quarta-feira, 26 de abril de 2023

A GRANDE OBRA DA CARNE | Atlas revirado

 

O sol, a montanha, o gavião, tornam a escrita uma invenção inacreditável, tão longínqua no tempo quanto as ciências secretas temidas pelas religiões. 

ANSELMO PÍCARO

 

 

Sempre que sou tragado pela criação eu penso na palavra noite.

Como um enxame de martírios ou a coxa idílica de uma deusa.

Hoje não. Hoje uma caixa suspensa me acena ao fim do corredor.

Hoje o cenário insiste em não deixar crescer árvores e escadas.

As sombras se partem como se buscassem distintos paradeiros em cada um de seus espectros.

O capinzal indicando por onde elas se foram.

O tempo recorta a memória, decidido a distorcer a origem de tudo.

Porém não penso em noite. Vejo a casa mesclando seus cômodos.

Decerto ela quer me dizer algo, muito além de ardis e assombros.

Os mortos foram dissecando meus sonhos, lhes dando novas perspectivas. Os primeiros eu os enfrentei sozinho,

até conhecer Maria, cuja aliança me tornou o mundo habitável.

A caixa suspensa tem suas faces espelhadas e paredes sujas.

Algumas olham para dentro de si, outras refletem o que virá.

Através delas os mortos narram a delicadeza de seus desastres.

Seus nomes foram evitados, porém os reconheci, em cada íntima entranha compartilhada.

No ritual da vigília fatiada, o corpo paralisado, a aflição da inércia.

Era sempre Maria a me despertar o que teimava em ausentar-se.

Sou o roteiro acidentado de uma história que ela teima em contar.

Minha carne impregnada de seus diálogos em camarins vazios.

– Viemos buscar o prato e a fornalha, as pistas enigmáticas do labirinto de tua alma.

Sempre que ela me dizia algo eu era conduzido por um fio de medo.

Temia pelo vazio da casa, pela horta irredutível do mistério, pelo fim.

 

 

Eu a escutava em meus sonhos anunciando que viria morar comigo.

A noite recrutava seus motivos fatais para desambientar-me o ser.

Eu a devo ter visto pela casa pregando quadros em suas paredes, portais que sentenciam ao abismo o olhar.

Maria e a noite, personagens embaralhados, indigestão de acaso.

Eu as via, dentro e fora de mim, ainda sem reconhecer a diferença.

O mundo encoberto como as janelas na casa por pintar.

Desfile lento das vértebras comuns da existência.

Um pouco de pó, as gretas lacradas dos vislumbres, o lixo na cozinha à espera como uma pilha de soluções incontestáveis. Ela me viu.

O olho do porão me convidava a descer até o afago das intempéries.

– As nossas peles um dia revelarão a selva com que o tempo nos cativa.

Meu beijo em tua nuca enquanto escreves. A casa repleta de paredes surdas e os verbos com que intimamos a vida a nos decifrar.

Quando Maria adentrou o embaraço de minhas visões, a casa mudou.

Um alvoroço de luzes vagava pelos corredores, pajeando as sombras que se precipitavam nos quartos.

Em cada um deles um lençol abraçava ciumento um grande espelho.

Mobília alguma tocava o chão, flutuando como um pranto indesejado.

Alguns cantos se despiam adeptos da proeza das sacadas.

Rio de imagens evocadas pelos sapatos gastos e um bolor de horas desprezadas. A caixa suspensa salpicava de monstros as cortinas.

Sonhei com noites líquidas que previam a balbúrdia de meus versos.

No dia em que Maria veio morar comigo o luto ainda me azunhava a carne tensa, raspando as vértebras de meu ser.

 

 

Estou detido em meu corpo. Um vulto ainda lambe meus suores.

O paraíso entalhado na porta não nos vê se estamos dentro de casa.

As pérolas guardam em seu íntimo um aquário de ostras.

Os mortos arrancam a pele do rosto como paredes descascando-se.

Há décadas reluto em vir aqui, temendo me reconhecer no último verso que me aguarda: Agora é a minha vez de morrer primeiro.

Não recordo quando comecei a escrevê-lo. Talvez quando a sombra

da mãe ainda rondava o pote lacrado de minhas alucinações.

Talvez a preparar a comida dos filhos. Quando Maria se deitava sobre mim e a casa excitada rangia por dobradiças e assoalhos.

Mas quantas foram mesmo elas? Desdobrando-se como uma cebola,

as casas iam amontoando uma história incomum. Um dia foram sete.

Desde então algo nelas me disse que não haveria outro enredo.

