sábado, 22 de abril de 2023

A GRANDE OBRA DA CARNE | Os miseráveis tormentos da linguagem e as seduções do inferno nos instantes trágicos do amor de Barbus & Lozna

 


 

PRIMEIRAS VOZES

 

Onde cresce a árvore de nosso amor,

esfera semeada de sol e vento e mar.

Como versos do ar tremem seus braços,

respiração do fogo por entre os ramos.

 

Onde cresce o amor sobre o mundo,

toda a idade perdida pousa em teus olhos.

Mulher acariciada pelo esquecimento

                                                                                               cujo

corpo se deita sobre a dor do tempo

e nós de espelhos silenciosamente caem

de suas sombras no segredo da paisagem.

 

Trago um sonho, um sonho oculto no passado,

nas ruínas da memória reconheço

os sinais do amor, os suores do que sou

enquanto o tempo desconhece por que sangram

as dores que crescem em tua pele.

                                                                                               O mistério

de nádegas dançando na expressão invisível

de umas tristezas fugindo de teu riso e uns

sorrisos voando a caminho de tua tristeza.

 

Onde morre a noite flutua uma canção.

Quem sabe é teu nome que traz soando

os dizeres da porta frondosa que se abre

no centro de cinzas de nosso sonho.

 

Tu, fulgurante tronco de seios e presença lavrada,

os velhos elementos da realidade,

                                                                                               o sopro

queimante de teus desejos – as invisíveis chamas,

palavra que inventa um ninho de assuntos

e secreta aventura de beijos por toda a noite

– são o tributo do tremor e a sede do universo.

 

Música de tua carne oh amor, rochas de teu ser

que me falam da imagem desnuda do abismo,

cadência de quedas que descalça a memória,

as mãos abertas do obscuro em seus ventos molhados

resvalam os sonhos oh amor no compasso redondo

da agonia – uma água espantada – corrente rompida

– a mesma música que cresce dentro do tempo

                                                                                                                                              e voa

dispersa por entre nossos suores de terra e espelho

– eis teu novo mistério a dor que vamos buscar.

 

 

 

VÍTIMAS DO ESPELHO

 

1.

 

Teu nome é morte. Até o princípio caminham todas as formas de minha existência. O que há entre teu olhar e o meu é a paixão com que se tocam. O que é a ausência? Uma sombra sem limites. Um fulgor de trevas cai dentro de tua imensidão. Adentrarei em teu espírito pela rua de suas órbitas vazias, pelo gozo de tumbas que cresce na transparência de teus caminhos. Sei que és a morta, o palco de cinzas que me desgarra do mundo. Guia-me os passos a trêmula suavidade da solidão. És a maldita terra que adivinha meu infortúnio. Muito desejaria outra falta, outra náusea no desastre vazio de nossa existência. Até o princípio caminham todas as mortes. És o inferno das transfigurações, um abismo de ossos em tua nudez de guarda-fogos. Teu nome é Lozna.

 

2.

 

Nome de morta: Inumerável: por alguma

razão deixei cair em meu destino esse funeral,

o mistério granítico de tua ausência e Tanatos,

uma sombra mortal que rasga meus versos.

Por alguma razão uma torre de silêncios avança

até a asfixia proverbial de minha solidão.

Queres me retirar de circulação, profanado amor,

com teu nome de cinzas e os papéis em desuso.

Somente por ti os sobressaltos, por ninguém mais,

perfeitas diferenças de haver perdido os passos,

o reino dos alentos simulados, seus gestos

impotentes diante do amor, somente por ti.

Depois de tudo: Inumerável: que lugar ocupas

entre as vítimas dessa lâmpada de trevas?

 

3.

 

Os amores expõem sua nudez sob a luz do tempo, afiam suas pátinas com um indestrutível ardor, ninguém pode julgar ou condenar o amor, figueira sagrada dos rituais, latejo selvagem do universo, lauréis do absoluto, ninguém pode tramar contra a pele do amor, assombrosa claridade de seus desdobramentos e prejuízos, mesmo na vastidão de suas ruínas há um sentido de larga intempérie, uma diferença diante da morte, um brilho que fixa a astúcia do acaso, onde o esplendor do tempo é uma vertigem porém não o declínio absoluto, onde a memória é uma transparência do futuro, onde o mistério é um decifrar escuridões, a imagem de uns olhos refletida no próprio instante de seu desvanecimento, os amantes vão cobrindo o torvelinho de seus desastres passionais, os desenraizamentos de suas visões e o arroubo do esquecimento, enquanto apenas o vento sopra e o amor persiste:

 

4.

