segunda-feira, 9 de maio de 2022

MÁRCIO CATUNDA | A memória ardente de Jacques Prévert

 


Jacques Prévert nasceu no dia 4 de fevereiro de 1900, na rue Louis Philippe, nº 19, em Neuilly-sur-Seine. Desde menino, percorria os bairros periféricos de Paris, acompanhando o pai, que trabalhava num instituto de estatísticas. Na infância, conheceu Louis Aragon, que morava perto de sua casa.

 Prévert esteve uma temporada com sua família em Toulon e regressou a Paris, onde residiu, momentaneamente, na rue Vaugirard, nº 7. Dali, migrou, em 1908, para a rue Férou, nº 4 (a rua do Mosqueteiro Athos, de Alexandre Dumas), nas proximidades da igreja de Saint-Sulpice e do jardin du Luxembourg.

Desde 1910, ele mora no 5º andar da rue de Tournon, nº. 5. Ali conhece Simone Dienne, que, 15 anos depois viria a ser sua primeira esposa.

Em 1912, Prévert morou no 4º andar da rue du Vieux-Colombier, nº 7, num prédio que, posteriormente, veio a ser ocupado por um quartel de bombeiros. Ele fala desse período no livro Grand bal du printemps, rememorando os “clochards qui descendent la rue Monffetard vers la rue Saint-Sauver discutand le coût du pain et le goût de la vie”.

Aos 15 anos, abandonou a École André Hamon, na rue d’Assas, nº 68, a dois passos do Luxembourg. Começou a trabalhar, como vendedor, num bazar na rue de Rennes.

A place Saint-Sulpice, com sua igreja de torres “grosses clarinettes” (diria Victor Hugo) que se lançam ao céu, foi um logradouro de lazer da infância de Prévert. O então estudante se encantava com a deambulação pelas ruas.

No poema em prosa, intitulado Enfance, publicado na antologia Paris est tout petit, que reúne textos de vários livros de sua autoria, Prévert se recorda do ano de 1907, quando andava pela rue de Vaugirard, nas imediações do Théâtre de l’Odéon e do jardin du Luxembourg, passeando depois da escola. Enfance foi originalmente publicado no livro Choses et autres:

 

Un élève en classe à 8h30, en sort à 11h30, revient à 1 heure et s’en va à 4 heures. Combien de minutes s’est-il ennuyé?... Alors j’attendais à 4 heures le jardin: le Luxembourg. (PRÉVERT, 1972).

 

Em minha viagem anterior a Paris no inverno, a chuva e a neve castigaram este peregrino da poesia. Agora, esta nova visita acontece num momento de mudança de estação no hemisfério Norte. Com a temperatura mutável, os dias podem ser ardentes como brasa ou frios e úmidos, quando as chuvas de outono anunciam o inverno.

Ao rever Paris como coisa minha, objeto de paixão, tesouro de literatura, dou continuidade ao trabalho de prospecção e rastreamento de seus lugares de alta cultura. Depois de longa convalescença, pela recuperação de uma cirurgia na retina, posso novamente exercer o ofício de relator dos grandes feitos dos poetas franceses. Minha primeira visão foi a Notre-Dame, ainda fedendo a cinza, decorridos alguns meses do incêndio que ameaçou destruí-la, em abril de 2019. Suas paredes estavam oxidadas e a parte mais alta do arcabouço lateral sustentada por andaimes metálicos.

O primeiro dia, nesta terceira viagem de estudos, trouxe uma tarde fresca, em pleno verão europeu. Tudo tem um encanto esplêndido à beira do Sena. Quanto mais alta a cidade, em relação à superfície do rio que a atravessa, mais antiga. Os sedimentos dos altos muros que circundam o Sena escondem misteriosas cidades perdidas no tempo. O rio, visto assim, da alta passarela, faz a cidade mais fotogênica, com a exuberância de suas pontes, palácios e a estrutura austera da catedral de Paris.

Paris, o Sena e o crepúsculo firmaram um pacto para me seduzir. Paris, guarnecida pelos pináculos dos seus castelos; o Sena, como um imã que me atrai com o magnetismo do seu sereno flutuar; e o crepúsculo, vórtice de espuma vaporosa que brilha em sombras róseas e azuladas.

É grato constatar, neste meu estudo, que a boemia de Jacques Prévert o induzia a multiplicar os endereços, e que ele fez dos nomes das ruas temas de inúmeros poemas, que seriam musicados por Joseph Kosma e outros.

Tomo um café na esquina da rue de Grenelle com a rue du Dragon, em frente à exótica estátua de ferro que separa o carrefour abrindo em leque cinco ruas. Porventura o taberneiro estava bem humorado, e com um sorriso cínico de bom humor francês perguntou se eu queria pagar 17 ou 30 euros. Depois, alegrando-se, exclamou: “il fait beau”. Respondi que nós, pela boa temperança (incluindo os dois velhotes, também gracejadores que ali se achavam), poderíamos trabalhar no Vieux-Colombier. O homem se riu e me cobrou um honesto um euro e vinte cêntimos. Na diagonal da cafeteria estava o Teatro Vieux-Colombier, a exibir sua grande porta de vidro e suas verticais luzes vermelhas.

