Nomes como Elisabeth Langgässer,
Ernst Jünger, Egon Vietta, Rudolf Schlichter e outros receberam o rótulo de surrealista
ao longo do tempo. No entanto, pesquisadores chegaram à conclusão de ser mais apropriado
chamá-los de supranaturalistas ou super-realistas. O especialista Gregor Streim
compreende na poética de Ernst Jünger, Egon Vietta ou Rudolf Schlichter uma forma
de Überrealismus (superrealismo), na qual
o sonho deixa de ser o mecanismo das forças imaginárias e passa a ser meio de revelação
mística. Robert Walser seria o autor de língua alemã “com as mais fortes afinidades
e paralelos com os métodos poéticos do surrealismo. E Franz Kafka possuiria traços
de surrealismo em alguns de seus escritos, como em O Processo.
Os autores, cujas obras são classificadas
como precursoras do surrealismo alemão, são Carl Einstein (1885-1940), Gottfried
Benn (1886-1956), Yvan Goll (1891-1950), Paul Celan (1920-1970) e Hans Arp (1886-1966). Os nomes
de Richard Anders (1928-2012),
Gerd Henniger (1930-1990), Johannes Hübner (1921-1977), Joachim Klünner (1924-2006),
Lothar Klünner (1922-2012), Joachim Uhlmann (1925-2020), Rudolf Wittkopf (1933-1997)
são até hoje menos conhecidos, e formavam um grupo em torno do anuário SPEICHEN (1968-1971). E por fim, o nome da
artista Unica Zürn (1916-1970), que ocupa um lugar especial.
Carl Einstein foi uma das figuras
formadoras da cena artística alemã dos anos 20, tornando-se o principal teórico
da geração romântica e do surrealismo,
especialmente nos círculos literários nos quais faziam parte Georges Bataille e
Michel Leiris. Ficou conhecido com a obra Arte
do Século XX. Seu radicalismo criativo e intelectual, bem como sua posição mediadora
entre as artes, as nações e as culturas, levaram ao renascimento do Expressionismo da Restauração do pós-guerra.
Em 1912, Einstein publica Bebuquin ou os diletantes
do milagre, no jornal expressionista The
Action. Concebido como um anti-romance
o texto antecipa o dada e o surrealismo. Em 1915, foi a vez de Negerplastik que aparece como uma ampliação
do campo de visão em comparação à estética da chamada arte primitiva. Bebuquin ou os diletantes do milagre é uma
mistura dinâmica de narração, diálogo, poesia, panfleto, pregação ou oração, em
que a superação da razão, do equilíbrio, da simetria e da unidade é conjurada como
a possibilidade de um novo pensamento que permite sensações inéditas. No enredo,
aparece uma sociedade bizarra que rejeita a racionalidade ou procura duplicá-la
tendo a morte como uma forma de mortificação trivial, como irracionalidade existencial,
mas também como projeção de anseios. Os capítulos apresentam cenas fantásticas repletas
de ação ou caracteres indefinidos. O texto tematiza diferentes visões da existência
através de crítica linguística explícita, citação ou paródia de dicção científica,
formas religiosas de discurso, digressões filosóficas ou teorias sobre arte.
A supremacia do sonho é para Gottfried
Benn uma espécie de realidade absoluta.
Nas primeiras prosas de Benn, sobretudo, em O
Jardim de Arles (Der Garten von Erles,
1920), muitas vezes não é possível definir em qual esfera o protagonista se encontra,
se em um estado de sonho ou em algum lugar intermediário. O Jardim de Arles pode ser interpretado como um protocolo do inconsciente
inspirado no texto de André Breton, Campo
Magnético (Les Champs Magnétiques, 1919). Além do tema da viagem e da desorientação,
a visão corre através do olhar pela janela… No
seu apartamento, em Berlim, sentado encontra-se um professor particular de filosofia
e escreve: Você pode dividir toda a humanidade em julgamentos descritivos ou metafísicos,
Homer ou Simmel, turbilhões ancestrais - agora em que dilúvio? O Jardim de Arles é uma erupção de associações
que remete o leitor ao reino desconhecido de um estranho território, de Éfeso via
Taiti até a lama ovárica da Europa – e
chegam a um jardim distante, ponto de encontro do ego de lêmure e do crânio de Adriano,
alcançando o enigmático fim. Isso é amarelo
puro. Dissolve-se como açúcar. Deus não pode estar longe. O que Deus é hoje: comprimido
ou arbusto original com carbonato de potássio ou planta de coca. A paisagem
é construída por meio de uma mescla de elementos difusos e irreais.
