quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

1998-2010 | FRAGMENTOS ROUBADOS AO TEMPO | Preparado por Márcio Simões

Diversas entrevistas

 

POESIA E POEMA

 

GC | Floriano, para você que realidade é a palavra?

 

FM | Antes de pensar nela como unidade isolada, me atrai a ideia de palavra dada e modo de ver. Portanto, ao invés de ficar a degustar-lhe como andorinha que solitária jamais fará verão algum, me ponho a propiciar um encontro gozoso, uma orgia de significância, de valores. Esta é a realidade que me interessa na palavra, a das inúmeras possibilidades de acasalamentos significantes que elas permitem entre si.

 

GC | Para a mística a palavra é dotada de poder mágico, para a filosofia a palavra é conceito, para a literatura, ela é metáfora, afinal, quantas são as faces da palavra?

 

FM | Não se pode contrapor a essencialidade mística a um plano conceitual ou metafórico. Situar essas unidades em isolado é não perceber que elas existem como Unidade, ou seja, que são o que são justamente por serem complementares, por haver entre elas uma ligação intrínseca, cuja dinâmica constitui a realidade como a entendemos. Importa descobrir quantas faces tenha a palavra? Desde que não nos limitemos a um mero exercício isolante, que tenha como consequência única a geração de uma ideia distorcida de que uma coisa é a realidade da palavra e outra a realidade humana. Aliás, muito da poesia brasileira que se veicula hoje, já a partir do Concretismo, poderia ser comentada à luz dessa distorção.

 

GC | E a poesia, é inspiração ou técnica, ou ambas?

 

FM | Tampouco aqui interessa ficar a dissecar esses elementos de uma química cuja importância radica justamente no resultado. É preciso uma certa técnica para jogar ar nos pulmões da ideia, por exemplo. Ao mesmo tempo, se técnica é prática, a grosso modo, como adquiri-la sem partir do nada? Olhar para ambos os aspectos sem excessos de romantismo ou artificialismo. Técnica não se contrapõe à liberdade. Nenhuma arte sobrevive sem ambas.

 

(Entrevista concedida a Gustavo de Castro, s/d)

 

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FF | Usted como poeta, ¿cómo vive la libertad de su palabra?

 

FM | Não há uma agenda mágica a ser seguida. O dia é feito de um amontoado de expectativas, surpresas, acertos. Eu sou um franco-atirador. A liberdade de minha palavra me custa sangue existencial, porém sem dramas, sem excessos de autoestima. A rigor, viver não é um exercício fácil para ninguém. Acho que os artistas em nosso tempo tendem a valorizar em demasiado sua condição, justamente quando menos correspondem às expectativas em torno de suas obras e atitudes. Há um teatro da imagem, algo patético. Tenho muito trabalho pela frente. Apenas isto.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

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MM | Toquei na Inspiração, palavra quase que absolutamente repudiada pela crítica e grande parte dos artistas. Salvador Dalí, no entanto, tinha-a como um dos itens indispensáveis à toda crítica, exegese. Drummond, ao final da vida, teve uma compreensão parecida e foi duramente criticado pelo João Cabral por isso. Já o Chico e a Clarice Lispector assumiam que lhes era impensável a criação fora desse estado. E você, como escreve?

 

FM | É uma bazófia qualquer rejeição à inspiração, porque ela parte de um diálogo, do estar aberto, receptivo, ao que se passa no mundo, a começar pelas inquietações individuais. No fundo, o que se dá é a velha luta cartesiana de situar a razão como fonte única de conhecimento. Não parece incrível que poetas brasileiros recusem a inspiração em um país tão profundamente marcado pelo catolicismo? A que Deus nos entregamos tão cegamente?

 

(Entrevista concedida a Mário Montaut, 2002)

 

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Arte não é disputa, mas antes afirmação de uma perspectiva outra a ser considerada. Arte não impõe, o que faz é discordar de mecanismos viciados, e o faz não teoricamente, mas sim com a presença estética de suas pretensões.

 

(Entrevista concedida a Mário Montaut, 2002)

 

SURREALISMO

 

JB |¿Existe el surrealismo hoy, dónde, cómo?

 

FM | Siguen existiendo dos perspectivas del surrealismo: la formación grupal, que todavía se puede verificar en varios países –en nuestro continente, en Brasil, Chile y Estados Unidos, por ejemplo–, y la afirmación de un estado de espíritu, la búsqueda de las fuerzas del instinto, del sueño, del subconsciente, al mismo tiempo que una afirmación de la realidad. Todo esto, de una manera y otra, absolutamente integrado con la libertad y el amor, al decir de Pellegrini, que “configuran la vida integral del hombre”.

 

(Entrevista concedida a Jorge Boccanera, s/d)

 

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MS | Probablemente el siglo de los ismos… ¿No te parece que podría ser interpretada como una opción “trasnochada” la de reivindicar el surrealismo a principios del siglo XXI, practicamente un siglo después de su nacimiento y teniendo en cuenta que también el pensamiento freudiano –su indudable base– ha sido superado por la propia psicología?

 

FM | Certa vez o inglês A. Alvarez lembrou que o Romantismo recebeu, no Surrealismo, um novo impulso, não propriamente em função dos escritos de Freud, mas sim “por intermédio de uma versão nebulosa e inflada do que se pensava que Freud queria dizer”, ou seja, não era a psique que estava na alça de mira dos surrealistas, mas antes todo um mistério que envolvia o assunto. Não queriam compreender os sonhos mas vivê-los, expressar-se através da criação “da mesma forma e com a mesma força que os sonhos”. Disse Magritte que “o surrealismo reinvindica para a vida desperta uma liberdade parecida com a que temos no sonho”. E Arp acrescentou um molho poético: “Nossos atos são atos de sonhadores, de nadadores enigmáticos”. Baudelaire, graças a seu “gosto pelo Infortúnio”, no dizer de Éluard, era considerado pelos surrealistas um poeta fundamentalmente moderno, juntamente com Lautréamont e Rimbaud. O sentido de rebelião que se buscava no Romantismo interessava aos surrealistas, embora Breton tenha frisado que somente se atingisse um paroxismo, caso contrário se tornaria “uma aventura barata” – o que é lícito dizer de qualquer instância. Agora, a atualidade do Surrealismo pode ser vista a partir de uma colocação de Breton: “Não se trata aqui de uma poética: entregamos o produto do pensamento pelo que vale”. Concluímos o século XX com uma ideia completamente fraudulenta do valor intrínseco das coisas. É como se o homem deixasse de ser o homem e sua circunstância e passasse a ser apenas a circunstância. Me parece que o Surrealismo tem sido observado mais pelos erros do que pelos acertos. O estado de ânimo a que se referia Artaud para justificar a existência do Surrealismo me parece essencial trazê-lo para nosso tempo. Vivemos em uma sociedade inteiramente domesticada, alheia ao motor da inércia que a define. O Surrealismo ainda pode atuar através de um sentido de libertação do espírito. Se o problema é de corte histórico, que se mude o nome, não importa que não se chame mais Surrealismo. Seguirá valendo a urgência de mais realidade.

 

(Entrevista concedida a Mónica Saldías, 2002)

 

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MEG | Tu consideras-te um poeta surrealista?

