CENTENÁRIO DO SURREALISMO
DOIS LIVROS DE FLORIANO MARTINS
Por ocasião da
publicação de O começo da busca – O
surrealismo na poesia da América Latina (2001), de Floriano Martins, o
crítico José Castello publicou no jornal O Estado de S. Paulo, uma resenha onde
observa: “O
escritor cearense Floriano Martins tem-se destacado por um trabalho inquieto
como poeta, ensaísta, biógrafo, tradutor e editor. Em suas mãos, os gêneros
costumam se mesclar e coexistir, e é isso o que ocorre mais uma vez neste O
Começo da Busca, antologia crítica de poetas latino-americanos marcados
pela estética surrealista, como Aldo Pellegrini, Enrique Molina, Octavio Paz e
os brasileiros Roberto Piva e Sérgio Lima, na qual se misturam ensaios, poemas
e entrevistas.” O interesse de Floriano Martins se definiu e ampliou, em torno
do Surrealismo, tendo sido responsável pela publicação de livros que podem ser
entendidos como reveladores e indispensáveis. A ARC Edições apresenta agora,
considerando o marco do centenário do Surrealismo, dois desses livros
fundamentais:
1. UM NOVO CONTINENTE
– POESIA E SURREALISMO NA AMÉRICA
Traduções de Allan Vidigal (inglês), Eclair Antonio Almeida Filho (francês), Floriano Martins (espanhol), Márcio Simões (inglês), Milene Moraes (francês). Orelhas de Marco Lucchesi, e posfácio de R. Leontino Filho
Ano 2016 | 560 pgs | 14x21cm | R$ 65,00 (frete simples incluso)
Definitivas são as referências encontradas no duplo posfácio
que encerra este livro enciclopédico de Floriano Martins, dedicado ao estudo do
Surrealismo no continente americano. Na primeira delas, o poeta R. Leontino
Filho assevera que o autor se move
pela palavra suprema, lâmina ungida unanimemente pelo sentido das coisas e dos
seres, entendimento que suscita novos sopros para um renovado tempo poético. A
feitura tríplice da obra propicia ao leitor-viajante farto material de
navegação: ensaios, enquetes/depoimentos e entrevistas constituem um todo desse
arquipélago desafiador que é o continente prismático,
caleidoscópico da América em sua total grandeza. O livro avalia, sem
deixar de fora nenhum país do continente onde tenha sido relevante a presença
do Surrealismo, a recepção do movimento, sua aceitação, desmembramento,
renovação e perspectivas em um horizonte que foi acentuadamente marcado por
ele. No Boletim Infosurr, do
movimento surrealista, em Paris, lemos este trecho de uma vultosa resenha deste
livro: “O poeta brasileiro Floriano Martins empreendeu o ambicioso projeto de
descrever a atual presença do surrealismo nas Américas, de Norte a Sul, e de
esboçar as particularidades dos diferentes centros surrealistas deste vasto
arquipélago que são os países americanos, divididos como estão por fronteiras e
através de diferentes tradições coloniais e culturais. O imponente livro
resultante, Um novo continente, […] é
uma exploração instantânea do que pensam vários surrealistas em diferentes
países americanos, muitas vezes muito isolados uns dos outros, sobre notícias
surrealistas em seu contexto específico. [...] Um novo continente é certamente um livro importante, mesmo que às
vezes seja um pouco provocativo. Está repleto de visões originais de um
continente que deixou definitivamente de ser periférico à evolução do
surrealismo.”
