Este livro é uma defesa e uma ilustração da fotografia
como fonte relevantíssima para a história e ao mesmo tempo uma homenagem aos profissionais
das lentes. Nossa seleção inclui procedimentos e formatos primitivos, como o daguerreótipo
e a carte de visite, mas também cartões
estereoscópicos, cartões postais e stills (fotos promocionais de filmes), junto
a retratos artísticos ou oficiais, posa dos ou flagrantes, reportagens de atualidade
e temáticas, registros arqueológicos e antropológicos, imagens para a publicidade,
santinhos, fotos extraídas de cinejornais, uma fotomontagem, inclusive um retrato
feito para ficha policial. Essa diversidade reflete a evolução da produção, da difusão
e dos múltiplos usos da fotografia, arte nobre e popular, pública e doméstica, democrática
e moderna, desde que a invenção de Louis Daguerre, o daguerreótipo, foi colocada
à disposição do mundo.
Sobre a fotografia em si, há aspectos que
bem poderiam ser evocados, tais como a necessidade de sintetizar – considerando
situações como retratos
retocados, fotomontagens, técnicas de sobreposição ou deformação de originais, entre
os recursos jornalísticos e artísticos – o significado da fotografia na história
da humanidade; ou de que modo a fotografia se ressente, como fonte de uma verdade
incontestável, com o ambiente firmado pela arte que eventualmente poderia até mesmo
evocar os poderes misteriosos de uma verdade falsificada, considerando o surgimento
da colagem – a técnica que tanta atenção despertara no Surrealismo –, ocasião em
que a fotografia, fragmentada, passa a incorporar uma outra imagem, resultado da
fusão entre partes distintas ou mera aproximação dessas partes, criando uma realidade
outra ou apenas sugerindo um outro modo de olhar. Dito isto, e não como uma crítica,
apenas como um desejo de ver mais vultosas revelações acerca da importância da fotografia,
compreendo que é outra a artéria que resolveu explorar o autor, e que é imensa a
sua contribuição para o tema.
Na entrevista a seguir, conversamos sobre preciosos detalhes
que ilustram a atenção intelectual de Paulo Antonio Paranaguá, detalhes que definem
a cosmovisão que o levou a preparar esta História
da América Latina em 100 fotografias. [Floriano Martins, Elys Regina Zils]
ERZ | Paulo Antonio
Paranaguá, seu novo livro se ergue como uma cartografia visual do continente: cem
fotografias para atravessar séculos de tensões, violências, sonhos e resistências.
É um projeto de fôlego. Quanto tempo foi necessário para montar essa seleção, que
é quase uma arqueologia da memória em imagens? E, sobretudo, qual foi a centelha
inicial que o moveu nesse desafio: a ambição de oferecer uma história comparada,
ou a necessidade íntima de resgatar a fotografia como documento pleno, que não apenas
ilustra, mas pensa e fala por si?
PAP | Poderia responder que foram precisos
77 anos de vivência e estudo. Não é um exagero. O primeiro posto do meu pai diplomata
foi Buenos Aires. Eu brincava com os soldadinhos de chumbo dizendo “Mis descamisados!”,
como Evita Perón. Depois morei cinco anos e meio em Madri: meu melhor amigo era
venezuelano, tinha um colega argentino peronista e outro porto-riquenho. Adulto,
escolhi meus próprios itinerários à procura do “amor, a liberdade e a poesia”. Estive
vários anos na Argentina, na década de 1970, no fim de uma ditadura e começo de
outra pior, com algumas visitas ao Chile de Salvador Allende. Acabei preso quase
dois anos. Quando me exilei na França, por interesse pessoal e profissional viajei
muito pela América Latina. Foi mesmo a paixão da vida inteira. Há quem diga que
todo ensaio é autobiográfico.
A metade dos livros que publiquei são obras
coletivas, que organizei e orientei como se fossem minhas. Mas para dar a devida
coerência à história latino-americana e caribenha eu precisava do controle completo.
Eu queria que os textos e imagens acabassem formando um mosaico em que as peças
encaixam, uma visão coerente, em lugar de um caleidoscópio em que as peças dançam
ao leu dependendo de quem olha.
A ambição do livro é estimular a conversa
sobre a América Latina, insuficiente na opinião pública, na mídia e na academia,
e mostrar que a fotografia é uma fonte indispensável para a historiografia.
ERZ | No seu livro é
ressaltado que a história do continente é muito mais antiga do que o instante em
que a fotografia passou a existir, mas escolhe justamente esse meio para narrar.
O que há na fotografia que a torna capaz de sensibilizar sobre a nossa própria história?
