(Cinegrafista Salerno, com a repórter Vespina sobem
a escadinha de corda para entrar a bordo do Vapor Burutu)
SALERNO
Pois então Vespina, eis que chegamos ao Vapor Burutu,
para dar as boas-vindas ao famoso pintor Bilhard, de Paris, grande especialista
em pinturas exóticas feitas no local, de cavalete! Faz pouco tempo, tendo viajado
a Nápoli, para pintar as ruínas de Pompéia, a vida típica dos campesinos, as comoventes
procissões, e, ao vivo, uma erupção do Vesúvio, teve sua tela incendiada, e só por
um milagre se salvou, voltando com telas torradas de Paris… Ao chegar, teve um súbito
trauma conjugal… mal ouso te contar, Vespina, o que se passou com sua modelar intelectual
esposa Salomé… talvez Doutor Flambel, famoso crítico de arte, que se encontra ora
a bordo, possa acrescentar alguns detalhas picantes…
VESPINA
Sei que és muito discreto, Salerno, se não quiseres
contar não contas. Até prefiro, bastará com as fofocas do Flambel para que eu faça
todas as ilações desengonçadas que me vierem à cabeça. Assim que se faz bom jornalismo.
(reparando na expressão de Salerno) Estás
com medo de que, Salerno? (para Flambel)
Ici, Monsieur Flambel, fala mais perto do microfone, por favor. Conta tudo. E não
esquece de me avisar quando o Bilhard chegar, que eu nunca vi.
FLAMBEL
Eppure, havendo Bilhard se safado das pedras e lavas
fumegantes do Vesúvio, eis que por fim chegando em casa, todo enfaixado com muletas
e telas carbonizadas, … então, entrando em casa, recebeu abrupta confissão de sua
esposa… que lhe causou violento trauma conjugal… sua ingênua Salomé… obnubilada
pela fama literária… estava de caso com Victor Rugo… O marido ultrajado chorou borbotões
e fez grave acusação junto à justiça, e o Juiz Salomon se revoltou com a escorregadela
da precipitada Salomé… O caso acabou nos tribunais e o julgamento foi tumultuado,
o juiz bateu o martelo com veemência, e condenou Salomé a 37 anos de prisão… No
meio do julgamento, Rugo tosseteou e furtivamente se afastou, e se ocultou na torre
dos carrilhões da Catedral Notre Dame de Paris, para tanto contando com a dúbia
cumplicidade do Sineiro, que, aliás, tinha lá em cima uma ciganinha, bem jeitosa,
mas isso já é outra ztória… Bilhard, de coração dilacerado, para abrandar sua dor,
fez uma exposição intitulada “Fúria do Vesúvio”, e a tela carbonizada fez um sucesso
danado no leilão da Champs Elysée, elogiada por Bodoler, justamente por estar toda
queimada… o que causou escândalo dos neoclássicos, e valeu à tela ser comprada por
uma fortuna co-lo-ssal pelo Marajá Rosmir… A seguir Bilhard, rico e famoso, fez
uma espetacular viagem ao Polo Norte para pintar, ao vivo, a Aurora Boreal, ante
feros ursos brancos, que lhe dilaceraram a tela, arrebentaram sua lancheira e devoraram
seus sanduiches de sardinha. Suas obras polares lograram sucesso retumbante em Paris,
elogios exacerbados e compra, pelo Marajá Rosmir, da tela espatifada pelos ursos…
Mas eis que ora cá encontraremos o arrojado mestre Bilhard!… Avance, Dona Vespina,
e fale com ele, que Salerno lhes filmará, com sua câmera tripé de manivela… Faça
perguntas instigantes … para ouriçar o público, enquanto eu engatilho minhas perguntas
aos conhecedores da Arte…
VESPINA
(dando adeusinho e pulinhos) Mestre, mestre,
aqui! (enlevada, quando Bilhard se aproxima) Mestre, você é tão bonito… Mestre,
por favor, fala comigo um pouquinho… (se recompondo, para si) Olha o vexame,
mulher, chega disso. (para Bilhard) Monsieur Bilhardô, é verdade que a maravilha
tropical brasileira que o senhor mais quer pintar é o calor de 40º? Por que o senhor
não prefere pintar um jacaré, uma conversa entre Anitta e Vitão ou uma banana d’água?