TRECHO DAS ORELHAS: Floriano Martins escreveu um livro de rara probidade intelectual. Diante de um repertório vasto, difícil e inacabado, elaborou uma articulação ousada e bem-sucedida entre partes consideradas dispersas e intrafegáveis. Enfrentou a princípio – e com galhardia – uma nuvem de ideias em contínua migração. O primeiro passo foi dado com O começo da busca, que era um livro sem aduanas ideológicas ou embargos culturais. Era o anteprojeto de uma ousada cartografia. Não a que se faz dentro de um cômodo gabinete, de censuráveis a prioris e de outras imposturas intelectuais, conceitos que mal se adequam a uma geografia porosa, vibrátil, em que as ilhas distantes, porventura, podem formar um arquipélago inesperado, partindo-se de um insight, ou de uma atenção polifônica, nas camadas mais profundas da harmonia. O mapeamento de Floriano está para Borges e Calvino. Preciso e marcado de potencialidades. Atento a percursos mal visitados, como quando aborda certas formas clandestinas do Surrealismo, que não tomam parte sequer de um proto-cânone. Floriano está no microcentro de Buenos Aires e entre os Mapuches do Chile, interage com os poetas do México e com os de Cuba, com uma desenvoltura, uma atenção, um respeito que hoje anda quase perdido. O seu gabinete fica – como dizia Antonio Carlos Villaça – entre a estante e a rua, a escuta precisa e a polêmica aguda, provocadora, nunca próxima da gratuidade, a serviço de mais oxigênio e coragem. […] Tenho Floriano Martins como um dos nomes cruciais para a compreensão das culturas da assim chamada América Latina – e não estou só nesta quadra. Poucos no continente possuem hoje um trânsito físico e mental como o dele, para todas as latitudes deste nosso velho Mundo Novo. Sua aventura espiritual bebe na fonte de um José Martí e sonha uma integração poética mais profunda e marcada pelo estatuto da emancipação. E, afinal, será preciso sublinhar que este livro foi escrito por um poeta de marca, um ensaísta vigoroso e um artista plástico que não separa a instância crítica da própria criação? [Marco Lucchesi]
2. 120 NOITES DE EROS
Prefácio de Jacob Klintowitz
Ano 2020 | 168 pgs | 14x21cm | R$ 35,00 (frete simples incluso)
120 noites de
Eros é
uma dessas obras cuja singularidade salta aos olhos. A escritura de 120
retratos das principais representantes femininas do Surrealismo em todo o mundo
é um projeto de ousadia incomparável. E não se trata apenas de traços
biográficos, mas antes da paixão que a escrita revela na relação entre o Autor
e essas 120 mulheres. É um livro que destaca uma cumplicidade existencial entre
seus personagens, uma linha de amor que o prefaciador, o crítico brasileiro
Jacob Klintowitz, tão bem percebe quando destaca que a criação dos retratos é fundada em dois elementos
essenciais. A percepção poética da obra e do discurso dessas mulheres e a
recuperação de sua importância social e local, pois se constitui, quanto à
origem, num amplo arco geográfico. Os retratos são antecedidos por um
extenso estudo introdutório, que situa a presença conturbada da mulher naquele
que foi o mais intenso e renovador movimento das vanguardas no século XX.
TRECHO
DAS ORELHAS: Floriano
Martins é um dos mais profundos estudiosos do surrealismo da nossa época. A sua
contribuição é imensa, abrangente e poética. O que este autor faz, o faz em uma
linguagem incandescente. E tem essa coisa única que a dificuldade oferece, a
pobreza de recursos para a cultura, constante em países imaturos, a liberdade.
