quarta-feira, 24 de maio de 2023

THOMAZ ALBORNOZ NEVES | Robert L. Haas, a frase no verso

 

 


Robert L. Haas (San Francisco, 1940) foi criado pela mãe em San Rafael. Formou-se na Universidade de Saint Mary, em Moraga, em 63 e sob a orientação do poeta e crítico Yvor Winters fez o mestrado em Stanford, em 71. Como Strand, Ashbery, Heaney e Brodsky fez carreira acadêmica. Ensinou literatura e redação na Universidade de Buffalo e, de 71 a 89, lecionou em St. Mary's. Depois, integra o corpo docente da Universidade da Califórnia, em Berkeley. De 95 a 97, cruza o país dando palestras como poeta laureado, tornando-se uma referência em alfabetização e consciência ecológica. Após seu autodenominado “ato de cidadania”, escreve uma coluna semanal sobre poesia no Washington Post até 2000.

É lugar-comum nas suas notas biográficas a menção ao recital de Allen Ginsberg e Gary Snyder na Bay Area nos anos 50, onde o jovem Robert decide tornar-se um beatnik. A partir de então, escreve lentamente e publica devagar. Somente vinte anos depois do recital, estreia com Field Guide (1973), um volume de poemas contaminado de sotaques eslavos e referências à flora e à fauna: búzios, caranguejos, curtumes, borrifos do mar e pimenteiras da Califórnia. De certa maneira, estes versos traduzem o mundo natural através da sua história íntima. Ou vice-versa.

A primeira influência declarada de Robert Hass foi o poeta Lew Welch. Considera Neruda, Vallejo, Herbert, Szymborska e Miłosz, os cinco poetas mais importantes dos últimos 50 anos. Traduz Milosz, seu colega professor e vizinho de Berkeley, em um extenso projeto elaborado na Universidade da Califórnia durante quase duas décadas. E presta homenagem a alguns de seus mentores orientais em The Essential Haiku: Versions of Basho, Buson, and Issa (1994). Seu estilo poético é feito de cada um desses elementos: a coloquialidade beatnik, a ampla respiração nerudiana, a irônica lógica polonesa e seu comprometimento político, o coração de Vallejo com o apetite pelo detalhe e pelo instante da linguagem oriental.


Hass constrói uma série de reflexões surgidas ao modo de um haikai narrativo que apreendesse a cena no momento em que ela surge. É uma simulação, sabemos, mas funciona. Não como Ashbery e sua parafernália conceitual. Hass é leve e compassivo.

Há, apesar do estilo, naturalidade. Quando bem-sucedido, transmite a impressão de que o leitor pode viver o que o leva a escrever um poema.

 

MEDITATION AT LAGUNITAS

 

All the new thinking is about loss.

In this it resembles all the old thinking.

The idea, for example, that each particular erases

the luminous clarity of a general idea. That the clown –

faced woodpecker probing the dead sculpted trunk

of that black birch is, by his presence,

some tragic falling off from a first world

of undivided light. Or the other notion that,

because there is in this world no one thing

to which the bramble of blackberry corresponds,

a word is elegy to what it signifies.

We talked about it late last night and in the voice

of my friend, there was a thin wire of grief, a tone

almost querulous. After a while I understood that,

talking this way, everything dissolves: justice,

pine, hair, woman, you and I. There was a woman

I made love to and I remembered how, holding

her small shoulders in my hands sometimes,

I felt a violent wonder at her presence

like a thirst for salt, for my childhood river

with its island willows, silly music from the pleasure boat,

muddy places where we caught the little orange-silver fish

called pumpkinseed. It hardly had to do with her.

Longing, we say, because desire is full

of endless distances. I must have been the same to her.

But I remember so much, the way her hands dismantled bread,

 the thing her father said that hurt her, what

she dreamed. There are moments when the body is as numinous

as words, days that are the good flesh continuing.

