Originalmente publicada na revista Acrobata, Piauí, junho de 2022
Afora as já conhecidas alusões sobre a influência do surrealismo na
poesia de Murilo Mendes, o que foi estabelecido pela crítica é a ideia de que o
surrealismo no Brasil é inexistente. Afrânio Coutinho, por exemplo, dizia que
em nosso país o surrealismo se mostra em superfície ou em
impregnações dispersas. Mas, talvez, emblemática mesmo seja a
negação de José Paulo Paes de que o surrealismo literário no Brasil é como a
batalha de Itararé: não houve. Contudo, sabemos que o surrealismo no Brasil se
mostra além da percepção de Coutinho e da certeza de Paes. Convidamos o poeta,
ensaísta e editor Floriano Martins para conversar conosco sobre este
controverso tema. Martins, editor da Agulha Revista de Cultura,
possui dois livros fundamentais sobre Surrealismo: Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América (2016)
e 120 noites de Eros – Mulheres surrealistas (2020)
e agora mesmo trabalha na finalização de Viagens do Surrealismo,
que completa a trilogia.
P | Você é poeta, fotógrafo,
tradutor, editor e estudioso do surrealismo com várias publicações sobre essa
vanguarda. Gostaríamos de saber como o surrealismo entra na sua vida e a
importância que ele tem para você, como pesquisador e como artista.
FM | O Surrealismo entra em minha
vida bem antes de ser compreendido como tal. Na infância eu lia vorazmente, sem
me deter em temas ou estilos. E recortava papéis, montava pequenas cenas
imaginárias com esses recortes. Fui criado em uma espécie de burburinho, nas
mãos do acaso, sem uma educação pensada. Criado em duas casas, a dos pais, a da
avó materna, viúva. Eram dois mundos distintos, até mesmo em sua plasticidade.
Havia muitos quadros nas paredes na casa da avó e muita música e livros na casa
de meus pais. A vida constantemente recortada, a intuição de mesclar a
diversidade de experiências sensoriais, isto foi revelando um surrealismo que
somente na adolescência vai se reconhecer nos meus primeiros encontros com a
obra de Salvador Dalí, Paul Éluard, García Lorca, também Murilo Mendes, sem me
importar que fossem surrealistas ou não. Há uma frase de Hans Arp: Nossos atos são atos de sonhadores, de nadadores enigmáticos,
o que sempre me lembra os amantes submarinos,
aquele belíssimo poema do Murilo Mendes. Uma importância maior do Surrealismo
se encontra na observação feita por Artaud de que se deve introduzir profundas transformações na escala de aparências, no valor de
significado e no simbolismo do criado.
P | O surrealismo chegou na América
Latina com extrema rapidez, como afirma Robert Ponge, e ainda que não foi uma
recepção sem debates, temos na Argentina a revista Qué com o grupo ao redor de Aldo Pellegrini; no
Peru, temos figuras como José Carlos Mariátegui e César Vallejo; no Chile temos
a revista Mandrágora com Braulio Arenas,
Teófilo Cid e Enrique Gómez-Correa, só para citar alguns exemplos que
encontramos facilmente na literatura sobre o surrealismo na América Latina.
Porém na Antología de la poesía surrealista latinoamericana,
organizada por Baciu, não há um único brasileiro. E como você menciona em O começo da busca, José Paulo Paes e Gilberto Mendonça
Teles negam a presença do surrealismo em terras brasileiras. Dito isso, a que
devemos essa ausência ou negação?
FM | É verdade que os peruanos José
Carlos Mariátegui e César Vallejo estiveram sempre muito atentos ao fluxo das
vanguardas, em especial ao Surrealismo. O primeiro com reconhecimento, o
segundo com certo desprezo. Tenho que aclarar que a revista Qué não foi propriamente uma publicação
surrealista, embora Aldo Pellegrini tenha sempre sido um valioso difusor do
Surrealismo, por seus ensaios, traduções e duas revistas posteriores. Creio que
formalmente a revista chilena Mandrágora foi
a primeira publicação declaradamente surrealista em todo o continente. O dilema
com a classificação de América Latina é que para os nativos de língua espanhola
apenas eles constituem essa fatia do continente, esquecendo que também o
português falado no Brasil e o francês falado em metade do Canadá e no Caribe
francês são partes dessa latinidade. Há equívocos e erros grosseiros de interpretação,
o que poderíamos chamar de desonestidade intelectual, da parte de quase todos
que escreveram sobre Surrealismo no Brasil. No entanto, como digo em uma
conferência preparada para o Instituto de Estudos Latino-americanos da
Universidade de Berlim, o dilema maior é que os brasileiros jamais se afirmaram
surrealistas. Muitos de nossos surrealistas fizeram de tudo para que não fossem
percebidos como tal. Não vamos agora querer que a ala intelectual acadêmica
fosse defender a existência de Surrealismo entre nós.