Yvan Goll é considerado um clássico
franco-alemão do século XX. Além de sua prosa – romances e dramas – sua poesia
reflete acima de tudo o desenvolvimento político e literário daquele século. A obra
de Goll, escrita em francês e alemão, oscila desde os primórdios socialmente críticos
do expressionismo até o surrealismo e às imagens linguísticas herméticas. Em 1920,
escreve o texto dramaturgo intitulado Überrealismus,
uma alusão ao conceito surrealista de Apollinaire, que traduziu para o alemão. Nos
textos Carta a Apollinaire (Lettre a Guillaume Apollinaire, 1924) e Três
bons espíritos da França (Trois bons esprits
de France, 1919), Goll procura retomar a genuinidade do termo surrealista e
o expande empregando novos conceitos como o suprarrealismo,
ultratempo no temporal (Überrealismus!
Überzeitlichkeit im Zeitlichen), primeiramente no âmbito dramaturgo, como nas
peças Matusalém ou o eterno Burguês – drama satírico e Os Imortais, para ser estendido à poesia.
O franco-alemão Hans Arp (1886-1966),
mais conhecido nas artes plásticas, foi um expoente do construtivismo, dadaismo
e surrealismo. No poema Opus Zero (Opus Null,
cerca de 1924) as palavras são aglutinadas sem nenhum sentido, transformando-se em um nonses. O irracional e o subconsciente são destacados, transcendendo
a negação e o absurdo: Eu sou o grande o isso-aquilo / o
rigoroso regimento / o caule de ozônio sine
qua non/ o anônimo um por cento. / O P. P.
Tit e também a bunda / trombone sem boca e buraco / as grandes louças de Hércules
/ o pé esquerdo do cozinheiro direito. / Sou a longa vida longa/ o décimo segundo
sentido no ovário / o Augustinho completo / em diáfana saia de celulose. A obra de Arp é caracterizada por
uma grande diversidade artística, ele não foi apenas um pintor e escultor, mas também
poeta. Desde o começo de sua carreira publicou poemas e textos, primeiro no idioma
alsaciano, depois em alemão e francês. Arp foi co-fundador do movimento Dada, em
Zurique, e atuou nos círculos surrealistas de Paris na década de 1920.
No caso de Paul Celan, fortemente
influenciado pelo simbolismo e surrealismo franceses, ele associa motivos bíblicos
e hassídicos em sua poética, em razão da experiência traumática do Holocausto vivida
por ele e que possui uma presença marcante em sua obra, como no famoso Fuga da Morte (Todesfuge), poema que traduz o horror de Auschwitz por meio da linguagem. O estilo repleto de contradições, paradoxos,
metáforas e a força da imaginação, remetendo ao sonho, levaram-no a ser denominado
como poeta surrealista e seus poemas foram classificados
como fantásticos. Os frequentes paradoxos
são descritos como parte da busca de Celan pela realidade, concentrando-se principalmente
na realidade tangível e reprodutível por meio da linguagem. As imagens e idéias
em seus poemas, portanto, nunca são totalmente irreais. Celan usa uma técnica surrealista
que inclui elementos da realidade (racional), mas compondo-os de tal maneira que
entram em conflito com as expectativas do leitor e, portanto, parecem absurdas e
surrealistas. Essa técnica é chamada Entfremdung
(estranhamento), como podemos reconhecer no poema O Banquete
(Das Gastmahl): Desguarnecida seja
a
Os primeiros trabalhos dos surrealistas alemães em torno
do Speichen foram divulgados nos cabarés
de artistas de vanguarda em Berlim Ocidental, alimentados pelo entusiasmo de um
novo começo e da liberação da arte no fim da guerra. Os programas exploravam as
tradições e as tendências atuais do modernismo europeu, juntamente com renomados
artistas visuais, compositores, dançarinos e atores. No círculo da galeria berlinense
Rosen, que apresentava, entre outras tendências,
o chamado surrealismo do pós-guerra, os
artistas visuais se relacionavam entre si, colaborando regularmente nos eventos.