Cruzo a rue de Rennes, já no fim da tarde e não tardo a ver as torres redondas de Saint-Sulpice, de encantadora estampa, e, no centro da praça, o monumento dos quatro próceres da literatura teológica (Bossuet, Fénelon, Fléchier e Massillon), ao redor da fonte de água, que significa inspiração.

As ruas, com seus atrativos, esperavam pelos pés do peregrino. De Saint-Sulpice ao jardin du Luxembourg, faço o trajeto pela rue Bonaparte, onde me distraio com as vitrines das livrarias. Passo em frente ao L’Arche Editeur, no número 86 da rua, e me lembro do irônico editor Breton (que sugestivo nome!), com o qual me avistara na viagem anterior. Naquela ocasião, dele ouvira a ironia de que, se lhe mandasse originais, seria como jogar uma garrafa ao mar. Logo apareceram as grades do grande jardim e, ao girar na rue Vaugirard vem-me uma rima fortuita para que eu me lembre de Jacques-Prévert. Da citada rua, vejo a esquina da rue Férou, estreita e um pouco inclinada, e os paredões avoengos do Senado, que parece uma ilha, cercada pela espessura verde do bosque. Dou mais alguns passos resolutos e já estou nas ribanceiras do Quartier Latin. O itinerário brilha na rue Soufflot, diante do glorioso escafandro do Panthéon, altivamente alçado em vertical grandeza.

No poema Saint-Germain-des-Prés, também publicado no livro Choses et autres, Prévert se refere a esses logradouros de seus mais íntimos sentimentos:

 

Saint Germain-des-Prés, Saint-Sulpice, c’est le même quartier.

Enfant, c’est le mien, j’habitais rue Férou, rue Tournon, rue Saint-Sulpice, rue du Vieux-Colombier.

Saint Germain-des-Prés, c’était la province,

avec des cafés du Commerce,

– du commerce de l’esprit”, bien entendu.

(PRÉVERT, 1972).

 

Nesse mesmo poema, ele recorda os cafés de Montparnasse, que começa a frequentar, adolescente, de 1914 a 1915, nos tempos da guerra: “pour moi, c’était l’exotisme: d’autres cafés, le Dôme, la Rotonde, avec à la terrasse et dedans, des modèles, des peintres et des drôles de gens de n’importe quel pays”. (PRÉVERT, 1972).

Prévert fez o serviço militar em Saint-Nicolas-de-Port, onde conheceu o pintor Yves Tanguy, e em Istambul, onde conheceu o ator e editor Marcel Duhamel. A esses amigos se ligaria, afetivamente, por toda a vida. Regressou a Paris para ocupar novos e diversos endereços.

Prévert foi sempre um andarilho de Paris, e a cantou como jamais o fizera outro poeta. No poema À la belle étoile, do livro Histoires et d’autres histoires, de tom melancólico e existencialista, ele menciona quatro boulevares, cada um com a peculiaridade pitoresca de suas imagens insólitas:

 

Boulevard de la Chapelle, où passe le metrô aérien. Il ya a des filles très belles et beaucoup de vaurien. Boulevard Richard-Lenoir, j’ai rencontré Richard Leblanc/ Il était pâle comme l’ivoire et perdait tout son sang. Boulevard des Italiens, j’ai rencontré un Espagnol/...il foullait les ordures pour trouver un croûton. Boulevard Vaugirard, j’ai aperçu un nouveau-né/au pied d’un réverbère dans une boîte à chaussures. (PRÉVERT, 1963).

 

No poema Rue de Rivoli, do livro Spectacle, reproduzido na antologia Paris est tout petit, observo as imagens absurdas de teor anarquista, que ressoam como marca registrada da poesia urbana de Prévert:

 

Rue de Rivoli

devant le Bazar de l’Hotel de ville

un abominable sergent de ville

pousse une voiture d’enfant

avec un gros chien mort dedans

Et derrière eux

courent des rats des villes et des rats des champs

Ils s’en vont tous vers la Bastille

le flic sanglotant

les rats longeant les murs

et le chien se vidant.

(PRÉVERT, Paris est tout petit, 2009).

 


Em seus louvores às peculiaridades de Paris, Prévert homenageou, no poema La boutique d’Adrienne, a livreira e intelectual Adrienne Monnier, que mantinha sua livraria na rue de l’Odéon, nº 7, local de encontros de escritores. Ali Prévert viria a descobrir Les chants de Maldoror, em 1923 e a revista La Révolution Surréaliste em 1925. Também nessa loja encontrava, de vez em quando, Breton e Soupault.

A antiga livraria ficava no edifício de quatro andares, onde funcionam agora uma joalheria e um “coiffeur”, sendo residencial a parte superior. A rue de l’Odéon é uma reta que parte do leque do Carrefour de l’Odéon e desemboca na portada de colunas helênicas e frisos triangulares do Teatro de l’Odéon.