 

Onde persiste o amor? No branco, nos desenhos do desconhecido, cicatrizes da ausência, extravios de páginas, ondulações dos calendários, no úmido fulgor do próprio florescimento. O amor trama sempre retornar da vertigem das transparências, dos reflexos de fogos, corpos da voracidade. Tudo em Lozna descansa na caligrafia de meu ser. Esvaziar o sentido do verbo, pretérita sensação, não é senão gastá-lo até o oco de sua fundação. As inflexões do amor não estão fora do que escreve em nossa carne. Uma palavra é seu destino. Seu destino são todas as palavras. Paixão das contradições. O amor de uma árvore por um pássaro. O movimento do tempo é uma estação tremente de inquietudes, cuja verdadeira distância do princípio até a perplexidade das ramificações não se estende além do próprio revés. Onde persiste o amor? Não chegaremos nunca a nos reconciliarmos com seus impulsos? Devastados no tempo sem memória, acaso desconhecemos nossa sede de errâncias?

 

5.

 

Onde desemboca a ausência da mulher amada? Não há como aceitar os desígnios de uma fonte de jogos, as adivinhações das horas do martírio, fulgurantes esponjas de um delírio de estorvos. Lozna morreu ante a perplexidade desbragada de Barbus. Não houve fruição dos metais de sua morte. Não houve elegância da criação no retábulo de sua retirada. Não sangrava como suas irmãs. Seu corpo não era a sacristia de uma violência carnal. A morte apenas sorria do pedestal vazio de sua própria ideia. Não foi o nascimento de um novo círculo de abismos. Não houve as certeiras lanças cravadas da ironia nem uma opulenta constelação de quedas. Que houve com a morte de Lozna? Que corpo a linguagem recebe agora? Que fazer dos provérbios diante dos deslizamentos da carne? Barbus atravessa o deserto como se fosse um enigma sem configurações. Não há ao que recorrer quando a noite não se deixa tocar.

 

6.

 

Uma primeira ideia verdadeira da morte: montagem das resignações, um filme de martírios. Cenários incompreendidos: monólogo sobre as quedas? De que falamos? Monumentos de fantasmas? Sombras de glórias? A voz de outro tempo é uma imensa gruta desprezada pela doçura satírica do presente. As imagens do sonho são a razão de minha própria dor, luz desgarrada de todas as coisas. Ocupo-me do ar raivoso, dos campos abandonados e da nostalgia do espanto. Sou a voz anônima que guarda meu coração. Tudo é faminto em nosso destino. Um sorriso? A certeza existencial do homem é sua máscara. Eis uma história que não tem fim. Nosso mundo cultiva a idade da indiferença. A dor da morte logo há de ser a mesma de sua própria vida. Que me está sucedendo, meu amor? Os fonemas sujos de teu corpo, obsessão insular, nascida mais acima, nos mundos das turvas aparências, tudo isso é a carne de meus dias? A condição de meu ser: Inumerável: é a ferida resplandecente de tua indiferença. Teu silêncio me arrasta com rigorosa imprecisão.

 

7.

 

Quanto resta ainda de nosso corpo?

O vento desfez-se de tudo, do fulgor

de espelhos terríveis, do desconhecido

que se faz sangue na memória.

Desfez-se de tudo a alma violenta,

em suas chagas de luz e solidão, poço

sem fim onde o profundo se esgota,

em pleno gozo, vitalidade desesperada.

O que há na outra margem do rito, que

salta sobre nós golpeando a alma?

Quem é suficiente para afastar-se de tudo,

das lágrimas amorosas e até de si mesmo?

 

8.

 

Palavras que fazem o mundo com seu passo:

 

passamos por tudo, meu amor, porém há sempre

que viver. Somente é possível arrancar alento

da existência. A morte não compreende

 

a voz do vazio, não pode desfigurar seu

rosto. Perdeu o horror todos os dons,

os encantos de sua própria paixão. A suavidade

 

é a mais profunda queimadura. É o enigma

do grande incêndio que alimenta a história

de nosso declínio. A língua sobre o fogo,

 

canções de cinzas com peixes derramados.

Sob a casca de tanto aniquilamento,

os amantes se supõem também em seu fim.

 

A poesia indicava seus pesadelos, entrava

nos céus de tanto delírio, no fundo de Deus,

onde detinha o amor secretos esquecimentos.

 

Saímos já do fulgor das evidências,

cruzamos a linha de fosforescências do tempo.

Tu és a mulher mais bela! Tristeza e alegria

 

são uma única senha para abrir teus lábios:

estou terrivelmente só, Barbus, onde salta

o tempo para cair uma vez mais em si próprio.