Textos e traduções dos autores apareceram nas primeiras revistas e periódicos licenciados
pelas forças de ocupação, principalmente na revista Die Fähre (mais tarde Literarische
Revue), de Munique, e na Athena, de
Berlim. Johannes Hübner, Joachim Uhlmann, Lothar e Joachim Klünner mantinham o projeto
da revista Meta, de Karl Otto Goetz, e
também a revista Cobra. O muro de Berlim,
construído em 1961, e a divisão da cidade em setores americano, francês, inglês
e soviético, levaram os poetas a ultrapassar as fronteiras na busca de contatos
e amizades. Os boêmios de Kreuzberg em torno de Günter
Bruno Fuchs e Robert Wolfgang Schnell circulavam entre eles, assim como Johannes
Bobrowski, Erich Arendt e Manfred Bieler. Ademais, os poetas
do círculo do Speichen desempenharam papel
extraordinário como tradutores na divulgação da literatura. Rudolf Wittkopf e Gerd
Henniger foram premiados pelo trabalho de tradução, mas, acima de tudo, por suas
próprias obras.
O intercâmbio do grupo com os diferentes poetas e tradutores
era intenso e rico, assim como a troca de correspondência com Cyrus Atabay, Samuel
Beckett, Claire Goll, Wolfgang Koeppen, Hubert Fichte e Walter Höllerer, entre outros.
Autores como Paul Celan, Hans Henny Jahnn, Michael Hamburger participavam das atividades.
A revista Profile, sediada em Heidelberg,
e a editora Henssel Verlag ofereceram um fluxo constante de publicações. Johannes
Hübner e Lothar Klünner, que se consideravam surrealistas, traduziram a obra do
poeta francês, René Char, com quem mantiveram estreita amizade, também com o escritor
e filósofo Maurice Blanchot.
E neste cenário, onde as artistas e autoras mulheres
eram pouco reconhecidas ou ignoradas, surge o nome de Unica Zürn, dona de uma obra
artística singular, composta de escritos, anagramas e desenhos. Sua obra foi exposta
em Paris na Exposition du internationale surréalisme,
que ocorreu no mesmo ano da documenta II, em 1959, na qual também participou. Os
anagramas constituíam uma atividade intensa em sua fantasia.
Unica Zürn nasceu em Berlim em 1916, teve um casamento
fracassado com o comerciante Laupenmühlen, e perdeu a custódia dos dois filhos.
Para ganhar seu próprio sustento escrevia contos, que eram publicados em jornais
de Berlim, e peças de rádio. Seus primeiros desenhos em filigrana foram influenciados
pelo pintor e ator Alexander Camaro, com quem teve um breve caso. Em 1953, conhece
o artista Hans Bellmer, muito mais velho do que ela, com quem se casou. Bellmer
morava em Paris há 15 anos e pertencia ao círculo surrealista. Viveram juntos em
más condições naquela cidade.
A obra principal de Bellmer, As bonecas, criada em meados dos anos 30, feita a partir de manequins
femininos desmontados e remontados, enfatizando o componente sexual, parece ter
sido inspirada em Zürn. Como se Bellmer a visse como uma boneca viva. E, realmente,
há semelhança entre as bonecas e a aparência e o caráter de Zürn: ela era bonita
e graciosa, silenciosa e vulnerável. Zürn sofria de episódios de esquizofrenia e
passava períodos internada na clínica psiquiátrica, vindo a cometer suicídio em
1970, atirando-se da janela, após saber que o seu marido pediu a separação após
um derrame. As obras A Casa das Doenças (Das Haus der Krankheiten) e O Homem no Jasmim (Der Mann im Jasmin) são uma tentativa da artista de
processar por escrito o vaguear entre mundos
– entre a doença e o ser artista – entre a arte e a loucura, e torná-lo visível.
