quarta-feira, 7 de setembro de 2022

MARIA ESTELA GUEDES | Tradição e fronteiras em Floriano Martins

 


É o apoio editorial que tem dado a autores de partes várias do mundo, sobretudo falantes de português e espanhol, o mais claro exemplo da inexistência de fronteiras para Floriano Martins. Porém aquilo de que me vou ocupar agora é da sua obra e ver como nela também o princípio da miscibilidade vigora quando se trabalha na indefinida faixa fronteiriça. Colhamos exemplos em duas obras, 12 Fantasmas de Lavínia Di Lúvia, de 2021, composto por dois livros: 12 Fantasmas e Diário de L. – ainda inéditos; e Antes que a árvore se feche, obra muito mais extensa, na verdade uma coletânea que abrange umas dezenas de textos-livros, publicados separadamente, entre 1991 e 2019. Se o primeiro livro é homogéneo no que diz respeito à protagonista, Lavínia, também autora, já a antologia é bem mais complexa e múltipla, no papel das personagens, teor e formas.

Antes que a árvore se feche termina com “A outra voz do tempo”, um curriculum vitae bastante extenso de Floriano Martins, a pressupor no “outra” um anterior texto com o mesmo caráter biográfico. E esta seria mais uma fronteira aberta, por tal se entendendo que a separação entre dois territórios não é total; a fronteira instaura um espaço de partilha, de convivialidade com os outros, os estrangeiros nossos vizinhos, “nuestros hermanos”, dizemos nós, portugueses, dos espanhóis, e vice-versa. O texto anterior, intitulado Os três tempos da árvore, é uma longa conversação de Floriano Martins com R. Leontino Filho, que nos permite penetrar na alma do poeta. Realmente, a poesia é a condição maior de Floriano Martins, quer responda a perguntas de um entrevistador, quer escreva prosa ou faça fotografia, atividade tão importante como a escrita, quer a perspetivemos no âmbito das artes plásticas quer no design gráfico, pois ele assina muitas capas dos livros que tem editado, dele e alheias.

Sem fronteiras de géneros literários, sem fronteiras linguísticas (acresce o dado biográfico de que Floriano Martins também é tradutor), sem fronteiras de género, seja significando género literário, seja género masculino ou feminino. Exemplifica-o 12 Fantasmas de Lavínia, dois livros enunciados no feminino, por Lavínia, sendo que um deles é um diário. Outra instituição da fronteira como espaço de partilha e mistura vemo-lo expresso na metáfora da geografia, caso de “III – Atlas revirado”, envolvendo desordens no espaço físico, e de “II – Enigmas circulares”, a circunscrever problemas noutro território, o qual invocaria para a circunscrição mais o conceito de limite do que o de fronteira; livros que fazem parte do livro Disfarces da dúvida (2019).

Pensando na obra em geral, a coautoria, como território de partilha em planos diversos, desde o subjetivo ao comercial, é prática habitual de Floriano Martins. É notório que ele gosta de trabalhar a quatro ou mais mãos, que a criação comum reverte em prazer tão grande como o resultado dela.

No território das palavras desenham-se acidentes geográficos passíveis de estabelecer fronteiras, zonas de mistura, aquilo que não apresenta a rigidez dos limites. Existem permanentes passagens, “vasos comunicantes”, para convocar a autoridade de André Breton. As mais tocantes são naturalmente as passagens entre este mundo e o outro. Elas trazem ao palco uma complexidade de referências históricas, literárias e míticas, profanas e sagradas, como acontece em “Tempestades avulsas”, cujo aspeto mais óbvio de mistura é a de prosa e verso e de descida aos infernos a viagem a cumprir:

 

A caminho do inferno, já na última vértebra, sempre alguém indaga sobre

os miseráveis planos da desordem,

a inviolável desordem com uma voz desesperada a que se referia Gui

Rosey antes de desaparecer engolido por tal inquietude.

Um desconfiado método da harmonia.

Lugar inexato onde tudo se contempla e raro se completa.

O que há de mais em teus versos, poeta? Essa pobre vida incompatível será sempre a mesma?