 

É um mundo sem reflexo. A noite é apenas noite.

Quase nada nos chega ali das imagens silenciosas

de nosso desejo. Não esqueças, meu amor,

 

até mesmo para os mortos a morte é um inferno.

Quem liberou o sortilégio em suas chamas?

As palavras do poeta também necessitam

 

um pouco de amor, do encontro em seu jardim

de ilusões, onde o beijo absoluto é um beijo

e outro e outro beijo e outro mais até o êxtase

 

vomitar seus tenebrosos anjos e suas quedas.

 

9.

 

Lozna é uma ferida que não cicatriza: são palavras com que o tempo quer despedir-se de nós. A língua tocando o sal em seu primeiro dia de esquecimento, a escuridão tomando o pulso de uma alma sem regozijos. Tudo foi inutilmente: Inumerável? Sob a chuva, o peso de nossa inflamada alegria. Estivemos nos livros mais afastados do mundo. Barbus e Lozna. No amor as loucuras todas são brancas, até mesmo o fundo da própria alma, a alma da loucura em si. Cheguei a pensar em purificação, iluminações, ascensão… Enquanto o dia caía em meu olho. A serenidade dos tormentos recobrou o sentido único de tua morte: preciosa joia da poesia. Nada mais é capaz de romper o ânimo da árvore das ressurreições. Ao percorrer o alfabeto de tua ausência, Lozna, arranco de mim alguns estranhos vícios, os espectros do múltiplo olhar do Um. O amor é também uma balança de insignificados. À sua esquerda, as tensões do paraíso. À direita, os sorvos do inferno. O que são os crimes passionais? Intercâmbio de luzes em meio ao escuro de cada estação? Inveja de conhecimentos? O amor é somente para o uso de anjos? Creio que o desejo se adere ao ser, que é um ato sagrado, que extingue o esquecimento e todas as letras do tempo. O que houve conosco? Dançávamos enquanto o mundo culminava em desastres, enquanto o homem não esperava nada do homem, enquanto o assombro ficava só.

 

10.

 

Muito de nossa moral não compreende a diferença possível entre os espelhos. As imagens perdidas são amiúde pertencentes ao mundo dos espelhos piedosos. A lembrança é um bem em si mesmo. Os caminhos tortuosos não terão salvação. É uma ação de espelhos? As ideias passam por nós como pronúncias inquebrantáveis do abismo. O amor goteja suas paisagens de fogo. A morte de um sonho é um dado que enfebrece o insólito. Tudo é muito familiar. O tremor se renova com as enfermidades. Conhecemos os contrastes, a linguagem morrendo de si mesma, os gozos vulcânicos da solidão, as vozes de pedra da serpente. Meu amor, me deste as reverberações.

 

11.

 

BARBUS | Somente ao tocar tua ausência: Inumerável: a noite engendra sua inextinguível resplandecência, sol dos santos, raiz do fogo. A destruição de seus corpos semeia na memória uma cidade de imagens indecifráveis.

 

LOZNA | Sem a perfeição de teu esquecimento nada em mim poderá morrer o bastante. Tua memória é uma violação de meus resíduos mais secretos. Uma obscura trama do tempo para que não se vá de todo a matéria de suas letras.

 

BARBUS | A penumbra acolhe a maré em fuga dos corpos, é uma expansão do eterno labirinto. Desvario de signos andarilhos, reflexo até onde os arcanos perpetuam nosso abismo.

 

LOZNA | Não estou de regresso, meu querido. Não é a morte um refúgio temporário. Não há plenitude redentora nem convulsão dos tormentos. Que caos pode livrar-se de si esquecendo sua origem? Divindade de escombros, o deus da morte. Há um frescor rompente de reveses e fraturas em tudo quanto toca a morte. Não alcança nosso amor outra firmeza.

 

BARBUS | Onde afundam as formas fiéis à superfície? Onde o acaso da vazia acuidade dos sentidos? Na possessão do viver, o que escapa da dispersão da consciência? O que é um abismo tangível? De quais extremos faz falta a respiração da inocência?

 

LOZNA | Até o esquecimento improvisa seus limites, a caminho da origem inabitável. A caminho da dimensão propícia aos extremos. O que nos leva a dizer que alguém se desespera? A coisa visível é a morada do amor, sua obstinada conjectura. Barbus, é inútil dizer o silêncio sem a vertiginosa confluência de seus ruídos. Não quero ser o balbucio de tuas inquietudes.

 

12.

 

O que será da palavra sem que ninguém a repita?

Os diários de morte são algo incríveis, estrondo

de danos sob incertas inscrições das misérias.