Hoje em dia, as obras de Zürn vêm alcançando um público mais amplo.
TRÊS
SURREALISTAS ALEMÃES
1 PAUL CELAN
FUGA DA MORTE
Leite negro da madrugada
nós o bebemos à noite
nós o bebemos ao
meio-dia e pela manhã nós o bebemos à noite
nós bebemos e bebemos
cavamos uma cova
nos ares e lá não se jaz apertado
Um homem mora na
casa ele brinca com as cobras ele escreve
escreve quando escurece
para a Alemanha
teu cabelo dourado
Margarete
ele escreve e sai
ficando em frente à casa e as estrelas brilham
ele assobia chamando
os seus cães
assobia mandando
os judeus cavarem uma cova na terra
ele nos ordena a
tocar para dançarmos
Leite negro da madrugada
nós o bebemos à noite
nós o bebemos pela
manhã e ao meio-dia nós o bebemos à noite
nós bebemos e bebemos
Um homem mora na
casa ele brinca com as cobras ele escreve
escreve quando escurece
para a Alemanha
teu cabelo dourado
Margarete
Teu cabelo cinza
Sulamith
cavamos uma cova
nos ares lá não se jaz apertado
Ele ordena cavem
mais fundo na terra uns e outros cantem e toquem
ele pega o seu cinto
de ferro e o agita seus olhos são azuis
finquem suas pás
mais fundo uns e outros continuam dançando
Leite negro da madrugada
nós o bebemos à noite
nós o bebemos ao
meio-dia e pela manhã nós o bebemos à noite
nós bebemos e bebemos
um homem mora na
casa teu cabelo dourado Margaret
teu cabelo cinza
Sulamith ele brinca com as cobras
Ele ordena toquem
a música da morte com mais doçura a morte é um mestre da Alemanha
tirem um tom mais
sombrio dos violinos e então erguereis como fumaça no ar
então tereis uma
cova nas nuvens lá não se jaz apertado
Leite negro da madrugada
nós o bebemos à noite
nós o bebemos ao
meio-dia a morte é um mestre da Alemanha
nós o bebemos à
noite e pela manhã nós bebemos e bebemos
a morte é um mestre
da Alemanha e seu olho é azul
ele te atinge com
uma bala de chumbo te acerta em cheio
um homem mora na
casa teu cabelo dourado Margarete
ele atiça seus cães
para cima de nós e nos presenteia com uma cova no ar
ele brinca com as
cobras e sonha que a morte é um mestre da
Alemanha
teu cabelo dourado
Margarete
teu cabelo cinza
Sulamith
TODESFUGE
Schwarze Milch der
Frühe wir trinken sie abends
wir trinken sie mittags
und morgens wir trinken sie nachts
wir trinken und trinken
wir schaufeln ein
Grab in den Lüften da liegt man nicht eng
Ein Mann wohnt im
Haus der spielt mit den Schlangen der schreibt
der schreibt wenn
es dunkelt nach Deutschland
dein goldenes Haar
Margarete
er schreibt es und
tritt vor das Haus und es blitzen die Sterne
er pfeift seine Rüden
herbei
er pfeift seine Juden
hervor läßt schaufeln ein Grab in der Erde
er befiehlt uns spielt
auf nun zum Tanz
Schwarze Milch der
Frühe wir trinken dich nachts
wir trinken dich
morgens und mittags wir trinken dich abends
wir trinken und trinken
Ein Mann wohnt im
Haus der spielt mit den Schlangen der schreibt
der schreibt wenn
es dunkelt nach Deutschland
dein goldenes Haar
Margarete
Dein aschenes Haar
Sulamith
wir schaufeln ein
Grab in den Lüften da liegt man nicht eng
