quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

FRANCESCA RANDAZZO | Clementina Suárez – A nação que falta e a pátria encontrada

 


Em 1958, a poeta [1] Clementina Suárez, irreverente e célebre, publica nas Honduras Canto a la encontrada Patria y su Héroe. [2] Em um país onde a falta de identidade e a ausência do facto nacional são abundantemente denunciadas pelos intelectuais do país, um título como este não pode passar despercebido. A literatura é sem dúvida um campo fértil para descobrir os sentimentos colectivos –bastante difíceis de discernir por simples factos ditos históricos. Embora o romance seja o lugar privilegiado de visita, a poesia –unida a uma metodologia crítica– põe em evidência estruturas de sentimento que desafiam os referentes clássicos para abordar o sujeito nacional.

Do ponto de vista estritamente histórico, as referências às origens do sentimento nacional hondurenho são três: uma configuração geográfica e jurisdicional própria, herdada da colónia espanhola; a discriminação política e económica da parte da Guatemala antes da independência; e, bem depois, a centralização da administração com a Reforma Liberal de 1786, dirigida por dois intelectuais, o Presidente Marco Aurelio Soto e o seu Ministro, Ramón Rosa (Barahona, 2002).

Após este último facto – chamado pelo historiador guatemalense Arturo Taracena a Revolución en Probeta [3] (em Pérez Brignoli, 1994) - parecia que a esperança de solidificar as bases da nação hondurenha se esgotava. Com a queda do presidente Soto (1883), as referências históricas de meados do século XX (cf. Salgado, 1941; Valle, 1981) vão sublinhar particularmente as guerras civis – que vão continuar até à chegada do ditador e pacificador Tiburcio Carías em 1933 – como as responsáveis pelo impedimento da conformação e do despontar da nação.

A ditadura de Tiburcio Carías (1933-1948) volta a juntar mais que uma nação atingida pelas guerras civis, a esperança em termos de paz y orden. [4] Os tiros não são poupados, mas o interessante para imaginar a comunidade são sem dúvida os pontos de sutura executados pelo fio do telégrafo. Sem nunca sair de um raio de 30 km, Carías conseguiu controlar a lealdade dos Caudilhos – espalhados por todo o território – com a instauração e a utilização do telégrafo (cf. Dodd, 2008). Contudo, fica por discernir se as repercussões sobre o imaginário colectivo vão para além das possibilidades imediatas que são conferidas ao poder.

Os interesses estranhos à nação hondurenha são também sublinhados como responsáveis pelo sufocamento do sentimento colectivo da identidade hondurenha, tendo sido capazes de fazer vacilar o processo de construção da nação sobre as suas próprias bases e recursos. Isso teria conduzido à não conformação de uma identidade de classe dominante (cf. Arancibia, 2001), e logo a uma oligarquia ausente (cf. Euraque, 1996, 2001), o que teria sobretudo beneficiado os enclaves. As Honduras são frequentemente o exemplo da Banana Republic, embora a economia de enclave tenha sido produto não somente da presença de companhias bananeiras mas também de mineiras, ambas pertencendo a proprietários provenientes dos Estados Unidos.

Uma outra abordagem é a tese sobre a falsa identidade maia. O historiador Darío Euraque (2002) possui um estudo sobre as iniciativas do Estado hondurenho, a partir dos anos quarenta, para exaltar o passado maia. Contudo, Euraque, em vez de ver esse facto como a recuperação de um passado glorioso, a recriação de uma ficção de base ou mesmo uma reinvenção ao serviço do nacional, procura obstinadamente demonstrar, em nome de uma suposta verdade científica, que a identidade maia nas Honduras está construída sobre bases que não só são falsas, como também quase ridículas. Dito isto, este estudo é verdadeiramente excepcional e aponta para um momento de elaboração nacional importante que tem o potencial de ser encarado a partir de uma abordagem pluridisciplinar.