Such tenderness, those afternoons and evenings,

saying blackberry, blackberry, blackberry.

 

 

MEDITAÇÃO EM LAGUNITAS

 

Todo novo pensamento é sobre perda

Nisto se assemelha a todo pensamento antigo

A noção, por exemplo, de que cada ideia específica apaga

a luminosa claridade de uma ideia geral. Que a máscara

de palhaço do pica-pau inquirindo a morte esculpida no tronco

dessa negra madeira é, por sua presença

alguma trágica queda de um primeiro mundo

de luz indivisível. Ou a outra noção que

por não haver neste mundo nada

que corresponda à moita da amoreira

uma palavra é a elegia do seu próprio significado

Sobre isto falamos ontem à noite e a voz

de meu amigo passava uma leve inquietude, um tom

de quase lamento. Após um momento compreendi que

falando assim tudo se dissolve: justiça

compaixão, cabelo, tu e eu. Havia esta mulher

com quem fiz amor e me lembrei como, tomando

de quando em quando nas minhas mãos seus pequenos ombros

Em sua presença senti um violento fascínio

como uma sede de sal, do rio de minha infância

e suas ilhas de salgueiros, tolas canções na barca de passeio

lamaçais onde pescamos o pequeno peixe laranja prateado

chamado semente-de-abóbora.

Dificilmente isso teria algo que ver com ela

Saudosos, dizemos, que o desejo é pleno

de infinitas distâncias. Devo ter sido o mesmo para ela

Mas recordo tão bem como suas mãos esmigalhavam pão

o que seu pai disse que a magoou, o que

ela sonhava. Há momentos em que o corpo é tão numinoso

quanto as palavras, dias que são a sensualidade incessante

Tanta ternura, aquelas tardes e noites

dizendo amoreira, amoreira, amoreira

 

 


Poeta solar, pleno de humanismo e confiança. Suas linhas são longas e repetem o processo digressivo em que um pensamento desemboca em outro distinto enquanto o que acontece em torno é incluído no poema. Tudo ao mesmo tempo, junto e misturado. Uma poesia de metonímias onde cada fragmento de vida serve para projetar uma representação da sua totalidade.

 

O efeito poético é subjetivamente realista, por certo.

 

 

TAHOE IN AUGUST

 

What summer proposes is simply happiness:

heat early in the morning, jays

raucuous in the pines. Frank and Ellen have a tennis game

at nine, Bill and Cheryl sleep on the deck

to watch a shower of summer stars. Nick and Sharon

stayed in, sat and talked the dark on,

drinking tea, and Jeanne walked into the meadow

in a white smock to write in her journal

by a grazing horse who seemed to want her company.

Some of them will swim in the afternoon.

Someone will drive to the hardware store to fetch

new latches for the kitchen door. Four o'clock;

the joggers jogging – it is one of them who sees

down the flowering slope the woman with her notebook

in her hand beside the white horse, gesturing, her hair

from a distance the copper color of hummingbirds

the slant light catches on the slope: the hikers

switchback down the canyon from the waterfall;

the readers are reading, Anna is about to meet Vronsky,

that nice M. Swann is dining in Cambray

with the aunts, and Carrie has come to Chicago.

 What they want is happiness; someone to love them,

children, a summer by the lake. The woman who sets aside

her book blinks against the fuzzy dark,

re-entering the house. Her daughter drifts downstairs;

out late the night before, she has been napping,

and she's cross. Her mother tells her David telephoned.

“He's such a dear,” the mother says, “I think

I make him nervous.” The girl tosses her head as the horse

had done in the meadow while Jeanne read it in her dream.

“You can call him now, if you want,” the mother says,

“I've got to get the chicken started,

I won't listen.” “Did I say you would?”

the girl says quickly. The mother who has been slapped

this way before and done the same herself another summer

on a different lake says, “Ouch.” The girl shrugs

sulkily. “I'm sorry.” Looking down: “Something

about the way you said that pissed me off.”