 

Adrienne Monnier était comme ce jardinier, et dans la serre de la rue de l’Odéon ou s’épanouissaient, s’échangeaient, se dispersaient ou se fanaient les idées en toute liberté, en toute hostilité, en toute promiscuité, en toute complexité sourriante, émue et véhémente, elle parlait de ce qu’elle aimait: littérature. (PRÉVERT, Paris est tout petit, 2009).

 

A partir de 1925, Prévert se vincula aos surrealistas. No Cyrano, na place Blanche, encontra Breton, que o convida à rue Fontaine, a fim de mostrar-lhe uns textos inéditos. Nesse tempo, a residência de Prévert foi a rue du Château, 54, uma grande casa que servia de ateliê e de alojamento a diversas pessoas. O local fora alugado por Marcel Duhamel e lá viviam três casais: Duhamel com Gazelle Dabija; Jacques com Simone Dienne e Tanguy com Jeannette Ducrocq. Havia um quarto de hóspedes e um salão para reuniões de artistas. A rue du Chateau será para Prévert a recordação de um tempo de liberdade, alegria e verdadeira amizade.

 Ele recorda, no livro Hebdromadaires: “Breton disait de la rue du Château qu’il n’avait jamais vu pareille atmosphère de liberté. Puis des femmes. C’était une drôle de tribu. C’était bien arrangé là-dedans, mais c’ était une vielle baraque de chiffonniers. On avait laissé Chiffons sur la porte. Aujourd’hui, il reste les murs. La rue d’en face a disparu. Dans les chiottes, il y avait, de chaque coté, une petite fenêtre qu’on laissait ouverte pour que les chats puissent entrer et sortir” (POZNER; PRÉVERT, 1972).

Ao tentar localizar o número 54 da rue du Château, constatei que já não existe. Em longa caminhada, às 3 horas de uma tarde cálida de agosto, lutando contra o calor, em ruas com nomes de generais, vim do metrô de Denfert-Rochereau e passei ao lado das “catacombes”, de significado heroico para a história militar francesa. Prossegui até um pequeno parque, em que havia uma sombra parcial sobre um banco. Escrevi. Meditei. O parque, por acaso, tem também nome de caserna: Square de l’Aspirant Dunand, herói de guerra francês, morto em 1940. Louvo a sombra repousante de um cedro libanês, forma de homenagem ao poeta Khalil Gibran. O jardim também presta tributo ao sábio Michel Servet, de quem exibe uma estátua de mármore branco que o representa acorrentado.

Cruzo, celeremente, sob um mormaço descomunal, a avenue du Maine, após avistar a placa que indica a direção da biblioteca Georges Brassens, que foi um menestrel do nosso tempo e é outro dos meus ídolos. É à casa de poetas mais antigos que eu me dirijo. Trabalho heroico esse de desbravar uma floresta de pedras e máquinas sufocantes no calor do verão europeu. A rua du Château, estreita e ligeiramente curva, não é tão pequena quanto pensei, ao ver seu desenho no mapa.

Além de Prévert, Tanguy e Duhamel, Aragon também morou no legendário endereço da rue du Château, no ano de 1928, quando conheceu Elsa, no restaurante La Coupole. Aquele lugar idílico, disposto por Marcel Duhamel para que os poetas residissem e trabalhassem, foi transformado numa avenida avantajada, ao largo da Gare Montparnasse. A numeração se torna irregular, de inopino, sem que apareça o número 54. Ah, o tempo, esse dispenseiro de destinos! Avanço, ladeira abaixo, do lado da sombra, e por fim descubro que já estou em pleno boulevard Pasteur.

No dia 31 de agosto de 1927, na companhia de Paul Éluard e André Masson, Prévert ouviu de Breton a leitura dos originais de Nadja. Engajado na caravana de badalações do arruaceiro Breton, participou com ele da provocação a Cocteau, no Théâtre du Vieux-Colombier, em janeiro de 1928, sabotando a leitura de seus poemas. Houve pancadaria e polícia. A personalidade autônoma de Prévert, contudo, não se adaptaria por muito tempo aos ditames autoritários de Breton nem à esquerda ortodoxa a que se alinhou a maioria dos surrealistas. Para ele, inscrever-se num partido era meter-se numa cela.

Em nome desse espírito de independência e autonomia, Prévert participou, em 1929, da redação, no Aux Deux Magots (na place de Saint-Germain, nº 6), do panfleto Un cadavre, contra o dogmatismo de Breton. Em 1931, morou na rue Dauphine, 39, na companhia de Simone Dienne. Ele evocaria sempre, nostalgicamente, aquela área de Paris, ao se recordar de seus encontros com Robert Desnos, o qual residiu muito próximo, nessa mesma época, na rue Mazarine, a poucas quadras da rue Dauphine.

