Originalmente publicada em Agulha Revista de Cultura # 65, Fortaleza/São Paulo, setembro de 2008
A
mestiçagem será o tema central da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará. “Nossa cultura é mestiça em sua essência. É exatamente para isto que
estamos chamando a atenção, para um melhor conhecimento, aceitação e integração
de nossas raízes”, diz o
escritor Floriano Martins, que responde pela curadoria do evento, que será
realizado de 12 a21 de novembro, em Fortaleza. Antes de aceitar o desafio de
ser curador da Bienal cearense, Floriano fez questão de saber se teria carta
branca para poder alterar rotas e ajustar formatos que julga esgotados em
relação a outras feiras do livro país afora. O próprio conceito de “feira” está
sendo reavaliado e posto em questão. “Acho que há um desequilíbrio nas
razões culturais e de mercado que atuam em eventos desta natureza”, argumenta. Garantida a desejada
autonomia para proceder a uma reformulação conceitual da Bienal, Floriano faz
uma aposta ousada: em vez de privilegiar nomes midiáticos para compor a lista
de palestrantes e de autores convidados para as costumeiras sessões de
autógrafos, dará preferência a mesas redondas e iniciativas que privilegiem,
sobretudo, o exercício da reflexão. “Trata-se de equilibrar as
relações entre cultura e mercado. Evidente que não se quer dar importância
menor ao setor comercial, muito menos à circulação de um grande público. O que
nos cabe acrescentar é a necessidade de maiores qualificação e diversidade
daquilo que se vai ofertar ao público, bem como das perspectivas de negócios”, pondera. A programação, que conta com
um bom número de autores e produtores culturais de diversos países da América
Latina, evidencia que será dado amplo destaque ao diálogo entre duas
comunidades linguísticas: a de língua portuguesa e a hispânica. “É indispensável ousar, de maneira a apresentar soluções para uma
política cultural consistente”,
resume Floriano. A seguir, os melhores momentos de uma conversa, por e-mail,
com o curador da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará:
LN | As feiras do
livro, país afora, têm se transformado na verdade em grandes saldões, nos
quais livreiros e principalmente distribuidores aproveitam a oportunidade
para desovar estoques e encalhes a preços de ocasião. Em que medida a Bienal do
Ceará pretende se diferenciar desse modelo viciado, que já dá sinais
visíveis de esgotamento?
FM | Começamos aqui a
tratar da Bienal por sua área comercial, embora o esgotamento a que te referes
esteja, para mim, mais na sua outra área, geralmente identificada como a das
sessões literárias. De qualquer maneira, penso que o grande dilema da área
comercial está em sua ausência de organização, no estabelecimento – e
cumprimento – de regras mínimas de organização que sejam redigidas
contratualmente em nome da totalidade do projeto Bienal e não para atender a
casos particulares. Houve já uma conversa entre Curadoria, Sindilivros e RPS
Eventos. Todas as editoras e livrarias inscritas assinaram um contrato onde
consta um novo conjunto de regras de organização que recupera a qualificação do
setor de vendas, regras que tratam da arrumação ambiental dos estandes, da
utilização de aparelhos de som, dos balcões de saldos, dos limites de venda
sobre produtos que não sejam livros (material de papelaria, brinquedos etc.).
Uma vez definido o mapa geral das editoras e livrarias que participarão do
evento, pretende-se ainda ter com todas elas uma nova conversa, esclarecendo
sobre a importância do conceito atual e propondo uma maior integração ao mesmo.
LN | Você sugere, no
início de sua resposta à pergunta anterior, que identifica um esgotamento
também nas sessões literárias. Onde você vê os sintomas mais nítidos desse
esgotamento? E quais os antídotos de que pretende lançar mão para evitá-los?
