Seu aspecto rudimentar tornou-a
intensamente popular em toda a Europa, a partir do século XV, aliada à invenção
da imprensa, onde eram combinadas impressões de textos e ilustrações. Contudo,
seguia considerada arte menor, por se tratar de método impreciso de
representação figurativa. Acrescente-se aí a tradição santeira, imposta pelo
Santo Ofício, como sua característica redutora. O primeiro grande mestre
europeu a utilizar a xilogravura dentro de uma perspectiva outra foi o alemão
Albrecht Dürer, no século seguinte, deslocando-a de uma submissão de ordem
religiosa, inserindo-a, em definitivo, em uma dimensão artística.
Embora não interesse aqui detalhar uma
cronologia crítica da utilização dessa técnica, é importante frisar a íntima
correlação existente entre o trabalho realizado hoje no Ceará e outros
ambientes históricos. Quando Edvard Munch e Paul Gauguin restabeleceram o
prestígio da xilogravura, a mesma encontrava-se bastante limitada a uma
expressão popular, em seus vícios santeiros e tauromáquicos.
Dentre os inúmeros países em que se
constituiu sólida tradição da gravura encontra-se a Costa Rica. Em texto que apresenta
uma mostra de gravadores do Ceará e da Costa Rica, em 1989, observa Alfonso
Peña o que segue:
Embora
a gravura seja conhecida na Costa Rica desde princípios do século XX, não é
senão nos anos 1930 que o artista Max Jiménez, com suas frequentes estadas na
Europa, Cuba, Chile, México e Estados Unidos, põe em contato os gravadores
nacionais diretamente com as escolas de gravura mais destacadas da época. De
uma maneira similar, Francisco Amighetti viaja a Buenos Aires, Argentina, em
1931, e após permanecer na América do Sul até 1933, em seu regresso transmite
ao meio local seu conhecimento e pesquisa nas técnicas da gravura moderna. Do que disse dá fé Abelardo Bonilla no
prólogo do livro Album
de grabados, de 1934, onde são listados
nomes como os de Francisco Zúñiga, Francisco Amighetti, Manuel de la Cruz
González e Teodorico Quirós, entre outros. Embora sendo recente o nosso
percurso na rota da gravura, de tão antiga estirpe, o artista costarriquense
tem mostrado uma decidida inclinação por essa técnica. Em favor do que dissemos
é possível mencionar o surgimento, cada vez mais amplo, de mostras da gravura
costarriquense em exposições internacionais, bienais da gravura, publicação de
catálogos, livros e prêmios de prestígio internacional.
Na mesma ocasião, cabe recordar as
palavras de um dos mais expressivos gravadores da Costa Rica, Alberto Murillo,
que acertadamente observa:
O
desenvolvimento da gravura no mundo inteiro em um passado recente pode ser
explicado como o achado para os artistas de uma fonte alternativa de valores
estéticos contemporâneos, de acordo com o desenvolvimento das artes gráficas e
os processos fotográficos em auge permanente (cultura visual). Além do mais, os
gravadores sempre acharam de grande interesse o caráter multi-exemplar da
estampa artística, na busca de um público mais amplo para o desfrute da obra
artística.
Em minhas incansáveis conversas com
Alfonso Peña, nos decidimos pela imposição de uma edição monotemática da Agulha
Revista de Cultura dedicada a compor um painel histórico e atual da gravura
como fonte substanciosa de expressão artística na Costa Rica.
Ao lado de ensaios dedicados à obra de
nomes fundamentais, em distintas gerações, como o são Alvaro Duval, Emilia Prieto, Francisco
Amighetti e Rudy
Espinoza, o leitor encontrará na presente edição abordagens críticas acerca da
presença da gravura no ambiente filatélico, a evocação de um passado indígena
com relevante legado, bem como uma memória do desenvolvimento da técnica e
revelador depoimento de alguns dos artistas mais destacados.
Nossos agradecimentos a todos aqueles que atenderam a nossa convocatória:
Adriano Corrales Arias, Alfonso Peña, Carlos Calderón Herrera, Carolina Córdoba Zamora, Efraín Hernández Eric J. Hidalgo Valverde, Esteban A. Calvo Campos, María Alejandra Triana, Minor Arias Uva e Rafael Ángel Herra. Especial menção a Alberto Murillo, pelos contatos e seleção de obras, com sua renovada cumplicidade.
Os Editores
● Índice
ADRIANO CORRALES ARIAS | El grabado en Costa Rica
ALFONO PEÑA
| Violar los límites de la superficie…
CARLOS CALDERÓN HERRERA | Francisco Amighetti entre lo
moderno y lo mestizo
CAROLINA CÓRDOBA ZAMORA | Descubriendo a Emilia Prieto, su vida en su obra
o su obra es su vida
EFRAÍN
HERNÁNDEZ | El grabado de Alvaro Duval
ERIC J. HIDALGO VALVERDE | El grabado en la
filatelia costarricense
ESTEBAN A. CALVO CAMPOS | Consideraciones sobre vida y obra de Rudy Espinoza
MARÍA ALEJANDRA TRIANA | Los primeros grabados de Francisco Amighetti
MINOR ARIAS UVA | Descolonización
del legado indígena costarricense
RAFAEL ÁNGEL HERRA | La palabra Amighetti se dice de muchas maneras
*****
Agulha Revista de Cultura
Número 112 | Abril de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO
| FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente
o pensamento da revista
os editores não se responsabilizam pela devolução
de material não solicitado
todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
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CNPJ 02.081.443/0001-80
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