• QUARTETO
KOLAX, 2
Último trimestre de 2018 nos reunimos – Zuca
Sardan, Pedro de Andrade Alvim, Ana Borges e eu – em torno do que chamamos de Quarteto
Kolax – um grupo satírico, herdeiro do melhor Rabelais, saltimbancos patafísicos
com toques de partitura de Frank Zappa e o teatrinho do absurdo – e montamos uma
carroça virtual que começou a circular na edição de janeiro de 2019 da Agulha Revista de Cultura, abrindo a temporada
de homenagem ao centenário do Surrealismo. A carroça percorreu galáxias e estrebarias,
açudes e poços profundos, ao longo do ano, improvisando aquém e alhures, o que agora
reunimos como segunda parte do espetáculo.
De sala em
sala o Leitor Modierno… / E que é Modierno? / É uma Mistura de Moderno com Hodierno.
/ E que é Hodierno?/ Pressas preguntas d’algibeira, melhor consultares Doc Floyd,
que além de outras 793 atividades… é o Diretor da Cyclopédia Labrosse.
Cavando bem
fundo até onde a peneira alcance será sempre possível descobrir o modo de ser de
certas coisas que antes jamais alguém houvera adivinhado ou pronunciado. Pois não
é outra a história da caravana que atravessou todo o centenário do Surrealismo cavando
por toda a parte da terra. E onde fomos dar é coisa que de nada adianta ficar a
defender ou lastimar, xingar ou mitificar, pois a grande carroça de máscaras atropela
sonhos e vigílias.
Teve
de improvisar tanto o Quarteto que no final não se sabia mais qual fosse a linha
mestra. Um portentoso Laribunto – ou Labyrintho? –, que nem o próprio Minotauro
a saída saberia achar. Como não tinha o fio que sua irmã passou para seu Teseu,
ou Tesão, um grego safado, nosso bom Minoto
seguiu atrás do próprio rabo, e foi bater na sala de achados e perdidos.
E nessa
escavação de arranjos do acaso a linha foi tecendo a si mesma como se fosse a própria
embriaguez do horizonte, aquele alargamento de visão que nos permite ver bem fundo
o que está mesmo bem fundo.
Mesmo porque…
descobrir é… inventar. Mas o que se inventa, precisa ser qualquer coisa que ninguém
antes havia pensado, e se houvesse não teria procurado saber o que era, e… jogaria
fora, dizendo: Para que serve isso? /
Ora, a Arte em si não serve pra nada… / Não é verdade?…
O mundo fica
melhor sem respostas.
Nem chega a
ser um bagaço esquecido, porque atende a outro chamado. Muito além do registro mercantil
das ações humanas. Não se trata de esquecer ou lembrar, de domesticar o fogo criativo
ou de expandir a colheita de tragédias, de onde quer que venha a arte ela tem um
sentido em si que desafia toda a lógica.
Depois, ou
mesmo antes, nunca está demais anotar: os Kolaxistas são escafandristas do Mar dos
Mystérios. // Nós Quatro vivemos em um submarino Cyclame. Mas afinal, se alguém
nos indagar sobre as razões desse Kolax no título, o que inventaremos na hora?
É preciso que
a seriedade das nossas atividades editoriais encontre respaldo e prolongamento no
setor de divulgação científica. Por uma moralização do trabalho no liceu, rádios
e repartições!
O jornalista Toko Sugiro, do Ximbum Express,
tão logo encontrou, revirando os guardados de Doc Floyd, a historieta abaixo, decidiu
que a mesma havia sido escrita, sob encomenda do acaso, para as páginas de nosso
editorial:
Salerno
um belo dia resolveu tatuar no braço um relógio suíço. O grande mestre Siling, conhecido
por suas imagens hiper-realistas, achou por bem tatuar no relógio o tempo, o que
o levou a exaustivas jornadas. Logo percebeu que sendo o tempo infinito ele morreria
sem que a tarefa se cumprisse. Tratou então de atrasar alguns minutos a cada hora
tatuada.
Mas Saturno não achou graça nessa intromissão do jornalista
do Braz em sua Máquina do Tempo e chamou-o às falas, brandindo sua foice… Sugiro,
de amarelo passou a verde, dos pés à cabeça e sorrindo respondeu: Mestre venerave
tem toda razão. Vamos kebrar esse relojo de merda.
Ao
ser quebrado o relógio levou consigo, pelo submundo das imagens espatifadas, mão
pulso antebraço de Salerno, que, para todo o sempre, ficou perdido naquele labirinto
de puro espaço. Segundo Doc Floyd teria sido Salerno a lhe sugerir a criação de
uma revista onde as inúmeras máscaras da realidade fossem representadas sem os grilhões
de sua impiedosa temporalidade.
