Esta é a morte.
Porém, desde
quando eu a vivo?
DOUG
MOENCH
1.
Eu trouxe essa
dor para dentro de ti. Não pude mais mantê-la afastada. A todo instante me
persuadia a isto e em minha angústia boiavam as vítimas que fui asfixiando na
memória. Era gente sem nome. Jamais se deu pela falta de uma. O que me consome
é o anseio de não repetir-me, uma vez sequer, tornar nossos corpos íntimos
antes de me despedir de cada um, roçar-lhes o pânico, com extrema dedicação. Eu
sempre atalhei a dor que agora se arrasta em teu ser, cuidando daqueles
resignados todos de maneira que não soubesses de nada. Mas já não suportava ler
nos jornais que os crimes eram todos iguais. Eu era o único a poder provar-lhes
a diferença. A dor que sentes não é maior do que a minha. Fomos traídos pela
incompreensão. Este mundo já não é o nosso.
2.
A memória nos encurrala dentro da sala
com visitas, os parentes disparando um último enigma: vieste para apodrecer. Dias escrevendo um mesmo poema ou
alimentando a volúpia de imagens de uma tela. Um descuido perfeito nos leva a
crer na destruição do mundo. Quanto tempo tens até que eu te mate? Nenhuma
vítima jamais me perguntou isto. Nossa relação com o tempo está baseada na
ilusão da eternidade. A menina encontrada morta no lixão, os olhos faltando. As
palavras finais do enforcado: não cometi
atos de impureza. Dois amantes cegos. A memória constrói uma casa indefesa.
E quem a habita? Para ali levamos os crimes primários. Pequenos furtos de
desejos e versos alheios. Um velho negociante de almas conforta a clientela
dizendo-se guia dos inclementes. A memória é o lugar menos indicado para alguém
apiedar-se de si. Leram nos jornais sobre o louco que foi preso apenas por
haver indicado o local exato onde estaria assando o sétimo e último corpo
devorado? Os mortos eram ninguém. O maluco sentenciado a sete prisões perpétuas
disse não entender nada sobre o destino da humanidade: que falta faço ao mundo? Vez que outra eu vou por onde não me
lembro. Dizem que os grandes saltos não sabem onde começam. Desfaço-me de tudo.
Deixo anotado em algum lugar que não devo me lembrar de mais nada.
3.
Um corpo provido de línguas que abre
caminho e fere tudo o que produz, uma irresistível forma recurvada chorando a
dor chamejante da solidão. Um corpo que é o portal de todo júbilo, do fogo que
se faz súplica incessante e prevalece o corte, a tempestade, a destruição. Um
corpo que nos guarda de ser o que somos, que nos conhece por tantos nomes e que
não para de enganar-se. Um corpo a proferir suas chamas (enlevos, miragens) e
que sinta-se puro ainda que cego o espelho da pureza. Um remo recoberto de
musgo em cujo corpo mutila-se a inscrição de um caminho sagrado. Um corpo que
não seja mais completo do que os demais.
4.
Onde moro o tempo
decai como uma saliência prevista para estar ali sempre
5.
Por onde anda o incrível canto da destruição?
Vasta e obscura e silenciosa tem sido a
peregrinação dos poetas em busca das contas perdidas. Não são mais cantores
sequer de si mesmo. Saudosismo talvez não passe de uma forma de denúncia,
talvez. Um resumo de quedas inclui metáforas tão alheias à paisagem humana.
Poetas flutuam em balsas em um naufrágio de símbolos. O rio é o mesmo enfermo
grave da linguagem. Lápides como não há
regresso ou tudo é silêncio não
são senão sinais de uma triste violência, o ludíbrio do poeta diante de si.
Essa torpe criatura contempla a própria morte com orgulho.
O esplendor de imagens vicia o poeta em uma
enganosa metafísica. Tudo nele é forma transparente. Já não reconhece mais nada
pelo próprio nome. Pobre diabo, quer reeducar-se buscando uma ordem geométrica
para o acaso ou movendo a claridade exangue de um canto a outro, alheia ao
miserável equívoco da existência humana.