P | No O começo da busca: o surrealismo na poesia da América Latina,
você traz a presença de apenas dois poetas brasileiros Sérgio Lima e Roberto
Piva. Temos ainda Murilo Mendes em O visionário (1941), As metamorfoses (1944) e Mundo enigma (1945) que claramente tem influência
surrealista, mas que afirma ter abraçado o surrealismo à moda
brasileira, tomando dele o que mais me interessava, como você afirma
em Visões da Névoa: Brasil. Entre outros artistas nos
quais é possível identificar afinidades com a estética surrealista, mas que a
negam veementemente. Inclusive, você relata relutância dos artistas brasileiros
em aceitarem o convite de Sergio Lima para integrarem o primeiro grupo
surrealista brasileiro (1962 a 1967) e a exposição surrealista (1967). A que se
deve essa falta de um diálogo franco entre surrealismo e a elite cultural
brasileira.
FM | Eu quero primeiramente lembrar
que o livro é uma pequena mostra da poesia surrealista, e suas ausências se
verificam não apenas em relação ao Brasil, mas também a todo o continente. Era
preciso dar essa primeira entrada no mundo editorial brasileiro, e o livro foi
feito pensando na diversidade. Este livro foi ampliado diversas vezes, tendo
edição na Costa Rica e na Venezuela, até chegar à edição mais ou menos
completa, publicada pela ARC Edições em 2016 – nos três últimos casos já com o
título: Um novo continente – Poesia e surrealismo na América.
No caso específico do Murilo Mendes, é preciso citar a sua observação inteira,
como o faço em capítulo dedicado ao Brasil neste meu livro: Abracei o Surrealismo à moda brasileira, tomando dele o que mais
me interessava; além de muitos capítulos da cartilha inconformista, a criação
de uma atmosfera poética baseada na acoplagem de elementos díspares. Tratava-se
de explorar o subconsciente; tratava-se de inventar um outro frisson
nouveau, extraído à modernidade; tudo deveria contribuir para uma visão
fantástica do homem e suas possibilidades extremas. Murilo
entendia que seguir a risco a cartilha do Surrealismo era algo verdadeiramente
impraticável e que nem mesmo o próprio Breton o teria feito. Neste meu ensaio –
posteriormente publicado em livro solo pela Sol Negro Edições – afirmo então
que os excessos na postura iconoclasta de muitos surrealistas,
juntamente com o método do automatismo convertido em religião – segundo o poeta
brasileiro, aí residia o desleixo artesanal surrealista –, seriam razões suficientes para que Murilo Mendes
mantivesse sempre certa reserva em relação ao movimento. Agora, no
tocante à recusa de Claudio Willer e Roberto Piva de participarem do grupo
capitaneado pelo Sérgio Lima nos anos 1960, isto se deu porque ambos não foram
receptivos ao modelo pronto que lhes foi apresentado, sem que pudessem mais do
que simplesmente a ele se submeter. Não embaralhemos mais esse baralho de
cartas marcadas já suficientemente caótico.
P | No Tomo 2 de A Aventura Surrealista, Sérgio Lima traça um
panorama histórico do Surrealismo no Brasil, não só nas manifestações
individuais, mas também enquanto movimento organizado. Além do primeiro grupo
nos anos 60, ele cita um outro momento nos anos 90, em torno do Grupo de São
Paulo/Fortaleza, o qual contou com a sua presença. Como poderia comentar sobre
as atividades do grupo e a sua participação nele? Como era a práxis desse
grupo? Havia atividades coletivas?
