● ANOS 1960 HISPANOAMÉRICA A TRAVÉS DE SUS REVISTAS
Os anos 60 registraram, em todo o continente
americano, o surgimento de uma série de grupos que se baseiam na publicação de revistas
expressivas e ampliam o intercâmbio entre diferentes países. Essas publicações são
caracterizadas por uma afirmação de liberdade, fé no surgimento de um novo homem,
ruptura com dogmas políticos e estéticos e seu caráter intensamente revolucionário.
Um mapa que se pretenda justo, embora incompleto, teria a seguinte configuração:
1961 – Eco Contemporáneo (Argentina);
Rayado Sobre el Techo (Venezuela) y Pucuna (Ecuador); 1962 – El Corno Emplumado (México), Pájaro Cascabel (México) y Praxis (Brasil); 1964 – Trópico Uno (Venezuela) y Trilce (Chile); 1965 – Los Huevos del Plata (Uruguay) y La Bufanda del Sol (Ecuador); 1967 – Amaru (Perú); 1968 – Tebaida (Chile); 1970 – Alacrán
Azul (Cuba) e Nadaísmo 70 (Colombia).
A década registra uma assombrosa proliferação
de revistas. Nas páginas finais de uma edição da mexicana El Corno Emplumado são apresentadas como publicações “que buscam a paz
e que trabalham por ela”, uma lista que inclui revistas de vários países do continente:
Alcor (Paraguay), Between Worlds (Puerto Rico), Eco (Colombia), El Pez y la Serpiente (Nicaragua), Grupo de los Elefantes (Argentina), Idea (Perú), City Lighs Journal
(Estados Unidos), Leitura (Brasil), Marcha (Uruguay), Ultramar (Chile), Zarza (México)…
Todas elas, embora não exclusivamente identificadas
com o surrealismo em termos de ortodoxia, tiveram fortes afinidades com o movimento,
especialmente no que se refere à mesma aclimatação em nosso continente realizada
em décadas anteriores. Surrealismo que era conectado à contracultura, com sua ressonância
nos costumes, na cultura de uma forma mais ampla. Um dos protagonistas desta nova
tendência, o equatoriano Ulises Estrella (1939), bem observa que “o vislumbre surrealistas
de transformar a sociedade e mudar a vida se definia com a ideia do homem novo que
necessitava despojar-se de suas aderências egocêntricas para tratar de entender
o mundo e atuar, assumindo os riscos, com afã diário e tenaz de desempenhar um papel
na História”. O argentino Aldo Pellegrini percebeu muito bem a pulsação dessas manifestações
e sua confluência, ao reunir em sua Antología
de la poesía viva latinoamericana (Barcelona: Editorial Seix Barral, 1966) as
vozes mais agudas chegadas de vários países. Para muitos desses poetas, sobretudo
os mais jovens, esse livro teve uma importância fundamental, pelo que lhes propiciou
de difusão, e, em especial, por haver apontado um novo caminho para a poesia no
continente.
Em meu livro Un
poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad (México: UACM,
2015) há um extenso capítulo, intitulado “Vanguarda clandestina”, em que trato do
assunto. O que reunimos aqui é apenas uns pontos de reflexão sobre uma década fervilhante.
Para acompanhar a edição temos, na condição de artista convidado, um dos grandes
nomes do Surrealismo, além de sua larga influência no ambiente do expressionismo
abstrato. Arshile Gorky (Armênia, 1904-1948) naturalizou-se estadunidense e ali
se destacou, ao lado de Jackson Pollock, Willem De Kooning e Mark Rothko, entre
os mais expressivos artistas do país.
Com este número encerramos o ano de 2018.
No ano seguinte, considerando o imperativo de se comemorar o centenário do Surrealismo
(1919-2019). A partir da segunda semana de janeiro, teremos, ao longo do ano, a
Agulha Revista de Cultura terá 24 edições
quinzenais dedicadas aos mais diversos temas afins ao Surrealismo. Também virão
livros e dossiês em revistas internacionais. Remetemos o leitor à revista Athena, de Portugal, no dossiê “Surrealismo
a palavra mágica do Século XX”, com que antecipamos a temporada de homenagens
ao Surrealismo.
Os Editores
● ÍNDICE
ABELARDO CASTILLO | El Escarabajo de Oro
ALEXIS FIGUEROA | Orfeo
CARLOS ESPINOSA DOMÍNGUEZ | Alacrán Azul
IGNACIO ESCRIBANO
| Miguel Grinberg & Eco Contemporáneo
JUAN CALZADILLA | El
Nadaísmo y El Techo de la Ballena
MARGARET RANDALL | El Corno Emplumado
SÍLVIA CEZAR MISKULIN
| Lunes de Revolución
THELMA NAVA | Pájaro Cascabel
VERÓNICA DÍAZ | El
Corno Emplumado
VICENTE JIMÉNEZ | Correspondência Virtual
2005-2006
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Edição preparada
por Floriano Martins. Página ilustrada com obras de Arshile Gorky (Armênia, 1904-1948),
artista convidado da presente edição.
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Agulha Revista de Cultura
Número 124 | Dezembro de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
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