Assim foi com minha apresentação a Óscar
Domínguez. Eu tinha doze anos de idade e estava em um colégio interno a uma boa
distância de casa, que era uma fazenda no País de Gales Central. Minha expectativa
era permanecer na escola até os doze anos de idade e depois retornar à fazenda para
passar o restante da vida a cultivar a terra. Estava na biblioteca da escola e encontrei
um livro novo em folha, intitulado Surrealismo.
Seu autor, Patrick Waldberg. Ao terminar o volume, cheio de textos, fotografias
e reproduções de pinturas, eu já decidira que era aquele o caminho que minha vida
iria tomar. Entre pinturas reproduzidas estava uma de Óscar Domínguez, “O Caçador”,
de 1934, representando um pássaro em uma gaiola, com a gaiola na forma de uma mão
humana, tão simples e tão profundamente poética, tão instantaneamente ressonante
como reflexão sobre a transformação poética. Era a complexidade do simples equilibrada
com a simplicidade do complexo. A evaporação poética do funcional sustentada pelo
questionamento da função e do propósito, quando o poético intervém como instrumento
do questionar a lógica a funcionalidade. Foi uma revelação. A simplicidade da imagem
era atraente, mas suas vibrações agiam como uma onda de choque, tudo podia dar à
luz a própria poesia, redefinir o próprio lugar e o próprio potencial de transformação
poética. A pintura fora realizada com delicadeza e humildade, havia nela um senso
de força, convicção e certeza de intenção, era uma pintura convicta, mas a convicção,
embora confrontadora em sua premissa de interrogação, não se mostrava por meio do
uso da agressão, ou da violência destrutiva. A aura da obra denotava que os participantes
representados estavam à vontade com a ação que se desenrolava, eram dela cúmplices,
talvez até mesmo autores. Foi uma revelação para mim, a representação da mudança
e da transformação em andamento em um clima de calma e afirmação.
O livro permaneceu na biblioteca e todos
os dias eu visitava a prateleira onde estava. E, a cada dia, retirava o livro da
prateleira e folheava suas páginas, mergulhando no mundo que emanavam. Aquele se
tornara meu mundo e dele brotaram os primeiros poemas e pinturas. Enquanto virava
as páginas, via fotos de Óscar Domínguez, ombros largos, uma cabeleira negra encaracolada,
olhos penetrantes atrás dos óculos, um bigode farto. Problemas de saúde desde o
nascimento alargaram seus traços e ossos e ele parecia um urso enfiado, pouco à
vontade, em um corpo humano. Domínguez referiu a si mesmo como um rinoceronte em
sua pintura “Autorretrato como rinoceronte”, de 1946. Mas é tocante que na carta
que deixou antes de tomar a própria vida em Paris, na véspera do Ano Novo, em 1957,
tenha escrito a respeito de si como o Minotauro: “O Minotauro se trancou permanentemente
no próprio labirinto”. Em 1977, pintei com amor e respeito um retrato de Óscar Domínguez
em que representei seu rosto inchado sobre um corpo que pintei como uma gaiola que
se rompera para libertá-lo da dor física que suportou por toda a vida. O quadro
incluiu o tema da gaiola como recordação da pintura que, tantos anos antes, fora
um catalisador importante do meu desejo de compartilhar da aventura surrealista.
A pintura foi reproduzida no capítulo sobre Domínguez da The International Encyclopaedia of Surrealism, publicada pela Bloomsbury
Press em 2019. Georges Sebbag escreveu uma reflexão de profunda empatia sobre as
pinturas de Domínguez da década de 1930, observando a forte ligação entre ele e
André Breton naquele período.
Óscar Domínguez foi pintor, produtor de
objetos, “criador de decalcomanias”, escritor, um grande festeiro e bon-vivant. Nasceu em 1906 na ilha espanhola
de Tenerife, uma das Canárias, um vulcão dormente que deu à luz um homem de imaginação
e personalidade vulcânicas. Passou a infância vivendo com a avó e, desde muito jovem,
demonstrou interesse pala pintura. Também desde muito jovem teve problemas de saúde
que perdurariam por toda a sua vida. Aos 21 anos de idade, se mudou para Paris,
onde trabalhava para o pai no mercado de Les Halles. Além de visitar museus e galerias,
estudou arte, mas seu prazer estava na vida noturna e nos cabarés; era um ser social
e sentia-se atraído pela companhia dos pintores de vanguarda e o mundo d e Yves
Tanguy e Picasso. Em 1933, conheceu André Breton e Paul Éluard, o que consolidou
o direcionamento de sua abordagem em termos de energia criativa. Pouco depois, já
mostrava seu trabalho em exposições surrealistas de Copenhagen, Londres e Tenerife.