 

 

As casas foram sete em duas cidades. Um dia aprendi a esquecê-las.

Apenas um morto viveu conosco por algum tempo. Os outros não.

A avó e a tia nos visitaram uma vez. Muitos bateram à porta em vão.

O sogro assobiava do pátio, até descobrirmos que não havia pátio.

O telhado ondulava como uma folha em incomunicável aguaceiro.

– Uma noite me escreves no ouvido o lábio sinuoso das cortinas que preparas para que a sala dance conosco em meio ao orgasmo.

Eu fiz tantas vezes o teu corpo ir e vir, mascando as minhas linhas, como um horizonte que passa sem deixar vestígio algum.

Maria trotava pela casa inteira, enquanto dormiam as crianças.

As portas confabulavam seguras de que ali viveríamos para sempre.

Suas mãos se multiplicavam por meu corpo e me trazia de volta à vida um turbilhão de vozes histéricas.

A casa me reconhecia na umidade de seu ventre.

Eu vou ter um pássaro dentro de mim.

Ele será nosso primeiro filho e um dia ensinará seus irmãos a voar.

Jamais soube quem teria dito essa frase.

A casa passa noites em claro a contar os corações que nela deixaram de sangrar.

O perdão não serve de nada, como uma lágrima na escuridão.

Como uma saudade encharcada de abismos.

Como um fantasma com a barba por fazer.

Meu corpo mantém uma porta fechada ante a impassível vigília.

 

 

A noite devorou os retratos, a máscara puída dos monstros, a ferrugem da memória.

Eu já me vi morto uma vez. Nos braços de Maria. Eu já me vi.

Ela a recuperar-me de abraços alheios. A vida me chamando de volta.

Os cômodos embaralhados como ponteiros de um relógio surdo.

Sempre que me sento para criar a casa rasga minhas pálpebras.

Não é tão simples. Desfazer-se de mitos sombrios enquanto dormíamos em quartos separados. A rede balançando vazia.

O morcego solitário pendia do teto com sua sombra apagada.

Ainda suspensa, a caixa cuspia lentamente uma deusa contorcionista que se arrastava pelas paredes como um lagarto inflamável.

A cozinha se preparava todas as noites para o teatro da escuridão.

Fábula doméstica percorrendo o labirinto de décadas entrançadas.

Quatro delas. Como luas refeitas e o modelo das tempestades.

Quatro delas trafegando pelas sete casas e suas duas cidades.

Maria trouxe para mim um buquê de luzes e o giz do horizonte.

Amantes iluminados. Jamais nos chamamos pelo nome um do outro.

Um dia acordamos com maquetes semeadas em cada um dos cômodos.

Ao erguer a tampa-telhado das reproduções detalhadas, podíamos acompanhar os passos de todos pela casa.

Alguns vultos surgiram junto ao espelho grande nos quartos, sem que pudessem arrancar o lençol que lhes impedia a volta ao lar.

Outros perambulavam, flutuantes ou não, por horas inseparáveis.

Maria apontava cada um deles, alguns agachados, outros nus.

As crianças cresciam alheias a todos. Os criados tinham arrepios.

A casa aos poucos se acostumou com todo aquele atlas do medo.

 

 

Numa manhã de domingo as maquetes haviam desaparecido.

Maria intrigada com meu choro, o primeiro desde a morte do pai.

Ela me chamava para dentro de si, minhas lágrimas em seu rosto.

O prato cresceu dentro da fome. Abraçadas à lua, as cortinas.

O silêncio resmungava, enquanto o tempo pastava suas couves.

Quantos éramos não importava. Os fios foram sendo tecidos.

As janelas tropeçam na língua que lambe as paredes avulsas.

Há muito não há mar e tudo o que vejo não passa de deserto.

Laje carcomida pela mais avara de todas as miragens.

Lotes de sonhos abandonados no sótão entre cupins peregrinos.

As noites foram ficando trêmulas e os passos se arrastavam sob os tapetes. Por vezes as sombras não traziam consigo corpo algum.

A casa parecia ter um ventre exposto e insistia em sonhar com lâmpadas negras ativadas pelo relâmpago de cada orgasmo.

Uma vez mais um morto me atrai para a sementeira de sua dor.

Eu tento inutilmente sair de meu corpo estancado na cama.

A displicente rotina dos utensílios abomina nossos hábitos.

A tarde enxovalhada se distancia de tudo em sua cadeira de balanço.

As palhas da memória se abrem para reler nossos sonhos.