Ali não há má fé, porém este grande fantasma

necessita ir mais longe em seus lamentáveis aspectos

de solidão e desespero. Quais os verdadeiros

excessos da alma? Quanta vezes necessito amar

até cair na asfixia das perdas? Morro de meu amor

ou da espantosa tragédia de seu curso? Algumas

palavras ocultam seu significado. Assim é

com o amor, o sonho, o fogo e os materiais

que esmaltam o cenário da existência humana.

A mesmíssima flor do mundo é sempre nada:

não há pausa, somente uma palavra decepcionada.

 

13.

 

De onde vem a dor? Encontram-se nossos

atos viciados em tal ordem de queixumes

que a felicidade é um desespero. Cada um

fala de si mesmo, em nome de seu amor.

Condenados pelo tempo, rimos do doce Gautama,

da miséria de Juno, da cegueira de Borges.

Rimos de nosso próprio amanhecer, sem saber

acerca dos argumentos dos salvo-condutos

da espécie. Tudo é provável. Entre nós

a morte necessita de caráter. Egos e vermes

padecem da mesma gravidade humana. Tudo

é um alento de palavras, os termos da mídia

ou os regozijos do Papa. A morte é um câncer.

Temos aqui as limitações cruéis da linguagem.

 

14.

 

Sangras de mim, conjurada memória de um assombro

a mais do mundo. Sou a tormenta que escreve os estalos

em tua pele, que anota o que ditam suas estridências.

Quem vai escrever-te, milenária heresia, sem o bosque

em chamas da poesia, sem o assalto ao inferno

onde afinal estava impresso quase tudo? Nossa crença

não é a mesma. Não tem o homem como retornar

das páginas de seus velhos diários de tanta injustiça.

A morte começa com a verdade de cada coisa,

com seus voos dentro do ser e a elétrica asfixia

que atravessa os lares e abraços da espécie.

Errante e Barbus, meu amor desce ao vazio, porém

o que é seu nessa viagem redonda? O que fomos

já não somos. O que é meu senão o nada, o ilusório?

 

15.

 

Contra a dor prosseguem os amantes. A dor da morte e seus arquivos de silêncio. Deve o amor ser tão tremente, uma loucura cintilante de espectros? Quais suas marcas não fatais? Reconstruímos em versos os espelhos de outros tempos, uma ópera de serpentes, a cidade perdida das alucinações, último dia da inocência. O poema não pode, no entanto, reconstruir uma morte sem dor. Vivem os amantes em eterna escuridão, na noite infinita. Seu esplendor de raízes não é senão um salto no vazio, nos jardins invisíveis de suas apostas. Que dor pode haver na queda de um amor tão desprezado? Somente as omissões são imortais. A forma governa o amor. Muda a identidade das contradições. Os mortos seguem sendo os mesmos. Barbus e Lozna se acariciam na escuridão de seu espólio. Como pode cair o amor sem o amor?

 

16.

 

A língua é uma maré de refluxos.

Não há retorno do poema se acaso não

é com proveito do sangue derramado.

Quem poderá dizer que o amor passou

há tanto tempo que não cabe mais

sua herança sobre a terra? Onde termina

o homem começa o inferno de sua

memória. É uma chave sem fim. Não é tarde.

A memória é um rio desgraçado? Acaso

não são os sepulcros melhor considerados,

moedas do tempo, seus ovos andarilhos?

Quem persegue meus desejos, senão a dor

de um homem envelhecido em meu sonho?

Quantas vezes girar a língua na boca?

 

17.

 

A solidão estraçalha a alma, devora seus resíduos.

Deusa da ira, torna-te chama, torna-te a ressurreição

das palavras. Saberás assim por que nos amamos,

Barbus e Lozna. Saberás por que sofrem por nós

os ventos da terra, por que sofrem os homens

e não se sustentam as tormentas sem nosso amor.

Quem canta entre os ermos do tempo? Quem

decifra as confidências do vazio, do nada,

os pontos frágeis da alma humana? Como queima

o coração se acaso não está presente o amor?

Quem saberá a incontida sabedoria do silêncio?

O que seremos nós quando o mundo restar

sem tremores? Deusa da ira, tornada o clamor

do fogo, perene ressurreição do amor e da poesia.

 

18.