BILHARD
(com sotaque lionense) Mas que inusitado, une
reportér des tropiques! Senhorita, preciso fazer seu retrato. Botono fundo banana
d’água, anaviton e jacaré com a mesma luz doré da sua couleurde jambô, dacór? Essa
combineson hetéroclite é ideal pra minha démarche artistique, c’estclair. En répondant
votre très bonne question, 40 degraus por várias razões, primeiro porque é um motifintellectuel,
cinégétique et a arteprecisa estar dans le vent, compreende?… antecipando a nouvelle
vague e ocinemà novô. Ensuite porque je suis três scientifique, precisa ter objetividade,
senão je suisfoutu, avec mon romantisme. Palhaço dasilusions perdues, enfin, sei
que falam de mim, mas a vida continua e eu tambémnão fico parado, il faut être au-devant…
ou mesmo au-delà, tenho até meusmomentos de visionnaire…
VESPINA
(catatônica com a perspectiva de ser pintada por Bilhard) … … … (recompondo-se) (para si) Segura
tua onda, criatura, seja profissional! (para Bilhard) Mestre, podemos
dizer então que você é um romântico científico, quiçá mesmo positivista? Acompanhe
meu raciocínio: é vulcão, fogo, urso branco, vida em perigo mil vezes, muito romântico!
Últimos acontecimentos da sua vida privada que lhe colocam no rosto esta expressão
atormentada e ligeiramente lelé, mais romântico ainda! Pintura de temas ao vento
e na vaga (vaga de quê, que mal lhe pergunte?), volta por cima e vendas trilhiardárias,
muito científico! Você acha que está lançando um novo movimento, o romantismo positivo?
Ou seria positivismo romântico? (baixando
o microfone) E… sim… Mestre, quando quiser pintar meu retrato… Pode ser agora
mesmo, tá? A gente retoma a entrevista a gente depois…
SAULO PORFÍRIO
(intuindo com seus rabiscos o desancar da narrativa)
Bilhard retira da caixa de pintura uma tela e um cavalete, que se engastam automaticamente
graças a um dispositivo do século das luzes. Começa a compor um retrato de Vespina,
restituindo ao mesmo tempo miraculosamente as voláteis pinceladas de Fragonard.
Como num clichê de Nadar as feições da repórter ganham aos poucos photográphica
objetividade, sem que se obstrua sua silhueta de nereida contra um fundo difuso
representando as quedas do Niágara. Enquanto pinta, Bilhard vai falando:
BILHARD
Sim, minha cara, en
plein dans le mille! (Acertaste de cara!) … A nouvelle
vague romântica é positiva! … et toujours classique! Pois desde que Empédocles
e Plínio o Velho foram tragados pelas lavas ardentes do Vesúvio, o sentimento do
sublime e a obrigação de projetar a própria imagem impuseram-se aos artistas… Com
a triste perda de Plínio, o meilleur chroniqueur da vie des artistes, tivemos que
propagar nós mesmos nosso currículo em assombrosas estampas…
CAPITANO
(entra) Buona cera, per lustrare la luna, Signori
i Signorina così gentile!… Dintorno guardo, come talento avesse di veder s’altri
era meco. Allora surse a la vista scorpechiata un’ombra, credo que è il molecco
giornaliere da bordo, vuole vendere qualque giornale, i per voi, Don Bilhardo, quando
s’accorse d’alcuna dimora, poderete en nuestri giornali trovare molte fotografie
diverse, con flagranti di generi i vedute de la cittá i del bosco, que voi poderete
copiare, fare dei capolavori originale senza salire dal vapore.
PONTO SALTÉRIO
Encomendamos ao famoso Escritório dos Trâmites Linguísticos
um serviço de legenda para os Diálogos do
Vapor Burutu, roteiro que pensamos em montar como homenagem à vinda de Bilhar
ao Brasil. No entanto, quando nos mostrou a primeira prova, que horror constatar
que o talento maior dessas gangues de tradução é dizimar por completo o texto original.
