ANIMAL – Disse, na intimidade, de um general muito
animado.
Variante:
ANÍBAL – Qualquer canibal que, nos dias santos, use
anilha.
B
BATATA – Quando aquele que escreve a ata veste a bata
usa-se este fonema, mas com extremo cuidado.
Variante:
BATOTA – Acto de bater com a bota. Pratica-se
especialmente em operações financeiras, donde o dizer-se usualmente, “a finança
é uma batota”.
C
CABIDE – Objecto que os agentes da PIDE usavam no preciso
lugar da cabeça. Como em todas as polícias especializadas, tratava-se de um
disfarce. Realmente não possuíam cabeça.
Variante:
CABODE – Palavra que não quer dizer nada. No entanto os
exorcistas usam-na frequentemente, soletrando-a e batendo três vezes com o pá
direito no chão. À meia-noite, é evidente.
D
DOMÍNIO – Acção de graças que se realiza ao domingo nas
terras trasmontanas. O oficiante bate na cabeça dos crentes com uma barra de
alumínio especialmente benzida.
Variante:
DEMÓNIO – Segunda parte da acção de graças acima
referida. No entanto só se realiza em dias determinados, e com uma barra de
antimónio.
E
ESTUDO – Festa particular e requintada em que os antigos
ministros de Estado se encontravam, na época do entrudo.
Variante:
ESTADO – Estabelecimento encerrado, para obras. Vocábulo
bastante usado nos países subdesenvolvidos.
F
FACA – Pessoa que vai ao talho e vê os preços. Fica de
maca. Em gíria popular, claro.
Variante:
FOCA – Estado em que fica qualquer manifestante depois de
levar com a moca da P.S.P.
GATUNO – Indivíduo pertencente a um grupo minoritário do
povo dos Hunos. Usavam o gato como arma ofensiva e daí a sua avançada
fulgurante através da Europa, até às portas de Pavia.
Variante:
GATILHO – Gatuno que usava ceroulas de atilho. Bastate
mal visto dentro da tribo. No entanto, nunca deixou de puxar o gatilho.
H
HIENA – Diz-se de uma pequena que anda muito preocupada
com o hímen.
Variante:
HIANTE – Quando Dante encontrou uma hiena, o vocábulo
definiu-se. Passou a dizer-se, como é voz corrente: “a pequena Beatriz hiante é
uma hiena”. Vox Populi.
I
INFANTE – Infecção que soi acontecer na tromba de
elefante. Só no asiático, sabe-se.
Variante:
INFAME – Chama-se, na Itália e nas Ilhas Canárias, ao
salame de categoria inferior.
J
JANTAR – Objecto curvo e afiado introduzido na Península
Ibérica pelos exércitos árabes de Tarik. Serve para matar fiscais de impostos,
mas só em Janeiro.
Variante:
JANAR – Acto de produzir ar, virado para uma janela.
Dialecto antigo do Alentejo.
L
LIMÃO – Posição tomada por qualquer administrador geral
quando puxa a liga da secretária, com a mão.
Variante:
LIÇÃO – Diz-se daquele que se obstina em não pagar a
licença da televisão.
M
MARTELO – Vitelo algarvio que gosta de passar as tardes a
ver o mar.
Variante:
MARMELO – Espécie de camelo usado pelos marítimos dos
séculos XV e XVI nos seus comércios com as povoações ribeirinhas.
NATAL – Bolo festivo muito popular nos Carpatos. É feito
com pardal recheado de natas.
Variante:
NAUTA – Aquele que toca flauta com naturalidade.
O
OPERAÇÃO – Processo de interrogatório policial que
consistia em tirar o coração a um operário. Comunista, claro. Parece que deixou
de ser usado.
Variante:
OPINIÃO – Diz-se da oportunidade que é frequentemente dada
a qualquer capitão para fazer o pino.
P
PILOTO – Jogador de loto que também costuma pilhar
galinhas.
Variante:
POLÍTICO – Polícia que se encontra em estado crítico. No
entanto, esta definição é controversa.
Q
QUELHA – Poeticamente, descreve a velha que ainda quer.
Variante:
QUILHADO – Velha que gosta de pôr a quilha no telhado.
Por isso se diz: “quem tem velha no telhado, está quilhado.”
R
REVOLUÇÃO – Aquele que se revolve e não acha solução para
tal coisa.
Variante:
REPETIÇÃO – Republicano ético que usa calção durante toda
a semana.
S
SOLDADO – Palavra usada num antiquíssimo jogo asiático
onde se troca um sol por sete luas. Quando o jogador pratica essa troca e dá o
sol que tem, diz: “soldado”. Nessa altura deve esfregar o joelho esquerdo e
puxar sete vezes a orelha do mesmo lado. Se não o fizer, perde o sol.
Variante:
SOLIDÃO – Quando Adão se solidarizou com a Serpente.
Bíblico.
TESTAMENTO – Grafa-se como o lamento daquele que bate com
a testa, seja lá onde for.
Variante:
TESTEMUNHA – Doença na unha. Reconhece-se fazendo um
teste múltiplo à unha atingida.
U
UNIVERSO – Poeta que só conhece um único verso e o repete
exaustivamente. Exemplo típico, David Mourão Ferreira.
Variante:
UNIVERSIDADE – Vocábulo complexo. Na sua etimologia verifica-se
a necessidade de ser único no momento de verter águas.
V
VENATÓRIO – Indivíduo que pratica a vénia atenta no
momento de entrar no escritório.
Variante:
VELÓRIO – Diz-se do funcionário com menos de 16 anos que
acende as velas no cartório da sacristia.
X
XISTO – Jogador de xadrez que tem um quisto.
Variante:
XIÇA – Senhora xique que usa peliça trazida de Londres.
Z
ZEBELINA – Animal quase extinto, que por vezes ainda se
encontra no deserto do Gobí. É um cruzamento de zebu e da tia Adelina.
Variante:
ZAROLHO
– Quando o repolho tem o azar de perder o a. Usa-se pouco, por ser nitidamente
um fonema irudito.
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EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO DO SURREALISMO 1919-2019
Artista convidado: John Richardson (Inglaterra, 1958)
Agulha
Revista de Cultura
20 ANOS O MUNDO CONOSCO
Número
144 | Outubro de 2019
editor
geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
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assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
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& design | FLORIANO MARTINS
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de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
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