 

Há que se ler em teus lábios as últimas palavras de amor. O poema dirá tudo o que dizias, o que ias buscar com tua voz. A morte não se cansa de morrer em meus braços? Mesmo no fundo da noite os mortos chamam sem que lhes responda a terrível anciã. Há que adorar a morte, irmãos? É possível nos vermos junto a Deus? O amor é uma árvore que anda e canta e dança. Cada fruto, uma porta imensa. A tatuagem de fogo na pele da eternidade. Como nos sustentarmos à borda de tanta luz e suas visões ardentes? Eis a tarefa dos amantes na terra. Onde o centro de nossa errância? No vazio onde se apoiam os significados das coisas. Não há lugar para morrer. Toda palavra deve sair de um vazio pleno e seu corpo haver caminhado entre a luz e a sombra. Única forma de conhecer o sagrado. Ninguém pode chegar até esse ponto sem que lhe tenha queimado o amor. Os enigmas flutuantes, nômades, estão feitos da verdade dos mundos atados a suas erráticas crenças. Uma imagem convertida em fonte de si mesma. A beleza contraditória das escrituras. Seus fragmentos são como um terreno baldio. Os gestos absurdos pendem da insistência de seus sentidos. O poema é um transbordamento do olhar e suas combinações com o acaso. Haverá em seus domínios indivisíveis algo que desvele a mesma vibração de seu antípoda? É como indagar se há mesmo uma única vida. Os vazios da razão são a perpetuidade dos mitos. Até quando durarão os inumeráveis corpos da árvore de nossos sonhos? Até quando a morte se canse de morrer em meus braços.

 

19.

 

Meu amor, eu estou simplesmente morta. Não há um centro ilimitado das coisas, nem equidistância possível entre vida e morte. Não se resolve a história em seu repertório de agonias. O Calvário não é o centro de nada. Descarnar as descrições não conduz ao lugar de sua ação. Não há milagre prescrito pela linguagem. Recordo umas palavras de Enrique Lihn: A vida necessita muito pouco da linguagem / esta é uma das causas mais poderosas do Ego / da morte. Este seu Diário de Morte é uma prova bem rigorosa da gravidade desentoada da poesia. A exatidão de suas palavras muda a noção que temos da irrealidade e seus conflitos com a morte e a memória. É uma espécie de outra relação a que tem o enfermo com a vida. Seus temores do vazio restam solitários e abrem outras conexões com as intuições renegadas. Não há o domínio dos sentimentos nem justificativas nas sensações. Os desejos de uma vida são os ossos acariciados pelos vermes. É o mesmo com o trabalho dos poetas. Não há como tornar tuas as mãos que são minhas, querido Barbus. O labirinto da história não duvida da condição de minha morte. Adoraria aceitar tuas versões da mesma, porém teus versos falam de um paraíso perdido que é um emblema do horror em que vivemos. Não há podridão do corpo nem uma trajetória de anjos. Os que pensam na vida devem entender que a dor é parte da própria alegria, que não há túmulo de plantão nem felicidade prometida. O centro do ser é justamente o que fazemos de nós.

 

20.

 

Quem fala comigo nas colinas febris do vazio?

O que é a respiração do inferno por entre as chamas

dele próprio? Minha ascensão às vertentes encantadas

das trevas é uma lâmpada perdida em suas imagens.

Onde está a falha que é minha? Onde sua petrificada

obscuridade? Que espaços transpassar sob as tempestades

suspensas do viver? O que posso tocar em tanto ermo?

É possível reconhecer a morte sob sua própria sombra?

Os ruídos das visões querem ser o fogo de Orfeu.

Que fogo é esse? Quem fala comigo? Detrás de tudo

os deuses com suas invisíveis lanternas. Vê-los passar

é compreender que não me verão jamais. Tudo em mim

é um rompimento de laços. Tudo na vida se afasta

de si mesmo. Como reconhecer minha morte no vazio?

 

21.

 

As marcas de tua morte: Inumerável: suas trajetórias

de regiões abandonadas e submersos hieroglíficos,

sobre que corpo se apoia tanta ganância do tempo?

Deixaste em cada poema alguns versos apócrifos,

em cada túmulo as origens perdidas de tamanha vastidão.

Recolher as formas anteriores é um destino que ainda

não sei tecer: a matéria de cinzas de tantos voos,

troncos ocultos de teu bosque, os pássaros mais velhos

do mundo… A morte será mesmo um destino? Não

creio. A vida não é somente uma terra de sombras,

nem a fome uma fonte de ossos golpeados. O que

morre em mim afinal morre em todos. Onde começam

os mortos de cada um? Leva-me contigo ao inferno

de tua língua, para queimar ali as feridas do tempo.

 

22.

