O desenho e a pintura representam os meus interesses
iniciais nas artes plásticas. As minhas primeiras experimentações com a gravura
foram feitas em relevo, com xilogravura e linoleogravura.
Obras de Munch, Goeldi e dos gravadores-pintores
da Brücke me forneceram um repertório de formas e soluções gráficas que alimentaram
minhas ambições artísticas. Logo em seguida surgiram artistas como Marcelo Grassmann,
Hansen Bahia, Lívio Abramo,
Lasar Segall,
Renina Katz,
Rubem Grilo,
Max Beckmann, Otto Dix, George Grosz e Anselm Kiefer, que impulsionaram a minha
produção quanto à qualidade da fatura.
Entre as preocupações mais gerais de meu trabalho
com a gravura, destaca-se a presença de séries temáticas, que se sucedem ao longo
do tempo.
A paisagem urbana, inspirada pelo centro histórico
de São Paulo, predomina na série feita entre 1987 e 1992. Há, de minha parte, observação
de aspectos caóticos da cidade e das ações das pessoas nesse cenário urbano povoado
de fatos e reações incríveis.
As imagens de objetos que se acumulam no ateliê
casualmente tiveram início nos anos de 1994-1995 e foram tratadas em grandes dimensões,
pois me interessava aproximar a gravura da linguagem muralista. O retrato como tema
é caro à minha obra gráfica, pois se constitui uma espécie de registro contínuo
de tempo, registro, contudo, de ordem subjetiva.
No princípio, a cor iluminava um ou outro
elemento da imagem, na qual predominava o preto. Quando o recorte de cada plano
de cor se impôs, decidi-me pela separação das cores em diferentes matrizes, reservando
o preto para a matriz-chave. Há em minha gravura sempre uma tonalidade rebaixada
resultante do interesse pelo emprego da cor em obras de alguns pintores, como Morandi,
por exemplo. Com o controle da vibração, ressalta-se o desenho e cria-se uma unidade
cromática consoante uma austeridade na apreensão da imagem gráfica. A cor liberta
a edição de preocupação com tiragem padronizada, ao mesmo tempo possibilita inúmeras
mudanças de atmosfera em cada estampa.
A experimentação com outros materiais que
servem de matriz para a gravação me tem conduzido a diferentes efeitos e qualidades
gráficas no que concerne ao corte e à impressão. Uso madeira, linóleo, prensados
e sintéticos.
Em meu trabalho há utilização da linguagem
do cartaz na medida em que este participa de um vocabulário urbano detentor de apelo
visual agressivo capaz de anunciar os desenvolvimentos presentes nas séries gráficas
expostas intramuros. As peças gráficas para divulgação têm lugar em volantes que
anunciam cursos ou oficinas e visam materializar frente às pessoas a essência da
linguagem por meio da qual me expresso.
Em mostra como Imagus, de 1986, e Demogorgon,
de 1995, os cartazes têm papel proeminente, pois procuram exprimir (também através
de auto-retratos) transfigurações de minha própria figura. Tal preocupação em resgatar
a memória por meio de registro de marcas deixadas pelo uso e pelo tempo comparece
também em Máscaras e Máculas, de 1992. Nesta série, apresento um conjunto de objetos
que constituem imagens que remetem para a construção de esculturas, outro meio de
expressão que alimenta meu trabalho gráfico.
***
Depoimento inserido no livro
Gravura: arte brasileira do século
XX (São Paulo: Itaú Cultural/Cosac & Naify, 2000). Página ilustrada com obras
de Francisco Maringelli (Brasil), artista convidado desta edição de ARC.
***
ÍNDICE # 101
EDITORIAL | A persistência do mistério
AARÓN ALMEIDA HOLMQUIST | Paisaje y exilio en David Cortés Cabán
ALFONSO PEÑA | Bob Danco y la historia del mono azul
ESTER FRIDMAN | Liberdades, prisões, ilusões
HAROLD ALVARADO TENORIO 1882-1915 El Modernismo en Colombia
HILDEBRANDO PÉREZ GRANDE | Cien años de soledad y moi
JOSÉ ÁNGEL LEYVA | Jordi Virallonga, el alma de los cinco sentidos
LEDA RITA CINTRA | Brasil ilustrado
MARIA LÚCIA DAL FARRA | Cartas para quem? Leitura de Cartas a Sandra, de Vergílio Ferreira
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com.br/2017/08/maria-lucia-dal-farra-cartas-para-quem.html
OMAR CASTILLO | Mallarmeanas al timbal
SUSANA WALD | Reencuentro con Edouard Jaguer, impulsor del movimiento Phases
ARTISTA CONVIDADO | FRANCISCO MARINGELLI | Por ele mesmo
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Agulha Revista de Cultura
Número 101 | Agosto de 2017
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
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o pensamento da revista
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todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
CNPJ 02.081.443/0001-80
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O grande artista - entre gravuras, pinturas e pinturas!
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