O Soberano, para obter seus
bens e manter o poder, se apoiou nas classes dos funcionários, guerreiros e sacerdotes:
a) Os Sacerdotes explicam
a origem sagrada do Soberano;
b) Os Funcionários cobram
os impostos;
c) Os Guerreiros mantêm
a disciplina e obediência da população, e, eventualmente aumentam os domínios do
Reino, massacrando os vizinhos.
A Ciência era útil já nos
Tempos de Faraós e Pyrãmides do Egypto, pra organizar o cálculo dos impostos, e
regular os trabalhos agrícolas pelo estudo dos astros. Todos os Mistérios e Mitos
foram assim sendo transformados em fábulas, da fantasia popular, as únicas verdadeiras
sendo as outorgadas pelos Sacerdotes, garantes da natureza divina do Soberano. Mas,
sem tal dizer, porém tacitamente aceito em comum pelo Poder Estatal, o que valia
mesmo era a Ciência Racional, que planejava as colheitas mediante seus conhecimentos
astronômicos.
A Origem da Vida e do Homem
passou a ser interpretada por Darwin, com material que recolheu, de 1831 a 1836,
nas costas da América do Sul, e utilizou pra elaboração de sua teoria, da origem
das espécies através da seleção natural, de modo a estarem, os variados animais,
mais aptos a obter sua alimentação, constituída de vegetais, para os ruminantes,
e de vegetais e animais de espécies variadas, inclusive ruminantes, para os onívoros,
acabando a primazia da luta pela sobrevivência consagrando o Homo Sapiens, descendente
do Símio Pitecântropo Ereto, que, pela graça divina da Fala, aprendeu a pensar racionalmente,
e assumiu o domínio da Natureza.
Ora, a manisfestação mais
direta do Inconsciente nos vem do Sonho, que nos liga diretamente aos Mythos, à
Alquimia, à Astrologia e Magia, renegados ao campo das supertições, desde o fim
do Século 18, e da Revolução Francesa, que vieram fornecer involuntário apoio, no
Século 19, ao Colonialismo Europeu no Mundo inteiro, que criou um Império autoritário,
cioso da sua Missão Civilizatória e de Catequese, pra trazer a Civilização e a Fé
Cristã, pra salvação dos nativos.
Na Arte, respeitavam-se
os Gregos e Romanos, e os Mestres consagrados da Renascença, a serem continuados
pelo Neo-Classicismo, a Arte do Belo, mas sério e distinto, pra inspirar as boas
famílias, apoiadas pelo Cristianismo asséptico dos Altos Sacerdotes, e no respeito
à Filosofia Racionalista fiel aos avanços da Ciência, e do apoio e da aceitação
automática da Verdade Científica do Racionalismo Utilitário… O Surrealismo foi a
Grande Bomba da Revolta que explodiu em 1924 em Paris, e que se tornará cada vez
mais importante, quanto mais a Tecnologia e a Indústria da Globalização ameaçarem
a sobrevivência da Natureza, e esta, aliás, vem
reagindo com acelerada fúria e violência inaudita que não podemos mais controlar,
anunciando o Armagedom, com ou sem o Arcanjo Diego para tocar, ou não tocar a Trombeta, porque, a essas alturas… com o Fim do
Mundo à vista, se acaba este não-papel pega-mosca que ficará manhosamente voleteando
quando ocorrer o Bang Final.
ALFREDO ESPINOZA | Mas escuta,
esse tal de Não-Papel Pega-Mosca Pyrológico não havia sido apurado no Primeiro Manifesto
do Surrealismo, quando o Beltrão, copiando o Rimbaud que trombeteava que Oráculo é aquilo que eu digo, logo entronizava:
A piedade dos homens não me engana? Então
o Fim do Mundo já não estava contido no Gênesis e desde então a natureza humana
é um descarrilhar sem fim dessa história secreta que acabou tornando o peixe solúvel
e as obras vivas um arbítrio procastinado? Nesse triângulo sofismático compreendido
por Darwin, Marx e Freud, sobrou alguma novidade para os dias de hoje?
ZUCA SARDAN | Meu
prezadíssimo Espinoza, gratíssimo por tuas observações preciosas, que elevaram às
cumeeiras do Theatro Garnier o entusiasmo de nossa engajada plateia.
ZUCA SARDAN | Agora, passados dez minutos de delírio do nosso antenado
público, respondo-te enfim, meu velho Zpina, tua questão: o trio Robinet-Marx-Freud…
RANDYRA (na plateia, levanta-se)| Ora, Zuca, estás confundindo
alhos com bugalhos! Não era o Robinet que ninguém conhece, mais sim o Darwin!!!…
ZUCA SARDAN (estal’os dedos) | Exatamente, Dona Randyra!!! Como
sempre, a senhora acerta na moooooooooooooooosca!!!
PLATEIA | Bravoooooooooooooooooooo!!! Randy!!! Randy!!!
ZUCA SARDAN | Sucesso total, Dona Randyra, e por favor contenha
o nosso fenomenal Doutor Oscar, muito culto, mas preciso responder à questão do Espinoza, antes que esqueça o que ele me perguntou.