Também trabalhou no Atelier 17 de S.W. Hayters, onde conheceu Georges Hugnet. No
começo dos anos 1970, tive a satisfação de conhecer o pintor e colagista surrealista
britânico Conroy Maddox e, em uma de minhas visitas ao seu atelier, ele me contou
que vivera em Paris por algum tempo na década de 1930, ficando hospedado com Georges
Hugnet, que o levou ao Atelier 17. Contou-me que a atmosfera ali era de criatividade
organizada, com um ir e vir de artistas. Maddox se recordava de ter visto Domínguez
a certa altura durante sua estada em Paris, provavelmente em uma das reuniões em
cafés. Maddox tinha uma pequena decalcomania de Domínguez na parede do atelier,
ao lado de um desenho de Max Ernst, e dizia: “é muito adequado que um Ernst e um
Domínguez fiquem lado a lado”. Essa reflexão era ainda mais pertinente, uma vez
que o próprio Maddox produzira muitas decalcomanias ao longo dos anos.
Jose Pierre escreveu sobre o trabalho
de Domínguez da década de 1930: “A contribuição de Domínguez para o surrealismo
entre 1934 e 1940 se distingue pela superabundância de novas ideias. Quando se refere
a um objeto cotidiano – jarro, lata de sardinhas, máquina de escrever, rolo compressor
– e o traduz em termos fantásticos, não é para explorá-lo em prol da própria glória,
como Dali, e nem para, como Magritte, usá-lo como testemunha de uma ação praticada
contra a lógica visual. Era, de forma mais modesta, para fazê-lo participar do diálogo
entre o homem e os objetos por ele criados”.
De fato, em um período de menos de oito
anos durante a década de 1930, Domínguez criou um mundo de imagens que questionavam
de maneira ímpar o propósito dos objetos e sua relação com a suposta função. Usou
uma seleção de leitmotifs como trampolim
da realização de suas investigações visuais. O abridor de lata de sardinhas se tornou
uma chave para a libertação, não só revelando as qualidades latentes do funcionamento
do objeto como, também, liberando aquelas que haviam sido suprimidas, justificando
o uso de um mecanismo de abertura para revelar seu potencial. Em pinturas como “Os
Jarros”, de 1935, a figura ereta é composta de latas de sardinha sendo despidas
pelos abridores respectivos; esse despir parece ser uma remoção de amarras para
que a figura possa observar as borboletas esvoaçantes e os jarros que derramam água
em uma cuia por sobre seixos negros. Nesse período, Domínguez assumiu o papel de
observador que registrava o florescer da percepção do nascimento do latente. Era
como se tivesse acabado de dobrar uma esquina e observasse e registrasse um evento.
Ele não personaliza e nem, como refletiu Jose Pierre a respeito de Dalí, age como
explorador em prol da própria glória. Em vez disso, Domínguez participa do diálogo
entre homem e objeto, como se ocorresse uma reavaliação da interação e Domínguez
fosse o taquígrafo desse experimento em liberdade. Em “Máquina Infernal”, de 1937,
a roda de um gigantesco rolo compressor se derrete em fragmentos ao entrar em contato
com a força da natureza sob a forma de uma única e pequena rosa. A proeminência
do gigante metálico, um construto da opressão e da subjugação humanas, se desfaz
perante a simplicidade e a pureza da natureza. A visão de Domínguez se mantém constante
durante esse período, nem agressiva e nem gratuitamente violenta, mas enfaticamente
focada no diálogo de interação e no prolongamento do diálogo, fazendo perguntas.
Com o distanciamento dos anos, poderíamos
concluir que, se Domínguez tivesse pintado apenas os quadros da década de 1930s,
seria respeitado como força criativa notável merecedora do mesmo respeito que Miró,
Magritte, Ernst e Dali ao arar os primeiros sulcos da pintura surrealista. Mas aquela
energia toda não podia ser temperada ou contida, seus objetos eram expressão da
observação e da invenção poéticas em estado puro. “Carrinho de Mão”, um carrinho
de mão estofado, abordava o contraste entre o prosaico e o poético. O artista transformou
a ferramenta funcional em um recipiente suntuoso que foi fotografado por Man Ray
junto com uma modelo vestindo um magnífico traje de gala. O objeto “Jamais”, exposto
na Internationale du Surréalisme da Galeria Beaux Arts de Paris, em 1938, era um
gramofone a corda, adaptado para celebrar os sentidos, com pernas, mãos e seios
femininos agindo como partes funcionais do aparelho. A paixão de Domínguez pela
vida noturna e pelo cabaré incluía o prazer da música, e muitas pinturas suas incluem
pianos/órgãos no papel de instigadores dramáticos ou de acompanhantes musicais da
ação que se desenrola ao seu lado. Em “Pianolar”, de 1934, o observador se sente
testemunha de um tipo de filme mudo com acompanhamento musical à esquerda do palco,
embora esse acompanhamento tenha se tornado parte da ação e a música seja tão muda
quanto as mãos do musicista viajando sobre o instrumento.