 

Um homem repetindo o nome da amada até a vastidão de sua vertigem é uma forma sinuosa dos extravios. As raízes de um homem assim fazem ondular as cerimônias do vazio até que suas vozes tenham desfolhado os enxames de assombros que testemunham a presença do desejo. Nada mais transcorre sem que este homem chegue a seu deserto mais perfeito. É uma torrente de centelhas e escamas, uma varanda ardente de desastres. Não há como transformar em palavras os tentáculos do silêncio, nem mesmo em línguas de luz as chagas implacáveis da escuridão. Um homem assim não se converte em nada, até que toque o dulcíssimo rumor florescido de suas tempestuosas aflições.

 

23.

 

Uma mulher caminhando sobre os vestígios ignorados de sua própria linguagem é como um versículo detido para averiguações. Não há jogo de palavras que não reconheça as faíscas de seu exílio, as trêmulas interrogações do carvão dessa cativa caminhada. O que se passa em sua forma intangível é implacável. Uma mulher assim é uma cadeia de pétalas do inexplicável aproximando-se das fibras dos tambores da terra. Sua febre é um estrondo de milagres e também uma chuva de medulas. Nada mais transcorre em seus caminhos sem que o converta em novo enigma. Uma mulher assim é o próprio corpo do sonho.

 

24.

 

Há que esquecer tudo sem tornar-se louco. Há um ponto extremo em nossos atos, um horror insondável de adentrar o território sombrio da vontade criminosa. É uma expressão fugidia de nossa vaidade. Tudo se dá em seu ponto extremo, em seu ponto de transfusão. A morte é uma elaboração necessária da vida. Não há outro sentido na separação de nossos corpos. O rigor das perdas é o mesmo do reconhecimento primordial do ser. Nenhuma dúvida acerca das aberrações da razão. É cômica a tragédia do amor? São obscenos os domínios sagrados de seu romantismo? Seja qual for o limite da dor, não há sacrifício possível nem efusão de seus esforços. Quero retornar a teus braços, meu amor, porém não há dissimulação possível de minha condição que não seja a evocação de tua angústia. Não é demasiada tua nudez de sentidos. Não importa a loucura dos esquecimentos. Este livro é o único método de nosso reencontro.

 

25.

 

A poesia é uma escritura de desventuras, um tipo de alarde que volta a palavra contra quem a escreve. É uma árvore que só regressa graças à queda de suas folhas preciosas. Não posso com o cadáver de minha amada nas visões da poesia. Fecho os olhos e a agonia volta a ser livre. Não há rumores de crônicas, falas comuns, falsos testemunhos, teatro de sombras. Para regressar às estranhas propriedades da vida não é possível repetir o mesmo jogo de alucinações de seus dias. Quem existe em mim? Um amor que faz encarnar o tempo em sua matéria visível, um doce archote que penetra os sonhos e faz renascer as tábuas de seus atributos extasiados. Uma das sombras dolentes de nossa escrita: a rapidez da eternidade. Como desgarrar o amor do dano terrível do tempo? Uma longitude de quedas, o logro das formas atrozes das reminiscências? O que se passa com a memória do amor? Onde os suores malditos da carne? A luz cheia de teu corpo aos pés de meu gozo? Uma pele crescente de golpes a cada firmamento de teus beijos? O orgulhoso ramo de tuas vertigens dentro de mim?

 

26.

 

Não há sonho: Inumerável: senão a emanação

dos tormentos de tua ausência. A poesia

não é um simulacro dos instantes em que falamos

de amor. Ninguém envelhece se acaso não estremece

do mesmo tremor que a morte. É uma imagem

abrasada de extinção, um tipo de veneno proverbial.

Não conheço os escrivães de nossa aventura,

porém maldigo suas repetidas histórias acerca do amor:

os escândalos desesperados, o teatro de crimes,

umas estúpidas narrações da solidão sem sombras,

os filmes de recordações do Paraíso perdido…

O amor não cabe em sua própria verdade. As vozes

desse drama incessante chegam a seus labirintos

e ali ficam sem saber o que fazer. Não há argumento

e o filme prossegue sem o pavor de sua culminação.

Quem é o suplicante? Barbus? Lozna? O poeta?

Em todos estes casos, pode o amor com a rota

das transgressões? A eternidade é uma palavra só.

Não há cópias de seus descuidos nem faz diferença

que Eros tenha sido atormentado até a eclosão

de seus últimos suspiros. É uma desprezível mudança

de cena. Todas as putas de diretores reconhecem

em suas coxas triunfantes as horas de deslocamentos

da realidade, a trama que revela uma sediciosa

catástrofe em todo amor. Uma mulher caída

em meus braços e logo ausente de tudo. Palavra desperta

nos lábios e logo o silêncio. Não é uma questão

de súplica e sim que não é mais perfeita a inocência.

 

27.