Um
labirinto de puro espaço, onde mora o tempo, que não suportaria viver em um labirinto
de si mesmo. Mão, pulso e antebraço de Salerno se desfazem em grãozinhos cósmicos
onde moram restos de lembranças de lugares onde ninguém nunca foi. Os restos flutuam
no labirinto, às vezes se contaminam de Tempo e quando é assim, também às vezes
se deixam capturar. Ali, onde existe só o rastro dos voos, mas não os pássaros,
nos deixam entrar uma ou outra vez para ouvir mensagens cantadas em clara voz por
esses rastros.
Assim
avançamos destroncando os precários voos dos estados alterados de consciência. Livros,
revistas, aventuras alquímicas. Jamais nos preocupamos com quem ficaria para contar
a história, porque, afinal, a história não se preocupa em ser contada.
Esta
é a lâmina reveladora do Quarteto Kolax.
E sua
potencial irmandade com a Agulha Revista de
Cultura.
Chegar
até aqui é como despir o tempo de quaisquer hemorragias antecipatórias. Já não cabem
mais profecias. Chegamos.
E trouxemos
conosco a grande poeta e artista Leila Ferraz, a quem homenageamos com a entrega
de nosso Tropheo Kolax.
Bem,
há que lembrar ainda que esta é apenas a última edição de 2019 da Agulha Revista de Cultura, onde nos reunimos
uma vez mais, o Quarteto Kolax, e desta vez trazemos conosco Victor Chab, magnífico
surrealista argentino, que foi o artista convidado da primeira edição da revista,
ao final de 1999. Apenas um marco.
A estrada,
que não é nada boba, permanece aberta.
Quarteto Kolax | Os Editores
• ÍNDICE
QUARTETO
KOLAX, 2 | GRANDE SALÃO DOS BAGULHOS
QUARTETO
KOLAX, 2 | DIÁRIO DOS TRÊS ANÕES
QUARTETO
KOLAX, 2 | THEATRINHO DE
BOSTA
QUARTETO
KOLAX, 2 | COVIL DOS DOGMAS
INCURÁVEIS
QUARTETO
KOLAX, 2 | SALÃO DA GLÓRIA –
PRÊMIOS & FUROS
QUARTETO
KOLAX, 2 | RETRATO DE VESPINA
QUARTETO
KOLAX, 2 | SETE SINETES DO IMPROVISO
QUARTETO
KOLAX, 2 | PICADEIRO DO
OITAVO CIRCO
QUARTETO
KOLAX, 2 | REDAÇÃO DO
PASCO BEXIGA
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2019/12/quarteto-kolax-2-redacao-do-pasco-bexiga.html
QUARTETO
KOLAX, 2 | SIC TRANSIT GLORIA
MUNDI
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EDIÇÃO COMEMORATIVA | CENTENÁRIO
DO SURREALISMO 1919-2019
Artista convidado: Víctor Chab (Argentina, 1930)
Desenho do Quarteto Kolax, por Zuca Sardan
Desenho do Quarteto Kolax, por Zuca Sardan
Agulha Revista de Cultura
20 ANOS O MUNDO CONOSCO
Número 148 | Dezembro de 2019
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS
| MÁRCIO SIMÕES
ARC Edições © 2019
Frei Feijão pediu ao Papa Ponchito pra dar apoio ao QK-2 lançando uma Bula Papal ad Urbi et OOOrbiiii, avisando do Lançamento do Santo QKolax...
ResponderExcluirPapa Ponchito - Melhor, Dom Feijão, pedires ao falecido Papa Borgia, tem gente de sua família metida neste apostatático projeto...
Frei Feijão - Mas meu Santo Padre, Vosso antecessor já morreu...
Papa Ponchito - Pois então, filho meu, reza pra ele, rezzzza com forrrrrzzzzzza!!!
Frei Feijão - Ai, meu Santo Padre, que celestial conselho, volto hoje mesmo pro Brasil, e lançarei uma
Bula Paroquiale per Brasile et Lisboooaaaaa!!!
PHOTO DE ZÉ PHOKINHA PRO LANZAMENTO DO QK-2
ZÉ FOQUINHA - Saímos todos bem na foto.
MANUEL GAMA - Lá isso é brudad...
ZÉ FOQUINHA - E que lhe parece, Capitano?...
CAPITANO - Uno vero... Capolavoro!!!...
VAPORE (apita) - FOOOOOOOMMMMM...