O espírito aventureiro e a mente inquisitiva
de Domínguez alimentaram a aventura em muitas direções, cada uma delas parte de
um todo e o “todo” parecendo um maremoto em movimento, avançando, dando continuidade
à aventura, à sua obra de “fazer girar a pedra-mó da poesia”. Podemos comparar seu
espírito ao de uma abelha, indo de flor em flor para banquetear-se em néctar. Seu
período de consolidação de qualquer aspecto de seu olhar penetrante era, por opção
e personalidade, curto e intenso, ele não se distribuía com parcimônia, cada pintura
tinha que expressar toda a sua visão, já que ele breve ansiaria pelo desafio de
novos pastos e novas paisagens. Sua forma de investigação visual ou intelectual
não era superficial, era uma exploração intensa e decidida, muito embora cada fase
sua tenha sido um degrau a caminho da descoberta. Em 1936, aprendeu um processo
de impressão que era também usado para decorar porcelana, chamado decalcomania, que se acreditava datar de
1750 e ter sido inventado pelo gravador franco-inglês Simon François Ravenet. Para
Domínguez, foi uma técnica que poderia facilitar outras rotas de aventura. Em 1936,
ele escreveu: ”A decalcomania sem objeto pré-concebido, ou a decalcomania do desejo:
usando um pincel espesso, espalhar gouache
preto com maior ou menor diluição em diferentes pontos, sobre uma folha de papel
envernizado e cobri-la imediatamente com outra folha sobre a qual se exerce pressão
uniforme. Erguer a segunda folha sem pressa”. Georges Sebbag, em sua contribuição
para a International Encyclopaedia of Surrealism,
disse da decalcomania de Domínguez que “dá origem a um cortejo imaginário de visões
naturais. Atinge o sublime porque desperta em nós impressões contrastantes: a aparição
de um continuum em uma floresta de detalhe,
um senso de infinitude brotando de uma gota d’água, o maravilhar-se perante a cristalização
da matéria em formação, a convicção de tocar com os dedos a textura tanto do material
quanto do imaginário”. O método ofereceu a Domínguez não só um novo meio de experimentação
com processos de revelação, mas também a outros, entre eles Max Ernst, a possibilidade
de utilização da decalcomania como técnica útil para por em marcha a imaginação.
As decalcomanias que Domínguez criou no decorrer de um intervalo de tempo relativamente
curto se tornaram realizações poderosas desse método de criação aleatória. Seu olho
aguçado e sua mão desenhando um rio ondulante entre rochas, acrescentando uma ponte,
tudo para criar uma paisagem maravilhosa. Ele libertava as paisagens que o acaso
dava à luz.
À medida que se aproximava o fim dos anos
1930, a imaginação irrequieta de Domínguez se deslocou para novas trilhas de aventura.
Ele dera ao observador dicas de que a transição era iminente. Cada fase de seu desenvolvimento
surgiu sem grande surpresa, já que ele frequentemente dava pistas e indicações da
mudança de forma de investigação e expressão, aspectos embrionários de aventuras
futuras começam a se fazer sentir e Domínguez lhes dá vida e lhes define propósito
e forma. Ao fim da década de 1930, a inclusão de personagens ou objetos como foco
central da investigação foi substituída por paisagens que irrompiam em dimensão,
porte, majestade. Começaram a se impor em pinturas como “Atingido por um raio”,
1938, e “Memória do futuro”, vistas de minérios e rochas, ondas marinhas formando
contornos entrelaçados ao cruzar a paisagem que consumiam. A pintura “Nostalgia
do Espaço”, de 1939, é o ápice do estágio de desenvolvimento em que Domínguez se
encontrava no período, uma paisagem-treliça. Ele e o romancista e físico argentino
Ernesto Sábato, que se encontrava em Paris e participou de encontros dos surrealistas
(inspirando Matta), estavam interessados em aprofundar o conceito de mineralização
do tempo, “Determinadas superfícies, que denominamos litocrônicas, abrem uma janela
para o estranho mundo da quarta dimensão, constituindo uma espécie de solidificação
do tempo”. As pinturas dessa época, com efeito, trazem um clima de estarem paralisadas
no tempo, de movimento e momento. Esse senso de petrificação pode muito bem-estar
associado ao fato de que a Segunda Guerra Mundial estava por irromper, a atmosfera
de temor e incerteza certamente terá exercido efeito sobre Domínguez. Se ele estava
incerto a respeito do destino de seus amigos e do que aconteceria a ele mesmo, não
precisou esperar muito tempo, já que, declarada a guerra, muitos de seus amigos
não só deixariam Paris como também abandonariam a França pelos Estados Unidos. O
próprio Domínguez tentou deixar a França, indo primeiro para Perpignan e depois
para Marselha, onde ficaria com André Breton e outros surrealistas que procuravam
fugir. Criaram o tarô Jeu de Mars e Domínguez foi quem produziu a carta “Freud mage
de rêve”, dedicada a Sigmund Freud. Domínguez não conseguiu se evadir da França
e retornou a Paris, onde passou o restante da guerra. Foi a última oportunidade
para a amizade entre Domínguez e Breton porque, ao retornar à França de seu exílio,
Breton entendeu que o caminho de Domínguez se afastara do surrealismo e ele nunca
mais foi convidado a participar de exposições surrealistas.