FM | Acho que há um
desequilíbrio nas razões culturais e de mercado que atuam em eventos desta
natureza. Maior acento na área de mercado implica em demasiada dependência de
suas cotações e exposições de mídia. Estes aspectos podem, em geral, assumir
uma conotação negativa em um ambiente cultural fragilizado como o que temos
hoje no Brasil. Posso ser acusado de eufemismo, porém tento aqui apenas evitar
cair em seu revés, o sentido catastrófico derrotista. O fato é que é preciso
evitar simplificações e reiterações temáticas na formatação das sessões
literárias, inclusive qualificando o mediador das mesas de maneira a não permitir
que as explanações dos convidados caiam no vazio, sem que os encontros produzam
tanto um enriquecimento crítico no público quanto perspectivas de parcerias
entre as partes envolvidas. Posso dar aqui dois exemplos, referentes a mesas de
debate: uma delas reúne diretores dos mais atuantes Centros de Estudos
Brasileiros existentes na América Hispânica, o que nos permitirá uma avaliação
do comportamento do Itamaraty e sua política cultural no tocante à integração
continental; uma outra mesa, com dupla jornada, reúne algumas das principais
editoras universitárias do país, ocasião em que evocará aspectos como
planejamento editorial e distribuição. As próprias sessões de leitura de poemas
serão mais abrangentes, permitindo aos poetas comentarem sobre sua poesia e
responder a perguntas do mediador e do público. Enfim, trata-se de dar mais
substância ao evento.
LN | Como avalia o
formato que tem sido levado a efeito pela organização da feira do livro de
Parati, a Flip? Parece-me que eles buscam exatamente fugir do esquema
tradicional e sonolento das tardes de autógrafos das bienais, estabelecendo-se
como uma verdadeira festa literária ao ar livre – em que as atrações naturais e
a arquitetura histórica da cidade são elementos de atração para o público – mas
sem esquecer o lado da reflexão e da discussão de ideias. O que este modelo tem
a nos dizer, quando pensamos em uma bienal do livro realizada em um estado
solar como o Ceará? Seria ingenuidade demais supor que um evento desse tipo,
desde que planejado convenientemente, poderia vir a contribuir também, de
alguma forma, para a qualificação do turismo regional?
FM | Talvez haja no
tema mais de armadilha do que propriamente de solução consistente. Se acaso
tivéssemos um planejamento educacional em curso – refiro-me em termos federais
–, neste caso seria salutar contar com a adesão de uma agenda turística. Como é
outro o cenário, a solução passa a ser um artifício que interessa mais ao
imediatismo de mercado do que propriamente à cultura. É quando menos uma
solução fácil e temporária. Evidente que caberia aproveitar melhor a condição
solar do Ceará, e neste caso seria uma fortuna poder contar com ações
integradas das áreas de Educação, Cultura e Turismo. Soa quase como um milagre,
porém um milagre que nos traria um bem imenso. Recentemente eu estive em Sidney
e fiquei impressionado como um ousado planejamento urbanístico pode trazer
benefícios sólidos para uma comunidade.
LN | Para o
leitor que quer garimpar nas bienais, os estandes das editoras
universitárias e internacionais reservam sempre boas surpresas. Contudo, quase
sempre, é relegado a elas um espaço quase marginal nas feiras do gênero. Há
algum plano específico para valorizar essas editoras?
FM | Na área das
sessões literárias, como recordei há pouco, foi criada uma série de mesas de
debates envolvendo editores universitários de vários estados brasileiros. No
caso das editoras internacionais, foi estabelecida uma área de 234m² dedicada a
um conjunto de editoras dos países hispano-americanos. Estas editoras
participarão pela primeira vez de uma feira no Brasil, e aqui estarão reunidas
através de acordos que estamos definindo com suas entidades de classe (redes,
alianças, câmaras setoriais etc.). Muitos dos editores também participarão de
mesas de debate sobre mercado editorial na América Latina. Evidente que também
teremos aqui editoras de Espanha e Portugal, através de seus representantes
legais, como já é feito habitualmente.
LN | A nova edição da
bienal cearense movimenta-se em torno de um grande eixo, o da
mestiçagem. Não há o risco de um evento monotemático, que deixe de
contemplar outros campos de interesse mais amplo do público leitor e dos
visitantes?
FM | Mas é
monotemático apenas tecnicamente. Afinal, nossa cultura é mestiça em sua
essência. É exatamente para isto que estamos chamando a atenção, para um melhor
conhecimento, aceitação e integração de nossas raízes. Trata-se de uma
concentração que permite uma expansão em larga escala. Criar condições para um
diálogo entre as culturas de língua portuguesa e espanhola, culturas espalhadas
por quatro continentes, é exatamente uma forma de evitar políticas
discricionárias dessas culturas, de evocar a diversidade com consistência, de
sugerir novos mecanismos de tratamento com a produção do livro etc. Ao
contrário do que temes, público leitor e visitantes encontrarão um leque mais
amplo de oferta, tanto no que diz respeito aos livros expostos quanto à
presença de temas e autores em contato direto com eles.