“Hannibal has wandered off,” the mother says,

wryness in her voice, she is thinking it is August,

“why don't you see if he's at the Finley's house

again.” The girl says, “God.” The mother: “He loves

small children. It's livelier for him there.”

The daughter, awake now, flounces out the door,

which slams. It is for all of them the sound of summer.

The mother she looks like stands at the counter snapping beans.

 

 

TAHOE EM AGOSTO

 

O que o verão propõe é simplesmente felicidade

calor de manhã cedo, roucos

gaios nos pinheiros, Frank e Ellen têm uma partida de tênis

às nove, Bill e Cheryl dormem no convés

para ver a chuva das estrelas de verão. Nick e Sharon

ficaram em casa, sentaram e conversaram noite adentro

tomando chá, e Jeanne caminhou até o campo

de avental branco para escrever em seu diário

perto de um cavalo pastando que parecia querer companhia

Alguns vão nadar à tarde

Alguém irá ao armazém buscar novos trincos

para a porta da cozinha. Quatro horas:

os corredores correndo -é um deles quem vê

no fim da ladeira florida a mulher com o diário

na mão junto ao cavalo branco, gesticulando, de longe

seu cabelo é da acobreada cor dos beija-flores

a barra de sol alcança o fim da ladeira; o grupo regressa

pela ravina da excursão à cachoeira

os leitores estão lendo, Anna está pronta para encontrar Vronsky

aquele gentil Sr. Swann está jantando em Combray

com as tias, e Carrie veio de Chicago

O que eles querem é felicidade; Alguém que os ame

crianças, um verão no lago. A mulher que deixa o livro

de lado, pisca acostumando-se à penumbra, e

entra na casa. Sua filha desce as escadas

chegou tarde a noite passada, andou cochilando

e está de mau-humor. Sua mãe diz que David ligou

“Ele é um amor”, a mãe comenta, “Eu acho

que o deixo nervoso”. A garota balança a cabeça como fez

o cavalo no campo enquanto Jeanne leu-lhe seu sonho

“Você pode ligar para ele agora”, diz a mãe

“tenho que preparar o frango, não vou

escutar”. “E eu disse que você ia?” retruca a garota.

A mãe que já havia sido tratada

assim e reagido igual no verão passado

em um lago diferente, diz “Oh”. A garota

dá de ombros. “Desculpe”. Olhando para baixo: “foi

seu jeito de falar que me irritou”

“Anibal saiu por aí”, a mãe diz

a voz afetada, ela está pensando que é agosto

“por que você não vê se ele está pela casa dos Finley

de novo”. A garota diz: “meu deus”. A mãe: “Ele adora

criança pequena. Por lá é mais divertido pra ele”

A filha, desperta agora, sai

batendo a porta. É para todos o som do verão

A mãe, com quem ela se parece, fica em pé no balcão catando feijões

 

Se o seu contemporâneo Mark Strand na mesma altura da carreira é um poeta sombrio e desconsolado, Hass é pleno de confiança. Contudo, ambos por separado e através de caminhos diferentes acreditaram que a poesia tem poder para determinar um sentido existencial. O que é a poesia e qual seria tal sentido, não está bem claro.

 

OLD DOMINION

 

The shadows of late afternoon and the odors

of honeysuckle are a congruent sadness.

Everything is easy but wrong. I am walking

across thick lawns under maples in borrowed tennis whites.

It is like the photographs of Randall Jarrell

I stared at on the backs of books in college.

He looked so sad and relaxed in the pictures.

He was translating Chekhov and wore tennis whites.

It puzzled me that in his art, like Chekhov's,

everyone was lost, that the main chance was never seized

because it is only there as a thing to be dreamed of

or because someone somewhere had set the old words

to the new tune: we live by habit and it doesn't hurt.