Seria o poder de transformar o passado em presença imediata, de nos forçar a encarar
vestígios que ainda gritam? E quanto ao aspecto político, como você avalia o impacto
que essas imagens tiveram no momento em que foram produzidas, moldando percepções,
legitimando discursos ou contestando-os, e o que acontece quando as revisitamos
hoje, em outro tempo histórico, carregadas de novas camadas de sentido?
PAP | Se eu tivesse me limitado ao período
a partir de 1840, década da expansão da fotografia, teria escrito uma história contemporânea.
Era indispensável lembrar que as Américas existiam muito antes inclusive da chegada
dos europeus no século XV. Graças ao registro dos descobrimentos arqueológicos do
século XIX e começo do século XX, ressalto a importância das civilizações pré-colombianas
e da colônia.
A fotografia foi incentivada pelo poder,
como no caso do imperador Pedro II ou do déspota mexicano Porfirio Díaz. As fotos
adquiriram maior relevância social e contribuíram para forjar a imagem das nações
graças às guerras e revoluções. Foram também um instrumento dos antropólogos, dos
exploradores e dos catequizadores. As exposições universais do século XIX, o cartão
postal e as revistas ilustradas contribuíram ao auge de um mercado internacional
da fotografia. A revolução mexicana da década de 1910 foi um acontecimento imagético,
com a produção e difusão de milhares (sim, milhares) de fotografias pelo mundo afora.
A fotografia confere à história uma dimensão
visual que precisa ser analisada e interpretada, como todo documento: como foi produzida
essa imagem, como foi divulgada, qual foi seu impacto? A fotografia não é uma mera
cópia da realidade. Ela revela uma visão, tem um olhar por trás da câmera, ela é
uma representação do seu tempo, é uma construção social. Por isso mesmo ela é rica,
a imagem é por definição polissêmica, ela estimula a subjetividade do observador.
Segundo Walter Benjamin, a câmera “nos abre o acesso ao inconsciente visual, assim
como a psicanálise nos abriu o acesso ao inconsciente pulsional”. Nesta época de
proliferação de imagens fugazes, é bom parar para examinar bem essas fotografias
que revelam aspectos desconhecidos ou menosprezados do passado, mas tem a capacidade
para dialogar com o presente.
ERZ | Paranaguá, no
livro você destaca os antagonismos que atravessam a história latino-americana (nacionalismo
e cosmopolitismo, tradição e vanguarda, arte e ditaduras) e mostra como a heterogeneidade
resiste a qualquer tentativa de criação de um cânon único. Ao mesmo tempo, insere
o Brasil nesse panorama, ainda que reconheça o distanciamento histórico e cultural
entre brasileiros e seus hermanos. Como
a fotografia pode ajudar a pensar a identidade cultural latino-americana diante
dessa tensão entre proximidade e estranhamento? O senhor acredita que as imagens
podem criar pontes onde a política, a língua e as instituições muitas vezes ergueram
barreiras?
PAP | De fato, no ensaio inserido no livro
como introdução, questiono a existência de um cânon da fotografia latino-americana,
sugerido por curadores, exposições e obras da década de 1970 em diante, quando a
história da fotografia abriu uma fresta para a produção da América Latina.
A fotografia é uma linguagem universal,
não tem fronteiras idiomáticas, ela seduz, surpreende, intriga e aproxima observadores
de horizontes diferentes, com diversos graus de formação e cultura. A transparência
é uma ilusão de óptica, mas não representa um obstáculo à apreciação e compreensão
do espectador.
FM | Li o teu livro a todo instante recordando
outro, não por similitude, mas sim pela intensa curiosidade que ambas obras me provocaram.
Refiro-me à História desconhecida dos homens,
de Robert Charroux. No livro do escritor francês, que também se vale dos aspectos
reveladores da fotografia, embora não com a mesma intensidade que o teu, logo no
prefácio há a seguinte observação: Alguns
segredos, que poderiam ter precipitado a evolução da humanidade, foram mantidos
secretos durante milênios, com receio de que a sua revelação provocasse um cataclismo.
Mesmo considerando a relativamente história do continente americano, em tuas pesquisas
chegaste a te deparar com alguns desses segredos?
PAP | No livro estão representados os segredos
do candomblé, na fotografia de Pierre Verger. Uma das imagens é um cartão postal
editado pelos padres salesianos em Lyon (França), em 1937. Encontrei por acaso,
um “acaso objetivo” diriam os surrealistas, fuçando num mercado de cartões postais
antigos em Paris, uma série destinada a mostrar o trabalho dos missionários na Asia,
Africa e América do Sul. O conjunto sobre o Equador ilustra o trabalho numa escola,
num centro de saúde, um padre com meninos batizados. De repente, no meio disso aparecem
as cabeças reduzidas dos indígenas chamados Jívaros (na verdade, os Shuar). Na minha
interpretação, isso ilustra a guerra das imagens que acompanhou a colonização, a
catequese e a evangelização. Não era apenas sensacionalismo ou exotismo para chamar
a atenção dos fiéis. Essa escolha mostra que o trabalho dos religiosos pretendia
trazer a civilização a comunidades selvagens, com costumes bárbaros. Sem respeitar
a cosmogonia, o xamanismo e as tradições dos povos originários.