 

FM | Eu diria que a minha poesia não se afasta de mim em momento algum, que está intimamente ligada ao que eu sou e faço. Por qualquer ângulo que se observe – o político, o amoroso, o poético –, a minha vida integra-se à perfeição à matéria queimante de meus versos. Não caberia, portanto, ater-me a ortodoxia de espécie alguma, o que me torna um surrealista, sim, desde que não se limite, de má fé, sua ação a uma condicionante historicista em isolado.

 

MEG | Sabes que a tua poesia, como a de tantos outros poetas, mesmo os da tua antologia, só é classificável como surrealista por motivos históricos e de depoimento formal dos autores, e aliás é preciso acreditar neles quando dizem: “Eu sou, ou era surrealista!” Do ponto de vista poético, ela é moderna, manifesta como a de todos nós o contato com as obras surrealistas, mas não há nela nenhuma conformação com imposições formais… À parte a escrita automática, de resto abandonada, como é que tu identificas um poema surrealista? E mesmo a escrita automática, como saber se é automática ou não, mesmo que o autor garanta que sim?

 

FM | O automatismo, a perspectiva onírica, o mergulho mais intenso no erotismo da linguagem, a percepção de uma dimensão insondável do selvagem, o dilaceramento das imagens culminando com certa atmosfera visionária, o elo intrigante com o barroco no sentido do transbordamento (fulgor) das formas, são aspectos que podem ser observados para além de um diapasão genérico do moderno, ou seja, aspectos que não podem ser encontrados nas manifestações do cubismo, por exemplo. Acrescentemos ainda aí o fascínio pela aventura em seu caráter primordial de entrega ao desconhecido, os relatos de deriva, de amores loucos etc. Creio que tanto na forma como no discurso é plenamente possível se perceber a presença do Surrealismo, mas sempre atento ao fato que não se deve restringir-lhe a atuação a um plano estético isoladamente.

 

MEG | O que há no surrealismo de tão sedutor, que continua a congregar poetas no Brasil e nos outros países da América Latina?

 

FM | É bem possível que a sedução venha desse princípio irredutível de liberdade que orienta o Surrealismo. Mas é também possível que se veja aí algum artifício de certo facilismo da criação poética. Daí a leitura equívoca de que tudo o que não faz sentido é surreal, como se costuma ouvir com relativa frequência. Diz o poeta guatemalteco Luiz Cardoza y Aragón que “escrever não é cifrar nem decifrar: é balbuciar o estupor de ser”. Pois bem, essa identificação mútua e ampla, no sangue e na letra, com o que se faz, com a criação, é o que revela o Surrealismo como sendo o princípio maior a ser buscado, aquilo a que o argentino Enrique Molina se referia como sendo um “humanismo poético”. Creio que esta é a raiz essencial da sedução do Surrealismo, e o que o torna sempre atual, pois além de todo tempo.

 

MEG | Floriano, tu dizes que no Brasil o surrealismo é ignorado deliberadamente. De que modos práticos se manifesta esse abafamento e em favor de quê?

 

FM | Essencialmente em favor da tradição formalista, racionalista, cartesiana, positivista, cientificista, da cultura brasileira. Acrescente-se aí as manifestações castradoras do nacionalismo, em suas diversas facetas. Não nos esqueçamos que os dois principais momentos de uma presença do Surrealismo entre nós coincidem com o Modernismo e o Concretismo. Agora, por outro lado, é preciso cuidar também para não criar uma versão falseada desse abafamento. Há que se discutir claramente todas as zonas de conflito de uma cultura que, regra geral, tem sido escrita privilegiando focos de interesses particulares em detrimento da veracidade dos fatos.

 

(Entrevista concedida a Maria Estela Guedes, 2002)

 

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FF | Usted mantiene una “relación entrañable” con el surrealismo, pero no se considera un surrealista, sino un defensor del surrealismo, alguien que ha hecho suya la defensa del surrealismo… ¿Por qué?

 

FM | Eu não sei se cabe mais esta afirmação, de ser um poeta surrealista. Evidente que ao ler a minha poesia não há como não pensar na forte influência, no diálogo intenso com o surrealismo. Mas há outros componentes, uma aclimatação do surrealismo a outras instâncias no âmbito da configuração de uma poética. No Brasil o único ismo que vingou foi o modismo. Eu tenho chamado atenção para a importância do surrealismo, suas percepções e derivações ao longo da cultura brasileira, mas ninguém quer saber disto. Há uma geração nova interessada, mas isto também pode ser apenas mais uma onda.

 

FF ¿Del surrealismo en nuestro continente se tiene una idea bastante imprecisa?

 

FM | Absolutamente imprecisa. No próprio caso venezuelano podemos pensar em Vicente Gerbasi, Juan Sánchez Peláez e Juan Liscano como figuras referenciais desta imprecisão. O primeiro teve uma participação importante em forma de diálogo e difusão, sem admitir vínculo expresso em momento algum; o segundo declarou sempre sua filiação oscura; e o terceiro buscou restringir o campo de ação do surrealismo e negou qualquer influência que sua poesia tenha sofrido, mesmo em um livro como Cármenes. E depois esta cegueira do Stefan Baciu – por sinal, jamais contestada pelos venezuelanos –, de situar José Antonio Ramos Sucre como um precursor do Surrealismo. A imprecisão, em âmbito continental, vem em grande parte da ignorância, do desconhecimento do que houve, da maneira como o surrealismo era percebido nos diversos países. É plenamente possível conversar com alguém entendido em Surrealismo na Colômbia e ele não saber da existência de um surrealista no Paraguai ou na Guatemala, por exemplo. Sem falar na rejeição natural ao que vinha da Europa, a necessidade do novo mundo fundar a sua própria existência – como se isto fosse possível sem antecedentes & afinidades. Nos anos 60, por exemplo, em várias partes do continente há uma boa revitalização do Surrealismo, mesclando situações não tão distintas como Beat Generation e Nadaístas, El Techo de la Ballena e El Corno Emplumado etc.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

POÉTICA E PROCESSO CRIATIVO

 

FF | ¿El verdadero protagonista de sus poemas es Usted, o es una figura a medias real, a medias mítica: el poeta?

 

FM | É sempre uma mescla, porque nós mesmos temos algo de mítico e até mesmo de real. Há quem duvide da parcela de realidade que caracteriza a existência de um poeta? Pois esta dúvida é justamente a raiz de todo grande poema.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

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LF | A poesia de Floriano Martins parece se apresentar (me corrija se estiver errado) com uma forte carga racional, embora não dispense o lado emocional. Fale, explique de onde vem e como nasce a poesia desse nordestino. 

 

FM | Eu não vejo motivo para separar tais elementos. Não o separamos em nenhum instante de nossas vidas, de maneira que fazê-lo em relação à identificação de uma poética é contribuir para o afastamento entre arte e vida. A poesia nasce sempre de um atrito, é fruto de uma zona conflitante do ser em seu convívio com o outro que traz consigo. Se estamos a falar do poema e não da poesia, ou seja, como surge este objeto mágico, em meu caso há certa complexidade, porque geralmente crio interiormente, como se fossem esboços, embriões, todo um traçado imaginário de um livro inteiro, ou quando menos de um largo poema, que sempre se mostra como capítulo de um livro e de tal forma se articula com os demais trechos, de maneira a estabelecer uma unidade. Mas evidente que este riscado originário vai se modificando, consciente e inconscientemente, até que chega um momento em que se decide a saltar para o papel, a assumir um corpo. Este segundo momento é medido por certa volúpia da escrita, quase uma possessão, onde simplesmente deixo que jorre toda aquela matéria ígnea que vinha se desenhando em meu íntimo. Desconfio que esta descrição mínima dê para se fazer uma ideia acerca do estalo da criação em mim.