Now the thwack… thwack of tennis balls being hit

reaches me and it is the first sound of an ax

in the cherry orchard or the sound of machine guns

where the young terrorists are exploding

among poor people on the streets of Los Angeles.

I begin making resolutions: to take risks, not to stay

in the south, to somehow do honor to Randall Jarrell,

never to kill myself. Through the oaks I see the courts,

the nets, the painted boundaries, and the people in tennis

whites who look so graceful from this distance.

 

 

VELHO DOMÍNIO

 

As sombras do fim da tarde e a fragrância

da madressilva são de uma tristeza coerente

Tudo é fácil, mas errado. Caminho pelo campo

entre os carvalhos em brancas roupas de tênis emprestadas

Como as fotografias de Randall Jarret

que eu olhava, no verso dos livros na faculdade

Ele parecia tão triste e a vontade nos retratos

Traduzia Tchekov e usava roupas brancas

de tênis. Me admirava que na sua arte, como na de Tchekov

estavam todos perdidos, que a oportunidade maior nunca fora

aproveitada, porque era algo apenas para ser sonhado

ou porque em algum lugar alguém disse as velhas palavras

da velha canção: vivemos por hábito e não nos ferimos

Agora o toc… toc das bolas de tênis rebatidas

me alcançam e é como o primeiro som de um machado

no pomar de cerejeiras ou tiros de metralhadoras

que os jovens terroristas disparam

entre os miseráveis nas ruas de Los Angeles

Começo a tomar decisões: enfrentar os riscos, não permanecer

no Sul, homenagear de algum modo a Randall Jarrel

jamais me matar. Entre os carvalhos vejo as quadras,

as redes, os limites pintados, e as pessoas vestidas

de branco tão cheias de graça desta distância

 

 

Sobre os seus pensamentos Robert Haas faz gravitar estados de espírito com densidade poética. Poucos poetas contemporâneos aproximam o poema da prosa com tanta maestria.

Em 1984, lança Twentieth Century Pleasures: Prose on Poetry, uma reunião de ensaios e resenhas, em que examina escritores americanos, como Lowell e James Wright, poetas europeus e japoneses. O livro foi premiado com o National Book Critics Circle Award. O estilo de Hass equilibra a franqueza da conversa e a complexidade eloquente, observa Anthony Libby para o nyt.

 

 

ETYMOLOGY

 

Her body by the fire

Mimicked the light-conferring midnights

Of philosophy.

Suppose they are dead now.

Isn’t “dead now” an odd expression?

The sound of the owls outside

And the wind soughing in the trees

Catches in their ears, is sent out

In scouting parties of sensation down their spines.

If you say it became language or it was nothing,

Who touched whom?

In what hurtle of starlight?

Poor language, poor theory

Of language. The shards of skull

In the Egyptian museum looked like maps of the wind-eroded

Canyon labyrinths from which,

Standing on the verge

In the yellow of a dwindling fall, you hear

Echo and re-echo the cries of terns

Fishing the worked silver of a rapids.

And what to say of her wetness?

The Anglo-Saxons Had a name for it. They called it silm.

They were navigators. It was also

Their word for the look of moonlight on the sea.

 

 

ETIMOLOGIA

 

Seu corpo junto ao fogo

parecia o brilho deixado pelas meias-noites

da filosofia

Suponha que estão mortos agora

“Morte agora”, não é uma expressão estranha?

O ululo das corujas lá fora

e o vento sussurrando nas árvores

capturam os ouvidos, são enviados

em legiões de sensações através das colunas dorsais

Dito desta maneira vira linguagem ou não é nada

Quem tocou em quem?

Em qual jorro de luz estelar?