A partir de 1928, Prévert atua como diretor de arte e roteirista de cinema, em sociedade com Marcel Duhamel, como produtor, Pierre Prévert, seu irmão, como parceiro, e Man Ray como fotógrafo. Juntos, eles realizarão o curta metragem Souvenirs de Paris. Será o início de uma imensa produção. Não menos extensa será sua colaboração com o Groupe Octobre, para o qual ele escreve diversas peças. La Bataille de Fontenoy foi a primeira e fez tanto sucesso que teve uma apresentação em Moscou, em maio de 1933. O próprio poeta trabalhava como ator, entre os catorze integrantes do grupo.

Não obstante refratário a engajamentos políticos (preferia a liberdade dos cafés e dos bistrôs), Prévert leu, com a participação do Groupe Octobre, durante a manifestação dos grevistas, o conhecido poema Citroën, em protesto contra a ostensiva publicidade da empresa Citroën, estampada na Torre Eiffel, em 1933: “C’est la lanterne du bordel capitaliste, avec le nom du tôlier qui brille dans la nuit”. A greve fora motivada pelo anúncio, feito pelo dono da empresa, da redução de 20% no valor dos salários dos operários.

Não tardo meditando pelos recantos da cidade, porque minha pesquisa exige caminhadas, em demanda dos lugares históricos dos poetas. Ao descer pela rua de la Montagne Sainte-Geneviève, encontro, na esquina com o boulevard Saint-Germain, uma placa que indica o imóvel onde Gaston Bachelard viveu, a partir de 1941. Entro à direita, na rue Monge, para contemplar as pedras seculares de Saint-Nicolas-du-Chardonnet e buscar, na rue Saint-Victor, o número 24, prédio onde Jacques Prévert morou em 1935, com sua esposa Simone Dienne.

A rue de Saint-Victor começa na ponta do estreito edifício que marca o vértice do seu ângulo com a rue Monge. Do lado par, a rua começa no número 2 e termina no 24, que fica ao lado da igreja.

Num edifício de estreita frente, centrado entre as ruas Saint-Victor e Monge, o pitoresco café Saint-Victor se situa diagonalmente em relação à fachada de Saint-Nicolas-de-Chardonnet. Casualmente, presenteei-me a ocasião de escutar, durante alguns minutos, o magistral órgão da igreja ressoando uma fuga de J. S. Bach, a preencher de magnitude o ambiente.

Depois de se divorciar de Simone Dienne, Prévert se casa com a atriz Jacqueline Laurent, no final do ano de 1935. Instala-se com sua companheira no sétimo andar do hôtel Le Montana, na rue Saint-Benoit, nº 28, vizinho ao café de Flore. O ano de 1935 será dos mais intensos de sua criação teatral. O Groupe Octobre interpreta Les fantômes, La famille tuyau de poêle, La vie de famille, Suivez le druide e outros impromptus do poeta. Em Suivez le druide, Prévert atuou como um abade bretão. Sua carreira de ator não se prolongará, contudo, como sua obra de cineasta, que se desenvolverá, com a escrita de 20 filmes clássicos para diversos parceiros.

Prévert foi diretor de arte e escreveu roteiros para famosos filmes dirigidos por Marcel Carné, tais como Jenny (1936), Drôle de drame (1937), Le quai des brumes (1938, adaptado de um romance de Pierre Mac Orlan), Le jour se lève (1939), Les visiteurs du soir (1942), o elogiadíssimo Les enfants du paradis (1945), La fleur de l’age (1947) e La Marie du port (1950).

Na quarta viagem de pesquisas, adquiri diversos desses filmes numa loja especializada em DVDs do boulevard Montparnasse, aos quais assisti depois de alguns meses. Comecei por Le quai des brumes e Le jour se lève, dois ótimos espetáculos cinematográficos do realismo poético da parceria Jacques Prévert-Marcel Carné, ambos protagonizados pelo consagrado ator Jean Gabin. De pura satisfação estética, tomo a liberdade de fazer aqui sinopses dessas duas extraordinárias tragédias. A primeira exigiu de Prévert o minucioso trabalho de diretor de arte e roteirista; a segunda o ocupou na função de autor dos diálogos.

As cenas de Le quai des brumes, premiado em Veneza em 1938, foram filmadas no porto de Le Havre, mais precisamente no fictício Le Petit Cabaret, onde Jean, desertor das tropas coloniais, se refugia, na expectativa de emigrar num navio para a Venezuela. Sua paixão pela jovem Nelly o arrastará para um trágico destino. Jean enfrenta, corajosamente, os vilões que molestavam a moça e, embora correspondido em seu amor, não pode desistir de partir ao exílio. No momento em que se julgava a salvo, pois embarcaria ao amanhecer com um passaporte falso, ele é assassinado pelo rival e morre nos braços da amada.

Le jour se lève mostra, no início, um homem atingido por um tiro, caindo pela escada, enquanto outro homem é perseguido pela polícia. François, o homicida, em desespero de causa, entrincheira-se em seu apartamento. Os policiais atiram contra sua porta, ante o escândalo dos circunstantes.