 

(Entrevista concedida a Lorenzo Falcão, 2006)

 

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AS | O que te impulsiona a escrever? Já sofreu alguma violência?

 

FM | Não creio na criação artística que não seja um descarnar-se, uma violação de códigos, travas, conceitos, de maneira que o artista busque desentranhar-se, compreender-se, afirmar-se. Um elemento muito forte em minha poética está relacionado com o sentimento de perda, seja a dor de quem perde alguém querido ou a dor de alguém se desfazendo de si mesmo, perdendo contado com sua humanidade intrínseca.

 

AS | Na sua obra você dá maior ênfase sempre à transgressão sexual? Você acha que essa é uma transgressão privilegiada?

 

FM | Toda a violência do mundo tem por componentes centrais a religião e a sexualidade. Por vezes confundem-se entre si. Não esqueçamos que a transgressão é intrinsecamente uma violência. Cercear ou romper: nos dois casos a presença de um radicalismo. E conceitos como beleza e bondade também possuem uma ordem a ser violada. A sexualidade é o componente básico de nossas sociedades reprimidas. A seu redor se cultiva toda natureza de preconceitos e impedimentos de uma compreensão real dos fatos. Mas qual transgressão sexual seria possível hoje, quando um falso liberalismo se implanta e faz com que os tolos da terra se sintam plenos de liberdade?

 

AS | Quando você escreve sente estar escrevendo contra alguém, contra algum autor ou contra algum determinado estado das coisas?

 

FM | Ninguém escreve a favor, nem mesmo o texto de uma campanha publicitária ou de apresentação de metas de um candidato a qualquer cargo. Toda escrita é contra. A reflexão é um dispositivo de discordância, mesmo quando concordamos com algo. O que importa saber é se tornamos a escrita indicativo de uma vingança pessoal ou de afirmação de um princípio. Contra o que escrevo? Contra o isolamento que o homem impôs a si mesmo.

 

AS Você se arrepende de algum excesso?

 

FM | Não, não. Os excessos não foram feitos para o arrependimento.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

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FF | ¿La muerte constituye un motivo poético en su poesía?

 

FM | Há sempre duas perspectivas envolvendo um tema dessa natureza: a apreensão do conceito em si e a experiência particular. A morte me toca mais por este segundo plano, considerando que convivi com a perda de toda a minha família. Houve aí um insight que fez aparecer leituras de infância, que despertou motivos, conexões etc. Naturalmente este ambiente se amplia, define toda uma perspectiva estética, e hoje a morte funciona como um motivo bem acentuado, considerando a perspectiva criminal que lastimavelmente define a sociedade humana.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

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AP | Cuéntanos de tus “presentaciones integrales” en variados lugares, donde poesía, imagen visual y elementos sonoros conforman el universo de Floriano Martins.

 

FM | Las variaciones ocurren de acuerdo con las posibilidades físicas del espacio para el que me invitan. Ya fue posible realizar una lectura dramática de un collage de textos míos y de William Burroughs, montado mediante la técnica del cut-up usada por Burroughs. En el escenario, cuatro actores, una escenografía improvisada y la voz en off del propio Burroughs y algunas canciones de él con Tom Waits. Esto fue en San Pablo, donde también, en 2008, di una conferencia sobre fotografía digital incluyendo la proyección de imágenes fijas y en movimiento y canciones. Cierta vez, en Panamá, fue posible montar, en un adorable ambiente de creación colectiva, un espectáculo ligando poesía, música y danza. En Ceará, en 2007, hice una lectura de poemas mezclada con proyección de imágenes fijas y en movimiento, canciones y banda sonora. Como trabajo también con letras de canciones, fotografía, collage, lo que he intentado es crear un espectáculo teatral reuniendo todos estos elementos. Para 2009, preparo una muestra de collages, fotografías digitales, objetos, poemas, video, canciones y banda sonora, elementos que actuarán conjuntamente en torno a un punto estético único. Por supuesto que esto no me aparta del libro, este temor absurdo que se tiene de que las tecnologías suplanten al libro. Al contrario, refuerza la idea de que el arte necesita siempre ampliar su espectro de manifestación, de que no le interesa la sustitución sino el incremento, la suma, la multiplicación.

 

(Entrevista concedida a Alfonso Peña, 2009)

 

COLAGEM

 

FFF | Como cuidas das figuras que recortas?

 

FM | Não recorto figuras para um arquivo, tanto quanto não faço anotações para poemas. Tenho a dificuldade em mim das coisas se guardarem para depois, dado o desprendimento de minha natureza, talvez. O tempo da colagem, cada trabalho em si, possui a extensão do que a peça julga necessário para se concluir. Creio que se dá uma espécie de convulsão interior, até que tudo se dissipe. O que faço, isto sim, são anotações de memória; vão se tecendo insinuações, pequenos traços, sombras etc. Em parte, recorto figuras de memória; em parte, me entrego ao vertiginoso jogo do acaso. Creio que as figuras que não forem localizadas naquele momento em que me sento para definir a colagem, digamos, para montá-la, não estavam, por uma outra razão, prontas para aquela peça. Como as imagens de um poema – ainda que traga comigo uma necessária ideia geral daquilo que pretendo. Nada mais que isto.

 

FFF | Gostaria que falasses um pouco do teu entendimento de colagem como um teatro de imagens, um drama, uma representação.

 

FM | Criamos desde o silêncio, desde o invisível. Toda a criação é diálogo, ou seja, busca estabelecer um diálogo entre ser e mundo. Tudo o que julgamos fundar: a representação de um desejo, um dramatizo, o drama coletivo de nossas experiências individuais. Não vejo razão para a colagem ser dissociada do poema, do teatro, do cinema. Lidamos com imagens, em toda e qualquer circunstância da expressão artística. Creio que reside na fusão do dramático com o lírico o toque mais fascinante, mais profundo, que se pode imprimir ao objeto artístico. A dinâmica de uma colagem deve ser também a dinâmica de uma representação, de um teatro de imagens.

 

FFF | Por que dizes que a colagem é reencarnação?

 

FM | Segundo o Budismo, o que vivemos como homens é o estagio mais elevado do Carma. Assim me parece que a ação que sofre a imagem no âmbito da colagem, qualquer que seja o estágio anterior, irá viver ali o seu grande momento de esplendor, de magnitude. Algo como um ressurgimento, mas baseado na ideia de que esteve anteriormente em preparo para a debulha de seu fulgor.

 

FFF | De que maneira tua poesia penetra na colagem e vice-versa? Existe realmente uma realmente uma relação direta, tal como se observa nos trabalhos de Sérgio Lima, nos quais ele transcreve, quase que literalmente, suas colagens para a poesia?