Domínguez tinha havia muito tempo uma
relação de amizade com Picasso. Picasso tinha muitos amigos e muitas pessoas que
queriam ser suas amigas. No caso de Domínguez, ambos eram espanhóis, e ambos gostavam
de touradas. Sob ocupação alemã, Paris era um lugar muito diferente, com uma atmosfera
muito diferente e Domínguez cada vez mais gravitava em direção ao “círculo de Picasso”.
Também criou trabalhos de tom decididamente espanhol, com touradas e toureiros.
Essas obras mantinham as marcas de Domínguez, mas havia nelas algo claramente próximo
de Picasso. O fotógrafo Brassaï registrou um diário de suas visitas a Picasso durante
o período e observou, em maio de 1945:
Picasso está com Óscar Domínguez, um belo
espanhol de Tenerife, tão apaixonado por touradas quanto o próprio Picasso. Ultimamente,
ele tem aparecido aqui com frequência cada vez maior. Um pintor de grandes dotes,
com incrível domínio da técnica, que aprendeu muito com Picasso – na verdade, aprendeu
demais. Algumas de suas telas parecem pintas à moda de (…) Picasso tem um fraco por esse homem/urso selvagem. Apesar de seus modos
rudes, ele é cheio de vitalidade que se reflete em sua cabeça fidalga enorme, desproporcional,
com seus bigodes delicados. Picasso gosta de sua mente inconstante, de seu humor
negro e talvez goste da violência e inquietude vindas do sangue espanhol de Domínguez.
O corpo grande e aparentemente pacato é habitado por um demônio e ninguém está a
salvo quando o álcool o liberta. Já vi Domínguez brandir canivetes de mola ou revólveres,
deixando todos ao seu redor em pânico e levando-os a sair correndo.
Esses episódios aconteceram em anos anteriores,
certa vez custando um olho de Victor Brauner.
As pinturas que as décadas de 1940 e 1950
trouxeram se tornaram decorativas, com flores, casarios, crianças brincando nos
parques, cenas de rua. O autor produziu uma grande quantidade de telas, mas lhes
faltava a beleza convulsiva dos quadros e objetos de seu período dourado dos anos
1930. Domínguez perdera a centelha investigativa e acabou por tirar a própria vida.
Óscar Domínguez foi uma estrela cadente
da imaginação durante os anos 1930. Sua luz brilhou forte, nos deixando um relance
da celebração pura da imaginação. Ele é corretamente lembrado por suas pinturas,
seus objetos e suas decalcomanias, um batimento cardíaco do surrealismo.
NOTA
Ensaio traduzido por Allan Vidigal.
JOHN WELSON | Nascido em Llanfair Llythynwg, Sir Faesyfed, País de Gales, em 8 de março de 1953. Pintor, poeta e escritor. Participa de atividades surrealistas internacionais desde o começo dos anos 1970, com mais 350 exposições por todo o mundo. Acaba de publicar The dialectical Phoenix, juntamente com John Richardson (Wales: Broken Sleep Books, 2022).
JOE HESTER | (Austrália, 1920-1960). Foi uma intrigante artista do desenho, cujo traço automático acentuava a expressão dos rostos por ela revelados. Parte considerável da crítica entende que sua melhor fase data de 1948-9 quando fez inúmeros desenhos de seu amante. Contudo, a impulsão selvagem de sua mão trouxe à luz imagens tanto assombrosas, quanto as delirantes figuras da série “Getsêmani” (1946-47), quanto fascinante, no caso da luxúria encontrada na série “Os Amantes” (1956-58), ou mesmo cativante como os desenhos maiores de sua fase final, em que vemos crianças com os olhos esbugalhados ao lado de seus cães. Ao lado de James Gleeson, Sidney Nolan, Arthur Boyd e outros, Joe Hester se encuentra entre os grandes artistas australianos do século passado.
Agulha Revista de Cultura
Série SURREALISMO SURREALISTAS # 07
Número 206 | abril de 2022
Artista convidada: Joy Hester (Austrália, 1920-1960)
Tradução: Allan Vidigal
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
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