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AS ÁRVORES ESVOAÇANTES DE AUGUSTO MEYER
Uma das peças marcantes constitutivas da poética
do brasileiro Augusto Meyer (1902-1970) é a perene evocação da infância, sem que
isto se constitua em acento saudosista. Pelo contrário, o retorno ao passado acentua
a metáfora da liberdade e da imaginação, trazendo-a para o presente como uma fonte
inesgotável da existência. Tudo nele aponta para essa parecença de que o mundo nasceu de novo. Há um poema em
que diz: Volúpia da roupa nova e da carne
lavada. / Meu passado é leve como a luz loura. / parece que vão voar as árvores
no ar / e eu sou como o balão mal seguro na mão.
Dois livros de Augusto Meyer se destacam pela
presença da prosa poética: Literatura e poesia
(1931) e Folhas arrancadas – este último
escrito entre 1940 e 1944 e incluído no volume, hoje raríssimo, de Poesias 1922-1955, editado pela Livraria
São José Editora em 1957. Em estudo dedicado aos traços da infância do poeta, Carlos
Dante de Morais, alinha, precisamente na prosa poética de Literatura e poesia: ronda de
gênios alados e personagens literários, impressões de estampas, pequenas histórias
fantásticas, travessuras filosóficas, cenas da infância, pessoas familiares, a poesia
das coisas cotidianas, e tal conjunto de faces ou truques de linguagem definem
toda a poética de Augusto Meyer.
O poeta foi igualmente exímio ensaísta, gênero
em que se destacam seus primorosos estudos sobre Machado de Assis. Em recolha de
seus primeiros artigos para imprensa, cujo título é de imenso acerto: Os pêssegos verdes (2002), Tania Franco Carvalhal
aponta que característico de sua indagação
é o retorno às fontes, compreendidas como o necessário movimento de recompor a tradição,
sem estabelecimento de hierarquias. E também nos lembra que os ensaios de Augusto Meyer constituem ainda
valioso documento de uma época na qual a crítica era exercida em sua plenitude,
como análise de textos e de questões literárias em profundidade e expressão de juízo
de valor, tendo espaço garantido nos grandes jornais do país.
Falam por si só, tais características, na
poesia e na crítica literária, como imperativos a justificar a presente edição.
Para acompanhar Augusto Meyer convidamos a artista neozelandesa Rozi Demant (1983),
situada, não sem frisar entranhável singularidade, naquela linhagem de um surrealismo
pop. Lemos em nota à sua participação em The
surrealism Website, de Adam McLean: Suas pinturas geralmente
envolvem figuras femininas com uma notável semelhança com a própria artista. Estes são frequentemente mostrados usando lingerie e acompanhados
por pássaros e vários animais. Ela cria tableaux,
muitas vezes sombriamente iluminados, em que suas figuras misteriosamente interagem.
Esse mundo mágico e realista é povoado de elementos idiossincráticos
tirados da linguagem pictórica que ela criou. Geralmente
há alguma narrativa subjacente ou aspecto programado em seus cenários. Seu trabalho é muito detalhado e preciso. Ela tem um domínio de moldagem e iluminação de formas tridimensionais,
criando perspectivas e mudanças de escala confiáveis.
Finalizamos sugerindo visita à sua página
web: www.rozidemant.com.
Os
Editores
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ÍNDICE
AUGUSTO MEYER | Discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras
AUGUSTO MEYER | Do leitor
AUGUSTO MEYER | Hölderlin
AUGUSTO MEYER | Jorge Luís Borges
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2018/08/augusto-meyer-jorge-luis-borges.html
AUGUSTO MEYER | José de Alencar e o romantismo autodestrutivo
FÁBIO LUCAS | Caminhos da crítica de Augusto
Meyer
OTTO MARIA CARPEAUX | O crítico Augusto Meyer
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/2018/08/otto-maria-carpeaux-o-critico-augusto.html
SILVIANO SANTIAGO | Reedição de Augusto Meyer lança
luz peculiar sobre Machado de Assis
TANIA FRANCO
CARVALHAL | Augusto Meyer, leitor de Machado de Assis
ANTONIO OLINTO | Augusto Meyer, um mestre
do ensaio
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Artista convidada | Rozi Demant (Nova Zelândia,
1983)
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Agulha Revista de Cultura
Número 116 | Agosto de 2018
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO
MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO
| FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente
o pensamento da revista
os editores não se responsabilizam pela devolução
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todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
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