Pobre linguagem, pobre teoria

da linguagem. As lascas de crânio

no museu egípcio parecem mapas da erosão feita pelo vento

nos labirintos dos desfiladeiros onde

em pé na borda

amarela do fim de um outono, se ouve

os ecos dos trinos das andorinhas-do-mar

que pescam no arabesco prateado das corredeiras

E o que dizer dessa umidade? Os anglo-saxões

tinham a palavra exata para ela. A chamavam de silm

Eles eram navegadores. Era também a palavra

por eles usada para o luar sobre o mar

 

 

Em Human Wishes (1989), Hass é um terno observador e um poeta íntimo, sem pudor do confessional. As linhas são ainda mais longas e as estrofes expandem em parágrafos o poema na direção da prosa.

Sun Under Wood (1996) inclui poemas sobre sua infância e tratam do alcoolismo da sua mãe. O componente autobiográfico é catártico e a liga emocional das associações tornam este um dos livros menos equilibrados, em termos formais, da sua produção. Embora nele a sua empatia se manifeste de maneira mais direta e comovente.

Mesmo em texto, Hass é capaz de contenção. Em Measure, por exemplo, abandona o fôlego de Ashbery por instantâneas que lembram as de Robert Creeley.

 

MEASURE

 

Recurrences.

Coppery light hesitates

again in the small-leaved

 

Japanese plum. Summer

and sunset, the peace

of the writing desk

 

and the habitual peace

of writing, these things

form an order I only

 

belong to in the idleness

 of attention. Last light

rims the blue mountain

 

and I almost glimpse

what I was born to,

not so much in the sunlight

 

or the plum tree

as in the pulse

that forms these lines.

 

 

MEDIDA

 

Recorrências

A luz acobreada hesita

novamente nas folhas pequenas

 

da ameixeira japonesa.

Verão e poente, a paz

da escrivaninha

 

e a paz habitual

de escrever, tudo isto

forma uma ordem a qual

 

só pertenço na pausa

de atenção. A última luz

bordeia a montanha azul

 

e quase vislumbro

para o que nasci

não tanto na luz do sol

 

ou na ameixeira

quanto no pulso

que forma essas linhas

 

Enquanto releio este verbete, Robert Hass tem 80 anos. Sua obra tardia confronta a finitude ou -em seus próprios termos- o que ele chama de a vida em sua exuberância correndo colina acima em direção à morte e, como o último Ashbery, se expressa através de adeuses. Sua mais recente coleção, Summer Snow (2020) também está repleta de elegias.

 

  

THOMAZ ALBORNOZ NEVES (Brasil, 1963). É advogado, cineasta, tradutor, ensaísta e poeta. Ao longo de quase quarenta anos, tornou-se um dos mais ativos tradutores de poesia contemporânea para o português. Viveu na Itália, França e Espanha durante seus anos de formação. Fixou-se então no Rio de Janeiro, no norte do Uruguai e finalmente em Livramento. Publicou vários livros, entre eles Renée (1987), Poemas (1990), Golfe (2012), À espera de um igual (2020), Oriente (2021) e 24 verbetes (2022).





WEDGWOOD STEVENTON (Inglaterra, 1955) | Começou a fotografar em 1973 passando para pintura e colagem em 1995, posteriormente descobrindo o cinema. Colabora, sempre de forma independente, no círculo do Surrealismo desde 1995. Como ele próprio declara: O espírito e o mistério da natureza ligado à existência humana é um tema importante em todos os meus trabalhos. Em uma mostra realizada em 2020, Steventon observou, acerca de sua própria obra: Pinceladas repentinas, a mistura de cores a óleo e, às vezes, a adição de colagens se unem para formar o trabalho finalizado. Nenhum primeiro pensamento, mas a pintura da mente inconsciente. Regras do automatismo. A natureza e o mundo humano se unem para contar a história. Um mundo em fluxo. Uma jornada contínua para explicar uma existência na vida em que nos encontramos.






Agulha Revista de Cultura

Número 230 | maio de 2023

Artista convidado: Wedgwood Steventon (Inglaterra, 1955)

editora | ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

ARC Edições © 2023 

 


∞ contatos

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ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com

 



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