Tanta insídia, que decidimos mostrar um pouco do serviço, o que, aliás, lembra bem
a carnificina linguística que encontramos a diário na TV e no cinema:
Boa cera, para
polir a lua, Senhores, Senhorita Gentil! Então havia uma sombra à vista, eu acredito
que essa é a molécula diária da borda, ele quer vender um jornal, para você, Don
Bilhardo, quando ele notou alguma habitação, você encontrará muitas fotografias
diferentes em jornais diferentes, com flagrante de gêneros, as vistas da cidade
da floresta, que você copiará, fazem obras de arte originais sem sair do vapor.
BILHARD
(ligeiramente assustado) Comment? Que voulez vous dire par là, mon
Capitaine?! Minhas pinturas são baseadas em materiau inédits, d’après nature! Avec un
brin d’imaginação desenfreada, para que as massas possam se educar convenablement.
Têm certificat d’autenticité et historicité, votre journalier fantomatique pode
encaminhá-las para publicação no dia seguinte, com um pequeno texto explicativo
que eu redijo moi-même. Mes images dão manchete, des
vrais fürs de reportage, a preços très modiques. Je voulais même vous proposer financier
mon passage e alimentation avec un magnifique retrato de vous et votre equipage
defronte ao primeiro iceberg!
SALERNO
Fragonard ainda tinha dúvidas entre as lavandas e os
tons pastéis. Escolhia as cores pela fragrância de cada uma delas. Em seu Encontro
secreto não pode haver uma paisagem verde, pois tal cor daria à cena um ar matrimonial
que colide com a felicidade sorrateira dos amantes. E sua Jovem mulher brincando
com o cão não aceitaria jamais ali a presença do mesmo verde, que certamente
despistaria o espírito bufão com que o cão se deixa acariciar. O simbolismo da cor
é litúrgico em sua pintura e Bilhard captura transcrição anímica, ao copiar os sentidos
vivos de Fragonard e os transferir para a imagem de Vespina que deleitosamente acentua
com seu jogo de pincéis perfumados.
SAULO PORFÍRIO
No retrato de Vespina as cores não podem ser extremas,
e nada de alusões paralelas, pois essa Gioconda possui qualidade solar. Seu olhar
é uma mistura primária de alegorias. O interesse de seu olhar ocasiona novas vertigens
no ponto em que o pincel se define pela tonalidade com que lhe deve tocar. Não pode
ser romântico e muito menos positivo. A nova pintura deve oscilar entre os desastres
do espírito e o ascetismo.
VESPINA
Mas de onde saiu esse Saulo Porfírio? (para o próprio)
Ei, moço, quem é você? Que história é essa de ascetismo em pleno século XIX? Capitano,
qual é a sua, insultando desse jeito o mestre com proposta tão indecente? Cadê o
Flambel, que sabe das coisas?
FLAMBEL
Convidei o passante Saulo Porfírio para apimentar essa
camisa de força que nos encerra em um conceito tão primitivo de tempo e espaço.
Vi como ele pigarreava enquanto rabiscava a carvão no chão da Praça dos Dissabores
uns perfis de antigos charlatões do Império. Ele dava a esses personagens velhacos
um olhar tão cotidiano que lhes recordava os candidatos do último pleito governamental.
Saulo defende o ciclo das realidades paralelas, nosso melhor crítico para avaliar
o passado das obras e seu futuro inesperado.
SAULO PORFÍRIO
(para Vespina) O ascetismo atua como uma lingerie,
não tenho dúvida. Há aqueles que disciplinam o desejo para não ceder ao encantamento
do conteúdo sugestivo entrevisto das peças íntimas. Por outro lado, os médiuns fumavam
seu bagulho ao sol discutindo as entradas secretas de cada vestimenta folheada a
sedução. O tempo é uma bagana deixada na coxia. Seu império nos asfixia.
FLAMBEL
Silencio!… Cominció il Capitano nostro in accostarci
or quinci al lato che si parte… e questo fa i nostri passi scarci…
CAPITANO
Grazzie tante, Dom Flambelo!… De la sua sponda confina
in su un piano justo que voleva io toccare una sonata per la defunta infanta morta,
eppure dal destro fianco dono un pó stropiato con il piede destro i num puó accionare
il pedale or dal sinistro e or dal destro.