FM | Vale lembrar aqui uma feliz
observação feita pelo Claudio Willer em entrevista dada a vocês, a de que a
cada momento que Sérgio Lima ressurgia da obscuridade com a formação de algum
grupo surrealista seus componentes eram distintos. Jamais houve uma
continuidade de princípios, o que afasta a ideia de movimento organizado. Neste
seu livro Sérgio Lima se excede na enumeração de autores ligados direta ou
indiretamente ao Surrealismo, deixando de mencionar outros por algum motivo
pessoal. Quando estivemos juntos, cuidamos de duas exposições, uma delas na
Alemanha, a publicação de dois números de uma pequena revista, e os encontros
mais em plano afetivo, sem discussão alguma mais aprofundada sobre o que este grupo
deveria defender ou realizar.
P | Na virada dos anos 90 para os
2000 surgiu em São Paulo o Grupo DeCollage, que se propôs ao estudo e à prática
surrealistas, inclusive com produções e mesmo aproximações com nomes de
gerações anteriores ligados ao surrealismo. O grupo encerrou as suas atividades
em 2015. Pouco se sabe sobre o DeCollage, cujas atividades parecem permanecer
na mesma invisibilidade de tentativas anteriores. Pode-se falar em um quarto
momento do surrealismo no Brasil com esse grupo? E por quais razões, na sua
opinião, grupos surrealistas parecem não alcançar grande longevidade, o que
parece não ser exclusividade do Brasil. Faria ainda sentido atualmente
organizar-se em um grupo surrealista?
FM | Não posso dizer o que pretendia
o grupo DeCollage, isto teria que ser perguntado a eles. Conheci alguns
pessoalmente e sempre mantivemos boas relações. Editorialmente continuam
realizando um trabalho importante. Não esquecer que a eles se deve a
recuperação dos escritos de Flávio de Carvalho. O tema da invisibilidade é
curioso, porque ele se aplica mais precisamente ao Sérgio Lima, que habita uma
espécie de mundo subterrâneo. Agora, a criação ou permanência de grupos
surrealistas, em qualquer lugar do mundo, tem a ver com o propósito de uma ação
coletiva idealizado por seus interessados. Em geral – mas não apenas isto – o
que se nota na formação desses grupos é uma submissão às velhas cartilhas, sem
haver uma expansão de princípios, contrastando até mesmo com a ideia de
um mais-além frisada por Breton. Mas é evidente
que este não é o caso do grupo DeCollage
P | Claudio Willer já afirmou que a
história do surrealismo no Brasil é uma história subterrânea, já Sérgio Lima
fala em um infortúnio crítico sobre o
surrealismo por aqui. A que se deve essa má vontade? Você acha que talvez
possa ter algo a ver com certa tradição da literatura brasileira, pautada em
sua grande parte por uma preocupação excessivamente formal, por um lado, e, por
outro, pelo compromisso com o engajamento social? Isso desde Machado de Assis,
pelo menos da leitura que dele é feita no século XX, passando pela geração de
30, pela geração que resistiu à ditadura, e mesmo à literatura a qual é dada
mais visibilidade atualmente. Isso para ficarmos na prosa, indo para a poesia
poderíamos citar o Concretismo e as práticas poéticas que vieram na sua
esteira. Mesmo a poesia marginal da geração mimeógrafo, ainda podemos, em
vários momentos, sentir essa preocupação formal. Se podemos falar em uma
tradição literária no Brasil que transite por essas questões, também podemos
dizer que o surrealismo nada tem a ver com isso. Essa poderia ser uma das
razões para esse desconhecimento proposital sobre
o surrealismo em nosso país?
FM | Hoje eu vejo um pouco diferente
todo esse plano. O padrão formalista de nossa criação artística – não apenas
literária – tem a ver diretamente com um enrijecimento do espírito, e não
propriamente com a técnica reiterada até o desgaste de sua medula. Ou seja, não
é na forma que debilitamos a criação, mas sim no modo como encaramos nossos
fantasmas. Caberia mais falar na falta de ousadia do que na boa construção da
linguagem artística. E volto a dizer: o desconhecimento proposital foi
uma reação à falta de iniciativa e decisão de caráter de nossos surrealistas.
P | Entre suas contribuições para a
nossa cultura, de modo mais amplo explorando não só o Brasil, mas a América
Latina como um todo, está a Agulha Revista de Cultura (1999).
Ao longo dos seus mais de 20 anos, a revista se tornou importante fonte de
pesquisas e divulgação de artistas, arriscaríamos dizer com certa propensão ao
surrealismo. Ou estamos equivocados? Como se dá esse extenso trabalho? E o
reconhecimento no cenário brasileiro ou a carência do devido reconhecimento?