A nação, contudo, está bem longe de ser simplesmente um correlativo geopolítico ou socioeconómico. Os seus fundamentos assentam na tensão exercida entre a enunciação da sua cultura cognoscível e o seu próprio processo de significação (cf. Bhabha, 2002). A nação não está presa na forma que lhe foi dada, ela é constantemente reelaborada e reescrita. De facto, a História, a partir da sua posição privilegiada na construção social do sentido e dos conhecimentos, constitui um eixo desse processo; mas está longe de ser o único.

Embora seja afirmado que a construção nacional não é mais que uma preocupação intelectual – e bem pior, falsa! –, que permanece afastada das prioridades do Estado até aos anos setenta – na figura das reformas socio-económicas – e oitenta – com o retorno à ordem constitucional após as ditaduras militares (Barahona, 2002), não se pode dizer, no entanto, que a questão esteja ausente, uma vez que, mesmo quando parece estar, ela está presente sob a forma da falta.

Os estudos sobre a questão nacional nas Honduras falam de uma anulação reiterada dessa conformação comunitária, ao ponto de a encararem em termos de projecto para o fim do século XX (Chávez Borjas y Umaña, 1991). O sentimento de não ser uma nação traduz-se no colectivo como desespero, como sensação de incapacidade, e como falta de compromisso. Pensar a nação hondurenha como um fracasso ou, no melhor dos casos, como um projecto revela claramente uma dificuldade em imaginar a comunidade, pilar fundamental do Estado. Contudo, mesmo se a instauração de um Estado não é condição suficiente para garantir a existência de uma nação, o simples facto de ter existido durante algumas décadas sob uma paisagem institucional constitui um quadro de vida e pode levar a uma identificação passiva com um Estado Nação (Hobsbawm, 1997). No entanto, seja no início do século XX ou do século XXI, haverá ainda tendência a duvidar que as Honduras sejam uma comunidade política, autónoma, soberana e capaz de determinar a sua história e o seu destino. É este o sentimento do historiador e poeta Rómulo E. Durón (1865-1942) quando escreve os seguintes versos?

 

¡Ah! Desde que el sol patrio se hundió con el caudillo,

En la sombra esperamos del oro nuevo el brillo

Y ¡oh Patria! ¡Aún es de noche! ¡oh Patria! ¡Aún no amanece! [5]

(“Ante la estatua de Morazán”, Durón dans Salinas, 1993).

 

O caudilho de que fala Durón é Francisco Morazán, que na América Central é um pouco o equivalente de Simón Bolivar. Apesar de frequentemente associada à América do Sul, a América Central – no coração da qual se encontram as Honduras – tem uma história que lhe é própria, para além de culturalmente ser muito variada e do seu território funcionar também como uma ponte entre as grandes civilizações mesoamericanas e as do sul do continente.


Pouco depois da Independência (1821), o istmo viveu um período de várias décadas sob a forma de União Federal, presidida ideologica e militarmente por Francisco Morazán, originária do que na época era uma Provincia, as Honduras. A reforma liberal do final do século XIX deu a Morazán o lugar de honra no panteão dos heróis. Doravante, tornou-se uma lenda; a personagem tem um charme tal que é inspiradora de várias centenas de poemas escritos ainda durante a sua vida e até aos dias de hoje. Detemo-nos sobre este facto pois é possível encontrar um vínculo para compreender – de uma maneira não muito ortodoxa – o que se passa, não apenas a partir dos factos mas também da percepção dos sujeitos. A maioria da poesia patriótica passa pelo sujeito de Morazán. Se voltarmos aos versos atrás citados, a alusão ao herói para referir o colectivo não é então fortuita.

 As elaborações históricas justapostas às poéticas descrevem momentos análogos, apresentando uma experiência existencial individual que encarna uma dimensão social (cf. Goldmann, 1967). Após um longo estudo desses dois eixos, considero, neste artigo, examinar duas obras particularmente interessantes referidas a Morazán e publicadas em meados do século XX. Trata-se de Canto a la encontrada Patria y su Héroe (1958) da poeta hondurenha Clementina Suárez e Cantos democráticos al General Morazán (1944) do poeta hondurenho Claudio Barrera.