Num bem urdido método de avanços e retrocessos no tempo, o filme faz François aparecer na condição de operário das estradas de ferro e eficiente namorador, encantando os corações de duas belas garotas. Uma das quais lhe dará o desgosto de enfrentar um rival provocador, que o instiga abusivamente à violência. 

Somente perto do final é que se mostra a cena do crime que dá motivo ao início da trama. As discussões entre os adversários vão-se tornando mais ásperas. O vilão rival, tresloucadamente, retira do bolso uma arma e a joga ao chão. Quando os ânimos se exacerbam ao paroxismo, François faz uso do revólver e elimina o concorrente.

No epílogo trágico, dá-se o encontro das duas mulheres, que sofrem o extremo da angústia. Acossado pela multidão que espreita sua janela e pelos policiais que escalam o telhado do prédio para capturá-lo, não resta a François mais escapatória senão acabar com a própria vida.

Dos filmes que escreveu para Jean Renoir, o mais renomeado é Le crime de Monsieur Lange, filme anarquista, anticlerical, libertário, de sentido crítico e conteúdo humanista, para o qual Prévert fez os diálogos e as letras da trilha sonora, cantada pelo compositor húngaro Joseph Kosma, seu parceiro em muitas canções.

A determinação de Prévert quanto a criar textos para o cinema prossegue com crescente dinamismo. Outros filmes terão o indelével registro de sua escrita, despontando nas telas da França e do mundo: Les disparus de Saint-Agil (1938), dirigido por Christian-Jaque, adaptação de um romance de Pierre Véry, L’enfer des anges (também de Christian Jaque, 1941) e Adieu Léonard (de Pierre Prévert, 1943, com o destaque das atuações de Charles Trénet e Simone Signoret).

Nos textos de Prévert para o cinema, Paris é tema central nos filmes Notre-Dame de Paris, de Jean Delannoy (1956), La Seine a rencontré Paris (1957), de Joris Ivens, com o poema que dá título ao filme recitado por Serge Reggiani, e Paris la belle, de seu irmão Pierre Prévert (1959).

Minha impressão, ao assistir a alguns filmes de Jean Grémillon, por ocasião de uma retrospectiva de sua obra na cinemateca de Lisboa, foi de que suas melhores realizações são aquelas que contam com os diálogos de Jacques Prévert. Por exemplo, em Remorques, filme de 1941, e em Lumière d’été, de 1943, senti a força expressiva do texto na trama daquelas estórias de amor e desamor, bem urdidas com humor erudito e mordaz. Uma qualidade superior que não vi em outros filmes de Grémillon que não tinham a participação do poeta.


Por outro lado, ao assistir ao filme Drôle de drame, cuja direção de arte e roteiro se devem a Prévert, tive reação semelhante à do público que o assistiu em 1937, ano de sua criação. Apesar de haver compreendido a liberdade com que foi concebido para mostrar situações absurdas, não me diverti com o humor nonsense do filme, adaptado de um romance policial britânico de Storer Clouston. O diretor de Drôle de drame, Marcel Carné, confessou-se perplexo naquela estreia com a pouca empatia dos espectadores.

A rue Saint-Benoît é uma linha de fronteira entre os cafés de Flore e Les Deux Magots, frequentados pelos escritores e outros artistas dos séculos XIX e XX. Prévert, morando ali pertinho, no número 28, os frequentava cotidianamente, na década de 1930 a 1940. Num aprazível passeio, revi a legendária igreja Saint-Germain-des-Prés e, alguns metros adiante, contemplei o frontispício do prédio que teve entre seus moradores o poeta Jacques Prévert. As paredes lisas, metálicas e escuras do hôtel Le Montana, certamente não são as mesmas do tempo do autor de Paroles. Como marca de que o poeta circulava por ali, o número 18 dessa rua é a sede do Collège Jacques Prévert.

O êxodo de 1940 conduziu Jacques e sua nova companheira, Claudy Carter, a Côte-d’Azur, onde ele trabalhou como diretor de arte do filme Les visiteurs du soir. Em 1943, foi também diretor de arte de Les enfants du paradis, rodado em 1943 e 1944, entre Nice e Paris.

Ele terá, ainda, em 1943, outra companheira: Janine Tricotet. Naquele ano de intensa boemia ele encontra, frequentemente, Desnos, Sartre e Beauvoir no café Flore.

Em 1944 e 1945, Prévert publicou poemas em revistas de prestígio, como Poésie 44 (de Pierre Seghers) e L’Éternelle Revue (de Paul Éluard). O filme Sortilèges, de 1945, em parceria com Christian Jaque, retirado do romance Le chevalier de Riouclare, de Claude Boncompain, é mais uma prova da habilidade com que Prévert adaptava à dinâmica da sétima arte os conteúdos essenciais de obras literárias. Em Sortilèges, ele condensa, nos diálogos, sentenças e máximas de uma história de amor ambientada num inverno ao pé de uma montanha em Auvergne.