FM | Diante de tudo o que eu falei
talvez se espere que eu afirme que sim, que a Agulha Revista de Cultura é
uma publicação surrealista. Porém se trata de outra coisa. É importante lembrar
que o Surrealismo foi a mais influente de todas as vanguardas e que essa
influência tomou o planeta em sua boa magnitude. O século XX deve muito ao
Surrealismo e aos Beatles. Ao mesmo tempo, sempre padecemos no Brasil de um
grave problema de projeto editorial, até hoje o mercado editorial vive das
sobras possíveis das liberações de direitos autorais internacionais e dos
interesses financeiros imediatistas em torno de prêmios e adaptações para o
cinema. Agulha Revista de Cultura surge em uma época em
que não tínhamos uma melhor discussão dos valores literários em parte alguma, a
começar pelo Brasil. A América Hispânica era uma completa desconhecida nossa. E
mesmo a literatura de outros continentes, não a conhecíamos muito além dos
clássicos, estes editados décadas atrás, muitos já fora de mercado. Trazer para
o Brasil o que há de mais relevante na América Hispânica significa criar
espaço, dentre outras coisas, para uma presença muito forte do Surrealismo no
continente. Isto fez com que nos parecêssemos a muitos, para o bem e para o
mal, como uma publicação surrealista. Mais recentemente, por exemplo, fomos o
único periódico a comemorar, em 2019 e com desdobramento em algumas revistas
nossas parceiras em Portugal (Athena e TriploV) e México (Blanco Móvil), o
centenário do Surrealismo, e agora mesmo nos preparamos para lançar, em 2022,
uma série intitulada “Surrealismo, Surrealistas”, que reúne 100 ensaios sobre
os mais destacados nomes do Surrealismo em todo o mundo.
P | Seguindo por esse caminho,
temos outra de suas frentes de atuação: a condução da ARC Edições. A editora
surge em 2010 e seu nome vem da abreviatura da Agulha
Revista de Cultura, com publicações importantes de autores
brasileiros e estrangeiros que, podemos dizer, são menos comerciais. Destacamos
do seu catálogo as obras Um novo continente: poesia e
surrealismo na América (2016) e 120
noites de Eros: mulheres surrealistas (2020), ambas de sua
autoria e citadas nesta entrevista. Elas apresentam um substancioso mapeamento
e potencial dentro do que é um cenário quase invisível no nosso país. Como você
consegue dar conta de pesquisas tão amplas e quais as dificuldades? Acreditamos
que essas publicações contribuem significativamente para a bibliografia
brasileira do surrealismo. Você sente esse retorno?
FM | O catálogo da ARC Edições, em
sua versão impressa, é bem resumido. Tivemos um momento em que trabalhamos com
uma parceria, na criação de uma coleção intitulada “O amor pelas palavras”, de
circulação exclusiva pela Amazon, onde publicamos 95 títulos de autores de
vários países. Na ARC editamos livros de Sérgio Campos, R. Leontino Filho,
Péricles Prade, Andreia Carvalho Gavita, Zuca Sardan, Berta Lucía Estrada e
Cruzeiro Seixas. Um novo continente e 120 noites de Eros compreendem uma trilogia, cujo
terceiro título está em preparação: Viagens do Surrealismo,
devendo ser publicado ao final de 2022. Sempre defendo que a determinação deve
superar qualquer sentimento de pressa. E a determinação deve ser incondicional.
Não penso em retorno. Jamais penso nisto. Vivemos em um país onde as
perspectivas de retorno são ilusórias. Vamos em frente.
P | Ainda que o período entre
guerras se torna cenário favorável para o questionamento do papel tradicional
imposto às mulheres na sociedade, o surrealismo, em seu ambiente de nascimento,
eleva a mulher, mas como musa, mulher-criança, objeto erótico e por terem
acesso mais facilmente ao inconsciente, entre outros mitos sobre o feminino que
acreditavam. Por isso, a sua obra 120 noites de Eros: Mulheres
surrealistas (2020) se torna tão importante ao dar visibilidade
para essas mulheres artistas que ficaram relegadas à marginalidade desse
movimento. Entre as brasileiras, você cita a contemporânea Anna Apolinário;
também Leila Ferraz que já no seu ensaio “Introdução ao pensamento mágico
surrealista” revela certo desconforto com a misoginia do surrealismo; e Maria
Martins que teve suas obras ignoradas pela elite cultural brasileira. Dito
isso, gostaríamos que você comentasse um pouco sobre a participação das
mulheres surrealistas no Brasil.