LN | No ano passado
houve um encontro preparatório ao evento, que teve como objetivo estabelecer a
agenda geral da Bienal. Quais as grandes conclusões e quais os rumos decididos
naquele encontro prévio?
FM | Tão logo foi
aceito o projeto apresentado pela curadoria à Secretaria da Cultura, tratei de
eleger um convidado em cada um dos 30 países envolvidos, no sentido de obter
informações precisas sobre autores, instituições, perspectivas de parcerias
etc. Tínhamos então em mente a ideia de realizar uma série de eventos
preparatórios, reunindo em cada um deles sete ou oito desses parceiros eleitos.
A primeira edição trouxe a Fortaleza produtores culturais de Chile, Colômbia,
México, Peru, República Dominicana e Venezuela. Todos os convidados contavam em
seu currículo com experiências de curadorias de feiras e encontros
internacionais de escritores, em seus respectivos países. Ali comentamos sobre
as estratégias necessárias para um diálogo entre nossas culturas que não fosse
mais tangencial ou retórico. Então definimos a abrangência conceitual da Bienal
do Ceará e sua estrutura, aspectos que foram sendo realçados, enriquecidos, na
medida em que fomos conversando – através de correio eletrônico – com os
parceiros de outros países que não puderam estar conosco fisicamente e com
instituições brasileiras (sobretudo instituições ligadas ao Governo do Estado
do Ceará). Este primeiro e único encontro foi o suficiente para definir toda
uma política cultural que se caracteriza por uma abertura não somente em seu
eixo temático, mas também em sua maneira de legitimar parceiros que possam
contribuir para o engrandecimento do evento.
LN | O material de
divulgação do evento, já distribuído à imprensa, menciona a existência de um
“pavilhão especial”, dedicado a Cuba e Venezuela. Qual o sentido dessa
iniciativa? Não estaremos diante de uma politização explícita de um evento
eminentemente público?
FM | Em geral, feiras
de livros costumam eleger um país como homenageado. O Brasil mesmo já foi
convidado em tal condição por alguns eventos internacionais, e aqui antecipo
que será o país convidado da Feira do Livro da República Dominicana, a se
realizar em maio de 2009. Jamais se considera como – politização explícita – um
convite dessa natureza, sendo ou não. O que há de visível no que estamos
fazendo é que passamos a tratar por – pavilhão especial – o que costumeiramente
se chama – país convidado –, e que em nosso caso escolhemos dois países e não
apenas um. Isto além do vício ideológico que limita a compreensão que temos a
respeito desses dois países. Contudo, pensemos no que não está visível: Cuba e
Venezuela possuem destacada importância em termos de integração cultural na
América Latina, especialmente na área do livro. Há 50 anos surgiu em Cuba a
Fundação Casa das Américas, seguida 10 anos depois pela venezuelana Monte Ávila
Editores. Também na Venezuela é fundamental o trabalho realizado pela Fundação
Biblioteca Ayacucho, sem falar na criação recente da Fundação Editorial El
Perro y La Rana. São aspectos relevantes que necessitam ser reconhecidos
internacionalmente e, mais do que isto, que necessitam de ampla discussão, para
que assim possamos redefinir perspectivas do mercado editorial em todo o
continente. Que haja implicações políticas nisto tudo, não resta dúvida. Este
será um bom momento para discutir as políticas relacionadas ao livro e à
leitura no Brasil, por exemplo, ou seja, como a nossa democracia tem enfrentado
este tema.
LN | Pelo que se lê
também no material de divulgação, a Bienal do Ceará pretende romper com outro
hábito arraigado nas demais feiras espalhadas pelo país. Irá valorizar a
discussão, a cultura e a reflexão, em detrimento das costumeiras tardes e
noites de autógrafos com autores midiáticos e geradores de grande público. É,
sem dúvida, uma opção ousada. Houve, até agora, alguma reação
manifesta em relação ao novo formato?
