segunda-feira, 15 de abril de 2019

Agulha Revista de Cultura # 132 | Abril de 2019


• O OLHAR SURREALISTA DE CLAUDIO WILLER


1982, assim que organizo a minha mudança par São Paulo, entro em contato com Claudio Willer (1940) e então nos conhecemos. O primeiro encontro foi em um bar, Madame Satã, na noite de sua leitura do poema Uivo, de Allen Ginsberg, em sua tradução, antes mesmo da edição em livro. Dias depois nos encontramos em seu apartamento, já para a gravação de uma primeira entrevista que lhe fiz, logo publicada no Suplemento Literário Minas Gerais e no Diário do Nordeste, em Fortaleza. A partir daí começamos uma amizade que perdura até hoje, aos poucos fui acompanhando a publicação de seus livros, a começar por Escritos de Antonin Artaud, em 1983.
No início do presente século convido Willer para dirigir comigo a Agulha Revista de Cultura, que eu havia criado há poucos meses. Por quase 10 anos trabalhamos juntos, e alternamos a escritura dos editoriais de 70 números da revista. Em 2004, uma editora no Rio de Janeiro publica dois livros nossos, cuja noite de lançamento em São Paulo foi bastante acolhedora. Pouco a pouco fomos dando boa substância aos nossos diálogos em torno do Surrealismo, e muitos de seus ensaios nós os publicamos na revista. Cabe recordar, por exemplo, ensaios nossos que foram inseridos na vultosa edição O Surrealismo, publicada em 2008 pela Editora Perspectiva.
Claudio Willer, em termos de volume e relevância, tem escrito estudos sobre o Surrealismo, textos que já impõem sua reunião em um livro. Tenho insistido que ele o prepare, eu mesmo gostaria de editar. Tal imperativo definiu a presente edição, onde estão reunidos dez desses estudos. Tradutor da obra completa de Lautréamont, e da obra parcial de Ginsberg, Artaud, Burowski e Jack Kerouac, Willer é também poeta – seis livros publicados – e ensaísta, estudioso da geração Beat e das relações entre gnosticismo e poesia moderna. Em 2013 tive a oportunidade de posfaciar edição em que se encontram reunidos seus manifestos.
Outro de meus encontros surrealistas foi com a poeta e escultora portuguesa, Isabel Meyrelles (1929) que, embora não tenhamos nos conhecido pessoalmente, pude editar no Brasil, em 2006, um volume com sua poesia e seleção das esculturas. No prefácio, observo em sua poesia a existência de dois caminhos que se relacionam: uma muito peculiar trilha elegíaca e um namoro discreto com ludismo e imaginário popular, aqueles jogos sutis e tão fascinantes que despertam a noite de poemas de Jacques Prévert, por exemplo. E certo humor decorrente da poética de Isabel avança pelo território de suas esculturas, como veremos aqui na presente mostra.
Para acompanhar os estudos de Claudio Willer selecionamos esculturas mais recentes de Isabel Meyrelles, em um expressivo ensaio fotográfico de Luciana de Paula Arantes, material que nos foi gentilmente cedido graças à atenção de Lilian Pestre de Almeida, uma colaboradora frequente nossa.

Os Editores

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• ÍNDICE


CLAUDIO WILLER | A escrita automática e outras escritas: um depoimento

CLAUDIO WILLER | A poesia de Roberto Piva e o surrealismo

CLAUDIO WILLER | A propósito de surrealismo e dos manifestos de André Breton: algumas comparações

CLAUDIO WILLER | Algumas observações sobre surrealismo e marxismo, seguidas de outras sobre surrealismo no Brasil

CLAUDIO WILLER | Escrita automática: uma falsa questão?

CLAUDIO WILLER | Magia, poesia e realidade: o acaso objetivo em André Breton

CLAUDIO WILLER | Sobre surrealismo e filosofia

CLAUDIO WILLER | Mais sobre surrealismo e filosofia: a questão do sujeito

CLAUDIO WILLER | Surrealismo no Brasil: crítica e criação literária

CLAUDIO WILLER | Surrealismo: poesia e poética









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EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO DO SURREALISMO 1919-2019
Artista convidada: Isabel Meyrelles (Portugal, 1929)


Agulha Revista de Cultura
20 ANOS O MUNDO CONOSCO
Número 132 | Abril de 2019
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2019



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