FM | O Surrealismo foi tremendamente
falho com as mulheres, uma de suas maiores contradições. No Brasil não poderia
ser distinto. Leila Ferraz foi uma das peças essenciais da montagem da
exposição do Surrealismo nos anos 1960. Formava parte do quarteto responsável
pela mostra e a edição da revista A Phala, ao lado de
seu então marido, Sérgio Lima, de Paulo Paranaguá e Raúl Fiker. Logo depois da
realização dessas duas coisas, o quarteto se desfez, Leila se separou de
Sérgio, e este tratou de apagar as pistas dela em sua versão desse infortúnio crítico. Outras mulheres eventualmente
tiveram suas relações de afinidades com o Surrealismo, seja a artista Wega
Nery, ou as poetas Maria Lúcia Dal Farra e Andreia Carvalho Gavita. A questão
não é elencar nomes, e sim averiguar de que modo nossos intelectuais e artistas
se comportaram em relação ao Surrealismo. Neste caso, mais do que Surrealismo,
o que importa é a magnitude espúria dessa misoginia, que é a tônica de nossas
sociedades.
P | Entre iniciativas
contemporâneas, citadas por você, temos as atividades editoriais de casas como
Edições Nephelibata (Santa Catarina), Sol Negro Edições (Rio Grande do Norte),
Edições Pantemporâneo. O surrealismo segue atual? Qual sua relevância nos
nossos dias? E o que significaria o ser surrealista hoje em dia? O surrealismo
no Brasil ainda se esgueira pelos subterrâneos de nossas manifestações
artísticas?
FM | Mas nenhuma dessas casas
editoriais pode ser pensada como um centro exclusivo de defesa do Surrealismo.
A exemplo de outras editoras elas possuem em seu catálogo algumas obras
surrealistas, o que é bem distinto, e não lhes invalida a importância em nosso
cenário editorial. Uma delas, a Sol Negro Edições, publicou livros de Dolfi
Trost, Hans Arp, Enrique Molina, César Moro e Aldo Pellegrini. É um absurdo
pensar no Surrealismo como algo atual, pela simples razão de que ele sempre
desejou estar mais além de tudo. Não resta dúvida que sua presença no Brasil é
mais intensa do que se poderia pensar e infinitamente menor do que poderia ser.
É fato, no entanto, que permanece em nós essa lacuna existencial, a de que não
nos afirmamos surrealistas, que avançamos de modo algo esponjoso, e que
naturalmente nada tem a ver com Surrealismo, ou seja, os brasileiros sentem
imenso desconforto em definir algo, somos acanhados por natureza quando se
trata de comprometer-se com algo.
1989 A POÉTICA DO PARADOXO [Entrevista concedida a Sérgio Campos]
1996 A FAVOR DO CONTRA [Entrevista concedida a Lira Neto]
1997 O TEATRO E O ATENEU: Breve introdução à poesia de Floriano Martins [Carlos Felipe Moisés]
1998 A MODERNIDADE NÃO É UM CADERNO DE RECEITAS [Entrevista concedida a Rodrigo de Souza Leão]
1998 A NECESSIDADE DA POESIA [Entrevista concedida a Emmanuel Nogueira]
1998 CONTINENTE DE POETAS [Wilson Martins]
1998-2010 FRAGMENTOS ROUBADOS AO TEMPO [Preparado por Márcio Simões]
1999 FLORIANO MARTINS TRAZ POETAS HISPANO-AMERICANOS AO BRASIL [Entrevista concedida a José Castello]
1999 UN LIBRO QUE UNE Y ESCUDRIÑA [Carlos Germán Belli]
2000 OS TORMENTOS DO VERBO E DA IMAGEM NA ESTRUTURA DA ALMA [Eric Ponty]
2002 AS MANIFESTAÇÕES SURREALISTAS NA AMÉRICA LATINA [José Castello]
2002 HUMANISMO POÉTICO [Entrevista concedida a Fabrício Carpinejar]
2002 MÉXICO Y BRASIL BUSCAN ACERCARSE A TRAVÉS DE LA POESÍA CONTEMPORÁNEA [Rodrigo Flores]
2002 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Rodrigo Petronio]
2002 UM OLHAR NA POESIA [Entrevista concedida a Carmen Virginia Carrillo]
2002 VOZES EM CONFLUÊNCIA [Maria Esther Maciel]
2003 O MERGULHO EM TODAS AS ÁGUAS [Entrevista concedida a Rodrigo Petronio]
2003 PALAVRAS PRELIMINARES [Entrevista concedida a Jorge Ariel Madrazo]
2004 SÁBIO IMPREVISTO [Entrevista concedida a Álvaro Alves de Faria]
2004 UMA AGULHA NA REDE DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]
2005 SOMOS O QUE BUSCAMOS [Entrevista concedida a Ana Marques Gastão]
2005 VERTIGENS DO OLHAR: autorretratos [Floriano Martins por Floriano Martins]
2006 A OUTRA MÁQUINA DO MUNDO [Entrevista concedida a Belkys Arredondo]
2008 FESTA DA MESTIÇAGEM [Entrevista concedida a José Anderson Sandes]