No texto de Suárez é elaborado um sentido de pertença enquanto que no de Barrera é mais a ideia do povo e da luta que são desenvolvidas. São dois conceitos muito diferentes de nação. Se procurarmos aplicar aqui a teoria de Hobsbawm (1997) um seria nacionalista enquanto que o outro se encontra mais do lado revolucionário democrático. Para este último, o tema central é o povo soberano individualizado na figura do cidadão. Pelo contrário, para o primeiro, a criação das entidades políticas deriva da existência anterior de uma comunidade ligada à tradição e à História. Ambos os conceitos são concebidos segundo a equação estado=nação=povo, e referem-se a uma herança do passado. Seguem-se alguns versos dos livros citados:

 

No puedo llegar...

porque jamás me he ido.

Eres una Patria construida

en lo interior.

Caminas dentro de mí

como un abierto río.

Vienes desde muy atrás

rebelde y vegetal,

todo en ti es nuevo y viejo

tierra para la infancia

y para inmortalizar el tiempo.

(Suárez, 1958)

Morazán, voz de pueblo,

con levadura virgen de tierra amanecida,

propicia al grito eterno

de anunciación y vida...   

Médula campesina.

Médula intelectual.

Médula proletaria.

Modelado en la pobre piedra de la esperan­za

y fijo en el destino sin rumbo de la angustia.

Morazán como Washington y Lincoln y Bolívar; 

(Barrera, 1944)

 

Em Suárez, [6] identifica-se facilmente uma noção determinista: a nação faz-se pela evolução de um princípio intrínseco aos seus membros. Desta fonte surge também a concepção do povo como um ser vivo. Em Barrera, [7] pelo contrário, a nação vem da vontade popular em consequência da liberdade humana, o que lembra o plebiscito quotidiano de Renan que não tem em conta conceitos como território, ‘raça’ ou linguagem.

Tanto o livro de Barrera como o de Suárez aparecem em momentos de grande carga emocional na sociedade hondurenha. A publicação de Barrera coincide com os 150 anos do nascimento de Morazán, que são também os 100 anos da sua morte; está-se na ditadura de Tiburcio Carías [8] e a Guatemala está prestes a viver a sua primavera democrática (1944). [9] Um governo liberal chegará finalmente ao poder nas Honduras em 1957 e é então –ou mais propriamente no ano seguinte– que será publicado o livro de Suárez.


A nação não pode ser apreendida apenas pela crónica histórica, uma vez que ela também se conforma a partir das possibilidades suprimidas e das contradições irresolutas. Contudo, a poesia hondurenha em geral, e pelo menos até meados do século XX, trata preferencialmente o sujeito nacional a partir de uma conceptualização ‘clássica’ e os textos não são disruptivos per se. Muito pelo contrário, parecem utensílios perfeitos para fins nacionalistas. Contudo, nem o Estado os incorpora no seu discurso ideologizante, nem o cânone literário se detém sobre eles –será devido ao seu cariz panfletário?

Apesar do tom patriótico, nenhum destes dois livros de poemas é utilizado com fins nacionalistas. No que diz respeito ao texto de Barrera, talvez a razão esteja do lado das alusões ao  povo, enquanto proletariado. Apesar das exaltações laudatórias, este texto, em 1944, era subversivo. Por bem menos que isto, era-se apontado com a designação criminosa de comunista. No caso de Suárez, quando publica Canto a la encontrada Patria y su Héroe, o país entra numa fase dita ‘liberal’ com o governo de Ramón Villeda Morales. Um texto como o de Suárez é um elemento perfeito para o culto laico; mas nenhum dos dois livros citados é utilizado dessa forma, nem na época nem actualmente.