RANDYRA (segurando Oscar) | Sentadinho, Doutor Oscar, ou
te torço o gasnete… bilu-biluuuu ...
ZUCA SARDAN | Muito bem, Zpina, a trinca Darwin-Marx-Freud, pertence
ao mundo racional-científico, que após seu triunfo absoluto até o começo do Século
XX, começou a bater pino com o massacre de
toda uma geração de jovens na Europa, de 1914 a 18, por conta da dignidade patriótica
do Kayser Woskar da Prússia que não aceitava que o Tzar Nikoloff da Rússia tivesse
no capacete plumas maiores dos que as do capacete teutão. Este massacre de toda
uma geração, em nome da Pátria, Deus e Finanças, gerou a fúria dos artistas Dadá
do Café Voltaire em 1917 em Zurich, logo
transportada pra Paris, onde, em 1924, estourou a Revolução Surrealista. A grande
Mudança que de repente ocorreu na visão sócio-filosófica do Mundo, é que nem Darwin,
Marx ou Freud, pensou no Fim de Tudo. É uma questão nova, de que não temos mais
muito tempo para pensar. Com os excessos de ganância da Globalização, agora, o Globo
está aceleradamente rachando, e ninguém quer pagar o conserto.
Cortina Negra, cai – PAAAFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
ALFREDO ESPINOZA | Diabos dessa cortina, há dois séculos que cai fora da hora. Talvez seja os restos da Bastilla, os panos ensanguentados da Revolução e o chumbo derretido das obras que o Nazismo disparava contra os rebeldes, talvez o teatro tenha pegado esse cenário ruído e o adaptado aos tempos modernos. O fato é que a qualquer instante a cortina pode desabar sobre nossas cabeças e encerrar o espetáculo. Como sempre, a ralé fica sem saber lá muito bem o que está se passando e a história toma o rumo que lhe aprovam as mais altas dinastias e suas versões vitoriosas. Agora, se o intrépido trio não chegou a pensar no Armagedão, que já circulava na trombeta desenfreada de sua época, para que diabos nos estimulou a crer nos tormentos da libido, nos sacrifícios ao sindicalismo e nos avanços cirúrgicos da mudança de sexo? Há algo nessa trombeta que desafina. Aposto que a Randyra sabe, ou melhor, ela sofre em seu lombo sem saber explicar.
ZUCA SARDAN (Brasil, 1933). Canhotão, quebrou várias ânforas thrácias de Tia Olga. Viu o Zeplin sobrevoar o Pão de Açúcar, procurando pousar no Cassino da Urca. Primeiríssimos desenhos calcados nas fotos de jornais, truque sacado d'A Manhã, pasquim do Barão de Itararé. Primeira poesia, a partir de narrativa da professora,“O Macaco e o Violão Cego“. Rapazola preguiçosão, em vez de ler Drummond e Cabral, inspirou-se em Baudelaire e Carlos Gardel. Livros, alguns: Osso do coração (Ed. da Unicamp, 1993), Ás de Colete (Ed. da Unicamp, 1994), Babylon (Companhia das Letras, 2004), Ximerix (Cosac Naify, 2013), Voe no Zeplin (Maria Papelão, 2014), O iluminismo é uma baleia (teatro automático, com Floriano Martins, ARC Edições, 2016).
JEAN GOURMELIN (Francia, 1920-2011). Magnífico diseñador cuya línea abarcó desde el absurdo y el humor negro hasta un enfoque metafísico. En todo momento, sin embargo, su obra se caracterizó por un intenso espíritu rebelde. Trabajó con dibujos animados, historietas, vestuario y escenografías, además de embarcarse incansablemente en el grabado, el dibujo técnico, la escultura, los vitrales, el diseño de papel tapiz, en cualquiera de estas motivaciones por el brillo de su inquietud creativa siempre encontró un lugar para el reconocimiento, y cerca de su muerte, fue honrado con una gran retrospectiva de su obra en la Biblioteca del Centro Pompidou de París en 2008, titulada “Los mundos de los dibujos de Jean Gourmelin”. Y de eso se trataba, pues de su pluma saltaban a la realidad infinidad de personajes, formando un mundo único propio de su visión fantástica, sin que en modo alguno pudiera enmarcarse en una línea plástica determinada. Entre lo erótico y lo bizarro, el surrealismo visionario y lo fantástico, especialmente en su dibujo en blanco y negro, Gourmelin fue un auténtico artista del siglo XX cuya obra evoca un universo personal donde se mezclan el horror y la belleza, en cuyas formas a veces imágenes distorsionadas interpelan conceptos de tiempo y espacio. Tenerlo como nuestro artista invitado, siguiendo la hermosa sugerencia del periodista João Antonio Buhrer, trae a Agulha Revista de Cultura una grandeza que ilumina mucho esta primera edición de 2023.
Agulha Revista de Cultura
Número 221 | janeiro de 2023
Artista convidado: Jean Gourmelin (França, 1920-2011)
editor | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editora | ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com
ARC Edições © 2023
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