2008 UMA CONVERSA COM O CURADOR DA 8ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO CEARÁ [Entrevista concedida a Lira Neto]
2009 A INOCÊNCIA DE FLORIANO MARTINS. INOCÊNCIA? [Jacob Klintowitz]
2010 ÀS VOLTAS COM O LIVRO-OBJETO E SUAS SOMBRAS [Entrevista concedida a Madeline Millán]
2010 CIBERCULTURA EN TIEMPOS DE ANALFABETISMO GLOBAL [Entrevista concedida a José Ángel Leyva]
2010 NASCENDO TODOS OS DIAS [Entrevista concedida a Manuel Iris]
2010 OPÇÃO PELA DISSIDÊNCIA [Entrevista concedida a Márcio Simões]
2010 TODAS AS COISAS À MINHA VOLTA [Entrevista concedida a Adlin Prieto]
2011 CRÍTICA E RUPTURA: a inocência de pensar de Floriano Martins [Teresa Ferrer Passos]
2011 PARTICIPAÇÃO POÉTICA [Entrevista concedida a Márcio Simões]
2013 QUE HOMEM É ESSE? [Entrevista concedida a Oleg Almeida]
2015 O LUGAR QUASE LASCIVO DE UMA AMBIGUIDADE [Entrevista concedida a Renata Sodré Costa Leite]
2016 AVENTURAS DA POESIA NO TEMPO: o inteiro continente revelado [R. LeontinoFilho]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 01 [Alfonso Peña & Floriano Martins]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 02 [Omar Castillo & Floriano Martins]
2016 LA INUTILIDAD DE LAS FUENTES, 03 [José Ángel Leyva & Floriano Martins]
2016 LOS NAVEGANTES DE LA PARADOJA [Entrevista concedida a Alfonso Peña]
2016 UM NOVO CONTINENTE [Marco Lucchesi]
2017 À LUZ DO PARADOXO [Entrevista concedida a Leila Ferraz]
2017 FLORIANO MARTINS, POETA E DEMIURGO [Claudio Willer]
2020 | DIÁLOGO CON FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Berta Lucía Estrada]
2020 | FLORIANO MARTINS: Todos somos marginados a la sombra de lo desconocido | [Entrevista concedida a Elys Regina Zils]
2020 UMA CONVERSA COM FLORIANO MARTINS [Entrevista concedida a Anna Apolinário & Demetrios Galvão]
2021 UNA PRESENTACIÓN DE LA OBRA DE FLORIANO MARTINS [José Alcántara Almánzar]
2021 VOCAÇÃO DIALOGANTE [Entrevista concedida a Maria Estela Guedes]
2022 DE ITARARÉ A UMA DEAMBULAÇÃO CONTÍNUA: Conversa com Floriano Martins sobre o Surrealismo no Brasil [Entrevista concedida a Anderson Costa & Elys Regina Zils]
2023 | FLORIANO MARTINS E O MARAVILHOSO TUMULTO DE SUA VIDA | Roda de imprensa, várias vozes
2023 A OUTRA VOZ DO TEMPO: Cronologia de vida e obra [Preparada por Floriano Martins & Márcio Simões]
OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA
El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.
Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.
Alberto Nepomuceno. Edições FDR. Fortaleza. 2000.
O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. Caracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.
A inocência de Pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.
Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica. 2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.
Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.
Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.
Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.
Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.
Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.
120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.
TRADUÇÕES
Poemas de amor, de Federico García Lorca. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.
Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.
Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.
A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.
Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.
III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.
Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.
Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.
Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.
Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.
Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.
Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.
Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.
O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.
A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.
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Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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