Maria vem chover em meu peito. – Não me digas nada,

até que a tempestade soletre tuas costelas e a noite se disfarce

em penugens de mil aves afoitas descobertas dentro do voo.

Pesamos a alma indisfarçadamente. Auscultamos as cartas.

A carcaça histriônica dos pesadelos e sua moção de lutos.

Assim o assoalho foi sendo descascado e as paredes inventando histórias que nem deveriam ser contadas.

 

 

Os mortos foram embora, bem como os filhos e os fantasmas.

Novos pecados contrataram um cardume de mágoas e decepções.

Continuamos sem saber o nome das mazelas mais secretas.

Paredes sobrepostas, a cozinha o tempo inteiro mudando de lugar, simulacros caçoando das rugas de um amor sempre refeito.

A casa agora passava o dia conosco. A mobília quase invisível.

Os poemas manuscritos na varanda. Maria com sua clave de sol configurando a paisagem de nossos corpos.

A alma por lavar seus caprichos. O chão marcado pelos tonéis do acaso. As catedrais inumeráveis de nosso sorriso cúmplice.

Porém a morte transfigura todas as relíquias.

E proliferam suas agulhas no quarto em que dorme a depressão.

 

 

Volto a vislumbrar minha nudez paralisada sem vida sexual.

A caixa suspensa mudou de piso e percorre a sala dupla enfeitiçada pelas visitas que ela não sabe conter.

A tábua corrida engole os passos inesperados.

O silêncio range sua inquietude. Sonhei improvisando minha morte, enquanto os verbos estocavam suas manias sagazes.

Eu me vi empilhando tariscas serradas e o papelão cortado com que exigira ser criado o angustiante cenário.

A morte presumia um teatro de aflições dissecadas.

Clandestina reunião de colas, tesouras, tecidos, nos bastidores de um sonho que invadira a casa inteira. A última resistência.

Como um broto de escuridão à procura do medo.

Janelas que os pesadelos não conseguem abrir.

A síncope da mobília denunciava um baile de espíritos.

Eu a vi, com o rosto apagado, acendendo velas por todos os cantos.

Com sua nudez em trapos e os rastros de pés trocados por onde passava. Sei que era ela e não quero viver assim.

Não quero trazê-la nunca de volta, nem ir a seu encontro.

A morte não deveria ser um ato solitário ou mesmo imprevisto.

 

 

A memória perambula pelos quartos sem saber a quem pertence.

Os desejos se afagam tecendo soluços incompreensíveis.

As minúcias de uma vida se tornam suvenires em gavetas de cômoda, baús encontrados no sótão, postais de viagem, caixas de joias.

As roupas de Maria indagam pela ausência de um corpo nelas.

O silêncio arranha minha língua à procura de palavras.

As paredes haviam soltado a pele, tecidos mortos recortados, esvoaçantes nas pontas, em cores e texturas distintas.

Poltronas, sofá, cortinas – novo arranjo de vestes da casa.

Não moramos aqui. Desconheço em qual noite viemos parar

em outro cenário. Sinto que nos estranhamos mutuamente.

Nem é Maria recostada na janela. O rosto ainda borrado.

Em meio a tantas superfícies cegas, eu não me reconheço.

Devo ser outro a vagar na consciência de algum espírito.

Quando o poema me desperta eu deixo muitos planos abertos.

Os vãos se multiplicam como sinistras habitações,

metáforas dissecadas, ângulos aviltados, vultos decaídos.

As imagens descrevem o próprio parto e colam no chão os passos de suas mais astuciosas visões. Eu penso que escrevo.

E grito pela noite para que a alma se desfaça em mil pastiches.

Talvez grite o teu nome – que desconheço – em meio a tantos outros.

Imploro que venhas contar meus poços e perfurações na própria sombra. Que venhas comer a minha mão.

Credo faminto. Ritual desencapado. Esgotos ensanguentados.

Uma capela chora baixinho com medo de se exaltar.

Quando a escrita rasga as asas dos moinhos não tenho onde morar.

Talvez em um sino descrente, um rio mudo, um balde traquina.

Talvez no oitão onde as escadas dormem com as pernas dobradas.

Não sei se ao relento ou embaixo da mesa da cozinha.

Se guiado por um sonífero ou vigiado por anões de bronze.

Jamais indaguei a que ponto me desfaço de mim a cada verso.

 

 

Não sei como cheguei até aqui. Quantos anjos ordenharam tantas pontes. Quantos vultos derramados na palma de meus passos.

O tempo permanece recortando a memória em um bordado ilusório.

Temo ser lacrado pela casa. Que a noite rapte de mim o meu amor.