Engole relógios superstições cadafalsos
mensagens gravadas dá aulas de eterno regresso prepara gemadas para a longa
jornada nada adentro guarda santinhos no bolso julga ser imortal a alma
desespera-se com a noite (covas entalhadas) ignora mesmo que nome tenha o
instante em que a dor apenas dói. Graças ao poeta perdemos a noção do que há de
ser destruído. Ao dizer que só a poesia lhe consola, aguou o pomar de suas
úlceras e regulamentou a lei do nada mais
importa. O poeta não era simbolista cubista surrealista concreto neobarroso. Verbo caprichoso, política
de aposentos, preparou o estômago para uma dieta de falta de princípios.
Os suicidas deixam bilhete comovente dando
pela importância alguma de sua vida. Alguns creem que não morrem de todo,
apelam para o apesar de tudo, amanhecerá.
Um bando de castos paranoicos crê em listas negras desde que seus nomes constem
delas. Onde a liberdade hostil desses amargos discípulos do desterro? Silêncio
ou noite ou tempo sombrio ou pranto desgarrado, a linguagem goteja seus ruídos,
jamais deixou de fazê-lo. Poetas não são vítimas de nada. A única enfermidade
que lhes cabe é a presunçosa arrogância. Injustos, capitais e amargurados, aqui
estamos os poetas, todos, tolos. Onde estala a liberdade? Nessa dor inigualável
que nos afasta do mundo? Haverá uma tempestade de acasos prevista em lei? O que
faço com o poeta depois de escrito o poema?
Escuto o tempo todo o ranger do silêncio.
Brilhante metáfora, viciada, encurralada entre o risível e o deplorável. Até
que ponto os poetas inventaram para si uma condição de exílio que se poderia
entender como um afastamento da realidade? O que não me cabe manifesta-se
como um vazio de mim. Não o é. Não há reticência ou número cego. Risível um
poeta falar de ajuste de termostato? Se considerado que hoje mal troca a
lâmpada queimada dos próprios versos, sim. Um encontro anual de poetas? Sempre
temo pela ruidosa agonia de espelhos cegos. A terra enferma, o silêncio
indecifrável, essas pequenas agonias rumorejantes. Melhor que se encontrem,
sempre. Assim doemos ao vivo, uns diante dos outros.
6.
Há uma hora certa para o crime? Quando devemos confundir os tempos do verbo? Por onde voam tuas pernas, redecoradas pelo abismo? As anotações se acumulavam no livrete, manuscrito agitado, mesclado a alguns feitios, riscos de supostas vítimas, esboços de um suplício. Nenhum nome, porém clara a intimidade com os atributos. A senhora da loja de frios não ri nunca? Por que aquele garoto só manca ao entrar na escola? Quantas pernas devem ser dadas ao livreiro cego? O livrete era todo um interrogatório. Quando foi encontrado especulava se acaso o autor não iludiria qualquer investigação com seu abuso de perguntas. Isto não se sabe. Nem mesmo se os crimes indecifráveis correspondem a algumas pistas encontradas naqueles escritos. Apócrifo, o livrete foi publicado e ganhou invejável notoriedade. Até hoje não se sabe o que de fato liga a literatura à realidade.
7.
Estás em tua ausência.
Nem perto ou distante, a caminho do bem ou do mal.
Tampouco importa o que te espera.
Nenhuma dor mal firmada.
Formas espatifadas no ventre e na chama de um olhar perdido.
Apenas formas, alquebradas, mas não de todo alheias.
Evidências comunicam uma escrita sacrificial.
O lugar sagrado aonde vão dar todas as vozes que te fiam.
Templo ou túmulo: abismo, multidão, degredo.
Versos escorrem por entre lamentos sinuosos, vertigens de outono.
O que escuto longe é meu pai arrancado do túmulo.