ERZ | Muitas das imagens
apresentadas, ao contar a história da América Latina, foram produzidas por estrangeiros
e hoje repousam em acervos fora do continente. Há aí uma ironia incômoda: parte
fundamental da nossa memória visual está mediada pelo olhar do outro e guardada
em instituições distantes. Até que ponto esse olhar estrangeiro molda a forma como
nos vemos? E o que essa condição revela sobre nossa fragilidade na preservação da
própria história, como se ainda dependêssemos do reflexo alheio para reconhecer
nosso rosto?
PAP | Das 100 imagens do livro, 30 foram feitas
por autores não identificados. Algumas provavelmente por latino-americanos, como
o retrato policial de Pablo Escobar ou os três retratos do “santinho” das irmãs
Mirabal, martirizadas e assassinadas pela ditadura de Trujillo. Das outras 70 fotos,
44 foram feitas por latino-americanos, 14 por europeus e 12 por estado-unidenses.
O problema maior é a ausência em muitos
países de instituições públicas e privadas dedicadas à coleta, à conservação, à
restauração e à valorização dos acervos fotográficos. Existem alguns arquivos exemplares
em Montevidéu e Caracas, no México e no Brasil (o Instituto Moreira Salles). Estamos
diante de uma verdadeira emergência patrimonial. Falamos muito em memória, mas não
prestamos a devida atenção à preservação das imagens necessárias para a transmissão
dessa memória às futuras gerações.
FM | Pesquisa feita, texto sendo escrito,
me surge uma curiosidade, sobre o elenco de fotógrafos cujo material sugere ou confirma
as tuas observações. Graças a este corpo de imagens dás à memória a sua faceta histórica.
A curiosidade: como configuraste este elenco?
PAP | Numa história da América Latina e o Caribe
há assuntos obrigatórios, como as guerras, revoluções, golpes de estado. Não queria
escrever uma história puramente institucional ou política. A utilização da fotografia
sugere uma abertura para a história cultural, a história das representações e das
mentalidades.
Mas é obvio que a escolha das personalidades
relevantes e dos fenômenos interessantes deixa maior margem à subjetividade e às
afinidades do autor. Por quê tal artista plástico e não outro, ou tal moda musical,
decorrem de uma opção autoral, elas podem ser discutidas, assim como acontece com
uma antologia de poemas ou de contos. Considero que elas se integram harmoniosamente
numa visão histórica que privilegia a complexidade e a diversidade, a história comparada,
uma abordagem que procura estabelecer as conexões entre a evolução da América Latina
e a história global.
Reparem que os textos que acompanham as
imagens não focam apenas aquilo representado, os textos abrem o foco, ampliam a
perspectiva, para trás e para a frente, sugerem o movimento que às vezes a fotografia
parece congelar num instante passado.
ERZ | O livro menciona
a trajetória da fotografia desde o daguerreótipo — lento, único, irreprodutível
— e vai até os avanços técnicos que mudaram radicalmente nossa relação com a imagem.
Hoje vivemos um tempo de fotografia instantânea, “instagramável”, em que a imagem
nasce já marcada pela fugacidade e pelo descarte. Diante desse contraste, como você
enxerga o papel da fotografia no presente e quais horizontes imagina para o futuro?
Ainda será possível que a fotografia carregue densidade histórica e política, ou
estamos diante de uma transformação irreversível de sua função?
PAP | A Internet e as redes sociais constituem
um desafio para os fotógrafos e principalmente para os repórteres que devem lidar
com a crise da imprensa. Mas sou otimista, pois tenho visto a criatividade deles
e delas diante das situações mais dramáticas, que exigem valor e reatividade. Acho
que não é apenas uma questão técnica, é um dilema ético: produzir e difundir imagens
capazes de chegar a um público amplo e distraído, solicitado pela superficialidade
e o efêmero.