 

FM | Não vejo razão para que se estabeleça, em meu caso, uma dissociação entre poema e colagem. Fazes referência ao Sérgio Lima e poderíamos acrescentar o chileno Ludwig Zeller. Se acaso nós fizéssemos um filme ou uma escultura, decerto esta outra faceta de nossa expressão artística comungaria com as demais. Isto se dá por uma afinidade de natureza estética, de princípio estético. Seja como for, discordo quando falas em transcrição literal, o que acabaria por tornar dispensável uma das duas expressões: o poema ou a colagem. Creio que há um diálogo e uma complementação, em uma palavra: comunhão. Reitero aqui a minha atração pelas bodas do dramático com o lírico. Através do poema, tenho conseguido expressar melhor esta minha intenção. Sou um aprendiz ainda menor no que diz respeito a colagem. De qualquer forma, por esta vertente sigo e me enrosco e torno a seguir. O poema me parece também ter equacionado melhor os aspectos rítmicos. O fato é que o pouco exercício da colagem (incluindo o pensar menos nela – e isto por uma razão mesma do envolvimento maior com o poema) faz com que pese mais um prato da balança, porém isto não interfere no acima declarado. Imagine que canções não comporia Modigliani ou que poemas não escreveria Keith Jarrett…

 

(Entrevista concedida a Fernando Freitas Fuão, 1998)

 

FORMAÇÃO, INFLUÊNCIAS, INFÂNCIA

 

AS | Até que ponto você se vê como um transgressor? Seus hábitos são contestatários?

 

FM | Eu diria que sou naturalmente contestatário. Franco-atirador desde jovem, tendo abandonado escola, cidade, amores, e saído em busca de alguma razão de ser, desde então tenho a vida pautada pelo que se poderia chamar de exceção. Aí havendo transgressão de códigos, não resta dúvida.

 

AS | Quais são suas influências literárias?

 

FM | Eu tenho menos influências literárias do que musicais, pictóricas e teatrais. Na verdade, me interessam aqueles artistas que buscam uma totalidade, cuja obra está arraigada por um sentimento de mundo que ultrapassa os limites do meramente artístico, o ato estético em isolado. Citar nomes por vezes sugere equívoca presunção. Mas há uma trilha bem medida de diálogos que me leva de William Blake a Roberto Piva, por exemplo, passando por José Lezama Lima, Georges Bataille e Robert Graves.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

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GB | Cuales son las influencias más fuertes en tu escritura?

 

FM | O ritmo vertiginoso que encontro na música de Keith Jarrett, o transbordamento de imagens que sugere a poesia de Lezama Lima, a multiplicidade de vozes que confirmam um diálogo entre poética e plástica em William Blake, a descida aos subterrâneos do mito na obra ensaística de Robert Graves, eis aí algumas identificações, muito mais do que propriamente influências.

 

GB | ¿Cómo nace tu pasión por la poesía hispanoamericana? Hablanos un poco de tu trabajo al respecto…

 

FM | Nasce de um espanto meu ao descobrir a grandeza de vozes como Vallejo, Herrera y Reissig e Huidobro, ao mesmo tempo em que confirmação de minha ignorância completa a respeito do tema. O pouco que antes havia lido, em Cardenal, Borges (poemas) e Neruda, jamais havia provocado tal espanto. Desde então tomei como tarefa quase única minha tratar de descobrir essa poesia e difundi-la em meu país. Naturalmente que isto requer uma disciplina e mesmo uma teimosia impressionantes. Os obstáculos são muitos, tanto no sentido de se descobrir autores e livros quanto, e principalmente, no sentido de se encontrar meios para a difusão desta poesia em um país completamente cego a tal realidade poética.

 

(Entrevista concedida a Gabriela Bruch, 2002)

 

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FF | ¿Desde cuándo escribe? ¿Podría recordarnos algún suceso que ilustrará en torno a los orígenes de su vocación poética?

 

FM | Algo como uma queda da escada ao buscar livros mais ao alto na biblioteca de meu pai ou então a mãe brigando comigo por haver recortado figuras em suas revistas sagradas? Estes são indícios de uma vocação poética? Haverá uma vocação poética? A predestinação acaso não é uma discreta forma de presunção? Na adolescência eu roubava livros em livrarias e amigos poetas me repreendiam com sua altíssima moral baseada na propriedade privada. Até que ponto a vocação confunde talento e teimosia? Algum talento eu devo ter, mas o que pesa mesmo deve ser uma incorrigível obstinação.

 

FF | ¿Cuál es su relación con las artes plásticas?

 

FM | Muitos livros em casa, na infância, casa de meus pais, revistas em quadrinhos (comics), edições fascinantes chamadas de fotonovelas, que eram adaptações de clássicos da literatura mundial, e também o nascedouro da televisão; as manhãs de domingo que meu pai me levava ao cinema; tudo isto teve um peso extraordinário. Eu usava guache e reproduzia algumas das ilustrações dessas revistas, capas de romance, e ao mesmo tempo recortava figuras como quem está montando um pequeno acervo. Mas fazia tudo isto de forma embaralhada, ouvindo música de todo tipo e devorando os livros da biblioteca de meu pai, que era uma biblioteca absolutamente caótica, onde se encontrava a literatura clássica russa, o teatro elisabetano, manuais de fabricação de aviões de guerra, comics do western italiano etc.

 

FF | ¿Influencias en su poesía? ¿Las hay?

 

FM | Sim, há poetas e livros que foram fundamentais para mim. Posso recordar tanto um livro como A luta corporal, do brasileiro Ferreira Gullar, quanto meu primeiro contato com uma antologia do chileno Humberto Diáz-Casanueva. Nos dois casos havia tanto de voracidade existencial quanto de requinte de linguagem. Mas o território das influências – sempre prefiro o termo diálogo – jamais se limitou às leituras, menos ainda apenas de poesia. Na infância foram de grande importância para mim, ao lado da leitura de um romance como Crime e Castigo, de Dostoievski, ou dos comics, a presença da música, seguida, na adolescência pelas artes plásticas, o cinema e o teatro. Mas evidente que há um denominador comum nisto tudo, e eu diria que é a tragédia, no aspecto teatral do termo.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

CONTEMPORANEIDADE

 

HAT | El estado de la poesía brasileña cuando comenzaste a publicar.

 

FM | He comenzado a publicar tempranamente, y en realidad considero una infelicidad asomarse tan de inmediato a los primeros escritos. Pero es un desafío que creo haber vencido. Me siento por completo ajeno a mi generación, dado que había una patología del yo, un egocentrismo excesivo del cual yo no me sentía partícipe.  Luego esa condición pasó a ser una decoración; es decir, el descubrimiento del yo hacía posible llegar a una comprensión del mundo en el que el hombre no fuera simplemente víctima. Pero los poetas no tenían mucho más que su propio ego para ofrecer. Y un ego, separado de la vida misma, no puede ser más que una decoración.

 

(Entrevista concedida a Harold Alvarado Tenorio, 2002)

 

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AS | Você julga que sua escrita é mais transgressora, mais radical do que a de seus contemporâneos?

 

FM | Qual a extensão de minha contemporaneidade? A todo instante descubro alguém de quem nunca havia ouvido falar. Melhores, piores? Há uma imensa dose de bobagem em tudo isso. Não somos piores ou melhores em relação a nada. Cabe somar e não diminuir. O que se passa com minha aparente contemporaneidade é que se confunde sujeição ao mercado, afeições burocráticas e influências de ordens diversas (incluindo o nepotismo), com renovação de valores, confirmação de uma tradição, riscos a serem cumpridos. Nada que diferencie minha geração – se há uma identificável – do que lhe é anterior.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

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GB | ¿Cuál es el panorama de la poesía actual en Brasil?