 

Quando encontro teu corpo, doce amor, a vida inteira é uma maldição, é como ausentar-se de seu drama comum, seu mercado de sentidos, sistema único de quedas. Ninguém poderá decifrar o que sinto, o enigma das horas passadas dentro de ti: Inumerável: percorrendo ramos e ramos de tua vastidão gozosa. Não há loucura mais perfeita que o desenho de tua árvore. O tempo? O trabalho da arte consiste em negá-lo. Nada posso sem teu sorriso, confesso. As coisas que não se ajustam a teu reino desgraçadamente não desapareceram. Os signos traçados a fogo na carne respondem agora ao impacto dos danos. Não há imperfeição suficiente nem pesadelo tão funesto que faça desaparecer por completo a fonte dos desequilíbrios. O amor não fere como uma dor que floresce, mas sim como o grunhido do desconhecido no centro da noite. Sua dor é a poderosa chama que move o mundo. Não foram em vão as outras mortes e os versos que reinaram no silêncio úmido das tumbas. A queda do amor é o sobressalto da matéria.

 

28.

 

Um dos fragmentos de Heráclito: as maiores mortes alcançam as maiores sortes. Quem somos, no momento em que esgotamos nossa humanidade? Morremos pela beleza? Elege o amor sua própria pena? Barbus acreditou ver em seu coração uma descida até as parábolas fugidias da paixão. Quem poderia indicar-lhe cada minuto de sua brutal fragilidade?

 

Vi todo o mistério da alma.

Andávamos pelas ruas e este homem luminoso e meu,

entranhado dos versos de Artaud

a vida sem limites persiste não obstante em ser

preparava com buliçoso rigor cada aventura de nossos dias.

 

Meu corpo e o seu deslizavam pelos ramos do tempo, suas criaturas de fogo dentro de mim. Ríamos das novas versões da dor, do nada. Meu amor me dizia: o sofrimento: Inumerável: tem uma pele muito fina. Onde me vês? Atenta que vou estar aqui em todos os goles de nossa existência.

 

Barbus foi um homem embriagado pela invencibilidade.

Por incontáveis vezes éramos

os amantes submarinos dos versos de Murilo Mendes.

Em seus escritos e beijos toda a miséria do mundo

decaía. Meu amor e o estrondo da doçura.

 

Porém o que fazer hoje com os despojos da memória? Sempre dirão os amantes desgarrados: não tivemos tempo para chamar a atenção dos vazios infernais que rondaram nossa intimidade. Agora, há umas palavras de Cesare Pavese que iluminam as entranhas do inferno: verás a morte e ela terá teus olhos. Pelas noites de inquietude e oferendas carnais Barbus me dizia todo o poema.

 

Onde vamos? Pela mistura do sangue,

pelas vísceras do ar, o que será dos amantes que fomos?

Nossas desordens amorosas ilustradas pelos vícios,

pelo gozo doloroso dos temores.

Tudo na imortalidade, meu querido, é sarcástico.

 

São banais os estudos da vertigem. E o que será do amor, se não pode ficar entre nós, entre nossa carne compartilhada? A linguagem putrefacta da memória de suas velhas imagens. Que podem escrever os poetas acerca do desespero fatal das palavras em liberdade? É vergonhoso o serviço que presta o homem a seu próprio abismo. Os infernos arrastam a si mesmos com calcinado rigor.

 

Que dirão os poetas? Com que indignada inteligência

encerrar a aventura da mediocridade?

Por quais novas páginas andará a máquina de fazer excessos

e tornar possível as relações improváveis?

A morta sou eu. Por isto estou nos talhos do vazio.

 

E estou também com Gonzalo Rojas: Deus não me serve. Não sou o espelho de ninguém, nem prestígio de sombras ou a pureza dos vãos. Não posso ser, Barbus, teu ideograma preferível da morte. Que podem os poetas contra a velocidade de nossa inércia? Que temos entre as mãos, senão umas miseráveis elegias? O homem chora, bem no centro de sua perfeita agonia.

 

É um negócio de corpos e soluços,

vícios e tumbas.

Não é uma questão de justiça.

Dorme, meu querido.

A morta sou eu.

 

 

 

OUTRAS VOZES

 

Misteriosa árvore da vastidão nosso amor.

Não há vertigem desabitada em suas escrituras

nem haverá revelação sem o frescor da renúncia.

 

O amor é uma partilha que acaricia os corpos

em sua perplexidade de esplendores:

                                                                                               cidade desnuda

de regressos: sopro das cicatrizes da palavra.