As duas guerras mundiais mexeram visceralmente com a sensibilidade dos poetas franceses. Quando Desnos desapareceu de Paris, no turbilhão horrendo, Prévert sentiu-se atrozmente abalado e escreveu o poema Osiris ou la fuite en Egypte, publicado em Paroles:

 

C’est la guerre c’est l’ été

Déjà l’été encore la guerre

Et la ville isolée desolée

Sourit sourit encore

Un homme avec une femme

Marchent dans un musée

Leurs pas sont les seules pas

dans ce musée desert

Ce musée c’est le Louvre

Cette ville c’est Paris.

(PRÉVERT, Paroles, 1972)

 

Em Aujourd’hui, uma elegia, com uma epígrafe de Robert Desnos, Prévert rende homenagem a esse seu grande amigo, seu vizinho no triângulo que a geografia urbana desenha com a rue Mazarine e a rue Dauphine, entre o Sena e o boulevard Saint-Germain. Essa elegia é um texto irmão do que Aragon escreveu para Desnos. Evoca a presença em espírito de seu colega de boemia, que Prévert encontrava na rue Saint-Martin, na Rive Droite, quando eles habitavam essa área de Paris:

 

Aujourd’hui 10 novembre 1955

Je me suis promené avec lui dans la rue Saint-Martin.

Son regard d’enfant

Mieux qu’un diamant

Coupait les vitres

Et racontait dèjá la vie aventureuse de ces futurs souvenirs...

Et nous buvions un verre au tournant de chaque rue

À la santé entière

D’un monde éparpillé

D’un monde escamoté...

À ta santé Robert

Et même si tu es mort

À ton rêve éveillé.

(PRÉVERT, Paris est tout petit, 2009)

 

Ao falar de sua amizade com Desnos, na entrevista concedida a André Pozner, coautor de Hebdromadaires, Prévert faz um retrato psicossocial dos momentos vividos e da personalidade do seu inolvidável amigo:

 

Je ne puis passer dans certaines rues sans penser à Robert Desnos. Il les aimait et leur parlait. En pleurant, en chantant, en criant, ces rues lui répondaient. Aujoud’hui, beaucoup de ces rues ont disparu. D’autres, ne laissent que des vestiges, des coins, des ruines. Ces ruines, gaiement et tristement répondent de lui. Robert Desnos était un homme de gai malheur. Sa bonne humeur, un peu toujours désespérée, éclatait sans jamais grincer. Il était de ces amis sans le sou qui s’invitaient perpétuellement à diner et souvant parvenaient à manger ensemble. Le soleil de Bagnolet était son ami, et il savait parler de lui comme il savait parler tout seul dans les dédales de la Grande Truanderie. (PRÉVERT; POZNER, 1972).

 

Prévert recorda, ainda em Hebdromadaires, o que André Verdet lhe contara, sobre a situação de Desnos, no campo de concentração em Buchenwald. Quando chegava um novo comboio de deportados, Desnos dizia a Verdet: “Peut-être que Prévert est là-dedans?” Prévert considerava aquelas palavras como uma prova de amizade: “c’est une grande preuve d’amitié, d’avoir envie de retrouver un ami n’importe où, n’importe comment, sans réfléchir sur le moment”. (PRÉVERT; POZNER, 1972)

Em 1945, ano do venturoso final da guerra e da desventura da morte de sua mãe, Madame Suzanne, Prévert realizou excelentes projetos: o documentário Aubervilliers, o recital de sua poesia no Théâtre de l’Athénée, pela cantora Germaine Montero; o ballet Le rendez-vous, onde se dá a conhecer o tema da canção Les feuilles mortes, escrita com Joseph Kosma.

No ano seguinte, 1946, ocorrerá a publicação de Paroles, que Georges Bataille considerou uma poesia popular tão sábia quanto a de Valéry. Les feuilles mortes será cantada por Irène Joachim, no filme Portes de la nuit, popularizada, depois, por Yves Montand. Serge Reggiani estará também presente nas criações cinematográficas de Prévert. Em Les amants de Vérone, exibido em 1949, os amantes são protagonizados por Reggiani e Anouk Aimée.

Após a guerra, o poeta se instala na villa Robert-Lindet, nº 7, e depois no hôtel de la rue des Beaux-Arts. Sem negligenciar a obra literária, que se expande com diversas incursões no domínio da literatura infantojuvenil, ele escreverá dois livros de poesia, em 1946, a saber: Le cheval de trois, com poemas dele próprio, de André Verdet e de André Virel, e Histoires, com poemas seus e de Verdet e ilustrações do pintor Mayo. Por seu anticlericarismo, Jacques Prévert foi considerado pelo crítico Max-Pol Fouchet como “um Francis Jammes do ateísmo”. Essa comparação aparece no livro Inventaire d’une vie, de Bernard Chardière. (CHARDIÈRE, 1997-2016)

Aconteceu a Prévert, em 1948, um terrível acidente, quase fatal. Ao chegar ao estúdio de uma emissora de rádio, na sede do cinema Champs-Élysées, na avenida do mesmo nome, para uma entrevista sobre o curta-metragem Le Petit Soldat, do qual foi roteirista, ele se apoia numa janela e cai de uma altura de quatro metros. Naquele acidente, fraturou um braço e permaneceu em coma durante 24 horas.