 


É interessante ver para que territórios estrangeiros se dirige a imaginação do poeta, outro modo de falar na tradição, cara a Floriano Martins. A tradição estritamente americana não é antiga, por tal termo deve antes entender-se o espaço de referências, a irmandade literária. Mais óbvia para o estrangeiro, a tradição brasileira é a europeia e a estadunidense. O mundo ocidental vincula-se todo ele aos mesmos ritos, mitos e escritas, as raízes do homem culto são sempre a mesma familiaridade com o passado greco-romano. Não nos espante assim que a obra de Floriano Martins esteja permeada por referências às divindades e, mais adiante, na História, pela cultura católica. Tomemos o primeiro de três poemas dedicados ao Pai, “Salas de reconhecimento”, componente do texto maior “Tumultúmulos” (e já estes títulos evocam espaços e tempos sagrados) para abrirmos nele o mais popular dos livros do catolicismo, mais do que a Bíblia, ligado a uma liturgia que tantas vezes transparece na lírica do autor. Como o nome indica, o missal ensina ao fiel o que fazer e ler durante a missa, trata de escrita e leitura, portanto de palavras. Funciona como peça de teatro anotada pelo encenador. Tudo âmbitos da escrita caros a Floriano Martins, cujo amor literário começa nas palavras, exatamente como o afirma no nome da coleção que ultimamente dirigiu na ARC e Cintra editoras, “O amor pelas palavras”:

 

Sou eu: o nome, as letras

em que te arrastas, as perguntas que iniciam

a travessia de tua dor.

 

Noite inquieta sob escombros.

Delicado tambor das tormentas. Tua sombra vem vindo

ao ninho de minhas sílabas errantes.

 

Tua sombra erguida. Intimidade de cinzas

onde a dor o lábio toca. Formas ressurgidas do caos.

Prolongas teu ser em tudo o que me falta.

 

Noite submersa em tremores.

Esplendor de infernos devassados. Pousa tua mão

na esfera crepitante de meus sentidos.

 

Uma prova: o livro que conduz

ao templo. Missal de cinzas. Teu corpo soprado mil vezes,

a queimar mais e mais longe de ti.

 

Por tradição subentende-se aquilo que é intemporal, que, vindo desde os mais remotos avatares, continuamos a praticar. Então, quando indagamos qual a tradição de dada escrita, nada obriga a que ela remonte a um ab initio, pode apenas situar-se num dado ponto da linhagem cuja origem própria é o cinema, suponhamos. Quer isto dizer que a tradição é muito mais complexa do que a sua origem. No texto “Avalon, 1190”, primeiro de O diário de L., vemos aglutinadas informações que não se cingem à Idade Média. Basta tratar-se de um relato autobiográfico de Lavínia para a mistura de géneros, estilos, informações ficar patente. No texto “Fortaleza, 1957”, deparamo-nos com o caso bastante interessante de o autor poder ser filho de Lavínia, já que esta sofre de dores no ventre e divaga sobre quem pode ter dentro dela. Fortaleza, 1957, eis o local e a data de nascimento de Floriano Martins. Fica também patente, até na informação segundo a qual “avalon” significa “maçã”, que parte importante da tradição preservada na obra de Floriano Martins é de raiz bem europeia, o que decerto molda o seu imaginário, incapaz de se conter nas balizas americanas e mais especificamente brasileiras. Neste imaginário europeu convém, pois, inserir o glossário de termos próprios do catolicismo que, como uma arca barroca, fornecem pontilhações cerimoniais e luxuosas sobretudo à lírica, acentuando o seu caráter de liturgia.

O texto “Macuri, 1873” remonta a perseguições de índole religiosa: o léxico procede da história da Igreja Católica, seu catecismo e liturgia. Tratando-se do Diário de L., não é irrelevante citar desta personagem intemporal a conclusão de que “Toda santidade é herética”. Lavínia critica tempos remotos que são os seus, tal como é seu o século XXI. Ela consegue esse prodígio, não por ser santa, antes por ser uma figura de poesia que ultrapassa o tempo de vida habitual do ser humano. O âmbito étnico de Macuri, segundo o autor, em informação pessoal, é amazônico. Vale a pena transcrever a sua resposta à pergunta “O que é Macuri?”:

 

É indígena, tem um canto do Amazonas que diz assim:

 

Tamba-tajá, me faz feliz,

assim o índio carregou sua macuri

para o roçado, para a guerra, para a morte,

assim carregue o nosso amor a boa sorte.

 

Ao que parece é um tipo de coqueiro, conhecido como coqueiro-macuri.

 


Não será ocioso incluir a cultura índia nas raízes da cultura brasileira patente na obra de Floriano Martins, já que ela não é assim tão valorizada, pelo contrário. Não me parecendo que se trate da presença de uma tradição, antes um espaço de referências, a cultura indígena é, no entanto, preciosa, por quanto mistério acrescenta às vezes à escrita, no caso ao misterioso Diário de Lavínia L.