FLORIANO MARTINS (Fortaleza, 1957). Poeta, editor, dramaturgo, ensaísta, artista plástico e tradutor. Criou em 1999 a Agulha Revista de Cultura. Coordenou (2005-2010) a coleção “Ponte Velha” de autores portugueses da Escrituras Editora (São Paulo). Curador do projeto “Atlas Lírico da América Hispânica”, da revista Acrobata. Esteve presente em festivais de poesia realizados em países como Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Panamá, Portugal e Venezuela. Curador da Bienal Internacional do Livro do Ceará (Brasil, 2008), e membro do júri do Prêmio Casa das Américas (Cuba, 2009), foi professor convidado da Universidade de Cincinnati (Ohio, Estados Unidos, 2010). Tradutor de livros de César Moro, Federico García Lorca, Guillermo Cabrera Infante, Vicente Huidobro, Hans Arp, Juan Calzadilla, Enrique Molina, Jorge Luis Borges, Joaquín Pasos, Aldo Pellegrini e Pablo Antonio Cuadra. Entre seus livros mais recentes se destacam Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad (ensaio, México, 2015), O iluminismo é uma baleia (teatro, Brasil, em parceria com Zuca Sardan, 2016), Antes que a árvore se feche (poesia completa, Brasil, 2020), Naufrágios do tempo (novela, com Berta Lucía Estrada, 2020), Las mujeres desaparecidas (poesia, Chile, 2022) e Sombras no jardim (prosa poética, Brasil, 2023).
ELYS REGINA ZILS (Brasil, 1986). Poeta, artista visual, tradutora. Doutoranda e Mestre em Estudos da Tradução pela PGET/Universidade Federal de Santa Catarina. Possui graduação em Letras-Língua Espanhola e Literaturas e Letras-Português também pela Universidade Federal de Santa Catarina/Florianópolis, Brasil. Se dedica à Literatura Latinoamericana, pesquisando principalmente Vanguardas Literárias e Artísticas com ênfase em Literatura Surrealista Latinoamericana. Editora da Agulha Revista de Cultura (2023), revista criada por Floriano Martins. Tradutora, ao lado dele, de sua trilogia dedicada ao surrealismo, A Bússola do Acaso. Tem sido responsável ainda, parcialmente, pela curadoria e tradução de poetas hispano-americanos para o Atlas Lírico da América Hispânica, da revista Acrobata. A Sol Negro Edições, casa de livros artesanais, publicou Os elementos terrestres, de Eunice Odio, edição bilíngue organizada e traduzida por ela. Atualmente tem em preparação a tradução de livros de Marosa di Giorgio e Olga Orozco, para a mesma Sol Negro Edições. Recentemente criou a Editora Mamma Quilla, cujo catálogo estreia com O dia dos cinco orgasmos (Leila Ferraz), Susana Wald – Visões vertiginosas da criação (ensaio e entrevista, ERZ) e Fragmentos de silêncio (poesia e colagem, ERZ), todos em 2024.
BRIANDA ZARETH HUITRÓN (México, 1990). Originaria de Temascalcingo de José María Velasco, México. Artista plástica y pintora surrealista. Realizó sus estudios de pintura en la Academia de San Carlos en Ciudad de México. Sus múltiples facetas artísticas y personalidad curiosa la llevaron a descubrir el surrealismo, corriente en la que encontraría una manera de comunicarse con el mundo. Plasma interpretaciones poéticas donde lo cotidiano es transformado en una realidad fantástica y onírica. Pinturas mágicas que señalan los deseos de la vida por salir en un cuadro. Ha expuesto individualmente y de manera colectiva en México y en el extranjero. Exposiciones individuales: Museo Leonora Carrington de Xilitla, ENCUENTROS ONÍRICOS en el año 2025. Museo de la Mujer, REVELACIONES ONÍRICAS, en el año 2022. PAISAJES ONÍRICOS para el Festival Temascalcingo Honra a Velasco, en el Año 2021. VENTANA A MUNDOS ONÍRICOS, en el Centro Cultural Futurama, Ciudad de México, en el año 2020. Exposiciones Colectivas Col-art en la Galería Oscar Román año 2025 Muestra pictórica EL OFICIO DEL PINTOR, de la Academia de San Carlos, Año 2019. DIMENSIONS, Festival Wave Gotik Treffen, celebrado en Leipzig, Alemania, en el año 2018. Ha participado en la Cátedra por los 100 años del surrealismo, en la Facultad de Filosofía y Letras de la UNAM, impartiendo conferencia sobre surrealismo femenino. Recientemente su obra ha sido publicada en el libro Mujeres Mexicanas en el Arte, de la editorial Agueda y en THE ROOM SURREALIST MAGAZINE, revista de surrealismo internacional. Brianda Zareth Huitrón es la artista invitada de esta edición de Agulha Revista de Cultura.
Agulha Revista de Cultura
Número 263 | dezembro de 2025
Artista convidada: Brianda Zareth Huitrón (México, 1990)
Editores:
Floriano Martins | floriano.agulha@gmail.com
Elys Regina Zils | elysre@gmail.com
ARC Edições © 2025
∞ contatos
https://www.instagram.com/agulharevistadecultura/
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
ELYS REGINA ZILS | elysre@gmail.com








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