De pronto, estou na avenida des Champs-Elysées, número 116, sob um calor de 33 graus. Quisera estar mais cômodo, contemplando o mar de alguma varanda. Não obstante, sigo em minha obstinação. Vou até à sede do antigo cinema des Champs-Élysées, onde Prévert sofreu aquela queda. O cinema se chama agora UGC Normandie. A seu lado está o cabaré Lido, o que me fez recordar um dia da primeira década do ano 2000, em que meu tio Afonso, então viajando comigo a Paris, levou-me a conhecer o espetáculo de música e dança no Lido, que ele tanto apreciava. Na quadra seguinte, está a rue Washington e o hotel onde nos hospedávamos nas ocasiões em que passeávamos, desde de 1990 a 2000.

Entrei no pátio do cinema UGC Normandie e avistei na entrada uma íngreme escada. Fiquei espreitando o local e pensando na pavorosa queda do poeta naquele prédio.

Depois que se recuperou, após longa convalescença, Prévert publicou, em 1951, Spectacle, com textos de canções, poemas e roteiros do Groupe Octobre. E logo rastreará novos estilos com a edição de poemas ilustrados por fotógrafos, como o fez em 1951, com Le grand bal du printemps e, em 1952, com Charmes de Londres, em que as fotos de Izis atribuem às edições um valor artístico adicional. A partir de 1953, a obra artística de Prévert crescerá com seus poemas musicados por Christiane Verger, publicados no livro Tour de chant.

Sua residência no apartamento do nº 84, do boulevard de Clichy (no famoso impasse Cité Véron), acontecerá em 1955, ano em que La pluie et le beau temps tem sua primeira edição.

A obra cinematográfica de Prévert prossegue, com o filme Notre-Dame de Paris (1956), que é uma ousadia dele e de Jean Delannoy, com maravilhoso elenco de artistas do nível de Gina Lollobrigida, Anthony Quinn a Alain Cuny e Marianne Oswald.

 A numeração cresce, da place Pigalle à place Blanche, à qual me encaminho pela passarela central (Promenade Jacques Canetti) no boulevard de Clichy.

A poucos passos, avisto o arcabouço vermelho do Moulin Rouge. O restaurante Le Cyrano, dos tempos boêmios de Breton, Aragon, Artaud e Prévert, já não existe no número 82. Maldigo o nome que atribuíram ao local: “Quick”.

Os números 82, 84 (onde supostamente morou Jacques Prévert) e 86 estão estampados na lateral de uma mesma porta estreita, ao lado do Moulin Rouge. Eu me havia preparado para almoçar no Le Cyrano, vizinho à morada de Prévert, e deparo com um reles “Quick”. Precisei, no entanto, usar o banheiro da lanchonete e, pela limpeza do sanitário, tive boa impressão do estabelecimento.

Certamente a rua foi renumerada, porque o impasse Cité Véron, onde os cronistas avisam que foi endereço de Prévert, acha-se no número 92 do boulevard de Clichy. Cité Véron é um beco estreito, um corredor com ramagens que descem dos muros entre os edifícios laterais.

Caminho da place Blanche à place de Clichy, um trajeto curto e prazeroso, até voltar ao restaurante Wepler, onde almoçara na viagem anterior. Era um dos locais onde André Breton e Philippe Soupault tomavam seu aperitivo e concebiam a poesia surrealista. Soupault dizia ter a sensação de estar dentro de um aquário, ao olhar para as paredes envidraçadas do estabelecimento. No Wepler, foi-me possível comer uma fina iguaria.

Novos curtas-metragens de cineastas como Georges Franjus (Mon chien, 1955); Joris Yvens (La Seine a rencontré Paris, 1957) e Pierre Prévert (Paris mange son pain, 1958) terão textos de Jacques. A parceria com seu irmão Pierre não cessará jamais.

 Prévert cantou o Sena e seus “remorqueurs”: “Encore une foi sur le fleuve le remorqueurs de l’ aube a poussé son cri”. O rio de Paris constitui, em sua poesia, referência essencial, pelo que representa de paisagem, símbolo e prazer contemplativo. Neste fragmento de La Seine a rencontré Paris, Prévert faz uma confissão de afeto e apreço ao Sena, que está menos em sua visão que em sua alma. A personificação do rio, sua fonte de regozijo, é objeto de sua epifania emotiva:

 

Des fois elle court elle va très vite

elle presse le pas quand tombe le soir

Des fois au printemps elle s’arrête

et vous regarde comme un miroir

et elle pleure si vous pleurez

ou sourit pour vous consoler

et toujours elle éclate de rire

quand arrive le soleil d’été

   (...)

C’est pas un fleuve la Seine

c’est l’amour en personne

c’est ma petite rivière à moi

mon petit point du jour

mon petit tour du monde

les vacances de ma vie.

