terça-feira, 1 de dezembro de 2020

AGULHA REVISTA DE CULTURA # 161 – dezembro de 2020

   

• EDITORIAL – UM PENÚLTIMO GOLE EM 2020

 


Esta edição da Agulha Revista de Cultura espelha dois projetos dedicados à tradição lírica hispano-americana de que nos ocuparemos a partir de agora. O primeiro deles, que já está em curso, se chama Atlas Lírico da América Hispânica, uma produção exclusiva da revista Acrobata, um de nossos parceiros mais relevantes, e se destina a mapear a trajetória poética de inúmeros autores, apresentando aos leitores uma seleção de seus poemas traduzidos ao português. O segundo projeto, que começa a circular em janeiro de 2021, se chama Conexão Hispânica, destina-se ao estudo dessa mesma tradição lírica, reunindo textos críticos (ensaios, artigos, entrevistas) que permitam um conhecimento mais aproximado da importância dos mais representativos poetas de cada um dos 19 países hispano-americanos. Para realiza-lo contamos com o apoio incondicional de um número expressivo de autores que assinam os mais diversos textos.

A Agulha Revista de Cultura também trará em suas páginas mensais alguns desses mesmos autores, de modo a ampliar a difusão crítica da poesia hispano-americana, criando um acesso concentrado ao que há de mais relevante, como valioso ponto de encontro. Esta penúltima edição do ano apresenta estudos críticos sobre César Dávila Andrade, Edmundo Camargo, Eunice Odio, José Lezama Lima, Juan José Ceselli e Lourenzo García Vega.

O polonês Zdzisław Beksiński (1929-2005) vem se juntar a nós como artista convidado. Seu estilo que mescla o gótico ao surrealismo alcança uma singularidade reveladora de um desgaste da humanidade, cenário de catástrofes irreversíveis, antevisão que hoje quase se confunde com testemunho, tão certeiro o seu raio de alcance. Ao escrever sobre ele acertou Milenna Saraiva: As paisagens de Beksiński em geral são sombrias, parecem estar abandonadas, às vezes habitadas por seres com corpos esqueléticos e deformados. A neblina, a ruína, a sensação de solidão, de esquecimento, desolação, assim como a grandiosidade dos elementos arquitetônicos fantásticos, perto da pequenez dos seres humanos, os quais já perderam suas características e não passam de fantasmas, são elementos reiterados constantemente nas imagens apresentadas pelo artista. A obra pode


ser vista como o retrato de uma cidade-purgatório, onde as pessoas, no caso os esqueletos, ficam em volta de uma fogueira, cada grupo em sua torre de pedra, distantes uns dos outros. Vemos que algumas fogueiras já foram extintas, pois ainda conseguimos observar as cinzas restantes e a ausência de seres ao redor delas. As torres de pedra se repetem até as perdermos de vista. A pintura, com seus tons escuros e quentes, nos transmite uma sensação de espera contínua, assim como de inviabilidade de deslocamento. Pela lógica do purgatório, após cumprirem suas penas, as pessoas sairão dele um dia, contudo a impressão que essa imagem passa é que jamais o farão.

Se por um lado a obra de Beksiński nos alerta sobre as desfigurações sociais que enfrenta hoje o mundo inteiro, por outro nos toca supor que poderiam ser distintos os rumos culturais em nosso continente caso Brasil e América Hispânica tivesse se disposto a um diálogo. Claro que o presente não corrige o passado, mesmo que reflita tão fielmente os erros e acertos de nossas escolhas. Nós da Agulha Revista de Cultura – e também da revista Acrobata – esperamos que não seja de todo inviável propor aqui uma forma mínima que seja de recuperação de nosso tempo perdido. 

Os Editores

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• ÍNDICE

 

ADRIANO CORRALES ARIAS | Reconozcamos a la gran Eunice Odio

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/adriano-corrales-arias-reconozcamos-la.html

 

ALBERTO CLAUDIO BLASETTI | Juan José Ceselli y la rebelión contra la estupidez y la maldad

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/alberto-claudio-blasetti-juan-jose.html

 

ALEYDA QUEVEDO ROJAS | Las iluminaciones de César Dávila Andrade

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/aleyda-quevedo-rojas-las-iluminaciones.html

 

CARLOS ESPINOSA | Lorenzo García Vega entrevisto

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/carlos-espinosa-lorenzo-garcia-vega.html

 

GARY DAHER | Edmundo Camargo: el alquimista de los signos

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/gary-daher-edmundo-camargo-el.html

 

JAVIER ALVARADO | Alba, zona poética, amical y testimonial en territorio de Eunice Odio

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/javier-alvarado-aalba-zona-poetica.html

 

JORGE RODRÍGUEZ PADRÓN | Leitura de José Lezama Lima

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/jorge-rodriguez-padron-leitura-de-jose.html

 

CÉSAR DÁVILA ANDRADE | Magia, yoga y poesía

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/cesar-davila-andrade-magia-yoga-y-poesia.html

 

MÍA GALLEGOS | La presencia de lo sagrado en El tránsito de fuego, de Eunice Odio

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/mia-gallegos-la-presencia-de-lo-sagrado.html

 

ROLANDO REVAGLIATTI | Marisa Negri y la obra poética de Juan José Ceselli

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2020/12/rolando-revagliatti-marisa-negri-y-la.html 


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Agulha Revista de Cultura

UMA AGULHA NO MUNDO INTEIRO

Número 161 | dezembro de 2020

Artista convidado: Zdzisław Beksiński (Polônia, 1929-2005)

editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com

editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com

logo & design | FLORIANO MARTINS

revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES

ARC Edições © 2020

 


 

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