Assim, é possível que a percepção da falta de identidade se refira então à impossibilidade de aceder a uma elaboração conceptual clara do nacional, com a qual seja possível identificar-se. Mas, uma vez que existe uma criação orgânica, o problema parece encontrar-se mais do lado das instituições e dos estudos académicos. Para este saber é necessário entender o modo como o Estado hondurenho e a elite política recuperam, ou não, as vozes que vêm do povo; como se realiza a difusão e qual o papel desempenhado pelo livro e a educação. Mas estes factores, encarados de uma maneira demasiado positiva, escondem o mais cativante que está do lado do que foi produzido por essa omissão. No caso hondurenho, seria justamente essa abordagem que desvendaria o mais interessante, pois mostraria como o Estado, em vez de consolidar a nação, retarda o projecto oficial da sua construção.

Embora desprovidos deste tipo de estudos, o nacionalismo pode ser estudado a partir das preformações ou manifestações espontâneas, como a poesia, pois a realidade não precisa de ser formulada para existir, e as subjectividades –a nação é uma delas– não necessitam de uma definição, de uma classificação ou de uma racionalização antes de exercer pressões sobre a experiência e sobre a acção (Williams, 1980). O estudo dos campos semânticos utilizados na representação de Morazán na poesia hondurenha até meados do século XX mostra mudanças nas estruturas de sentimento.

Uma estrutura de sentimento é uma mudança de presença que faz parte de uma experiência social, não sendo, logo, apenas pessoal, superficial ou incidental. Estas mudanças são procuradas, neste caso, através do estudo dos campos semânticos e lexicais na poesia. Segundo Williams: A ideia de uma estrutura de sentimento pode ser relacionada especificamente com a evidência de formas e de convenções -figuras semânticas que, na arte e na literatura, se encontram frequentemente entre os primeiros indicadores de que uma estrutura deste tipo se está a formar (Williams, 1980: 156).

No texto de Suárez encontram-se presentes todos os campos semânticos utilizados por Barrera, à excepção da utopia democrática–revolucionária. A omissão da metáfora do povo pode bem ser o erro histórico sugerido por Renan como sendo fundamental nas conformações nacionais. Justamente, a ausência, no texto de Suárez, de qualquer alusão ou eufemismo relativo à grande greve operária de 69 dias no ano de 54 revela um minus de origem (Bhabha, 2002).

A 3 de Maio de 1954 o proletariado faz a sua grande entrada na cena política com

a grande greve que começará no sector bananeiro mas que, pouco a pouco, paralisará toda a nação com a participação de mais de 35 mil operários. A importância deste facto deve ser interpretada de maneira inversamente proporcional à apatia que ela suscita na intelligentsia. A história nacional, tal como a pátria imanente dos poemas de Suárez, não faz referência à grande greve. A omissão da luta operária – que contribui para aquilo que a comunidade imagina enquanto nação – revela que o acontecimento em si mesmo é um factor essencial. A lógica da inversão (tornar visível o esquecimento) dá forma às revelações e às reinscrições da inquietante estranheza, o unheimlich de Freud, aquilo que deveria permanecer escondido e secreto mas que se revela [10] (cf. Bhabha, 2002).

A nação que surge para enfrentar as companhias bananeiras, os colarinhos brancos que dão o seu apoio de diversas maneiras, e toda uma comunidade perturbada pelo acontecimento são apagados na causalidade da História Nacional e suas instituições. A grande greve de 54 é relatada como um facto entre outros factos, como uma engrenagem social que culmina na formulação do Código do Trabalho e do direito sindicalista. Trata-se de uma visão linear, que demonstra um positivismo acumulativo, incorporando assim o movimento popular na trama hegemónica do poder.


Este raciocínio permite conceber a nação enquanto ausência e identidade frustrada. Trata-se da anulação de uma certa memória, a dos movimentos populares e das reivindicações sociais. A Grande Greve de 54 é verdadeiramente uma luta nacional capaz de acordar um sentimento de pertença, não a partir das classes no poder mas das classes subalternas. A sua omissão vem também da sua integração na história dos vencedores.

