quinta-feira, 3 de maio de 2018

AGULHA REVISTA DE CULTURA # 113 | Maio de 2018



DEZ POETAS BRASILEIROS EM CEM POEMAS

Disse certa vez Clarice Lispector que um fragmento de espelho é suficiente para qualquer um ir ao deserto meditar. Em essência é isto o que significa um poema: um fragmento de espelho. A presente edição reúne cem fragmentos de dez espelhos vivos no Brasil, dez poetas de distintas gerações, tendências, regiões e visões de mundo. Com isto damos ao leitor rara oportunidade de meditar em vários desertos, bem entendido deserto como espaço incondicional de alumbramentos. Tal simbologia espelha-se na necessidade vital do homem conviver com as diferenças. Quando se indaga ao poema o que ele representa, é natural ouvir que um mergulho nas entranhas do Diverso.
Em rápidas pinceladas evocamos os dez poetas: Betty Vidigal (1948) C. Ronald (1935) Elvio Fernandes Gonçalves Júnior (1992) Leila Ferraz (1944) Márcio Simões (1979) Maria Lúcia Dal Farra (1944) Péricles Prade (1942) R. Leontino Filho (1961) Renato Suttana (1966) Rodrigo Barbosa (1979).
Ainda na infância convivi com um tio-avô que um dia veio a tornar-se personagem de uma única novela que escrevi: Sobras de Deus. Alfredo Aquilino, era este seu nome, não raro ditava poemas para que eu os escrevesse. Um deles: Manhã clara, os olhos apertados, estranhos. / Sentimento de culpa do que não fiz. / Extático e mudo contemplo o espelho. / Névoa. / Muda interrogação de vésperas que não virão. / O peso do corpo nos ombros cansados. / Lucidez irmã da loucura. Paradoxos / na alma tangida pela dúvida. / A manhã se perdendo lá fora / na claridade de mais um dia. / Os minutos densos, nas horas vazias. / E a culpa do que não fiz. Justamente essa tensão entre lucidez e loucura, que tão tragicamente resumiu a sua vida, me foi mais importante do que a própria poesia. De algum modo me sinto devedor e não por outra razão aqui evoco sua presença neste encontro de poetas de várias partes do país. Agulha Revista de Cultura foi sempre uma publicação dedicada a estudos críticos, sendo esta a primeira vez que publicamos toda uma edição unicamente com poemas.
Para ampliar o ambiente da diversidade a que ora se aventura a revista convidamos a artista Jasmine Thomas-Girvan (Jamaica, 1961), com seus objetos fascinantes, a assinar a beleza plástica de nossa edição.

Os Editores


Índice

DEZ POEMAS DE BETTY VIDIGAL

DEZ POEMAS DE C. RONALD

DEZ POEMAS DE ELVIO FERNANDES GONÇALVES JUNIOR

DEZ POEMAS DE LEILA FERRAZ

DEZ POEMAS DE MÁRCIO SIMÕES

DEZ POEMAS DE MARIA LÚCIA DAL FARRA

DEZ POEMAS DE PÉRICLES PRADE

DEZ POEMAS DE R. LEONTINO FILHO

DEZ POEMAS DE RENATO SUTTANA

DEZ POEMAS DE RODRIGO BARBOSA


Artista Convidada: Jasmine Thomas-Girvan (Jamaica, 1961)





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Agulha Revista de Cultura
Número 113 | Maio de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista
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