 

O amor [nosso] não é semelhante à matéria radiante

de sua caligrafia de transparências,

                                                                                               sequer ao ruído da letra

na fidelidade prefigurada pelo silêncio e o tropel

inumerável de seus alfarrábios,

                                                                                               sequer ao sacramento

das disciplinas do rapto e o marco inatingível

da linguagem e seus enigmas e volutas que nada ocultam.

 

Este livro não é um reflexo venturoso do olhar [meu]

nem o regresso de um parêntese a outro

                                                                                               no desamparo do mundo.

Tudo em nós foi firmando seus sentidos em uma rotação

fumegante de intempéries e sua obscura crônica de nostalgias.

 

Somente os destroços desvelam a noite inesquecível.

Não é um desenho injusto dos tormentos e suas seduções.

Não se trata de dizer: a poesia é uma cisão de mananciais.

 

Passamos por tudo, na folhagem de nosso amor –

curva dos acidentes – brasas estranhas de umas canções

– seus frutos em chamas – bosque queimante – chaga estridente.

 

Não há tempo para a poesia recolher todas as dores.

Por que cantar então a morte do amor?

 

O mundo cai das horas, as coisas mudaram de lugar

como os móveis do espírito, uma pedra aberta

é a um só tempo o tempo de gozar e sofrer, os heróis

caídos do muro e suas cicatrizes de diamantes, a vastidão

do inferno em uns olhos que simplesmente recolhem

as configurações da manhã, os meteoros do sonho.

 

Qual é a matéria real do humano? Qual a forma

dos vermes da linguagem?

                                                                                               Os poetas falam de vigília

e sonho e alquimia e liberdade e uma queda seca tem celebrado

seus nascimentos e naufrágios.

 

Não há provas do amor: tudo é risível nos argumentos.

 



 

 



A GRANDE OBRA DA CARNE

A poesia de Floriano Martins

  

1991 Cinzas do sol 

1991 Sábias areias 

1994 Tumultúmulos 

1998 A outra ponta do homem 

1998 Autorretrato 

1998 Os miseráveis tormentos da linguagem e as seduções do inferno nos instantes trágicos do amor de Barbus & Lozna 

2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]

2004 Antes da queda 

2004 Lusbet & o olho do abismo abundante 

2004 Prodígio das tintas 

2004 Rastros de um caracol 

2004 Sombras raptadas [Coroa] 

2004 Sombras raptadas [Cara] 

2004-2015 Estudos de pele 

2004-2017 Mecânica do abismo 

2005 A queda 

2005 Extravio de noites 

2006 A noite em tua pele impressa 

2006 Duas mentiras 

2006-2007 Autobiografia de um truque 

2007 Teatro impossível  

2008 Sobras de Deus

2008 Blacktown Hospital Bed 23 

2009-2010 Efígies suspeitas 

2010 Joias do abismo 

2010-2011 Antes que a árvore se feche 

2012 O livro invisível de William Burroughs

2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]

2013 Anatomia suspeita da realidade 

2013 My favorite things [com Manuel Iris]

2013 O piano andou bebendo 

2013 Sonho de uma última paixão 

2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória 

2014 Mobília de disfarces 

2014 O sol e as sombras 

2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil 

2015 Enigmas circulares 

2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]

2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]

2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]

2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]

2016 A mais antiga das noites 

2016 A vida acidental de Aurora Leonardos 

2016 Altares do caos 

2016 Breve história da magia 

2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]

2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos 

2017 O livro desmedido de William Blake

2017 Antigas formas do abandono 

2017 Labirintos clandestinos 

2017 Manuscrito das obsessões inexatas  

2017 O mais antigo dos dias 

2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]

2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra 

2018 Atlas revirado 

2018 Tabula rasa 

2018 Vestígios deleitosos do azar 

2021 Las mujeres desaparecidas

2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]

2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]

2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]

2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]

2023 A casa de Lenilde Fablas

2023 Caligrafias do espírito

2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]

2023 Inventário da pintura de uma época

2023 Letras del fuego [con Susana Wald]

2023 Representação consentida

2023 Primeiro verão longe de casa 


 

 

1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]

2013-2017 Manuscritos


 

 

Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.


 

 

OBRA POÉTICA PUBLICADA

 

Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.

Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.

Alma em chamasFortaleza: Letra & Música, 1998.

Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.

Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.

Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.

La noche impresa en tu pielTrad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.

Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.

Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.

Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.

A alma desfeita em corpoLisboa: Apenas Livros, 2009.

Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.

Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.

Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.

Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.

Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.

O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.

A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.

Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.

A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.

Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.

Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.

El frutero de los sueñosWilmington, USA: Generis Publishing, 2023.

Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.


 

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

1999-2024 

 



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