 

FM | Quase nada se alterou no panorama da poesia brasileira ao longo do século XX. Ou seja, segue havendo uma inclinação ao formalismo e ao monólogo, e tal inclinação define o que se poderia chamar de tradição oficial. Ao mesmo tempo, encontramos um largo rio subterrâneo, de vozes que nadam contra a corrente dessa tradição. Tornar este rio subterrâneo conhecido requer um esforço gigantesco e nisto se encontram empenhados alguns raros abnegados.

 

GB | ¿Cómo se inserta tu obra en ese panorama?

 

FM | Naturalmente como uma contra-tradição, sobretudo se pensarmos em um elo que se percebe ali entre Barroco e Surrealismo, ponte mágica impedida em um Brasil que jamais buscou relacionamento algum com a riquíssima poesia hispano-americana.

 

(Entrevista concedida a Gabriela Bruch, 2002)

 

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AAF | Por fim, em que a poesia de Portugal se diferencia da do Brasil e em que a poesia do Brasil se diferencia da de Portugal. Qual o benefício dessa informação poética entre os poetas dos dois países?

 

FM | Estas comparações correm um sério risco de estabelecer equívocos de âmbito hierárquico. Após o período áureo das vanguardas, a margem de lá do Atlântico retomou seu apego pela tradição, e talvez se possa ver aí demasiado receio de meter-se em novas aventuras estéticas. Na margem de cá, criou-se um estado frenético de obsessão pela vanguarda, rejeitando estruturas poéticas enganosamente entendidas como tradicionais (ou mesmo caducas). Mas isto em linhas gerais. Seria quando menos ingênuo (ou mesmo irresponsável) determinar um comportamento padrão nas duas situações. Inclusive porque sempre haverá dois planos em que se move a criação artística: a superfície em que reinam as virtudes do imediato e do transitório, e o rio subterrâneo por onde teimam os pecados do apuro e da permanência.

 

(Entrevista concedida a Álvaro Alves de Faria, 2008)

 

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FF | Algo que me llama la atención de usted, es el contacto permanente con jóvenes poetas, aconsejándoles sobre el verdadero sentido de la poesía. ¿Qué le recomienda a los poetas emergentes de mi país?

 

FM | Absolutamente nada, porque os conselhos nunca existiram para ser seguidos. Que se danem, que tratem de encontrar uma voz própria, que morram, que se irritem, que desistam, qualquer coisa.

 

(Entrevista concedida a Franklin Fernández, 2006)

 

MODERNISMO, NACIONALISMO, PROVINCIANISMO

 

RM | Qual é a opinião que sustentam (ainda que não seja totalmente uniforme) perante as grandes figuras canonizadas posteriores ao Modernismo (Bandeira, Drummond, Murilo Mendes, Cabral de Melo Neto etc.).

 

FM | Particularmente vejo que o Modernismo no Brasil ainda enfrenta um considerável dilema: a relação entre as vozes que não foram amplamente discutidas e uma leitura excessiva das contribuições daqueles nomes centrais. Trata-se de um duplo problema: de caráter interno, de interesses na definição de um cânone, e externo, pela ausência de comparação, por exemplo, com o equivalente período na América Hispânica, o que certamente nos permitiria alcançar uma visão menos passional dos desdobramentos estéticos ocorridos no Brasil.

 

(Entrevista concedida a Rodolfo Mata/Regina Crespo, 2001)

 

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AS | O que você acha sobre o marketing da rebeldia atual? Ou seja, muitos são rebeldes apenas para posar como tais na mídia.

 

FM | A pergunta já traz consigo a resposta. Estamos rendidos pelas campanhas publicitárias, articulações no congresso etc. Somos um país em franco estado de degradação humana. Há um falso humanismo anunciado pelo sociólogo que nos preside. Quaisquer pontos estatísticos que anunciem uma melhora, o fato é que carecemos de compreensão de nosso papel no mundo, os brasileiros não sabem o que representam, são sempre essas vítimas do futebol ou das grades de armação política, faturação irregular, ajustes fiscais. Falar em rebeldia entre nós é uma piada. Mas poderíamos dizer: algo funciona no Brasil: a anulação de disjunções? Se concordamos eliminamos toda uma suposta categoria de dissidentes. Mas vamos: música, teatro, dança, poesia, romance etc., onde localizamos essa afirmação de um novo pensar, de uma confirmação estética, desdobramento anímico, segmento onírico, tradição, o que seja? Em parte alguma. Afirmar um Brasil quando menos curioso pela indigesta relação ao que representa internacionalmente sua cultura e a medíocre condição de gestor de um folclore distorcido e castrador, este sim, é um marketing a ser discutido, contestado, sim, desde que se apresente algo e em tal sentido, por mínimo que seja.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

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WL | Há alguns anos, tem surgido revisões críticas do Modernismo tanto no âmbito ensaístico, como se vê nos trabalhos de Paulo Franchetti e Rodrigo Petronio, quanto em teses acadêmicas defendidas em universidades gaúchas e nordestinas. Exemplifico a direção dessa revisão com um breve trecho de Paulo Franchetti; para Franchetti a eleição do Modernismo como ponto de culminância de nossa atividade literária acarreta dois problemas: “Em primeiro lugar, essa escolha tende a gerar uma apreciação esquemática dos períodos imediatamente anteriores, que, por necessidade argumentativa e pela adoção das bandeiras modernistas pelo historiador literário, acabam sendo apresentados como zonas cinzentas, sem relevo, em que apenas se destacam os anúncios do que está por vir. (…) Em segundo lugar, a mesma ideia de chegada promove uma narrativa em que a literatura brasileira vai se formando como organismo ou sistema ao mesmo tempo em que a nação, sendo esse momento de autonomia ou completude a segunda fase modernista. Essa perspectiva promoveu (…) um recrudescimento da identificação romântica entre o nacional e o estético, entre a construção nacional e a construção estética, que durante os anos 1960/1970 deu origem à perversa polarização entre ‘esteticismo’ e ‘participação’ que marcou os debates literários e a cena cultural brasileira de modo geral”. Sua posição sobre o modernismo, sobre Mário e Oswald em especial, tem sido ambivalente. Poderia falar um pouco a respeito.