O autor, que na sua panóplia de géneros cultivados inclui o teatro, estabelece laços de familiaridade com Tennessee Williams, por exemplo, seja por via da peça de teatro mais perturbadora na época, seja por via da sua adaptação ao cinema, Bruscamente no Verão passado. No poema primeiro de “A outra ponta do homem”, do livro Resumo prefigurado, encontramos uma extensa reflexão sobre os problemas levantados pela figura de Sebastian. O que vem de mais impressionante da peça, entretanto, não é nenhum dos tópicos mais chocantes – canibalismo, homossexualidade –, antes a palavra, o próprio nome da personagem-vítima: Sebastian. O nome é de si uma entidade, carregada de valores simbólicos, não só para Floriano Martins como para o próprio Tennessee Williams, que bebe, para voltar à tradição, na tradição martirológica europeia, como um dos santos mais tratados pela literatura (e pintura), e por isso mais personagem do que figura real. Escreve Floriano Martins, em Antes que a árvore se feche, atento à diversidade de dores que em geral acompanham o martírio e à probabilidade de todos os homens serem mártires, como esses Hölderlin, Trakl e Paolo, diria eu que Pier Paolo Pasolini, que se juntam a Sebastian:

 

O homem é o cardápio do homem.

Sonha com sua metade profunda a la carte.

Hölderlin, Hölderlin, mais do que Sebastian, mais do que Paolo, abrasado

pela carga desmedida de sua profecia. Hölderlin e sua vigília

da loucura. Trakl e sua vigília da solidão. Cage e sua vigília da

dissipação do homem – transfigurações dos grãos da humanidade em

nós.

O que apazigua a morte? E a vida?

 

São Sebastião, eleito o mais belo dos santos, é uma criação literária coletiva, aliás criação cultural coletiva, pois também existe o contributo de outras artes, de entre as quais salientaria a pintura. Certas comunidades gay, como a brasileira, erigiram-no em seu patrono, tendo em São Salvador da Bahia uma importante igreja como seu santuário, a Arquiabadia de S. Sebastião ou Mosteiro de S. Bento. Muita representação do santo impressiona pelo seu erotismo, ele é inequivocamente um amado. Aliás, na iconografia, as flechas do seu martírio são as mesmas de Eros/Cupido. Recordo em especial o conjunto de belíssimos quadros que Guido Reni lhe dedicou, uma evidente homenagem amorosa.

Floriano Martins tece uma lista de reflexões a propósito de Sebastian que vão precisamente da dor à beleza e ao erotismo, erigindo o corpo em tema central do livro. Aliás, o corpo é central na modernidade, tantas vezes exemplo flagrante de fronteira, enquanto território de mistura e hibridação, por isso de indiferenciação entre masculino e feminino. É assim que, a seguir à evocação de Sebastian, um desses indivíduos que rompe os limites do género, surge a narrativa (numa primeira pessoa feminina) de duas mulheres, Eugenia e Anete, assassinadas por um homem que acreditava ser traído por uma delas com um homem. Na sequência, a indiferenciação sexual muda de protagonista, numa vertigem literária que também ela muda de narrativa para lírica, sem lhe faltar, aqui e ali, excurso ensaístico, a denotar crítica, humor, ou mesmo sátira que opõe conceitos ao preconceito social.

 

Apenas a dor anima o homem,

a dor transfigurada na impostura da desforra,

qualquer que seja a condenação que celebre.

Na dissertação desse ofício haverá sempre um responsável pela minha dor.

Jamais serei eu mesma a culpada.

As mulheres que amei foram mortas por estarem com outra mulher.

Novos ofícios ambientados no jogo caseiro de ventura e desventura.

As três foram violentamente assassinadas:

Lucíola Eugenia Anete.

Devo agradecer que me tenham deixado viva?

 

Entre o sagrado e o profano estabelece-se outro espaço de fronteira, patente, por exemplo, na torrente caudalosa dos versos, à maneira de Walt Whitman, ou à maneira de tantos como Álvaro de Campos, versos que se ordenam em longas estrofes como hinos ou em extensos poemas como odes. Esta torrencialidade, muitas vezes marcada pelo léxico litúrgico, outras tantas indissociável do erotismo, assinala o estilo de Floriano Martins, referido a deuses e deusas, recamados de predicados e virtudes, como no “Salvé Rainha”, em detrimento da ação. Sequências litúrgicas, que revelam bem o amor do poeta pelas palavras, ocorrem por vezes a meio de narrativas, caso de 12 Fantasmas de Lavínia di Lúvia, série de histórias narradas por Lavínia:

 

Eu sou a ventania das profundezas.

Eu sou a orquídea desaparecida na noite.

Eu sou o orvalho acordado no interior de um vulcão.

Eu sou o último combatente de tua grandeza.

Eu sou um deus que abre teu corpo até o Norte.

 

Lavínia repetia as frases destacadas no livro que Michel lhe pusera em mãos. Um rio de óleos descia por seu corpo, sem que ela recordasse em que momento tirara a roupa. Aquele azeite irreverente lhe dava um sentido de fraternidade a seu espírito. Aqueles laços intermediários deveriam ser bastantes para unir as letras extraviadas de seus sentidos. As lacunas de sua memória talvez aflorassem ou então perdessem de vez a importância.