FM | Trata-se, como
já frisei, de equilibrar as relações entre cultura e mercado. Evidente que não
se quer dar importância menor ao setor comercial, muito menos à circulação de
um grande público. O que nos cabe acrescentar é a necessidade de maiores
qualificação e diversidade daquilo que se vai ofertar ao público, bem como das
perspectivas de negócios. Trata-se de uma ousadia, sabemos, porém pode alcançar
um efeito imenso se contarmos com o empenho de todos os parceiros – sobretudo,
neste caso, a própria mídia – na definição de uma escala maior de abrangência e
renovação deste evento maior do Estado do Ceará. É preciso ousar, e a Bienal em
si é já um projeto consistente, que existe há 16 anos, ou seja, que
naturalmente permite – e até mesmo exige de todos nós que a fazemos – um
avanço, uma inovação. Eventuais reações manifestas em relação ao formato atual
serão recebidas como parte valiosa de um processo de renovação. Até o momento,
no entanto, temos recebido uma completa e declarada simpatia de todos os
parceiros envolvidos.
LN | Nesse caso, qual
o critério que será estabelecido para o convite de autores estrangeiros? Serão
privilegiados os grandes nomes da literatura americana de língua hispânica ou,
ao contrário, dar-se-á preferência a autores não tão conhecidos assim do
público brasileiro – se é que nós, leitores brasileiros, podemos dizer que
conhecemos algo dela?
FM | Tua pergunta já
traz consigo a resposta. A única literatura hispano-americana que conhecemos é
aquela que se internacionalizou via mercado editorial europeu ou estadunidense.
Nosso critério será, antes de tudo, o de criar uma rede atuante de referências
literárias envolvendo todos os países. Buscamos nomes expressivos do ponto de
vista estético e que ao mesmo tempo sejam influentes produtores culturais,
estejam à frente da direção de revistas ou de quaisquer outros projetos
editoriais, incluindo traduções, ensaios etc. Buscamos assim desenhar uma
agenda com desdobramentos, que não se defina unicamente por uma festa em
isolado. Claro que estamos cientes dos riscos, pelo quase total desconhecimento
desses autores da parte do público, porém o desafio é fascinante e requer uma
atenção maior quanto ao plano de difusão da Bienal.
LN | Qual o
papel que caberá à revista Mestiça, a ser lançada durante o evento?
Qual a linha editorial desta publicação? Será um número isolado ou há a
possibilidade de se pensar em uma periodicidade para ela?
FM | A revista Mestiça
encontra-se em fase de definição estrutural e formação de equipe. Foi
originalmente pensada para ser uma publicação de circulação quadrimestral, com
distribuição gratuita, que funcione como veículo informativo não apenas da
Bienal em si (em suas atual e futuras edições), como também de toda uma
política do Estado do Ceará ligada ao livro e à leitura, abrangendo ainda os
diálogos com eventos similares em outros lugares do país e no exterior.
Informativa e reflexiva, cabendo ainda em sua pauta recuperar e destacar
aspectos relevantes de nossa cultura.
LN | Anuncia-se
também a criação da “Coleção Biblioteca Bolivariana”, cujo nome de batismo já
embute uma orientação explícita de natureza política e ideológica. Há títulos
definidos? Quais os critérios de escolha?
FM | Novamente o
ardil de natureza política e ideológica. O nome foi pensado como uma espécie de
reconhecimento ao trabalho de mapeamento cultural latino-americano
desempenhado, na Venezuela, pela Fundação Biblioteca Ayacucho. E encontra na
figura de Simon Bolívar um ícone ideal na representação de esforços por uma
integração continental. A pauta editorial primará por títulos que correspondam
a esta perspectiva, autores que tenham escrito sobre origens, integração,
mestiçagem, ao lado de um conjunto de obras que permitam uma aproximação do
leitor brasileiro da produção intelectual e literária da América Hispânica. E
naturalmente a recuperação de acervo literário cearense. Há um planejamento
editorial de lançar 10 primeiros títulos na Bienal, em novembro. Dentre os
autores encontram-se o argentino Juan Gelman, o nicaraguense Pablo Antonio
Cuadra e o brasileiro Thomaz Pompeu Sobrinho. Em boa parte, são obras
coligidas, acompanhadas de estudos críticos. O que não impede a publicação de
títulos independentes.
LN | A maior parte
dos visitantes das feiras dos livros são crianças, que quase sempre chegam em
grandes caravanas escolares. Isso é sempre bastante louvável, já que a Bienal
funciona também como uma formadora de potenciais leitores do futuro.
