segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

CODINOME ABRAXAS # 09 – A IDEIA – REVISTA DE CULTURA LIBERTÁRIA (PORTUGAL)

 

∞ editorial | Os pares insuspeitáveis e os desafios da amizade

 


 01 | No editorial de uma edição de 2022, da revista A Ideia, lemos: A revista A Ideia é uma revista crítica do atual modo de vida, assente na especulação financeira, no sistema da tecnociência, na gestão eli­tista, na indústria massiva, na desagregação dos elos de solidariedade, na anulação das subjetividades e na destrui­ção imparável da vida física do planeta. Mínimo que seja, e assim é com certeza, a revista pretende dar um contributo no domínio das ideias e das práticas sensíveis para um novo paradigma social, centrado nas necessidades sociais, subjeti­vas e ecológicas e que se possa apresentar como um modelo de vida duradouro para a Ter­ra e digno para todos os seres. A revista não acredita que o atual sistema partidário, sujeito a outras pressões, vindas da indústria, do aparelho tecnocientífico e da corporação militar, tenha condições para cumprir este desafio. O dilema que vivemos hoje é pois claro: ou inventamos um novo modo de vida social, que terá necessariamente de ser maximamente democrático, já que qualquer gestão ditatorial do complexo sistema técnico de hoje só agravará os seus problemas, e assim se vê no modelo chinês, ou co­lapsamos. A revista afirma outrossim a concepção plural que tem na área de ideias onde se insere. O pensamento libertário não é um bloco monolítico e coerente. O melhor desta tradição de pensa­mento é o seu pluralismo, as suas correntes internas diver­sifica­das, as suas tensões, os seus debates, as suas diferen­ças e até as suas contradições. Somos, pois, adversos a esta­belecer um cânone rígido do pensa­mento libertário, uma doutrina que exclua tudo o que lhe seja distinto, e advogamos o diálogo aberto entre corren­tes, na procura prática de uma cultura cada vez mais rica, esclarecida e diversa. Não existe uma cultura libertária; existem várias – e todas elas necessárias. Um fato ganha mais realidade e valor – o mesmo vale dizer para as ideias – quando é submetido à observa­ção de vários indivíduos posicionados em lugares distintos e que cruzam depois entre si os seus pontos de vista. Não há como não concordar integralmente com o que acabamos de ler. Acrescente-se ainda que a revista é a maior referência internacional no que diz respeito à formação e polêmicas do Surrealismo em Portugal. Seu diretor, António Cândido Franco, ele mesmo é um estudioso do tema e conta com uma bibliografia relevante. A seu lado, nesta edição em homenagem à revista A Ideia, o brasileiro Firmino Saldanha (1906-1985), um pintor cubista de natureza libertária, que, arquiteto de formação, em 1957, foi escolhido, ao lado de Candido Portinari, para concorrer aos prêmios Guggenheim e participar da exposição realizada em Paris no mesmo ano. Artista pouco afeito aos palcos, dotado de um profundo senso de humor, pai do irrequieto Zuca Sardan, Firmino acabou sendo quase de todo esquecido, de modo que muito nos satisfaz trazê-lo de volta à cena artística, como artista convidado da presente edição da Agulha Revista de Cultura.

 


 02 | En el editorial de una edición de 2022 de la revista A Ideia, leemos: La revista A Ideia es una revista crítica con el modo de vida actual, basado en la especulación financiera, el sistema tecnocientífico, la gestión elitista, la industria masiva, la desintegración de los lazos de solidaridad, la anulación de las subjetividades y la destrucción imparable de la vida física del planeta. Por mínimo que sea, y sin duda lo es, la revista pretende aportar su granito de arena en el ámbito de las ideas y las prácticas sensibles para un nuevo paradigma social, centrado en las necesidades sociales, subjetivas y ecológicas, y que pueda presentarse como un modelo de vida duradero para la Tierra y digno para todos los seres. La revista no cree que el actual sistema partidista, sujeto a otras presiones procedentes de la industria, el aparato tecnocientífico y la corporación militar, esté en condiciones de afrontar este reto. El dilema que vivimos hoy es, por tanto, claro: o inventamos una nueva forma de vida social, que necesariamente tendrá que ser lo más democrática posible, ya que cualquier gestión dictatorial del complejo sistema técnico actual solo agravará sus problemas, como se ve en el modelo chino, o colapsamos. La revista afirma asimismo la concepción plural que tiene en el ámbito de las ideas en el que se inscribe. El pensamiento libertario no es un bloque monolítico y coherente. Lo mejor de esta tradición de pensamiento es su pluralismo, sus corrientes internas diversificadas, sus tensiones, sus debates, sus diferencias e incluso sus contradicciones. Por lo tanto, nos oponemos a establecer un canon rígido del pensamiento libertario, una doctrina que excluya todo lo que sea distinto, y abogamos por el diálogo abierto entre corrientes, en la búsqueda práctica de una cultura cada vez más rica, esclarecida y diversa. No existe una cultura libertaria; existen varias, y todas ellas son necesarias. Un hecho gana más realidad y valor —lo mismo puede decirse de las ideas— cuando se somete a la observación de varios individuos situados en lugares distintos y que luego cruzan entre sí sus puntos de vista. No hay cómo no estar totalmente de acuerdo con lo que acabamos de leer. Cabe añadir que la revista es la mayor referencia internacional en lo que respecta a la formación y las polémicas del surrealismo en Portugal. Su director, António Cândido Franco, es él mismo un estudioso del tema y cuenta con una bibliografía relevante. A su lado, en esta edición en homenaje a la revista A Ideia, se encuentra el brasileño Firmino Saldanha (1906-1985), un pintor cubista de naturaleza libertaria que, arquitecto de formación, fue elegido en 1957, junto con Candido Portinari, para competir por los premios Guggenheim y participar en la exposición celebrada en París ese mismo año. Artista poco acostumbrado a los escenarios, dotado de un profundo sentido del humor, padre del inquieto Zuca Sardan, Firmino acabó siendo casi totalmente olvidado, por lo que nos complace enormemente traerlo de vuelta a la escena artística, como artista invitado de la presente edición de Agulha Revista de Cultura.