FLAMBEL
(emocionado) Ecco!, Reposatevi, Capitano, que viene in dulcemare magno
col decreto de la molt’anni lacrimata pace!…
TRULLLO
(garçom, entra) Licencinha, posso trazer qualqui
drinki, i buoni accepipppi?
VESPINA
Dois drinques aqui, um para mim e outro para o mestre!
Mestre, vamos beber na cozinha?
SAULO PORFÍRIO
O vapor Burutu chacoalha seus pecados escorregadios
pelos sete mares (quem se atreve a contá-los?), reparte os prefixos atormentados
de sua carta de navegação, os espectros alucinados enjoam sempre que perambulam
pelo convés e então retornam à cabine do comandante, onde Bilhard mantém o olhar
fixo na tela, impassível, enquanto vão surgindo os contornos acidentados do rosto
de Vespina.
ZUCA SARDAN
Floyd,
nesta última tirada do crítico improvisado e quase de todo pirado, Saulo Porfírio,
ele nos diz que os espectros retornam à cabine do Capitano, onde Bilhard mantém
o olhar fixo na tela… Creio mais apropriado que Bilhard pintasse na Sala Sinistra.
Seria na sala à esquerda (sinistra, em
italiano), o que te propiciaria excelente oportunidade para aprontares maravilhas
alla Floyd. E me deixarias il Capitano,
o que sempre me possibilitaria, quando oportuno, entrar com meu molho macarronix
(minha especialidade).
DOC FLOYD
De
algum modo os grandes retábulos foram sempre pintados a bordo de um ambiente sinistro,
e não apenas à esquerda. Tens razão, Zuca. Saulo por vezes vê apenas o que lhe dita
sua obsessão. Desconfio que não saiba distinguir em uma revoada de sanhaços qual
aquele que está empalhado. Fui conferir com Bilhard e ele está mesmo onde revelaste,
na saleta à esquerda da cabine do Capitano, e, pasme, há mesmo à porta uma plaqueta
que diz: SALA SINISTRA. Talvez isto explique
o fato do retrato de Vespina se pintar sozinho.
FLAMBEL
(entra) Distintos Senhores e Divas Damas,
acabei de falar com il Capitano, que me solicitou trazer-vos sua intimista mensagem
em macarrônico sabir magnífico: Per li occhi
fui digrave dolor mucho, mi cilhícios mi parean coberti, e sofferia molto in la
spalla…
VESPINA
(agastada) Dom Flambel, poderíeis acaso passar
pro latim tão belo imbroglio?…
FLAMBEL
Pois,
Dona Vespina, embora sacrificando a divina sonoridade sabir, teríamos o seguinte:
Moléstia – ou… Modéstia?… – é afetação que os padres louvam, para brochar
nossa paróquia e… arrolhar a Divina Arte. Precisamos nos defender, pois senão o
Coveiro Metaphysico logo aparece… com carpideiras paraguayas.
DOC FLOYD
Flambel
mal concluíra a versão livre do sabir magnífico e o retrato de Vespina sequer esperou
secar as tintas e saltou fora dali pela escotilha e entregou-se ao saber das ondulações
oceânicas…
BILHETE DE
BILHARD À SUA MODELO FUGIDIA
Cara Vespina, no meio de nosso exultante diálogo retratístico
fui remetido subitamente aos quintos dos infernos, para o círculo dos condenados
por ira e preguiça ou o que seja, de onde pensava enganosamente ter conseguido escapar…
Não teve maiores efeitos, finalmente, o estratagema revisionista dos meus apoiadores
na academia, sob um fogo cruzado que não deixa espaço para as frivolidades da pintura
do XIXème… Devido a essas amargas atribulações, Vespina, suas preciosas perguntas
perderam-se tragicamente no turbilhão dos circuitos infernais, como sinto muitíssimo
ter que dizê-lo… Mas vou tentar fazer-te chegar o registro dos autos do meu processo,
atiradas a um epígono que acenava do alto da montanha do purgatório, que eu sobrevoava
na quinquagésima volta do eterno retorno…
VESPINA CONTESTA
SEM PERDER A FESTA
Adorado Mestre, me leva para girar em círculos nos círculos
até eu ficar tonta! Seu bilhete chegou bem, mas os autos do processo arribaram por
aqui em estado catastrófico… Ainda assim, vou procurar um bom advogado, que saiba
ler aramaico. Envio esta resposta em uma garrafa bem arrolhada e ainda com cheirinho
de cachaça que, se o universo quiser, beberemos juntos muito breve! Vou jogar a
garrafa no Maelstrom, porque lá também tudo gira, vai ver tem uma ligação espacial,
não é? Se não receber, me avisa que eu mesma me jogo.
