• EDITORIAL – PARTES ESSENCIAIS DE UM TODO
CHAMADO AGULHA
Contudo, as grandes margens de nossa caudalosa aventura estão mesmo
repletas de alegrias, a confirmação perene de uma conquista humana, a
descoberta de inúmeros colaboradores que hoje são parte de uma boa família
espalhada pelo mundo. Ao lado da revista surgiram muitos projetos paralelos e,
no que pese a firmeza de suas realizações, difusões e recepções, o que nos
orienta é a grandeza humana, este é o porto maravilhoso que construímos, o
lugar sagrado a partir do qual escoamos por todas as partes do planeta o nosso humanismo poético – como costumava se
referir ao surrealismo o notável poeta argentino Enrique Molina.
E é justamente essa bússola que nos leva a compor a presente edição, o
mergulho que damos em águas esquecidas, no caso da formação do grupo Dau al
set, a valiosa formação da vanguarda catalã surgida na Espanha de final dos
anos 1940, da qual participou o poeta João Cabral de Melo Neto (Brasil, 1920-1999),
aqui presente através de uma extensa entrevista que lhe fez Nicolás Extremeda
Tapia. A seu lado, integrante do mesmo grupo, também incluímos um artigo de Iván
Humanes Bespín sobre Arnau Puig (Espanha, 1926). Em futuras edições voltaremos
a publicar um bom material sobre Dau al set.
Na sequência de nossa pauta temos reflexões sobre a poesia de Juan
Calzadilla (Venezuela, 1931), César Dávila Andrade (Equador, 1918-1967), Renée
Ferrer (Paraguai, 1944) e uma extensa entrevista ao surrealista Nicolau Saião
(Portugal, 1946). Damos ainda continuidade à mostra de um belo projeto levado a
termo pela poeta grega Agathi Dimitrouka, em comemoração aos 200 anos da revolução
que propiciou a independência da Grécia. Além da brilhante participação
reflexiva do mexicano Manuel Iris e do venezuelano Gabriel Jiménez Emán, dois
colaboradores já de muitos anos, sem esquecer as duas pequenas tragédias
escritas a quatro mãos por Floriano Martins e Zuca Sardan.
Todo este relevante material se encontra interligado pela presença, como
artista convidado deste número 170 da Agulha
Revista de Cultura, de Friedrich Schröder-Sonnenstern (Rússia, 1892-1982),
celebrado pela Exposição do Surrealismo na Paris de 1959 como um dos mais
impressionantes artistas do século passado. Sua obra foi lamentavelmente
contaminada por falsificações que acabaram por sujeitá-la primeiro à descrença
e depois ao esquecimento. Uma nota de imprensa não assinada observa que suas
imagens mostram criaturas bizarras, em parte eróticas, em parte de pesadelo,
com combinações ousadas de humanos e animais. Ele vê como especial a
representação de partes do rosto como nariz, queixo e orelha, que interpretou
como “partes do sexo masculino”. Por muitos anos foi considerado o
representante de uma “arte dos doentes mentais”.
Um homem que cultiva seu
jardim, como queria Voltaire. / O que agradece que na terra exista música. / O
que descobre com prazer uma etimologia. / Dois empregados que em um café do Sul
jogam um silencioso xadrez. / O ceramista que premedita uma cor e uma forma. /
O tipógrafo que bem compõe esta página, que talvez nem lhe agrade. / Uma mulher
e um homem que leem os tercetos finais de certo canto. / O que acaricia um
animal adormecido. / O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
/ O que agradece que na terra exista Stevenson. / O que prefere que os outros
tenham razão. / Essas pessoas, que se ignoram, estão salvando o mundo.
Que assim seja a nossa
premeditação de um mundo melhor.
Os Editores
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• ÍNDICE
AGATHI
DIMITROUKA | Bolívar, eres bello como un griego (Parte 2)
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/agathi-dimitrouka-bollvar-eres-bello.html
DAVID
CORTÉS CABÁN | Juan Calzadilla: el poeta y las palabras
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/david-cortes-caban-juan-calzadilla-el.html
FLORIANO MARTINS | Olhos bem-postos no Surrealismo – Uma conversa com
Nicolau Saião
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/floriano-martins-olhos-bem-postos-no.html
GABRIEL
JIMÉNEZ EMÁN | Bill Evans, poeta del piano
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/gabriel-jimenez-eman-bill-evans-poeta.html
IVÁN HUMANES BESPÍN | Dau al set, una filosofía de
la existencia. Alrededor de Arnau Puig
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/ivan-humanes-bespin-dau-al-set-una.html
JORGE DÁVILA VÁZQUEZ | César Dávila
Andrade, historia y cotidianidad
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/jorge-davila-vazquez-cesar-davila.html
MANUEL IRIS
| Tríptico de vislumbres
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/manuel-iris-triptico-de-vislumbres.html
MARIBEL BARRETO | Dos
rostros y un destino de Renée Ferrer
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/maribel-barreto-dos-rostros-y-un.html
NICOLÁS EXTREMERA TAPIA | Conversa em casa do poeta João Cabral de Melo
Neto
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/nicolas-extremera-tapia-conversa-em.html
ZUCA SARDAN & FLORIANO MARTINS | SARDANELO & MARTINICO
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/05/zuca-sardan-floriano-martins-sardanelo.html
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Agulha Revista de Cultura
UMA AGULHA NA MESA O MUNDO NO PRATO
Número 170 | maio de 2021
artista convidad0: Friedrich Schröder-Sonnenstern (Prússia, 1892-1982)
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2021
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Atlas Lírico da América Hispânica
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