(PRÉVERT, 2009)

 

O rio de Paris mereceu dele este outro poema, Chanson de la Seine, extraído do livro Paris est tout pétit. O rio é apresentado de maneira personificada e cinematográfica, nesta estrofe de versos setessilábicos. O Sena é tema essencial para a necessidade de evasão do poeta andarilho, que, em sua prosopopeia, vê o rio se trajando de verde e refletindo luzes douradas. Notre-Dame se sente, metaforicamente, menos prestigiada diante da elegância e da “nonchalance” do Sena:

 

La Seine a de la chance

Elle n’a pas de soucis

Et quand elle se promène

Tout le long de ses quais

Avec sa belle robe verte

Et ses lumières dorées

Notre-Dame jalouse

Immobile et sévère

Du haut de toutes ses pierres

Le regard de travers.

(PRÉVERT, 2009)

 

E não apenas o rio, mas também a rua do mesmo nome, aquela rua cheia de galerias de arte, mereceu imagens indeléveis da lírica do poeta, nesta cena captada com arguta sensibilidade. A auspiciosa rue de Seine nasce ao pé da Pont des Arts, passa beirando o Institut de France e, numa linha de conexão exata, liga o quai Malaquais ao Jardin du Luxembourg:

 

Rue de Seine dix heures et demi

Le soir

Au coin d’ une autre rue

Un homme titube... un homme jeune

Avec un chapeau

Un impermeable

Une femme le secue...

(PRÉVERT, Rue de Seine, In: Paroles, 1972)

 

A triunfante trajetória de Prévert se reflete, na fase de maturidade intelectual e existencial, nos artigos escritos em revistas de galerias sobre grandes artistas, como Miró, Picasso e Ernst. Ele próprio expôs o fruto de suas criações visuais, na forma de colagens, na galeria Maeght, em 1957. Surgirão, pois, livros que exemplificam seu empenho na inovação bem lograda da linguagem literária, como Fatras, Imaginaires e Fêtes, editados nos anos de 1970, com o brilho de sua desconstrução vocabular. Hebdromadaires, livro de entrevistas e diálogos com André Pozner, constituirá importante documento para se compor a biografia do versátil Jacques Prévert.

Na fase final de sua vida, Prévert concentrou-se na escrita de letras para canções, executadas pelos mais famosos cantores franceses, conhecidos em todo o mundo. Seu derradeiro livro foi Choses et autres, de 1972, em que se consagra o estilo claro de sua prosa poética autobiográfica. Nos dias finais de sua existência, Prévert afastou-se das atividades artísticas. Na companhia de Janine Tricotet, foi morar em Omonville-la Pétite, La Hague, onde faleceu em 11 de abril de 1977, aos 77 anos.

Poeta de expressão essencialmente oral; sentimental, anarquista, irônico, desdenhoso com os poderosos, respeitoso com os humildes, Prévert foi de uma versatilidade sem igual. Roteirista e letrista, construiu sua obra literária com linguagem simples e coloquial, abordando temas humanistas do cotidiano, perfazendo assim seus cantos de amor, liberdade e solidariedade.


 


MÁRCIO CATUNDA | Escritor e diplomata. Nascido em Fortaleza em 1957. É membro da Associação Nacional de Escritores de Brasília, da Academia de Letras do Brasil, do Pen Clube do Brasil, com sede no Rio de Janeiro e da União Brasileira de Escritores. Escreveu cinquenta livros de poesia e prosa, alguns dos quais no idioma castelhano. Editou também diversos discos com seus poemas musicados e cantados por vários parceiros.
  

 


FLORIANO MARTINS (Fortaleza, 1957). Poeta, editor, ensaísta, artista plástico e tradutor. Criou em 1999 a Agulha Revista de Cultura. Curador dos projetos Atlas Lírico da América Hispânica, da revista Acrobata, e Conexão Hispânica, da Agulha Revista de Cultura. Realizou inúmeras capas de livros. Curador da Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008), e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009), Concurso Nacional de Poesia (Venezuela, 2010) e Prêmio Anual da Fundação Biblioteca Nacional (Brasil, 2015). Professor convidado da Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos, 2010). Tradutor de livros de César Moro, Federico García Lorca, Guillermo Cabrera Infante, Vicente Huidobro, Hans Arp, Alfonso Peña, Juan Calzadilla, Enrique Molina, Jorge Luis Borges, Aldo Pellegrini e Pablo Antonio Cuadra. Entre seus livros mais recentes se destacam Antes que a árvore se feche (poesia completa, Brasil, 2020), 120 noites de Eros - Mulheres surrealistas (ensaio, Brasil, 2020), Naufrágios do tempo (novela, com Berta Lucía Estrada, 2020), Las mujeres desaparecidas (poesia, Venezuela, 2021), e Un día fui Aurora Leonardos (poesia, Ecuador, 2022).


 

Agulha Revista de Cultura

Série SURREALISMO SURREALISTAS # 09

Número 208 | maio de 2022

Artista convidado: Floriano Martins (Brasil, 1957)

editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com

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