A vida reiniciada em cada morto.
Os amores perdidos quase todos vazando os limites do olhar.
O que há de mais profundamente irreparável, o inconcluso entre derrames de
enigmas, uma encruzilhada de vômitos do que é apenas temor ou insatisfação,
nada,
nada está tão presente em ti quanto tua ausência.
A vida apenas suportando-se com seu alfaiate de ilusões.
Os rostos desconhecidos surgidos em sonhos e ceias sem que te
apercebas que são todos teus.
E tudo o que buscavas era um falso repouso.
Que valores dar ao que apenas escrito perde sentido, ao que se
fragmenta sem noção do que se lhe opõe, a esse emaranhado de imagens que
desistiram do riso e do tremor?
Onde estás nunca serás.
O destino conduz sempre à perda?
Um canto como uma cena deslocada no tempo.
O infortúnio como a rebentação de uma alegoria: o homem não cabe
no que tem guardado para si.
Escolhe para morrer uma camisa limpa.
Anotações de um incerto desprezo pela espécie.
Quem o acordará para a morte devida?
Ruídos de sombras negadas, o cadáver enfeitiçado de que falava
René Daumal, perfis de cinzas e estátuas arrependidas, carnes estouradas por
ausência de lábios, extravasar extravazar,
reluzia a inscrição à entrada do pub, mulheres dispersas como a erva da noite,
homens viciados em si mesmos, então o maravilhoso fim de todas as coisas:
adiar-se.
Não estás senão no que negas.
Suplício guardado como um ás na manga.
Muitas vezes por aqui passamos todos, as imagens se repetem e não
há mais graça em acreditar-se iluminado ou expatriado.
Qualquer precária forma pode ser a fonte de um desvario.
Ao perder a noção da queda, de nada vale a idade avançada.
As formas falam com o que são, sabem que não devem jamais
ignorar-se: eis como percebem que as mutações são uma afirmação de princípio.
Onde estás, agora?
O que se finda é o que não se reconhece.
Como abrimos um novo oco entre os filhos crescidos, a ducha
esponjosa do hábito, a inveja secreta de uns ínfimos detalhes na vida dos
outros.
Haverá sempre uma lembrança?
A caminho do inferno, já na última vértebra, sempre alguém indaga
sobre os miseráveis planos da desordem,
a inviolável desordem com uma voz desesperada a que se referia Gui
Rosey antes de desaparecer engolido por tal inquietude.
Um desconfiado método da harmonia.
Lugar inexato onde tudo se contempla e raro se completa.
O que há de mais em teus versos, poeta?
Essa pobre vida incompatível será sempre a mesma?
Não é tua, simplesmente não é.
Tua língua percorre as melhores sílabas.
Um dorso e outro das mãos, afeitos a reanimar sofridas metáforas.
Um mar retraído, uma fagulha esplêndida de tua bunda, broto do
inatingível orgulho de uma memória de gozos, idas e vindas em lábios violentos,
panquecas do delírio,
chamas,
como me chamam olheiras tensões excessos.
O flamejante recurso com que te esgotas.
Os espelhos se enganam com o excesso de fidelidade.
Nada está exatamente como está.
Nem mesmo as perdas do que há de inúmero em mim.
Contudo, não tenho tempo para rugas.
O inferno terá que descobrir outra maneira de me visitar.
8.
Um nome para as partes de teu corpo que emitem
fogo,
outro para o rosto que se guarda de tais
chamas.
Um nome que seja para o guia de tuas pernas
flutuantes,
e outro mais para os campos que evitam tua
morada.
Todos estarão felizes com seus nomes. Uns com
mais de um,
outros a ponto de perdê-lo. O nome os torna
quase perfeitos.
Aponta-me um deus sem nome e disto me
encarrego.
Serão belos ou tristes, enfaixados ou traídos
pela corte,
violentos ou angustiados. Há os que se sentem
únicos
e julgam-se renascidos a cada vez que o nome é
pronunciado.