Er ruft stecht tiefer
ins Erdreich ihr einen ihr andern singet und spielt
er greift nach dem
Eisen im Gurt er schwingts seine Augen sind blau
stecht tiefer die
Spaten ihr einen ihr anderen spielt weiter zum Tanz auf
Schwarze Milch der
Frühe wir trinken dich nachts
wir trinken dich
mittags und morgens wir trinken dich abends
wir trinken und trinken
ein Mann wohnt im
Haus dein goldenes Haar Margarete
dein aschenes Haar
Sulamith er spielt mit den Schlangen
Er ruft spielt süßer
den Tod der Tod ist ein Meister aus Deutschland
er ruft streicht
dunkler die Geigen dann steigt ihr als Rauch in die Luft
dann habt ihr ein
Grab in den Wolken da liegt man nicht eng
Schwarze Milch der
Frühe wir trinken dich nachts
wir trinken dich
mittags der Tod ist ein Meister aus Deutschland
wir trinken dich
abends und morgens wir trinken und trinken
der Tod ist ein Meister
aus Deutschland sein Auge ist blau
er trifft dich mit
bleierner Kugel er trifft dich genau
ein Mann wohnt im
Haus dein goldenes Haar Margarete
er hetzt seine Rüden
auf uns er schenkt uns ein Grab in der Luft
er spielt mit den
Schlangen und träumet der Tod ist ein Meister aus
Deutschland
dein goldenes Haar
Margarete
dein aschenes Haar
Sulamith
2 UNICA ZÜRN
A VIDA, UM SONHO RUIM
O ser humano é fumaça. Todos
rezam,
morrendo por vingança. Todos!
Nada mais
do que noite. Eu, miserável,
morrendo por
todos esses destroços. Noite!
Coragem! Ela,
a névoa caçoa de mim. Estrelas,
estrelas austeras, breve vou
rir
dos erros, riam! Rir do melhor!
Quebrar tudo ao meio: Nariz,
ventre, braço direito. Truque
vil
do amor! Tortura! Ai de mim,
chama
do sonho pálido - ele riu
de mim, o impostor da vida
e nada trouxe. Pobre alma.
DAS
LEBEN, EIN SCHLECHTER TRAUM
Der Mensch ist Rauch. Alle beten,
sterbend um Rache. Alle! Nichts
als Nacht. Ich Elender sterbe um
all’ diese Scherben. Nacht! Mut! Er,
der Nebel lacht mich aus. Sterne,
ernste Sterne, bald lache ich um
den Irrtum, lache! Lache bestens!
Breche alles mittendurch: Nase,
Bauch, rechten Arm. Elende List
des Liebens! Marter! Ach, Leuchten
des bleichen Traums – er lachte
mich an, der Lebenstäuscher
und brachte nichts. Arme Seele
NÃO SEI COMO FAZER AMOR
Como sei, amor não se “faz”.
Ele lastima envolto a uma luz
de cera no telhado.
Ah, ele cresce na luz, ao vento
à
noite. Ele desperta como suave
imagem, no gelo
do nunca, em súplica: vigila,
como eu. E sei
que como eu o amor não se faz.
ICH
WEISS NICHT, WIE MAN DIE LIEBE MACHT
Wie ich weiss, ,macht‘ man die Liebe nicht.
Sie weint bei einem Wachslicht im Dach.
Ach, sie wächst im Lichten, im Winde bei
Nacht. Sie wacht im weichen Bilde, im Eis
des Niemals, im Bitten: wache, wie ich. Ich
weiss, wie ich macht man die Liebe nicht.
DA VIDA DE UM IMPRESTÁVEL
Há neve caída. Com orvalho e
sementes
ela brilha na areia. Sete olhos
Sugam seda, névoa, tinta, espuma.
E um ganso cansado se desfolha.
AUS
DEM LEBEM EINES TAUGENICHTS
Es liegt Schnee. Bei Tau und Samen
leuchtet es im Sand. Sieben Augen
saugen Seide, Nebel, Tinte, Schaum.
Es entlaubt sich eine müde Gans.