Nada precisa ser submetido a institutos, fundações, associações. Nada é dado a
artistas como Floriano Martins, e nada, em compensação, lhe é cobrado e exigido
e conformado. Ele é o seu próprio mecenas e o inventor de sua liberdade. […] Estamos
diante de um livro que imediatamente se tornará referência obrigatória no
estudo do surrealismo. E, mais amplo ainda, se tornará em peça importante para
o conhecimento do processo cultural de nossa época e na apresentação de figuras
humanas que, às vezes com imensa dificuldade, se constituíram e se constituem
em parâmetros de excelência e de virtude; a virtude entendida como a lealdade a
si mesmo, ainda que ao custo das eventuais incompreensões de uma época de
grandes transformações, como é a nossa. [Jacob Klintowitz]
CONDIÇÕES DE PAGAMENTO (TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA/PIX)
Um novo
continente – Poesia e surrealismo na América
Ano 2016 |
560 pgs | 14x21cm | R$ 65,00 (frete simples incluso)
120 noites de Eros – Mulheres
surrealistas
Ano 2020 |
168 pgs | 14x21cm | R$ 35,00 (frete simples incluso)
BRADESCO | Ag. 3456 | C/C 17920-5 |
CPF 169.613.313-00
ou através do pix (85) 996122600
Em nome de Floriano Benevides Junior
Ao enviar o comprovante de
transferência informar o endereço
Contato direto com o Autor: floriano.agulha@gmail.com
Na compra dos dois livros a editora
acrescentará ao pedido o seguinte bônus:
CONFISSÕES DE UM ESPELHO [correspondência,
poemas, desenhos, depoimentos], de Cruzeiro Seixas
Ano 2016 | Organização de Floriano Martins
O livro é dádiva da memória, palavra que pulsa quase
simultaneamente numa avalanche de pura poesia. Cruzeiro Seixas, esse
homem-galáxia, poeta e pintor de alta linhagem, está desnudo, expresso em
surreal tecido de verdades, em Confissões de um espelho, uma
verdadeira joia encravada nas faces disfarçadas do real. O livro traz, a
tiracolo, cartas de Cruzeiro Seixas destinadas a Floriano Martins, confissões
sem meias verdades ou com verdades inteiras, a epistolografia é uma preciosa
arte e nas mãos de um artista genial ganha um tal refinamento que vale por si.
Na sequência das cartas, os poemas e desenhos: As minhas mãos é que
pensam, não eu. Cruzeiro Seixas em sua poética, numa visada crítica, sem
submissão alguma, atrela o erudito ao coloquial, de forma enfática, por vezes
insólita e enlouquecida, não à toa, ele acentua numa de suas muitas entrevistas
que: A vida é, de facto, um escândalo para a razão. Sendo assim,
torna-se imprescindível ocupar com destemor os assombros do surrealismo, essa
falésia de impertinências e desassombros, essa asa de vontades e infinitudes,
esse reino de liberdade na consciência do infinito. Para não ir muito longe,
nessas aventuras surreais, novamente Murilo Mendes: O surrealismo,
tentando ultrapassar os limites da razão humana, aproxima-se às vezes
consideravelmente da mística. Cruzeiro Seixas arremata: Os que
querem agarrar com ambas as mãos o IMPOSSÍVEL não se apercebem que o impossível
acontece todos os dias. [R. Leontino Filho]
TRECHO DE RESENHA EM PORTUGAL: O poeta brasileiro Floriano Martins acabou de organizar e publicar um livro de Cruzeiro Seixas, Confissões de um espelho, cujo núcleo são 45 cartas ao organizador, escritas entre Setembro de 2003 e Novembro de 2015. Floriano Martins fora já editor de Cruzeiro Seixas em 2005 com Homenagem à Realidade (São Paulo, Escrituras). […] O novo livro é peça digna de nota, desde logo pela importância das cartas de Cruzeiro Seixas, as primeiras deste autor que se publicam em livro. São cartas longas, recheadas de afirmações aforísticas, de boa valia para conhecer quanto o português pode ser desconcertante na escrita como nos desenhos que elegeu como a sua primeira e mais importante forma de expressão. Numa carta de 2006 diz: “Eu nunca coloquei nada na net, tornando-se insuportável para mim navegar sem água.” Numa outra, de 2015, deixa esta indicação: “Creio que a pintura entendida como a entenderam Velásquez ou os impressionistas acabou.” Em duas outras faz questão de se afirmar um alcoforadista intransigente e apaixonado. “Mariana Alcoforado que amo mais do que o Chamilly”, diz ele. […] As cartas são complementadas por várias entrevistas, depoimentos internacionais – são notáveis os textos de Sarane Alexandrian e de Franklin Rosemont – e até uma antologia de 12 desenhos e 12 poemas, que revelam o convívio apaixonado do organizador com a obra do seu autor. O conjunto é doravante indispensável para se conhecer Cruzeiro Seixas e até para abordar alguns dos sulcos maiores e menores que o surrealismo gravou de forma indelével em Portugal e no Brasil. [António Cândido Franco]
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Querendo saber mais a respeito de Surrealismo,
acompanhe a Agulha Revista de Cultura,
com destaque para a série “Centenário do Surrealismo”: https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2022/04/centenario-do-surrealismo-1919-2019.html.
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