• O OLHAR SURREALISTA DE CLAUDIO WILLER
1982, assim que organizo a minha mudança par São Paulo, entro em contato com Claudio Willer (1940) e então nos conhecemos. O primeiro encontro foi em um bar, Madame Satã, na noite de sua leitura do poema Uivo, de Allen Ginsberg, em sua tradução, antes mesmo da edição em livro. Dias depois nos encontramos em seu apartamento, já para a gravação de uma primeira entrevista que lhe fiz, logo publicada no Suplemento Literário Minas Gerais e no Diário do Nordeste, em Fortaleza. A partir daí começamos uma amizade que perdura até hoje, aos poucos fui acompanhando a publicação de seus livros, a começar por Escritos de Antonin Artaud, em 1983.
No início do presente século convido Willer para dirigir comigo a Agulha Revista de Cultura, que eu havia
criado há poucos meses. Por quase 10 anos trabalhamos juntos, e alternamos a
escritura dos editoriais de 70 números da revista. Em 2004, uma editora no Rio
de Janeiro publica dois livros nossos, cuja noite de lançamento em São Paulo
foi bastante acolhedora. Pouco a pouco fomos dando boa substância aos nossos
diálogos em torno do Surrealismo, e muitos de seus ensaios nós os publicamos na
revista. Cabe recordar, por exemplo, ensaios nossos que foram inseridos na
vultosa edição O Surrealismo,
publicada em 2008 pela Editora Perspectiva.
Claudio Willer, em termos de volume e relevância, tem escrito estudos
sobre o Surrealismo, textos que já impõem sua reunião em um livro. Tenho
insistido que ele o prepare, eu mesmo gostaria de editar. Tal imperativo
definiu a presente edição, onde estão reunidos dez desses estudos. Tradutor da
obra completa de Lautréamont, e da obra parcial de Ginsberg, Artaud, Burowski e
Jack Kerouac, Willer é também poeta – seis livros publicados – e ensaísta,
estudioso da geração Beat e das relações entre gnosticismo e poesia moderna. Em
2013 tive a oportunidade de posfaciar edição em que se encontram reunidos seus
manifestos.
Outro de meus encontros surrealistas foi com a poeta e escultora
portuguesa, Isabel Meyrelles (1929) que, embora não tenhamos nos conhecido
pessoalmente, pude editar no Brasil, em 2006, um volume com sua poesia e
seleção das esculturas. No prefácio, observo em sua poesia a existência de dois
caminhos que se relacionam: uma muito
peculiar trilha elegíaca e um namoro discreto com ludismo e imaginário popular,
aqueles jogos sutis e tão fascinantes que despertam a noite de poemas de
Jacques Prévert, por exemplo. E certo humor decorrente da poética de Isabel
avança pelo território de suas esculturas, como veremos aqui na presente
mostra.
Para acompanhar os estudos de Claudio Willer selecionamos esculturas mais
recentes de Isabel Meyrelles, em um expressivo ensaio fotográfico de Luciana de
Paula Arantes, material que nos foi gentilmente cedido graças à atenção de
Lilian Pestre de Almeida, uma colaboradora frequente nossa.
Os Editores
*****
• ÍNDICE
CLAUDIO
WILLER | A escrita automática e outras escritas: um depoimento
CLAUDIO WILLER | A poesia de Roberto Piva
e o surrealismo
CLAUDIO WILLER | A propósito de
surrealismo e dos manifestos de André Breton: algumas comparações
CLAUDIO WILLER | Algumas observações
sobre surrealismo e marxismo, seguidas de outras sobre surrealismo no Brasil
CLAUDIO WILLER | Escrita automática: uma
falsa questão?
CLAUDIO WILLER | Magia, poesia e
realidade: o acaso objetivo em André
Breton
CLAUDIO WILLER | Sobre surrealismo e
filosofia
CLAUDIO WILLER | Mais sobre surrealismo e
filosofia: a questão do sujeito
CLAUDIO WILLER | Surrealismo no Brasil:
crítica e criação literária
CLAUDIO WILLER | Surrealismo: poesia e
poética
*****
EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO
DO SURREALISMO 1919-2019
Artista convidada: Isabel
Meyrelles (Portugal, 1929)
Agulha Revista de Cultura
20 ANOS O MUNDO CONOSCO
Número 132 | Abril de 2019
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2019
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