache entre 1947-48 sobre postais eróticos de mulheres fotografadas no começo dos anos 1920 e acompanhadas de textos umorados – sem h, ou “um sentido de inutilidade teatral (e sem alegria) de tudo”, como Jacques Vaché dizia –, escritos no começo da década de 1960. Estas collages através do tempo resultam no delicioso livro A vida amorosa dos Espumíferos (La vie amoureuse des spumifères), somente publicado em 2011.

Na França do pós-guerra, Hugnet viveu um período duplo: à noite ia aos clubes que decorava a trabalho, onde desenhava, nas horas livres, em toalhas de mesa, das quais levava para seu ateliê pedaços virgens para pintar seus guaches selvagens durante o dia. É nesse momento que avança o pensamento em curso de mundos fantásticos. Ao se bastar das bestas, passa a experimentar em postais antigos com fotos de jovens mulheres despidas – ou pouco vestidas. Ele intervém com guache, desenvolvendo novas e refinadas técnicas para obter o efeito desejado nessas superfícies brilhantes que absorviam menos tinta que as toalhas de mesa. Logo, o imaginário é povoado pelas aparições dos Espumíferos, esses portadores de espuma, cobertos de penugem colorida, como pássaros machos dançando em libido. Uma “festa selvagem onde se espraia o maravilhoso”, como Sergio Lima coloca a collage em A Aventura Surrealista (1996).

Cosana Eram, pesquisadora, viu nos Espumíferos antepassados que desenharam tormentos às mulheres, como alguns demônios desenhados por Félicien Rops, os espectros negros ilustrados por Alfred Kubin, algumas das gravuras de Max Klinger e criaturas sombrias pintadas por Odilon Redon. Nas collages com Espumíferos, Hugnet confronta o feminino gris com criaturas policromáticas. Seriam monstros, desejos, sentimentos reprimidos? São como parte externa do corpo, não necessariamente outro. Há amor e união entre criatura e criação, enamoradas nos corpos como amantes de poucas horas. Grifos vestem-nas com asas, como se fossem biombos. Algumas mulheres expõem tetas bélicas, mas não são todas descobertas. O desejo explícito não é do próprio autor, mas através desses femininos recortados, atracados e exibidos.

Na década de 1960, Georges Hugnet retornou aos Espumíferos para escrever textos paralelos, em que esculpia cada um “como uma joia”, ou pérola, atendo-se ao filme La Perle que fez em 1929, com ecos de O Cão Andaluz (filme de Buñuel e Dali, do mesmo ano), em busca do “eterno feminino” a partir de uma margarita içada do oceano, que se purifica, torna-se parte de um colar que pula de mãos em mãos como gato no telhado evitando cair em patas mesquinhas, até pôr-se em concha escura como o sol dizendo adeus.

A etimologia de Spumifères (traduzido aqui como Espumíferos), vem do latim spuma, que deriva até espuma, como algo remetente a sperme/esperma, cujos som e intenções ejaculatórias das criaturas, ou suas descrições gozadas, propiciam esse caminho de interpretação, além do próprio salto dialético até a origem de Vênus – nascida da espuma do mar onde os genitais de Urano, castrados pela foice de Saturno, caíram. “A collage é por excelência a linguagem do excesso, (...) vinculada ao desperdício, o escândalo do gozo” (Lima, 1995), pensamento que se encaixa em cada Espumífero, que existe à sua forma bizarramente luxuriosa, se envolve em corpos femininos e dá as caras sarapintadas. Os textos, de linguagem espontânea e repletos de neologismos, dão o tom da personalidade com pitadas do umor que herdam do dadá que Hugnet levou consigo. Os Espumíferos precisam de mulheres para existirem, “são formas nascidas do acaso, em composições policromáticas que parecem miriápodes abstratos, alongados, de esqueletos angulares”.


A esposa e editora do autor, Myrtille Hugnet, clama no prefácio que os 40 Espumíferos são equivalentes aos 40 imortais da Academia Francesa, ainda que nunca tenham sido reunidos todos, já que muitos foram doados a amigos, vendidos, exibidos e roubados, fato que, segundo seu autor, não importa, já que “os acadêmicos raramente são completos”. Cada Espumífero goza primitivamente de seus impulsos libidinosos como identidade e é batizado em relação à personalidade com palavras estranhas a qualquer vocabulário que não o deles. Minoseur Hésitant não se reproduz facilmente, nem sempre nas melhores condições, pois para decidir, precisa de confiança para que não hesite mais; Purlaine Orgueilleux tem impulsos conformistas e preocupações sanitárias; Grattecol entêté é muito falador, possui divertida inteligência realista e bom humor calculado; Tracote des sierras é intempestivo, tumultuado, angustiante e desolado, não sabendo tocar violão.

Matricol Odorant chama atenção ao ronronar seu hino de amor profano, enquanto agita o suave odor de seus “sublimes sacramentos” (tantumergots) pela pelagem. Quando os primeiros arrepios tomam forma, joga sobre o corpo adorado enormes punhados de confetes, até que mexem, borbulham e soltam um segundo Matricol, filho do primeiro, que logo se torna adulto e vai embora tremendo como o próprio Georges Hugnet busca a Fêmea Fácil (“La Femme Facile”, 1942), aquela de vigor impossível, vestindo o veludo da modéstia e dominada pelo brilho das lâminas afiadas no olhar.