Contudo, a sociedade e o indivíduo estão em diálogo permanente com a história e, suprimindo a memória, esse diálogo emerge do inconsciente colectivo nos momentos de crise (Brading, 2002). O estudo das transformações da imagem de Morazán através dos campos semânticos dos poemas hondurenhos põe em evidência mudanças nas estruturas de sentimento, sendo que as mais marcadas tiveram lugar em meados do século XX, o que coincide com a entrada do proletariado na cena política, como uma fraca força messiânica (Benjamin, 1982), fazendo girar a subjectividade nacional em torno de 54.

A representação de Morazán é atravessada pela temporalidade da luta. Esta é o símbolo do povo, da liberdade, mas sobretudo da União, restituindo a greve, assim, o ideal do herói. Esta maneira de apreender a realidade implica a existência de várias temporalidades. Uma é a que constrói a História. Outra é a temporalidade das lutas e resistências, não se identificando com o presente mas tentando constantemente subvertê-lo, desafiando-o com o ainda não de Bloch (cf. Tischler, 2003).

Se a nação hondurenha nasce do fracasso da Federação, a dissolução política da América Central não destrói o imaginário da grande comunidade, que subsiste nas Honduras ao nível do imaginário. Enquanto o signo existe, é assegurada a permanência do que está representado, seja tal como foi ou tal como o sonhamos (Rama, 1984). Alvaro Contreras [11] afirmava que se se suprimisse o génio de Morazán anular-se-ia a alma da história da América Central.

Aí onde aparece uma falta de nacionalismo é preciso também ver um nacionalismo mutilado no projecto morazanico, que subsiste na sua utopia, e que, logo, é remetido para as gerações futuras. O retorno ao passado é possível pois o passado não está preso nas fronteiras de um tempo apagado, muito pelo contrário, ele invade o presente e revela-se em diferentes momentos como estilhaços de um tempo messiânico (Benjamin, 1982).

A figura ambivalente da nação não reside unicamente na sua história transicional nem na sua indeterminação conceptual. Ela constitui um processo aberto e mutável, não uma série de elementos fragmentados com os quais é identificada. É comum pensá-la a partir das suas formas elaboradas, mas outras formas alternativas ou opostas coexistem e são significativas, e a sua presença activa é decisiva para elas próprias mas também para o processo hegemónico.

A reconstituição da memória a partir dos traços da sensibilidade pode ser particularmente significativa. Neste sentido, a poesia é um espaço privilegiado de memória dos povos, capaz de desvendar uma conformação sócio-histórica nacional que contém a sua forma contraditória e a sua subjectividade antagónica A literatura hondurenha e especialmente a poesia são um referente de uma grande riqueza para estudar a sociedade a partir da subjectividade colectiva.

Morazán, na subjectividade hondurenha, não é um facto inscrito na produção do passado ao serviço do presente, mas uma força de redenção que actualiza a luta do que foi negado. A história do herói, fora do discurso cívico, não é a história do vencedor mas do vencido, e talvez a nação hondurenha seja um ainda não de um país que ficou órfão da América Central, a grande pátria.

A conformação nacional não é um processo acumulativo através do qual um dia será atingido o progresso, ou o suposto desenvolvimento. A nação é trespassada por relâmpagos que iluminam as temporalidades na noite da sua história. Promessas, ideais não concretizados, passado em dívida, traduções do sonho de Clementina, encontrando a sua pátria na nação que falta.

 

NOTAS

Ensaio traduzido ao português por Ana Maria Campino.

1. Poeta e não poetisa, uma vez que tinha horror a ver-se assim chamada.

2. Canto à pátria encontrada e seu herói

3. A Revolução em Tubo de Ensaio.

4. Paz e ordem.

5. Ah! Desde que o sol pátrio se afundou com o caudilho, À sombra esperamos do ouro novo o brilho/ Oh Pátria! Ainda é de noite! Oh Pátria! Ainda não amanhece!

6. Não posso chegar…/ porque nunca me fui embora. / És uma Pátria construída/ no interior. / Caminhas dentro de mim/ como um aberto rio./ Vens de há muito tempo/ rebelde e vegetal,/ tudo em ti é novo e velho/ terra para a infância/ e para imortalizar o tempo.