 


 03 | In the editorial of a 2022 issue of A Ideia magazine, we read: A Ideia magazine is critical of the current way of life, based on financial speculation, the techno-scientific system, elitist management, mass industry, the disintegration of bonds of solidarity, the nullification of subjectivities, and the unstoppable destruction of the planet's physical life. However small it may be, and it certainly is, the magazine aims to do its bit in the field of ideas and practices that are sensitive to a new social paradigm, focused on social, subjective, and ecological needs, and which can be presented as a sustainable model of life for the Earth and dignified for all beings. The magazine does not believe that the current partisan system, subject to other pressures from industry, the techno-scientific apparatus, and the military-industrial complex, is in a position to meet this challenge. The dilemma we face today is therefore clear: either we invent a new form of social life, which will necessarily have to be as democratic as possible, since any dictatorial management of the current complex technical system will only aggravate its problems, as can be seen in the Chinese model, or we collapse. The magazine also affirms the pluralistic conception it has in the realm of ideas in which it operates. Libertarian thought is not a monolithic and coherent bloc. The best thing about this tradition of thought is its pluralism, its diverse internal currents, its tensions, its debates, its differences, and even its contradictions. Therefore, we oppose the establishment of a rigid canon of libertarian thought, a doctrine that excludes everything that is different, and we advocate open dialogue between currents, in the practical search for an increasingly rich, enlightened, and diverse culture. There is no single libertarian culture; there are several, and all of them are necessary. A fact gains more reality and value—the same can be said of ideas—when it is subjected to the observation of several individuals located in different places who then exchange their points of view. It is impossible not to agree wholeheartedly with what we have just read. It should be added that the magazine is the leading international reference on the formation and controversies of surrealism in Portugal. Its director, António Cândido Franco, is himself a scholar of the subject and has a relevant bibliography. Alongside him, in this edition paying tribute to the magazine A Ideia, is the Brazilian Firmino Saldanha (1906-1985), a cubist painter with a libertarian streak who, trained as an architect, was chosen in 1957, along with Candido Portinari, to compete for the Guggenheim prizes and participate in the exhibition held in Paris that same year. An artist unaccustomed to the limelight, gifted with a deep sense of humor, and father of the restless Zuca Sardan, Firmino ended up being almost completely forgotten, which is why we are delighted to bring him back to the art scene as a guest artist in this edition of Agulha Revista de Cultura. 

Os Editores


∞ índice


ALFREDO MARGARIDO | Surrealismo negro

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/alfredo-margarido-surrealismo-negro.html

 

ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO | Breve nota sobre o combate cultural do nosso tempo surrealismo e crítica situacionista

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/antonio-candido-franco-breve-nota-sobre.html

 

ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO | Breve Notícia sobre Prémios Literários

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/antonio-candido-franco-breve-noticia.html

 

ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO | Manuel de Castro – Os versos de gelo

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/antonio-candido-franco-manuel-de-castro.html

 

ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO | O grupo do Café Gelo: do princípio ao fim

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/antonio-candido-franco-o-grupo-do-cafe.html

 

FLORIANO MARTINS | António Cândido Franco, uma ideia com 50 anos de idade

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/floriano-martins-antonio-candido-franco.html

 

JORGE LEANDRO ROSA | Novíssima Simone Weil – o ativismo e os trabalhos da alma

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/jorge-leandro-rosa-novissima-simone.html

 

MANUELA PARREIRA DA SILVA | Uma biografia de Fernando Pessoa

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/manuela-parreira-da-silva-uma-biografia.html

 

MARIA ESTELA GUEDES | Sobre Manuel de Castro – Um texto de Herberto Helder

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/maria-estela-guedes-sobre-manuel-de.html

 

PENELOPE ROSEMONT | Diane di Prima (1934-2020)

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2025/12/penelope-rosemont-diane-di-prima-1934.html

 





Agulha Revista de Cultura

CODINOME ABRAXAS # 09 – A IDEIA  REVISTA DE CULTURA LIBERTÁRIA (PORTUGAL)

Artista convidado:  Firmino Saldanha(Brasil, 1906-1985)

Editores:

Floriano Martins | floriano.agulha@gmail.com

Elys Regina Zils | elysre@gmail.com

ARC Edições © 2025




∞ contatos

https://www.instagram.com/agulharevistadecultura/

http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

 




 

Nenhum comentário:

Postar um comentário