Hugnet perseguia essa perspectiva do homem que não entende o que o derrota, aquele que se assusta com as maravilhas nos afagos da desordem em solidão dormente e juvenil. Foi assim, nessa polução noturna, agarrado aos desejos tortuosos nos travesseiros de espuma, que Hugnet libertou-se da realidade banal e sonolenta. É então que o poeta acorda e arma a barraca com tenda celeste, em gozo de via láctea, até colar no branco além das nuvens seu decalque de estrela pulsante. Ali, permanece nas constelações do corpo amado onde ama ocultar-se, como a própria natureza.

 

NOTAS

1. “un grand papillon noir corseté de cramoise portant sur un triangle de neige le feu perpétuel”

2. “Lettre à mes agresseurs” (Carta aos meus agressores) e “Considérations et commentaires suscités par la lecture du témoignage écrit d’André Breton” (Considerações e comentários suscitados pela leitura do testemunho escrito de André Breton). 

 

Bibliografia

CORRALES, Miguel Pérez. Caleidoscopio Surrealista: una visión del surrealismo internacional (1916-2015). La Página Ediciones (2a Ed.), 2015.

ERAM, Cosana. “Hugnet, Georges, La Vie amoureuse des Spumifères ... The Love Life of the Spumifers.” Dada/ Surrealism 19 (2013). Disponível em: https://doi.org/10.17077/0084-9537.1263

FRANCO, António Cândido André Breton/Paul Éluard Correspondance 1919-1938, 2019. In: A Ideia – Revista de cultura libertária, IIª série, ano XLVII, vol. XXIV, números 94/95/96, Outono de 2021. Disponível em:

HUGNET, Georges. Dictionnaire du Dadaïsme. Jean-Claude Simoën, 1976.

___. Collages. Editions Leo Scheer, 2004.

___. La Vie amoureuse des Spumifères. Paris: Biro & Cohen, 2010.

JOUBERT, Alain. L’amitié, ses trahisons, ses bonheurs. En attendant Nadeau – Journal de la littérature, des idées et des arts, 11/02/2020. Disponível em: https://www.en-attendant-nadeau.fr/2020/02/11/amitie-trahisons-breton-eluard/

LIMA, Sergio. A Aventura Surrealista – Tomo 1. Campinas, SP: Editora da UNICAMP; São Paulo: UNESP; Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

RIVAIS, Jeanine. La Vie amoureuse des Spumifères. Revue de la Critique Parisienne, n° 65, junho/2011.

SABOT, Magalie. “Quand les mots et les images se mêlent : le photocollage à l’épreuve des cliniques somatiques extremes”. Dans Cliniques méditerranéennes 2015/1 (n° 91). 

 


RODRIGO QOHEN (São Paulo, 1993) | Poeta, escritor, editor. Com o coletivo Baboon, cria impressões entre livros, plaquetes, revistas, panfletos, ações, gravuras e exposições. A formação em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero termina com o texto-reportagem experimental “Semente de luz em terra ofuscada: a formação do Grupo Surrealista de São Paulo” (2008). Expôs collage e fotografia na Unicamp (Campinas, BRA), Galerie Amarrage (Saint-Ouen, FRA) e Maison André Breton (Paris, FRA). Tem ensaios (Benjamin Péret, Maria Martins, Man Ray, Leonilson, Zuca Sardan) nas revistas VIDRO, Ideia, Pessoa, Jacobin, Dasartes; e poemas no blog Quimera Delirante. Dentre os livros: O Parricídio, (2016), Em cantos do plasma noturno (2018), Entre a vertiginosinagem (2018) e Dente Desperta (2019).

 


EMILIO BOLINCHES | (Uruguai, 1960). Em 1973 iniciou seus estudos de desenho com o aquarelista Esteban R. Garino por três anos. Em 1980 fundou o “Taller 2”, o primeiro workshop privado de formação em Design Gráfico que dirigiu durante nove anos e que entregou ao Designer Gráfico Osvaldo Ruso, que continuou até ao final dos anos 1990. Entre 1982 e 1987 integrou e partilhou o atelier do pintor Carlos Prunell onde deu aulas juntamente com ele. Trabalha como professor de desenho na escola secundária desde 1982 e há dez anos. Desde 1976, expôs o seu trabalho em mais de 400 exposições coletivas e 23 individuais, duas das quais nos EUA. Foi destacado e premiado nos mais importantes Salões de Arte dos anos 80 a nível Oficial e Privado, em Montevidéu e interior do País em treze oportunidades. Aos 22 anos, sua obra passa a fazer parte do Patrimônio Artístico Nacional. Suas obras estão em Museus Nacionais e Coleções Particulares em mais de trinta países (a partir de 2010, uma obra da Série “Céus Mágicos” está registrada no Palácio do Governo Chinês). Atualmente desenvolve suas Oficinas de Artes Plásticas no Centro Cultural Carlos Brussa, SUA Sociedade Uruguaia de Atores. Realiza Workshops para Empresas, com uma proposta vinculativa entre as Artes Plásticas e o Cotidiano, assim como palestras de integração às Artes, para incorporação à Nossa Dieta Diária.


 


Agulha Revista de Cultura

Série SURREALISMO SURREALISTAS # 16

Número 215 | agosto de 2022

Artista convidado: Emilio Bolinches (Uruguai, 1960)

editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com

concepção editorial, logo, design, revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS

ARC Edições © 2022

 






                


 

∞ contatos

Rua Poeta Sidney Neto 143 Fortaleza CE 60811-480 BRASIL

floriano.agulha@gmail.com

https://www.instagram.com/floriano.agulha/

https://www.linkedin.com/in/floriano-martins-23b8b611b/

 

  

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário