ANÍBAL MACHADO, Cadernos de João
Há escritores que, antes de publicar compêndios
e mais compêndios de palavras dispersas sobre o papel, ruminam a linguagem não por
se subordinarem a um rigor calcado em um pretenso controle racional de sua matéria,
dando-lhes aura de um exímio ourives da palavra, mas por saberem que, sendo conflitante
e precária – para não dizer rara – a relação entre linguagem, sujeito e mundo, hesitam
diante desta mesma linguagem ansiando pela palavra luminosa que lhes trarão o poema.
Digo poema, mas não me limito a pensar que essa fulguração resultará somente nessa
peça específica que comumente é categorizada como tal. A fulguração alquímica a
que me refiro contaminará, com suas palavras radiantes, composições as mais heterogêneas,
fugidias, matérias móveis as quais apenas aqueles que não temem se perder nas ramagens
labirínticas das florestas virgens podem contemplá-las ou mesmo enfrentá-las.
A modernidade já nos ensinou que as palavras,
mesmo as mais cotidianas, não são meras portadoras de um significado fixo. Tampouco
os signos podem ser lidos apenas como significantes não maleáveis. Solidão, Recife,
Estrela, em um poema de Mallarmé, não coincidem com a solidão, recife, estrela de
um verbete de dicionário ou ditos de uma conversa informal. A palavra poética sempre
está em estado de hesitação, espera, aguardando novas combinações ou fagulhas que
lhes permitam explodir em sentidos. Assim é a linguagem. Assim é a vida. Tal como
o mundo.
Nesse sentido, são poucos os escritores
que, sabendo de seus limites diante da linguagem, se aventuram a se aproximar deste
limite; o que poderia ser considerado simplesmente como uma impositiva fragilidade
converte-se então em força. Dentre esses poucos, posso mencionar com muita tranquilidade
Aníbal Machado (1894-1964).
Executor do primeiro gol do Atlético Mineiro
e memorável anfitrião das domingueiras que aconteciam no casarão da rua Visconde
de Pirajá, em Copacabana, Aníbal Machado nasceu em Sabará (MG), à beira do Rio das
Velhas. É autor de uma obra relativamente escassa e tardia: sua primeira publicação
se deu apenas em 1944, uma conferência intitulada O cinema e sua influência na vida moderna, proferida três anos antes
na Associação Brasileira de Imprensa. Neste mesmo ano, publicou seu primeiro livro
de ficção, Vila Feliz, que sofrerá alguns
acréscimos no decorrer dos anos, até se consolidar postumamente, em 1974, sob o
título A morte da porta estandarte, Tati,
a garota e outras histórias. Na década de 1950, publica livros em que sua aventura
rumo aos limites da linguagem se verticaliza radicalmente: o ensaio poemático ABC das catástrofes – Topografia da insônia
(1951), seguido de Poemas em prosa (1955).
Mas é em 1957 que Aníbal avança ainda mais em direção a essa margem sinuosa com
a publicação de Cadernos de João, uma
miscelânea de textos que compreende vários gêneros como poema, poema em prosa, aforismos,
fragmentos, narrativas e alguns outros – que nenhum enquadramento teórico daria
conta de determiná-los –, além da inclusão das duas obras que o antecedem, porém
reconfiguradas e revistas neste novo volume. Por fim, pouco antes de falecer em
1964, Aníbal incumbe a Carlos Drummond de Andrade a tarefa de editar o livro que
levou praticamente quase uma vida para finalizar – trata-se de João Ternura, [1] romance iniciado na década de 1920 e cuja gestação, entre idas e
vindas, durou por volta de quarenta anos, sendo publicado apenas em 1965.
Para não me perder na floresta, gostaria
de ressaltar uma questão que me chama bastante atenção no que diz respeito às publicações
do autor de João Ternura. Sabe-se que
o primeiro livro de Aníbal foi publicado a pedido de sua amiga e cronista Eneida,
que teve a disposição e o cuidado de datilografar os pequenos garranchos do autor
(agrego o dado de que Aníbal declarou em entrevista sua pouca vontade e preocupação
em publicar seus escritos). Ao longo dos anos, Vila Feliz contou com reedições nas quais foram acrescentados outros
contos, sem que, no entanto, se configurasse como nova obra. João Ternura, entre adiamentos e retomadas,
levou décadas até que fosse finalizado. Como já mencionado, tanto ABC das catástrofes – Topografia da insônia
como Poemas em prosa foram dissolvidos
em Cadernos de João, procedimento que
não tem como resultado a mera reunião dos livros anteriores, de natureza totalmente
distinta, mas sim, a configuração de uma nova obra. O fato que quero evidenciar
é que, durante o tempo em que Aníbal esteve vivo, este foi o único livro que não
sofreu alterações, fazendo-me intuir que talvez este seja o único com o qual Aníbal
logrou chegar aonde queria – seja lá onde for. Por isso, nas próximas linhas vou
me deter neste livro que, na opinião de Otto Maria Carpeaux, “é um dos livros mais
estranhos da literatura brasileira”.
***
Cadernos
Mapa irregular do nosso descontínuo interior, com os fragmentos, vozes, reflexões,
imagens de lirismo e revolta – inclusive amostras de cerâmica verbal – dos muitos
personagens imprecisos que o animam. Afloramento de íntimos arquipélagos, luzir
espaçado das constelações predominantes…
O autor apenas se reserva o direito de administrar
seu próprio caos e de impor-lhe certa ordem na tranquilidade formal das palavras. [2]
É dessa maneira que somos recepcionados
por Cadernos de João, tão logo o abrimos.
No texto acima, já podemos vislumbrar o diapasão com o qual a obra se afina. E já
nas primeiras páginas constatamos não se tratar de um livro de ficção. Nele, além
de poemas e narrativas, nos deparamos com aforismos, fragmentos e reflexões que
expandem o meramente literário.
Em 1953, Rubem Braga publicou um retrato
do autor no qual o cronista traça um breve percurso biográfico de Aníbal e tece
concisos comentários sobre sua obra. Um dado chama a atenção. Transcrevo:
[Aníbal] Publicou “Vila Feliz” e “Topografia
da insônia”, um estudo sobre cinema, outro sobre Walt Whitman, um ensaio sobre Ouro
Preto, outro sobre o Rio das Velhas, misturando análise ao lirismo. Acha que a coisa
mais importante que fez é um livro de poemas em prosa, “Cadernos de João”, a sair,
e pensa em reunir em um volume escritos diversos sob o título “Parque de diversões”.
[3]
Dados curiosos: sendo o texto de Braga publicado
em 1953, sabemos que a projeção de Aníbal seguiu por outros rumos, já que Poemas em prosa saiu sob título homônimo
e foi publicado em 1955, enquanto Cadernos
de João só viria à luz dois anos depois deste, ou seja, em 1957. Seria então
Cadernos de João o que o autor chamou
de “Parque de diversões”? Creio que sim, pois o livro de 1957 é exatamente uma reunião
de escritos diversos. Entre os anos 1953 e 1957, houve uma mudança significativa
na concepção de Aníbal em relação às obras publicadas nesse período, considerando
os dados acima e sua concretização. Talvez Aníbal tenha considerado inapropriado
o título projetado para o volume de poemas em prosa. Ou inadequada, ainda, a publicação
dos livros anteriores a Cadernos de João
em volumes distintos entre si, nos quais seus textos foram organizados de forma
homogênea.
Apesar de Cadernos de João ser dividido em seções e contar com textos cujos títulos
vão se repetindo, formando uma espécie de agrupamento, de modo algum isto faz com
que o volume constitua uma unidade. Isto porque os textos constituintes destes agrupamentos,
separados entre si por vinhetas compostas pelo gravurista Manuel Segalá, são de
natureza as mais diversas possíveis. O que observamos no decorrer da leitura é que
o volume é organizado como uma espécie de caleidoscópio textual ou, ainda, o mapa
irregular ao qual se refere o autor na abertura do livro.
Por mais diversos que os textos sejam entre
si, não posso deixar de evidenciar neles algumas recorrências temáticas, tais como
a modernidade, reflexões sobre a linguagem e, de modo mais sutil, a questão da dignidade
humana. [4] Vale destacar que esses temas
não são abordados de modo concordante, já que muitos se contradizem entre si, sugerindo,
por parte de Aníbal, uma abordagem dialética, o que reforça o argumento de se tratar
de um livro de natureza caleidoscópica.
Penso que ao compor um livro tão heterogêneo,
tanto do ponto de vista do gênero quanto de sua “organização”, Aníbal Machado se
aproxima daquela tradição de autores cuja empreitada recai na tentativa de anular
a dicotomia entre arte e vida, como podemos observar no seguinte fragmento: “Uma
ordem social anti-humana e injusta perturba o sono dos poetas. Não querer tomar
conhecimento dela é fazer-se cúmplice de uma evasão que humilha e enfraquece a poesia”;
[7] ou ainda neste outro: “Artista do
verso, muitas vezes inimigo da poesia”. [8]
Não é à toa que, em Cadernos de João,
podemos flagrar autores tão diversos como Heráclito, Blake, Rimbaud e mesmo René
Daumal, do qual o autor enxerta um texto, inclusive mantendo sua língua original.
Também, podemos flagrar textos que em muito se aproximam de Os cantos de Maldoror [9] ou ideias muito alinhadas à visão de
mundo surrealista, da qual o autor era profundo conhecedor e difusor, além de ter
possuído uma biblioteca volumosa das mais diversas obras de autores desse movimento.
O trecho a seguir, publicado em 4 de março de 1951 no suplemento literário Letras e Artes do jornal A Manhã, corrobora o que ora afirmo:
A força da vida é sempre maior que o apelo
do Nada. E o poder da poesia se confunde com o da vida. O mal dos poetas foi ter
consentido no distanciamento entre o sonho e a realidade. A meu ver, só os surrealistas
e seus precursores lutaram contra essa ruptura. Se passou a idade de ouro do surrealismo,
os seus reflexos perduram, pois não se trata apenas de literatura, mas de uma doutrina
que busca a libertação total do homem. A renovação de valores trazida pelo surrealismo
transcende do campo estético e organiza uma nova concepção do universo. […] Mas
é preciso frisar que o surrealismo não estimula o abandono ao irracional para que
nos esqueçamos nele e, sim, para dominá-lo. O supra-real, dispensando o elemento
religioso e transcendente do sobrenatural, é um princípio imanente que “não se deixa
reduzir ao irreal e portanto não se opõe ao real”. […] É pela imaginação, faculdade
central do homem, que nos ligamos à alma dos seres e dos objetos e lhes surpreendemos
as analogias mais remotas.
Alguns elementos apontados por Aníbal em
relação ao Surrealismo podem ser observados em sua própria produção, incluindo Cadernos de João, quando algumas de suas
personagens reivindicam sua dignidade, mediante o maravilhoso, como é o caso das
narrativas “Chuí comanda o tráfego” e “A indigente de Goiânia”; quando apela ao
poeta para que sua linguagem aja no sentido de transfigurar o mundo e ampliá-lo;
além da importância da imaginação e da imagem em todo esse processo: “A imagem poética, em súbita aparição, já vem
com os ritmos orgânicos que a prendem a todo o sistema do Universo”.
Tanto a imaginação quanto a imagem são dispositivos
de extrema importância para a poética anibaliana. Não é em vão que o autor evoca
o título da gravura de Goya “O sono da razão produz monstros” e que, além de incluí-lo
em seu conjunto de textos, sabiamente acrescenta a ele o seguinte complemento: “o
[sono] da imaginação, produz pigmeus”. [10]
Nesse jogo estabelecido pelo autor, tanto a ideia de abandonar-se ao irracional
para dominá-lo quanto a falsa oposição entre real e irreal, bem como entre racional
e irracional, são reforçadas e, para tal, Aníbal atua de modo a superar tais dicotomias
dialeticamente. Atitude que dialoga diretamente com o que André Breton promulga
no Segundo Manifesto do Surrealismo, quando
afirma que “Tudo leva a crer que há um certo ponto do espírito de onde a vida e
a morte, o real e o imaginário, o passado e o futuro, o comunicável e o incomunicável,
o alto e o baixo deixam de ser percebidos como coisas contraditórias”. [11] Aníbal, à sua maneira, vai dizer algo
muito parecido: “Nem no fundo do abismo, nem muito longe dele, sem pressenti-lo.
/ Um jogo entre a orla perigosa, entre a consciência e a vertigem”. [12]
QUASE
Eis que
num sussurro de asas vinham descendo os elementos da coisa a ser criada. Não eram
apenas imagens gratuitas ou aproximativas, mas elementos comprometidos numa constelação
implícita, ainda sem céu para começar a compor-se e fulgurar. Ao poeta cabia agora
a sua parte de artista, mínima, que só ela bastava para a evidência e esplendor
do objeto pressentido. Nega-se, porém, o poeta a intervir, temendo que a qualquer
aceno seu as imagens debandassem ou que se turvasse a pureza de seu espaço de voar.
Que por
si mesmas, em livre e aéreo movimento, tecessem elas o poema gratuito… Mas fugiram
as imagens! Fugiram para tornar em seguida.
Dessa vez
insistindo mais. E tão familiares e amadurecidas, que já antecipavam palavras e
ritmos da obra prefigurada.
O poeta
limitou-se apenas a apreciar o prodígio.
Quase…
Mapa irregular, afloramento de íntimos arquipélagos,
luzir espaçados de constelações – a linguagem poética habita o entre, na fissura
do corte entre duas realidades distintas de onde emerge a imagem. E o que, senão
a analogia, para dar conta desse emaranhado de realidades de faces opostas uma para
a outra? Cadernos de João nos mostra,
tal como o hermetismo, que o que está no alto, está em baixo, o que está dentro
também está fora, isto é, todas as coisas estão ligadas entre si. Ou, valendo-se
das palavras do próprio Aníbal, constantes de seus Cadernos: “[…] Ninguém precisa sair de si para participar do ilimitado.
Cada qual está perto do longe e contém o Todo, como a gota de água é mar dentro
do mar. […]”. [13]
“Quando as pedras forem promovidas ao reino vegetal…”
[14] – irradia-se o poema ou, o que é
o mesmo, irradia-se a vida. Assim como o mundo.
É no espaço intermediário entre linguagem
e mundo que a palavra se ilumina.
NOTAS
1. Sobre esta obra, recomendo a leitura
do ensaio “Aníbal e Ternura (sobre Aníbal Machado)”, de Ivan Junqueira, publicado
na Agulha Revista de Cultura. Disponível
em: https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2021/02/ivan-junqueira-anibal-e-ternura-sobre.html. Acesso em: 5 dez. 2021.
2. MACHADO, Aníbal. Cadernos de João. Rio de Janeiro: Livraria
José Olympio Editora, 1957. p. 5. Sempre que houver exemplos e referências a este
livro, é a esta edição que me refiro.
3. BRAGA, Rubem. “Gente da cidade: Aníbal
Machado”. In: Revista Manchete, Rio de Janeiro, n. 79, p. 44-45, 24 out. 1953. Disponível
em: http://rubi.casaruibarbosa.gov.br:8080/bitstream/20.500.11997/6047/1/Manchete%20DE%20n%C2%BA%2067%20a%20140%20-%2019531954.pdf.
Acesso em: 5 dez. 2021.
4. Dada a impossibilidade de me alongar
muito acerca dessa discussão, recomendo, a quem interessar, o estudo que fiz sobre
essa magnífica obra. Cf. O mundo feito caderno:
transfiguração e modernidade em Cadernos de
João, de Aníbal Machado. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/31/31131/tde-16012020-121857/publico/DiogoSantos_Corrigida.pdf.
5. NEGRONI, María. A arte do erro. Tradução de Ayelén Medail e Diogo Cardoso. São Paulo:
Edições 100/cabeças (no prelo).
6. MACHADO. Op. cit. p. 132-133.
7. Idem.
p. 234.
8. Idem.
p. 34.
9. Aqui, refiro-me, por exemplo, ao texto
“Insurreição dos internos”, localizado nas páginas 234-239 de Cadernos de João (1957).
10. MACHADO, Op. cit. p. 60.
11. BRETON, André. Manifestos do Surrealismo.
Tradução de Sérgio Pachá. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2001. p. 153-154.
12. MACHADO, Op. cit. p. 33.
13. Idem.
p. 62.
14. Idem.
p. 29.
DIOGO CARDOSO | Poeta e mestre em filosofia pelo IEB-USP. Publicou o livro Sem lugar a voz (Dobradura, 2016) e a plaquete Paisagens e pântanos (Baboon, 2019). Tem publicações, dentre outras, nas revistas Ruído Manifesto, Polichinello, Vidro, Agulha, Meteöro e Peixe-boi, além de participação nas antologias Subúrbios da caneta (Dobradura, 2014) e Antologia Primata (Primata, 2018). Traduziu Cartas de guerra, de Jacques Vaché (2021), e O cometa incandescente - romantismo, surrealismo, subversão (2020), este com Elvio Fernandes, ambos pela Edições 100/cabeças.
JOHN WELSON (País de Gales, 1953). Poeta e artista plástico, Welson é um desses personagens admiráveis por sua incondicional obsessão pela criação. Desde a infância que se dedica à pintura, ao desenho, à cerâmica e logo dando início também à escritura poética. Resultado dessa voracidade criativa é que tem em sua agenda um registro de mais de 300 participações em galerias em vários países. Nas últimas décadas produziu um abstracionismo lírico cuja ótica central é a paisagem de seu País de Gales. A seu respeito escreveu John Richardson: Quer sejamos encantados com a poesia de John Welson, fascinados quando suas pinturas batem à porta de nosso inconsciente, ou nos encontremos iludidos por suas colagens enquanto conscientemente reordenam nossa visão de o que é e o que pode ser, é possível, acredito, discernir através do vidro as sombras, os traços e os impulsos que revelam seu compromisso com a liberdade e o surrealismo. […] Para John, a violência em tomar ou separar é apenas a primeira etapa necessária de uma grande obra de desconstrução, necessária para reconstruir e reconstruir, permitindo assim que a realidade latente da vida cotidiana, que a ideologia burguesa mascara, surja e se destaque. É dessa maneira orgânica que o Maravilhoso nos é revelado. Mais uma vez, ele nos oferece um vislumbre do que poderia ser.
Agulha Revista de Cultura
Série SURREALISMO SURREALISTAS # 05
Número 204 | março de 2022
Artista convidado: John Welson (País de Gales, 1953)
Tradução: Susana Wald
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
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