 

FM | Ambivalente? Será que perdi alguma parte da conversa? Vamos fazer o seguinte: reproduzo aqui, como reforço à tua lembrança da boa reflexão do Paulo Franchetti um trecho de ensaio do Lêdo Ivo, uma valiosa analogia que traça entre o “Ensaio sobre a história da literatura brasileira” (1836), de Gonçalves de Magalhães e as artimanhas de nosso Modernismo de 22. Diz lá o poeta: “A teoria literária de Magalhães não se limita, pois, a pregar a autonomia estética, numa correlação de forças que, abrangendo a apropriação do pecúlio romântico ocidental, corresponde ao primeiro movimento de antropofagia cultural do Brasil, nesse particular antecipando o Modernismo de 1922, o qual, em muitos dos seus aspectos, é uma rumorosa e festiva repetição do primeiro e seminal Modernismo deflagrado em 1836, como o comprovam os seus manifestos assemelhados, a postura selvático/internacionalista de alguns de seus corifeus, e ainda a presença de um francês em seu processo de detonação. Em lugar de Ferdinand Denis, como anunciador de uma nova verdade estética, temos a figura de Blaise Cendrars, cujo Kodak foi decerto o espelho em que Oswald de Andrade se mirou para produzir Pau Brasil.” Este ensaio, não fosse mais ampla a luz que lança sobre o cenário de nosso Modernismo, valeria tão-somente pela centelha de curiosidade em relação a aspectos pouco conhecidos de nossa história literária. Não sei onde detectas ambivalência no que penso acerca de Mário e Oswald de Andrade. Jamais declarei a mínima simpatia pela poesia de ambos, menos ainda no que diz respeito a teorias e regências do Modernismo. Mas confesso que o tema já me aborrece, demasiado monocórdio, como se essas fossem acaso as peças fundamentais desse momento na cultura brasileira.

 

(Entrevista concedida a Wanderson Lima, 2010)

 

ESCRITOR & SOCIEDADE

 

TL | ¿Qué nos dice de la vigencia o no del compromiso social del escritor?

 

FM | El tema ha perdido vigencia, porque ha sido ubicado de una manera imperativa. La participación social o política del poeta debe partir de él mismo, no puede imponérselo la sociedad. El poeta tiene derecho a no querer nada con nada. Su escritura es ya un compromiso. Es curioso que a los poetas se les pida una posición política, pero no se le exige a los políticos una posición poética.

 

(Entrevista concedida aos editores da revista Tropel de luces, 2004)

 

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FM | Creio que já venho respondendo a esta pergunta nas passagens anteriores. Há um conjunto de forças em pleno vigor que levam a esse entorpecimento do desejo. A criação artística não parte senão de uma afirmação individual e tal afirmação se dá sempre no sentido de questionar os valores do tempo em que se vive. O artista é essencialmente alguém que se interpõe a qualquer padrão sistêmico de condução social. O que se dá é que o “amortecimento progressivo” a que te referes age em todos os sentidos, brutalizando ou idiotizando a existência humana. Seu raio de ação, contudo, não interfere exatamente na criação, mas antes revela o caráter abjeto de uma espécie de gente que oportunamente se faz passar por artista. O idiotismo imperante é que nos torna a todos reféns de uma indústria cultural.

 

(Entrevista concedida a Mário Montaut, 2002)

 

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AS | Como você se situa politicamente, esquerda ou direita?

 

FM | A situação, em se tratando de política, já de muito não passa de um jogo de interesse. O Brasil é um país de larga experiência de prevaricações políticas. Toda a nossa história está pautada por negociações que extrapolam a noção de política como uma ciência humana. Interessa-me a honestidade intelectual e a busca de um humanismo poético. Não me servem de nada os gastos conceitos de direita e esquerda.

 

AS | Você já se sentiu discriminado, maldito, como escritor?

 

FM | Sim, sim. Vivo em uma terra maldita. Daqui saíram artistas como José de Alencar, Alberto Nepomuceno, Antonio Bandeira, Chico Anísio, e jamais foram percebidos como, digamos, orgulhos da terra. Sou o tradicional maldito na própria casa.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

CÂNONE LITERÁRIO

 

AS | Qual a sua opinião sobre os escritores canônicos, os que privilegiam o estético ante o conteúdo? Como você se situa a nesse sentido? Você acha que um dos dois lados tem maior importância? O transgressor ou o canônico?

 

FM | O canônico é uma imposição ou uma aceitação? A tentativa de um clássico imposto goela abaixo soa patético. A ideia de um cânone como defendida por Harold Bloom é restritiva e pouco salutar para a compreensão dos desdobramentos estéticos em nossas culturas. Não tenho pela conta de canônico um privilégio do estético. Mas pensemos: se invertemos a polaridade, o equívoco se reproduz. Se me apresentas o transgressor como alguém que cultua o conteúdo acima do aspecto estético, então estamos perdidos, de um lado ou de outro. A velha máxima sobre arte revolucionária: chorar a morte da mãe ou caprichar no batom não significa nada isoladamente.

 

(Entrevista concedida a Alex Sanghikian, s/d)

 

POESIA E LITERATURA HISPANO-AMERICANA

 

RM | O contato com o universo hispano-americano é uma prioridade da revista Agulha? Por quê?

 

FM | O espaço latino-americano é nossa ambientação indiscutível, política e culturalmente. Em toda a história os brasileiros não consideraram tal perspectiva. Muitos dos males que nos afligem radicam nessa ausência de percepção para um diálogo entre culturas. Isto para nós, sim, é que é prioritário. Como há um abismo visível no que respeita à América Hispânica, entende-se que cuidar de fundar laços seja essencial para a revista. Está certo. E temos feito mais neste sentido do que todos os governos e empresários da cultura em nossos países. E não o fazemos movidos por um frisson expansionista, de afirmação de fronteiras, mas antes na busca de se estabelecer um lugar de encontro onde possam conviver as particularidades. De qualquer maneira, o universo editorial da Agulha não se esgota aí.

 

(Entrevista concedida a Rodolfo Mata/Regina Crespo, 2001)

 

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HV | Hace un tiempo, como unos treinta años, Octavio Paz en su libro de ensayos El signo y el garabato, planteó una interrogante polémica en torno a la literatura hispanoamericana y la brasileña: “La literatura iberoamericana es doble: la escrita en portugués y la escrita en castellano”. De alguna manera nos lleva a pensar en una geografía dividida. A estas alturas de la historia iberoamericana y sus nuevas relaciones políticas, podemos afirmar que éstas han cambiado lo suficiente. Tú, que eres un conocedor de la realidad literaria del continente crees que se puede, de una vez por todas, pensar en una poesía latinoamericana. No sientes que aún hay barreras entre nosotros. Nos interesa más un autor impuesto por el mercado del libro, que un libro de un autor nuestro.

 

FM | No creo que tenga habido cambios significativos. Personajes como Octavio Paz, por ejemplo, están marcados por cierta ambigüedad: sus acciones no corresponden al color de sus críticas. Los principales intelectuales, los más influyentes y actuantes, en Latinoamérica, dime, ¿cuántos efectivamente trabajaron o trabajan en nombre de esa integración? Los encuentros decisivos entre culturas se logran a través de la acción sistemática de que son ejemplos ediciones de libros y revistas, traducciones, organización de eventos internacionales etc. Ya no se puede decir que los gobiernos sean los únicos culpables, porque artistas e intelectuales han cumplido también su papel de mantener la cultura ibero-americana aislada entre sus 20 países, independiente del hecho de que 19 de ellos hablen español e solamente uno hable portugués. El problema jamás estuvo en el idioma.