7. Morazán, voz de povo,/ com fermento virgem de terra amanhecida,/ propícia ao grito eterno/ de anunciação e vida.../ Medula campesina./ Medula intelectual./ Medula proletária./ Modelado na pobre pedra da esperança/ e fixo no destino sem rumo da angústia./ Morazán como Washington e Lincoln e Bolívar;

8. Carías enfrentou em 1943 uma tentativa de golpe de Estado e fortes acusações da imprensa devido à extensão do seu período presidencial; em 44, faz-se uma reunião pública no escritório geral San Francisco em Tegucigalpa, e manifestações anti-Carías têm lugar em Tegucigalpa e em San Pedro Sula; neste ano criou um corpo de oficiais (Dodd, 2008).

9. A revolução democrática de 1944 na Guatemala é uma das mudanças políticas mais importantes do século XX na América Central, com as suas eleições livres e a chegada ao poder de um governo considerado, na época, de esquerda. É então que “as noções de povo e pátria se enquadram num novo código de características nacionais, populares e românticas” (Tischler, 2001: 270).

10. Da mesma maneira a história evita citar o nascimento da República ou a luta hondurenha contra a Federação como momentos importantes para a conformação da nação hondurenha, assinalando preferencialmente o 15 de Setembro de 1821 (data dita da independência, e fazendo alusão à colónia espanhola).

11. Diario Oficial de la República del Salvador Núm. 68, 23 de Março de 1882 em Rosa, 1996.


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FRANCESCA RANDAZZO (Honduras, 1973). É doutora em Sociologia pela Universidade de Santiago de Compostela, mestre em Ciências Sociais pela FLACSO, Guatemala, e graduada em Letras pela Universidade Nacional Autônoma de Honduras. Publicou os livros de poesia Roce de Tierra (1997), A mar aberto (2000), Compás de Luz (2003), Barcos en el Aire (2008), Mirares/Ollares (2010), Exílio interior (2015) e De esos animales salvajes llamados orquídeas (2021). Também publicou o livro Honduras, patria de la espera e vários artigos em revistas científicas. Atualmente é professora de Sociologia e Estudos da Mulher na Universidade Nacional Autônoma de Honduras.




TARŌ OKAMOTO (Japão, 1911-1996). Filho do cartunista Ippei Okamoto e da escritora Kanoko Okamoto. Estudou na Sorbonne nos anos 1930 e criou muitas obras de arte, após a II Guerra Mundial. Foi um artista e escritor prolífico até sua morte. Entre os artistas com os quais Okamoto se associou durante a sua estadia em Paris estiveram André Breton e Kurt Seligmann, este último uma autoridade surrealista em magia e que conheceu os pais de Okamoto durante uma viagem ao Japão, em 1936. Okamoto também se associou com Pablo Picasso, Man Ray, Robert Capa e sua parceira, Gerda Tarō, que adotou o primeiro nome de Okamoto como seu próprio sobrenome. Em 1964, Tarō Okamoto publicou um livro intitulado Shinpi Nihon (Mistérios no Japão). Seu interesse em mistérios japoneses foi provocado por uma visita feita ao Museu Nacional de Tóquio. Depois de ficar intrigado com a cerâmica Jōmon que encontrou lá, ele viajou por todo o Japão para investigar o que entendia como o mistério que se encontra sob a cultura japonesa e, em seguida, publicou Nihon Sai hakkenGeijutsu Fudoki (Redescoberta do JapãoTopografia de Arte). Tarō Okamoto é o artista convidado desta edição de Agulha Revista de Cultura, e sua presença entre nós se deu graças à generosidade do bailarino e tradutor Daniel Aleixo. Sugerimos visitar o Museu de Arte Tarō Okamoto: https://taro-okamoto.or.jp.



Agulha Revista de Cultura

Número 259 | janeiro de 2025

Artista convidado: Tarō Okamoto  (Japão, 1911-1996)

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