Contudo, nem sempre as visitas desses estudantes são feitas de forma
organizada e devidamente orientada, o que gera mais congestionamentos nos
corredores do que propriamente um contato efetivo das crianças com o mundo dos
livros. Não seria a hora de avaliar esta questão?
FM | Retomamos o tema
da desorganização. Não vou minimizar o problema, porém não se pode fugir da
necessidade de estabelecer uma agenda de visitação que seja cumprida com rigor.
Ao mesmo tempo, há que se compreender que é insuficiente tal iniciativa, que
exige um cuidado prévio que envolve contatos com setores do ensino público e
privado, a elaboração de uma cartilha a ser distribuída nas escolas etc. Há
todo um trabalho preparatório que demanda empenho e atenção. Temos um setor da
curadoria cuidando especialmente disto.
LN | É curioso notar
que Chico Anysio, mais conhecido por sua atuação na televisão, seja o grande
homenageado do evento. Recentemente, em entrevista, ele próprio afirmou que
gostaria de ser mais valorizado pelo escritor que, de fato, também é?
FM | Chico Anysio é
um desses casos típicos nacionais. Livros como O batizado da vaca (1972),
O enterro do anão (1973), A borboleta cinzenta (1985), Feijoada
no Copa (1987) e O tocador de tuba (1990) jamais foram devidamente
avaliados como a notável contribuição à narrativa brasileira que efetivamente
são. Porém o público o recebeu sempre muito bem, pois em grande parte sua
bibliografia alcançou grande vendagem. Mesmo que fosse apenas um criador de
tipos para o teatro e a televisão, ainda assim seu universo é o da literatura,
seja como dramaturgo ou roteirista. É essencialmente um escritor, além de ator
fabuloso. Sob todos os aspectos, merece nosso declarado reconhecimento como um
dos mais expressivos nomes ligados à arte e à cultura no Ceará em todos os
tempos. O curioso é que não tenha sido até aqui declarado motivo de orgulho
nosso, como sempre deveria ter sido.
LN | Pelo que se
depreende do conjunto de suas respostas, teremos uma bienal diferente de todas
as outras já realizadas no Ceará. Você espera que os resultados dela sejam
visíveis e politicamente animadores a curto prazo, para que não se caia na
tentação e no risco de se buscar de novo o caminho do mais fácil e da mesmice?
FM | Esperar é
insuficiente. A rigor, se considerarmos o cenário do que se poderia chamar de
políticas culturais no Brasil, este é absolutamente desalentador. Não me cabe a
ingenuidade – aqui sim – de acreditar que tal situação possa mudar a partir de
um evento em isolado. Esta nova configuração que vem sendo dada à Bienal
Internacional do Livro do Ceará se trata de uma grande ousadia que, ao mesmo
tempo, reconhece os riscos de vir a cair no vazio. De qualquer maneira, é
preciso fazê-lo, enfim, é indispensável ousar, de maneira a apresentar soluções
para uma política cultural consistente.
1989 A POÉTICA DO PARADOXO [Entrevista concedida a Sérgio Campos]
1996 A FAVOR DO CONTRA [Entrevista concedida a Lira Neto]
1997 O TEATRO E O ATENEU: Breve introdução à poesia de Floriano Martins [Carlos Felipe Moisés]
1998 A MODERNIDADE NÃO É UM CADERNO DE RECEITAS [Entrevista concedida a Rodrigo de Souza Leão]
1998 A NECESSIDADE DA POESIA [Entrevista concedida a Emmanuel Nogueira]
1998 CONTINENTE DE POETAS [Wilson Martins]
1998-2010 FRAGMENTOS ROUBADOS AO TEMPO [Preparado por Márcio Simões]
1999 FLORIANO MARTINS TRAZ POETAS HISPANO-AMERICANOS AO BRASIL [Entrevista concedida a José Castello]
1999 UN LIBRO QUE UNE Y ESCUDRIÑA [Carlos Germán Belli]
2000 OS TORMENTOS DO VERBO E DA IMAGEM NA ESTRUTURA DA ALMA [Eric Ponty]
2002 AS MANIFESTAÇÕES SURREALISTAS NA AMÉRICA LATINA [José Castello]
2002 HUMANISMO POÉTICO [Entrevista concedida a Fabrício Carpinejar]
2002 MÉXICO Y BRASIL BUSCAN ACERCARSE A TRAVÉS DE LA POESÍA CONTEMPORÁNEA [Rodrigo Flores]
2002 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Rodrigo Petronio]
2002 UM OLHAR NA POESIA [Entrevista concedida a Carmen Virginia Carrillo]
2002 VOZES EM CONFLUÊNCIA [Maria Esther Maciel]
2003 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Entrevista concedida a Rodrigo Petronio]
2003 PALAVRAS PRELIMINARES [Entrevista concedida a Jorge Ariel Madrazo]
2004 SÁBIO IMPREVISTO [Entrevista concedida a Álvaro Alves de Faria]
2004 UMA AGULHA NA REDE DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]
2005 SOMOS O QUE BUSCAMOS [Entrevista concedida a Ana Marques Gastão]