 

(Entrevista concedida a Hermes Vargas, 2010)

 

MÚSICA

 

FM | Acho valioso o trabalho do Almir Chediak, de grande importância em um país onde não se percebe a presença de um projeto estético em quase nenhum de nossos intérpretes. Todos atiram a esmo à espera de uma aprovação do mercado. Chediak sistematizou uma série de valiosos encontros entre bons intérpretes e alguns de nossos melhores compositores. É uma lástima deparar-se com a lassidão ou negligência de repertório em intérpretes como Alcione ou Gal Costa, além do desperdício imenso de talento em uma Paula Toller ou na Cássia Eller – esta, a exemplo da Elis Regina, deixou-se estupidamente morrer. Aos poucos a chamada MPB foi se tornando essa pasta babosa que inclui todo um musak preparado para atender à pista de imbecilidade da televisão. O curioso é que boa parte do elenco que poderia ao menos conduzir este processo com um pouco menos de indulgência, fez questão de tornar-se seu propagador, quase um emissário. Não há rock nacional. Esta é outra bobagem. Há apenas rock. Mesmo que um chinês componha um bom tango, ninguém na China o entenderá como um tango nacional. Será sempre tango. Como sempre jazz. Como sempre samba. O Cazuza se aproximou melhor do blues do que propriamente do rock. A essência da cultura brasileira é a mestiçagem. O que temos de mais rico está baseado justamente na mistura. O choro ou a bossa nova, por exemplo, vêm desse sentimento nato de mestiçagem.

 

(Entrevista concedida a Erico Baymma, 2007)

 

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FM | Acho que nosso samba sincopado seria bem recebido pelo Zappa. Imaginemos a patética situação de um kamikaze quando em pleno vôo de morte falha o motor e não há como atingir o alvo ou sequer como retornar. Por vezes olho a maneira como, no Brasil, toda uma faixa criativa, uma parcela a priori sensível de uma cultura, vem reagindo aos próprios impulsos, como toda uma sociedade artística se mostra, como estão todos reagindo em função de mercado, pensando da maneira mais frívola, enfim: não há mais ação, uma atitude surpreendente, tudo é ajuste contratual e ajuste sempre em favor do contratante. A despersonalização, por sua vez, não é sinalização de autismo. A afirmação esnobe de um ego comporta mais isolamento do que a despersonalização quando esta mergulha no sem nome para fazer emergir uma compreensão de aspectos que nos identificam, que nos são comuns. Evidente que isto está muito presente no caso do universo poético de um Chico Buarque. A maneira como ele é “muitos e muitas” é uma coisa interessante. Observe que, no geral, as pessoas lêem – não os críticos, não os acumuladores de teses vazias – Fernando Pessoa como sendo o mesmo em qualquer heterônimo. Todos somos influenciados apenas por Pessoa, sobretudo os que negam tal influência. Claro que a evidência de uma obra está diretamente ligada ao raio de sua influência. Contudo, evidência não quer dizer importância, é certo. Há evidências frustrantes. Como entender que Francisco Mignone tenha influenciado bem menos os músicos brasileiros do que Villa-Lobos? Como entender o esquecimento em que caiu toda a obra de Abel Ferreira? Como entender que raramente se fale entre nós de Camargo Guarnieri? Desta maneira é que ninguém toca no aspecto da despersonalização na poética de Chico Buarque, pelo simples fato de que somos corruptíveis pelo ego, somos uma cultura de aparências, onde raramente a visão aprofundada da realidade tem uma compreensão, o entendimento de uma maneira de ser. Frank Zappa é uma referência muito cara ao nosso diálogo justamente por essa ausência de ruptura que se verifica na cultura brasileira. Quem rompe com o que em todo um itinerário de nossa criação artística? Não temos alguém que tenha sido tão cáustico na crítica ao way of life brasileiro, e não me venha ninguém dizer que o jeitinho brasileiro não equivale de alguma maneira ao way of life estadunidense. Pessoa expôs toda uma sociedade, entre afirmação, chacota e recusa, percebeu maneiras distintas de tratar de cada assunto. É um caso extremo de despersonalização no sentido de afirmação de algo bem maior, na arte, do que um gozo de umbigo. Zappa esteve no mesmo fio, percebeu o quanto era (e a situação piora) ágrafa a sociedade que se estava implantando nos Estados Unidos. Ironizava-a, de todo modo, mas sem perder a conexão com uma perspectiva visceral da existência humana. Zappa é uma espécie de último grande romântico ativo. Neste sentido, Chico Buarque se aproxima dele. É interessante que seja nome ligado a teatro, música, romance. Há uma ruptura natural de gêneros e bem antes de todo esse modismo atual que não faculta senão o que pode haver de mais amorfo e danoso em qualquer expressão artística.

 

(Diálogo com Mário Montaut sobre Frank Zappa, 2004)

 

TRADUÇÃO

 

GB | ¿Se puede traducir poesía? Hablanos de tus traducciones mas importantes…

 

FM | Claro que se pode traduzir poesia. O que não se pode é achar que essa operação te torna um poeta. Há também que cuidar para não deixar-se levar pela vaidade de querer melhorar o original. Traduzir poesia é um ato indispensável de superação de uma condição babélica que o homem impôs a si mesmo. Creio que importa mais falar do que propiciamos com a tradução do que de seus obstáculos linguísticos, estilísticos etc. Em meu caso a tradução é parte inseparável desse projeto de trazer para o Brasil toda a riqueza de uma tradição poética hispano-americana.

 

(Entrevista concedida a Gabriela Bruch, 2002)

 

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FB | No trabalho de tradução de um poema, quais os recursos utilizados para se promover a fidelidade à subjetividade da obra?

 

FM | Eis um tema sempre complexo, em grande parte por sua simplicidade que por vezes soa como um insulto. A lendária solução diz que não devemos nunca sofrer a tentação de tentar melhorar o original. Obviamente não iremos muito longe sem o conhecimento da língua e certa sensibilidade poética para desativar as minas rotineiras da tarefa tradutória.

 

(Entrevista concedida a Fabrício Brandão, 2008)

 

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AAF | Fale desse seu trabalho de tradução e por que sua preferência para autores hispano-americanos? Como ocorreu essa aproximação com esses poetas e escritores? 

 

FM | A tradução é um trabalho complementar da pesquisa e da edição. Não sou um tradutor profissional. Mais recentemente traduzi uma antologia do venezuelano Juan Calzadilla (Letras Contemporâneas, Sta. Catarina, 2005) e sai em abril, pela também catarinense Edições Nephelibata, uma 2ª edição de A nona geração, volume de contos do costarricense Alfonso Peña. Preparo agora o 2° volume de O começo da busca, cujo volume inicial a Escrituras publicou em 2001. Este volume complementar tem seu ambiente ampliado, incluindo poetas surrealistas de todo o continente. Para tanto, contei com a participação de Éclair Antonio Almeida Filho, nas traduções do inglês e do francês. Este livro se soma a uma 2ª edição de Un nuevo continente, abrangente antologia do surrealismo em todo o continente, que se prepara para editar a Monte Ávila Editores, da Venezuela. A rigor, devo mencionar que tanto Almeida Filho quanto a argentina Marta Spagnuolo, têm sido cúmplices valiosos neste trabalho de tradução, o que tem permitido uma mais ampla circulação de textos e autores. Graças ao Almeida Filho, por exemplo, temos publicado mais recentemente na Agulha autores do Canadá e Estados Unidos. Meu interesse pela literatura hispano-americana já ultrapassa a casa de 25 anos e basicamente radica na necessidade de se fazer acordar este nosso país para fundar um diálogo continental.

 

(Entrevista concedida a Álvaro Alves de Faria, 2007)

 

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AP | Otra de tus pasiones es la traducción de textos poéticos y narrativos. Siempre se ha considerado que el traductor “camina al borde del abismo”, “al filo de la navaja”. ¿Eso se siente, Floriano, al traducir a Cabrera Infante y a García Lorca?