ADENDO DE
PEDRO K AO ENCONTRAR O REFERIDO BILHETE
Vespina, os autos do processo do Bilhard mostram que
ele foi considerado culpado na décima vara dos quintos, por ter acionado o flagrante
de adultério que desabou sobre sua esposa Léonie d’Aunet. Reincidiu na floresta
amazônica, quando ofereceu aguardente aos indígenas e expulsou de seu alojamento
uma dona que se havia envenenado com emulsão fotográfica. Sua obra mesma testemunha,
junto às instituições onde tenta amarrar a pobre sombra, a propagação das ideologias
deletérias do positivismo ascendente e do romantismo decadente de sua época, via
chacota com culturas não-ocidentais, indiferença ao extermínio das morsas, ursos
brancos etc. Entretanto, ainda podem ser extraídos dividendos interessantes nos
leilões de arte, exposições, livrarias e lojas de cartões postais, que deverão ser
revertidos em benefício dos prejudicados e de seus descendentes… fazendo-se ainda
necessários ajustes para permitir a implementação de uma alíquota de benefícios
externos na lei de importações, definidos através de medidas apresentadas pelo congresso
ou vias judiciárias.
VESPINA COM
ARES DE SPUTNIK
Mentira! Mentira! Mentira! Seu monstro!
TELETRO ENCONTRADO
ÀS ÚLTIMAS
PedroK,
Bilhard
anda mal, neste final em que já quase cai a cortina do Theatro QK-2… O Advogado
Galdério não terá mais tempo para arrumar umas escapatórias, nem entrar com um habeas-porcos…
Abbrazzzzzi
Zuca
OS TRAPOS DA SAGA
PedroK é um Manolete, um Houdini, para tirar o corpo fora… E aqui
fica o velho Sentinela de Pompéia para aguentar o repuxo… Espero que seja mesmo
só uma respostinha amável, pr’eu aprontar um sorriso gentil e dizer pra Vespina,
tudo bem… Mas ela é um pe-ri-go!… uno piccolo scorpione para fazer perguntas
difíceis… E não sei mais o que responder: Quem sou eu? O mundo vai acabar? O que
é mais perigoso: A deterioração ambiental? Ou o progresso técnico-industrial? Deus
existe? E se Deus morreu… o Diabo vai sossegar?… Ou será então que?…
BEDEL
Tragam logo a maldita cortina, essa pagodeira
precisa acabar… O diretor Anúbio precisa convencer o vapor Burutu a dar a volta
e se amofinar por uns tempos na caserna naval. Guardem os pincéis, sequem os tonéis,
fechem os bordéis… Isto precisa ter fim!
VESPINA
Então baixa logo a cortina, Bedel, está esperando o quê?
CORTINA
(cai chorando) Em homenagem
ao rato Beltrão, do Circo Cyclame.
TIMONEIRO
(entra,
apressado com a cortina, e a monta presto na barra) Para com essa choradeira,
Bedel. Não há tempo a perder, deixei o timão solto, se não voltar súbito, há perigo
fatal! Puxo eu mesmo a cortina e me vou!!! PLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAATTTTTTTTTTTTTTTTT!!!
EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO
DO SURREALISMO 1919-2019
Artista convidado: Víctor Chab (Argentina, 1930)
Retrato de Vespina, por Floriano Martins
Retrato de Vespina, por Floriano Martins
Agulha Revista de Cultura
20 ANOS O MUNDO CONOSCO
Número 148 | Dezembro de 2019
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS
| MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2019
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