Mesmo sendo iguais, os nomes também são
distintos.
Distribuo-os carregados de ilusões. Fábulas ou
decretos,
rubrica de tudo o que somos ou rejeitamos. Não
te protege
o inferno do nome certo, traje com que entras
em cena.
9.
Estavas tão linda, na maneira como te
despias e te deixavas acariciar por minhas palavras, como pensar que a
realidade pudesse ter algum efeito sobre nós? Evidente que a arte tem uma
teimosia, a de querer se confundir com a realidade. Nossas vidas não valem nada,
não haveria motivo algum para o poema querer se passar por qualquer um de nós.
O abismo realça as pernas da queda e nunca põe em questão a origem da dor. E me
beijas enquanto provo do vinho de teu olhar. A realidade não põe nenhuma dúvida
sobre seus caprichos. Por que razão a arte se leva tão a sério?
10.
Não, eu não
queimaria tudo agora, há alguns papéis que poderiam ser úteis em outro momento,
toda prova é circunstancial e aqui há indícios que nos valeriam em boa hora.
Sim, eu sei que queres te sentir seguro, mas a evidência é cúmplice de toda
falsidade, guardar algumas rasuras pode assegurar uma melhor versão dos fatos.
Não, eu não as entregaria jamais, em quaisquer mãos estes documentos
complicariam nossas vidas, tais trunfos não passam de resto de munição. Sim, eu
sei que podemos nos arruinar um ao outro, por isto estamos unidos, nunca
duvidamos disto. Ah isto nem pensar, não creio que um de nós seria capaz…
11.
Sonda o esplendor
de teu inferno,
as cartas de
renúncia de ossos e relvas,
os relevos do mistério
aniquilado,
o violento
nascimento dos desastres,
amiga minha,
sonda o espaço
crescido entre
teu ser e sua queda,
as ondas que
prolongam o vazio,
o rumor de um
império no abismo
e a denúncia de
árvores natimortas
no flamejante
solar de tuas dores.
Em cada vulto
anunciado revela a morte
suas cartas
suspeitas, jardim de ecos
e preciosos
enganos, o estrondo
de nossos
tremores eclipsados, querida
minha, revela um
prelúdio de cinzas,
a miragem
sonâmbula de tuas sombras,
uma rajada de
transes enquanto planejas
e trevas,
querida, de artérias que são
a guia de teus
presságios, o pensativo
enigma de quanto
em ti celebre o tempo.
Sonda o
entusiasmo da angústia, os véus
de sua fascinante
constelação e o bosque
de sentenças a
que alude sua escritura,
horda de
fantasmas que jamais recordam
teu nome, o ninho
visionário das feridas
ou a selva de
vertigens de teu ser,
querida amiga,
erguida em profanações,
sonda o emblema
dos aniquilamentos
e os olhos
tremendos da terra que nunca
nos deseja seus
habitantes eternos.
Quanto é possível
viver de cada morte
cuida de tecer
labirinto e presença,
a pira de
sentidos com que cruzamos a dor,
insondável a
terra dos espectros e o leito
desventurado das
imagens que se perdem
de si, minha
amiga, a morte se alimenta
de nossa inquietude,
da tribo milenar
dos reflexos e da
avezinha suspirosa da
esperança que a
coroa sempre repleta
de encantos,
louro de obscuros desígnios.
Sonda o sorriso
dos alaridos em torno
de cada desastre,
a ânsia com que o tempo
se depura alheio
a ti, em quantos crimes
ramificam o arco
de teu idioma e mesmo
o ardil dos
signos encantados e as veias
de quanto nos
desata a história, caudal de
relâmpagos, minha
querida, as notícias
de suplício e
deriva, sonda a geografia
dos rostos que anunciam
um outro tempo,
a fúria
ontológica de nossa idade na terra.