 


Nem os óleos com que vemos ungida a mulher faltam a esta lírica que gosta de se apresentar como liturgia. Ela não celebra apenas a palavra, isto é, a liturgia não se circunscreve à predileção por um léxico alusivo ao ritual. Como vemos, é a própria forma poética que muitas vezes a busca, daí o estilo de Floriano Martins, profanamente marcado pelo que Umberto Eco definiu como “lista”, e eu religaria aos hinos, às litanias, a um tipo elegíaco de discurso poético que enumera atributos, em detrimento de ação, como um Salvé Rainha.

O amor pelas palavras é evidente em Floriano Martins de maneiras várias. Palavras são corpos, as palavras organizam-se em discursos, esses discursos são personagens e até pessoas. A interação entre discursos, próprios e alheios, é constante, constante a criação de discursos que se encaixam uns nos outros, trazendo à mente a imagem das bonecas russas. É assim que Lavínia escreve uma caderneta independente do seu diário em “12 histórias de assombração”, mas a própria Lavínia é uma narrativa maior, a começar pela poética do nome, a continuar na circunstância dos seus 78 anos, em que inicia o seu primeiro romance, independente das narrativas mencionadas, datadas as frases de momentos humanamente impossíveis, como se houvesse alguma coisa impossível na literatura. Seja exemplo o facto de o texto “Fantasma do Café”, mais propriamente Café Louise, estar datado de 2029.

Estes textos de géneros híbridos, muitas vezes góticos na sua tonalidade obscura e metaforização luxuriante, na sua referência às divindades infernais, caso de Leviatã, no “Fantasma da autópsia”, em 12 Fantasmas de Lavínia di Lúvia, giram constantemente em torno da morte, e mesmo em torno das nossas mortes várias. Assim remata “Fantasma de autópsia”: “Eu não esqueço quantas vezes tive que morrer”.

Outra circunstância recorrente, a tocar o leitor com o estilete da realidade pessoal, é a de frequentemente a escrita parecer autobiográfica, pertença ou não a autobiografia a uma Lavínia di Lúvia ou a um narrador do género masculino. Bem sabemos, oficiais do mesmo ofício, que a autobiografia das Lavínias carrega sempre a nossa vida.

 

 


MARIA ESTELA GUEDES (Portugal, 1947). Poeta, dramaturga, ensaísta, dirige uma imensidão virtual que se chama TriploV. Membro da Associação Internacional de Críticos Literários (AICL), da Associação Portuguesa de Escritores (APE), da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa, do Instituto S. Tomás de Aquino (ISTA), da Associação 25 de Abril, das Comissões Interinstitucionais da Academia Lusófona Luís de Camões e do Instituto Fernando Pessoa – Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas. Nessa qualidade vem integrando as Comissões de Honra de diversos congressos. Investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL), tendo co-organizado cinco edições do colóquio internacional Discursos e Práticas Alquímicas e os dois primeiros volumes das respectivas atas. Foi Assessora Principal da bibliotecária no Museu Bocage Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa.

 


Nossa artista convidada nesta edição da Agulha Revista de Cultura é a fotógrafa francesa Agnès Geoffray. Uma valiosa leitura crítica de Eva Wittocx situa sua obra como um ideal equilíbrio entre realidade e ficção, entre situações cotidianas e impensáveis. Suas fotografias, instalações e vídeos combinam o desconhecido com o aterrorizante, como nos contos de fadas populares. Um fascínio pelos vestígios visíveis e invisíveis de desordem, ou mesmo desastre, em situações e eventos cotidianos está subjacente aos textos, fotografias, vídeos e apresentações de slides em STUK. Em fotografias quase inteiramente brancas, composições horríveis inspiradas em imagens da mídia, ou composições com as quais estamos familiarizados da iconografia tradicional, escapam aos olhos do público. Outra importante voz crítica, a da curadora belga Katerina Gregos, destaca que todas as fotografias de Geoffray podem ser vistas como lugares latentes de devir e equivalentes espaciais que representam nossos medos infantis ou nossos piores pesadelos adultos. Mas, além de seu impacto visual sinistro e imersivo, as fotografias de Geoffray acabam abrindo um espaço para a imaginação e para a ficção e, nesse espaço, as possibilidades de interpretação são ilimitadas. Agradecemos à fotógrafa sua imediata aceitação de participar da presente edição.




Agulha Revista de Cultura

Número 216 | setembro de 2022

Artista convidada: Agnès Geoffray (França, 1973) 

editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com

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