3 RICHARD ANDERS
FORA DO SONHO
Paredes vazias
espelhos falsos
lágrimas cinzentas
Tenta-se fazer voar com as asas
as estátuas
mas o vento não sopra
dorme ocioso em algum lugar
Antes de chegarem
a essa região desolada
caem nuvens do céu
Suas ruínas amorfas
estão espalhadas pelas praças
E os relógios de pêndulo estão
em to-
que de recolher
AUS DEM TRAUM
Aus der Traum
Leere Mauern
falsche Spiegel
graue Tränen
Man versucht mit den Flügeln
der Statuen zu fliegen
aber der Wind kommt nicht
schläft irgendwo faul
Bevor sie diese trostlose
Gegend erreicht haben
stürzen Wolken vom Himmel
Ihre unförmigen Trümmer
liegen auf den Plätzen umher
Die Pendeluhren haben Aus-
Gangssperre
NOTA
As traduções são todas assinadas por Viviane de Santana Paulo.
VIVIANE DE SANTANA PAULO (São Paulo, 1966), poeta, romancista, tradutora e ensaísta. Estudou filologia germânica e românica na universidade de Bonn. É autora dos livros, lebendiges wensen namens gedicht – vom satelliten aus gesehen / ser vivo chamado poema – visto do satélite (coletânea de poesia bilíngue – Engelsdorf Verlag, Leipzig, 2023); Viver em outra língua (romance, Solid Earth, Berlim 2017), Depois do canto do gurinhatã (Multifoco, Rio de Janeiro, 2011), Estrangeiro de Mim (Gardez! Verlag, Alemanha, 2005) e Passeio ao Longo do Reno (Gardez! Verlag, Alemanha, 2002). Em parceria com Floriano Martins, Em silêncio (Fortaleza, CE: ARC Edições, 2014) e Abismanto (Sol Negro Edições, Natal/RN, 2012). Foi membro da equipe editorial da Ila-Latina, revista de cunho social-político com sede em Bonn (Informationsstelle Lateinamerika e.V.). Seus textos foram publicados em revistas e antologias na Europa e América Latina. Traduziu diversos poetas alemães, incluindo Jan Wagner, Nora Bossong, Ron Winkler, Josef Kafka, Sarah Kirch, Paul Celan, Gottfried Benn.
ANTONIA EIRIZ (Cuba, 1929-1995). Se graduó de la Escuela de Bellas Artes de San Alejandro en 1957. Participó en la II Bienal Interamericana de México en 1960 y en la VI Bienal de Sao Paulo en 1961, donde su obra recibió una mención honorífica. De 1962 a 1969 impartió clases en la Escuela de Instructores de Arte y en la Escuela Nacional de Arte, ambas en La Habana. En 1963 ganó el Primer Premio en la Exposición de La Habana, organizada por la Casa de las Américas. Al año siguiente, la Galería Habana presentó su importante exposición “Pintura/Ensamblajes”. En 1966 expuso su obra junto a Raúl Martínez en la Casa del Lago de la Universidad Nacional Autónoma de México, y un año después en el 23 Salón de Mayo en París, Francia. Eiriz tenía una forma muy particular de captar su entorno, optando por retratar las situaciones más dramáticas y grotescas de la condición humana, lo que provocó que su obra fuera incomprendida por el gobierno revolucionario, lo que la llevó a jubilarse anticipadamente. A finales de los años sesenta abandonó la pintura y se dedicó a la promoción de formas de arte popular, transformando su casa en un taller donde enseñaba técnicas como el papel maché y los trabajos textiles a la comunidad local. En 1989 recibió la Orden Félix Varela del Consejo de Estado de Cuba, la más alta distinción del país en el ámbito cultural. En 1991 se realizó una exposición de su obra titulada “Reencuentro” en la Galería Galiano de La Habana y en 1994 recibió una beca de la Fundación John Simon Guggenheim. Después de su muerte en 1995, el Museo de Arte de Fort Lauderdale organizó una retrospectiva de su obra: “Antonia Eiriz: Tributo a una leyenda”. Ahora ella es nuestra artista invitada, en esta edición de Agulha Revista de Cultura.
Agulha Revista de Cultura
Número 255 | setembro de 2024
Artista convidada: Antonia Eiriz (Cuba, 1929-1995)
Editores:
Floriano Martins | floriano.agulha@gmail.com
Elys Regina Zils | elysre@gmail.com
ARC Edições © 2024
∞ contatos
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FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com
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