Em quantos nos
tornará a morte, seu rol
de símbolos e
pedras de sacrifícios,
rasgos sublimes
na crosta da eternidade,
em quantas luas
da memória, templo
sangrado em
sonhos, delírio tangível ou
fósforo de
adormecido caos, amiga querida,
uma parábola e
outra mais, a semelhança
e o plano de
horrores de toda discórdia,
em quantos deuses
nos tornaremos
antes que sondes
a agonia de teus bosques?
Se caminhamos por
entre o fogo do tempo,
o inferno da
memória e a doce inquietude
do futuro,
corresponde a cada passo a seda
de outra rota
tecida entre o que somos
e a insondável
lótus do desejo, os pelos
do vazio, a fruta
de teus escritos, o papel
dos presságios,
querida minha, a cada toque
temos tempo a
perder, um olho que faz
o mar sorrir, um
amor que dispersa a agonia
e a queda da
ave-peixe da eternidade.
Outra noite e o
vazio vem dar em nós, um
pouco a língua do
intangível e o anúncio
de que devemos
rogar por nossas perdas,
até que um outro
caos nos atinja e o mundo
das imagens
reescreva seu testamento:
não há mais desastre esplêndido que a
dor
de um homem que não alcance a
exaltação
de seu desígnio, o tremor de
equilíbrios
que lhe reserva o sortilégio da paixão,
até que estejamos
um pouco além do tempo.
O que se foi nos
toca com furor igual ao rio
que vem dar em
nós, o fogo ateado em tuas
imagens, o curso
de teu idioma, voz disfarçada,
um rol de
monstruosas insinuações, como tocar
a dor e seguir
sendo o fósforo da alegria,
o mundo que ri de
tudo quanto se desgoverna,
trilha de ossos e
relvas, o mesmo desastre
com que adiamos,
a cada dia, minha amiga,
nosso encontro
com a vida, o poema e o homem
que aprenderá a
ser onde não toque o sol.
∞
A GRANDE OBRA DA CARNE
A poesia de Floriano Martins
1991 Cinzas do sol
1991 Sábias areias
1994 Tumultúmulos
1998 Autorretrato
2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]
2004 Antes da queda
2004 Lusbet & o olho do abismo abundante
2004 Prodígio das tintas
2004-2015 Estudos de pele
2004-2017 Mecânica do abismo
2005 A queda
2005 Extravio de noites
2006 A noite em tua pele impressa
2006 Duas mentiras
2006-2007 Autobiografia de um truque
2007 Teatro impossível
2008 Sobras de Deus
2008 Blacktown Hospital Bed 23
2009-2010 Efígies suspeitas
2010 Joias do abismo
2010-2011 Antes que a árvore se feche
2012 O livro invisível de William Burroughs
2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]
2013 Anatomia suspeita da realidade
2013 My favorite things [com Manuel Iris]
2013 Sonho de uma última paixão
2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória
2014 Mobília de disfarces
2014 O sol e as sombras
2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil
2015 Enigmas circulares
2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]
2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]
2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]
2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]
2016 A vida acidental de Aurora Leonardos
2016 Altares do caos
2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]
2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos
2017 O livro desmedido de William Blake
2017 Antigas formas do abandono
2017 Manuscrito das obsessões inexatas
2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]
2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra
2018 Atlas revirado
2018 Tabula rasa
2018 Vestígios deleitosos do azar
2021 Las mujeres desaparecidas
2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]
2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]
2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]
2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]
2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]
2023 Inventário da pintura de uma época
2023 Letras del fuego [con Susana Wald]
2023 Primeiro verão longe de casa
∞
1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]
2013-2017 Manuscritos
∞
Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.
∞
OBRA POÉTICA PUBLICADA
Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.
Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2. The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.
Alma em chamas. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.
Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.
Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.
La noche impresa en tu piel. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.
Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.
Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.
Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.
A alma desfeita em corpo. Lisboa: Apenas Livros, 2009.
Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.
Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.
Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.
Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.
Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.
O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.
A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.
Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.
A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.
Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.
Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.
El frutero de los sueños. Wilmington, USA: Generis Publishing, 2023.
Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.
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Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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