 

FM | Mencionas dos variaciones del mismo crimen. La inclinación lúdica que propicia la convivencia con la obra de los autores nombrados camina por regiones distintas. Los diminutivos en García Lorca, por ejemplo, contrastan con los juegos semánticos en Cabrera Infante. Traduje, del cubano, un libro en que los textos sufren variación de lenguaje y abordaje mientras un mismo tema se mantiene como matriz. Traduje, de García Lorca, una antología de poemas de amor preparada por la editorial que me contrató. Los dos autores tenían antecedentes notables con referencia a sus traductores en el Brasil. Yo tengo siempre mucho recato en lo tocante a esa confusión –cuyo hilo conductor es puro ego– de considerar al traductor una especie de coautor. Bien sabemos de la tendencia más ortodoxa que da al traductor el derecho de interferir en el original, lo que en la práctica es un desastre, excepto cuando esta es una operación inevitable. Me gusta mucho usar el cine como referencia para muchas cosas en nuestro tiempo, no tanto por la manera como el arte cinematográfico envuelve otras artes, sino más que nada pensando en conexiones prácticas, y aquí el ejemplo sería la presencia de leyendas en filmes extranjeros, asunto válido en y para cualquier país. No hay mayores absurdos de traducción que los que se cometen en las leyendas de las películas.

 

(Entrevista concedida a Alfonso Peña, 2009)

 

 


 

1989 A POÉTICA DO PARADOXO [Entrevista concedida a Sérgio Campos]

1996 A FAVOR DO CONTRA [Entrevista concedida a Lira Neto]

1997 O TEATRO E O ATENEU: Breve introdução à poesia de Floriano Martins [Carlos Felipe Moisés]

1998 A MODERNIDADE NÃO É UM CADERNO DE RECEITAS [Entrevista concedida a Rodrigo de Souza Leão]

1998 A NECESSIDADE DA POESIA [Entrevista concedida a Emmanuel Nogueira]

1998 CONTINENTE DE POETAS [Wilson Martins]

1998-2010 FRAGMENTOS ROUBADOS AO TEMPO [Preparado por Márcio Simões]

1999 FLORIANO MARTINS TRAZ POETAS HISPANO-AMERICANOS AO BRASIL [Entrevista concedida a José Castello]

1999 UN LIBRO QUE UNE Y ESCUDRIÑA [Carlos Germán Belli]

2000 OS TORMENTOS DO VERBO E DA IMAGEM NA ESTRUTURA DA ALMA [Eric Ponty]

2002 AS MANIFESTAÇÕES SURREALISTAS NA AMÉRICA LATINA [José Castello]

2002 HUMANISMO POÉTICO [Entrevista concedida a Fabrício Carpinejar]

2002 MÉXICO Y BRASIL BUSCAN ACERCARSE A TRAVÉS DE LA POESÍA CONTEMPORÁNEA [Rodrigo Flores]

2002 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Rodrigo Petronio]

2002 UM OLHAR NA POESIA [Entrevista concedida a Carmen Virginia Carrillo]

2002 VOZES EM CONFLUÊNCIA [Maria Esther Maciel]

2003 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Entrevista concedida a Rodrigo Petronio]

2003 PALAVRAS PRELIMINARES [Entrevista concedida a Jorge Ariel Madrazo]

2004 SÁBIO IMPREVISTO [Entrevista concedida a Álvaro Alves de Faria]

2004 UMA AGULHA NA REDE DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]

2005 SOMOS O QUE BUSCAMOS [Entrevista concedida a Ana Marques Gastão]

2005 VERTIGENS DO OLHAR: autorretratos [Floriano Martins por Floriano Martins]

2006 A OUTRA MÁQUINA DO MUNDO [Entrevista concedida a Belkys Arredondo]

2008 FESTA DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Anderson Sandes]

2008 UMA CONVERSA COM O CURADOR DA 8ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ [Entrevista concedida a Lira Neto]

2009 A INOCÊNCIA DE FLORIANO MARTINS. INOCÊNCIA? [Jacob Klintowitz]

2010 ÀS VOLTAS COM O LIVRO-OBJETO E SUAS SOMBRAS [Entrevista concedida a Madeline Millán]

2010 CIBERCULTURA EN TIEMPOS DE ANALFABETISMO GLOBAL [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]

2010 NASCENDO TODOS OS DIAS [Entrevista concedida a Manuel Iris]

2010 OPÇÃO PELA DISSIDÊNCIA [Entrevista concedida a Márcio Simões]

2010 TODAS AS COISAS À MINHA VOLTA [Entrevista concedida a Adlin Prieto]

2011 CRÍTICA E RUPTURA: a inocência de pensar de Floriano Martins [Teresa Ferrer Passos]

2011 PARTICIPAÇÃO POÉTICA [Entrevista concedida a Márcio Simões]

2013 QUE HOMEM É ESSE? [Entrevista concedida a Oleg Almeida]

2015 O LUGAR QUASE LASCIVO DE UMA AMBIGUIDADE [Entrevista concedida a Renata Sodré Costa Leite]

2016 AVENTURAS DA POESIA NO TEMPO: o inteiro continente revelado [R. LeontinoFilho]

2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 01 [Alfonso Peña & Floriano Martins]

2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 02 [Omar Castillo & Floriano Martins]

2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 03 [José Ángel Leyva & Floriano Martins]

2016 LOS NAVEGANTES DE LA PARADOJA [Entrevista concedida a Alfonso Peña]

2016 UM NOVO CONTINENTE [Marco Lucchesi]

2017 À LUZ DO PARADOXO [Entrevista concedida a Leila Ferraz]

2017 FLORIANO MARTINS, POETA E DEMIURGO [Claudio Willer]

2020 | DIÁLOGO CON FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Berta Lucía Estrada]

2020 | FLORIANO MARTINS: Todos somos marginados a la sombra de lo desconocido | [Entrevista concedida a Elys Regina Zils]

2020 UMA CONVERSA COM FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Anna Apolinário & Demetrios Galvão]

2021 UNA PRESENTACIÓN DE LA OBRA DE FLORIANO MARTINS [José Alcántara Almánzar]

2021 VOCAÇÃO DIALOGANTE [Entrevista concedida a Maria Estela Guedes]

2022 DE ITARARÉ A UMA DEAMBULAÇÃO CONTÍNUA: Conversa com Floriano Martins sobre o Surrealismo no Brasil [Entrevista concedida a Anderson Costa & Elys Regina Zils]

2023 | FLORIANO MARTINS E O MARAVILHOSO TUMULTO DE SUA VIDA | Roda de imprensa, várias vozes

2023 A OUTRA VOZ DO TEMPO: Cronologia de vida e obra [Preparada por Floriano Martins & Márcio Simões]


 


OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA

 

El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.

Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.

Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.

Alberto Nepomuceno. Edições FDR. Fortaleza. 2000.

O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra AméricaCaracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.

A inocência de Pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.

Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.

Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.

Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.

Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.

Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.

Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.

120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.

 

TRADUÇÕES

 

Poemas de amor, de Federico García Lorca. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.

A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.

Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.

A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.

III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.

Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.

Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.

Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.

Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.

Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.

Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.

Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.

O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.

A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.

 

 

 

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

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