2005 VERTIGENS DO OLHAR: autorretratos [Floriano Martins por Floriano Martins]
2006 A OUTRA MÁQUINA DO MUNDO [Entrevista concedida a Belkys Arredondo]
2008 FESTA DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Anderson Sandes]
2008 UMA CONVERSA COM O CURADOR DA 8ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ [Entrevista concedida a Lira Neto]
2009 A INOCÊNCIA DE FLORIANO MARTINS. INOCÊNCIA? [Jacob Klintowitz]
2010 ÀS VOLTAS COM O LIVRO-OBJETO E SUAS SOMBRAS [Entrevista concedida a Madeline Millán]
2010 CIBERCULTURA EN TIEMPOS DE ANALFABETISMO GLOBAL [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]
2010 NASCENDO TODOS OS DIAS [Entrevista concedida a Manuel Iris]
2010 OPÇÃO PELA DISSIDÊNCIA [Entrevista concedida a Márcio Simões]
2010 TODAS AS COISAS À MINHA VOLTA [Entrevista concedida a Adlin Prieto]
2011 CRÍTICA E RUPTURA: a inocência de pensar de Floriano Martins [Teresa Ferrer Passos]
2011 PARTICIPAÇÃO POÉTICA [Entrevista concedida a Márcio Simões]
2013 QUE HOMEM É ESSE? [Entrevista concedida a Oleg Almeida]
2015 O LUGAR QUASE LASCIVO DE UMA AMBIGUIDADE [Entrevista concedida a Renata Sodré Costa Leite]
2016 AVENTURAS DA POESIA NO TEMPO: o inteiro continente revelado [R. LeontinoFilho]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 01 [Alfonso Peña & Floriano Martins]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 02 [Omar Castillo & Floriano Martins]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 03 [José Ángel Leyva & Floriano Martins]
2016 LOS NAVEGANTES DE LA PARADOJA [Entrevista concedida a Alfonso Peña]
2016 UM NOVO CONTINENTE [Marco Lucchesi]
2017 À LUZ DO PARADOXO [Entrevista concedida a Leila Ferraz]
2017 FLORIANO MARTINS, POETA E DEMIURGO [Claudio Willer]
2020 | DIÁLOGO CON FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Berta Lucía Estrada]
2020 | FLORIANO MARTINS: Todos somos marginados a la sombra de lo desconocido | [Entrevista concedida a Elys Regina Zils]
2020 UMA CONVERSA COM FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Anna Apolinário & Demetrios Galvão]
2021 UNA PRESENTACIÓN DE LA OBRA DE FLORIANO MARTINS [José Alcántara Almánzar]
2021 VOCAÇÃO DIALOGANTE [Entrevista concedida a Maria Estela Guedes]
2022 DE ITARARÉ A UMA DEAMBULAÇÃO CONTÍNUA: Conversa com Floriano Martins sobre o Surrealismo no Brasil [Entrevista concedida a Anderson Costa & Elys Regina Zils]
2023 | FLORIANO MARTINS E O MARAVILHOSO TUMULTO DE SUA VIDA | Roda de imprensa, várias vozes
2023 A OUTRA VOZ DO TEMPO: Cronologia de vida e obra [Preparada por Floriano Martins & Márcio Simões]
OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA
El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.
Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.
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O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. Caracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.
A inocência de Pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.
Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica. 2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.
Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.
Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.
Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.
Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.
Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.
120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.
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Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.
Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.
A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.
Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.
III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.
Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.
Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.
Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.
Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.
Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.
Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.
Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.
O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.
A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.
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Dirigida por Elys Regina Zils
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1999-2024
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