Temo pelos bigodes cáusticos da solidão. Pelo pregão do pânico.

Converso com Maria. Improvisamos uma saída para a noite.

– Eu também não saberia viver sem ti. Mesmo entre filhos e netos.

A vida passa a ser atropelada pelas inquietudes.

A casa quer dizer algo.

As lacunas intransitivas não serão sepultadas em mim.

A velha encanação imita ratos e rituais satânicos.

Um atropelo de almas varrendo a poeira dos cômodos abandonados.

Os retalhos da memória. Saber que a noite não amanhecerá.

No entanto, eu não saberia como morrer.

A casa teria que me ensinar.

A recusa a ver o corpo de Maria… Todos os mortos em um só.

As paredes inventariando meus medos.

Novos destroços a serem evitados. Como quase tudo em minha vida, uma vibração e o mundo se refaz.

Um último fio de luz alimenta a cena no sótão. A casa esmiuçada no interior de uma maquete ressurgida.

Não há ninguém para levantar a tampa-telhado.

A luz que penetra o sótão é a mesma que vasculha a intimidade da réplica. Ainda me vejo ali, ao lado de Maria,

no instante em que desligamos o motor de nossas vidas.

A noite arrisca a dilaceração da memória. A casa reluta ensimesmada.

Também ela teria recusado viver sozinha. Teria vindo conosco.

Rasgado as escrituras do barro, o Eclesiastes de tantas vidas comuns.

Luz e escuridão não significam mais nada. Nenhuma delas pode mais me tragar. Maria cantarola com seus átomos dispersos.

Tivemos que morrer juntos para que o livro se fechasse.

Abraxas

 

 

 

 



A GRANDE OBRA DA CARNE

A poesia de Floriano Martins

  

1991 Cinzas do sol 

1991 Sábias areias 

1994 Tumultúmulos 

1998 A outra ponta do homem 

1998 Autorretrato 

1998 Os miseráveis tormentos da linguagem e as seduções do inferno nos instantes trágicos do amor de Barbus & Lozna 

2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]

2004 Antes da queda 

2004 Lusbet & o olho do abismo abundante 

2004 Prodígio das tintas 

2004 Rastros de um caracol 

2004 Sombras raptadas [Coroa] 

2004 Sombras raptadas [Cara] 

2004-2015 Estudos de pele 

2004-2017 Mecânica do abismo 

2005 A queda 

2005 Extravio de noites 

2006 A noite em tua pele impressa 

2006 Duas mentiras 

2006-2007 Autobiografia de um truque 

2007 Teatro impossível  

2008 Sobras de Deus

2008 Blacktown Hospital Bed 23 

2009-2010 Efígies suspeitas 

2010 Joias do abismo 

2010-2011 Antes que a árvore se feche 

2012 O livro invisível de William Burroughs

2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]

2013 Anatomia suspeita da realidade 

2013 My favorite things [com Manuel Iris]

2013 O piano andou bebendo 

2013 Sonho de uma última paixão 

2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória 

2014 Mobília de disfarces 

2014 O sol e as sombras 

2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil 

2015 Enigmas circulares 

2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]

2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]

2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]

2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]

2016 A mais antiga das noites 

2016 A vida acidental de Aurora Leonardos 

2016 Altares do caos 

2016 Breve história da magia 

2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]

2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos 

2017 O livro desmedido de William Blake

2017 Antigas formas do abandono 

2017 Labirintos clandestinos 

2017 Manuscrito das obsessões inexatas  

2017 O mais antigo dos dias 

2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]

2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra 

2018 Atlas revirado 

2018 Tabula rasa 

2018 Vestígios deleitosos do azar 

2021 Las mujeres desaparecidas

2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]

2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]

2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]

2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]

2023 A casa de Lenilde Fablas

2023 Caligrafias do espírito

2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]

2023 Inventário da pintura de uma época

2023 Letras del fuego [con Susana Wald]

2023 Representação consentida

2023 Primeiro verão longe de casa 


 

 

1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]

2013-2017 Manuscritos


 

 

Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.


 

 

OBRA POÉTICA PUBLICADA

 

Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.

Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.

Alma em chamasFortaleza: Letra & Música, 1998.

Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.

Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.

Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.

La noche impresa en tu pielTrad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.

Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.

Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.

Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.

A alma desfeita em corpoLisboa: Apenas Livros, 2009.

Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.

Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.

Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.

Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.

Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.

O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.

A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.

Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.

A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.

Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.

Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.

El frutero de los sueñosWilmington, USA: Generis Publishing, 2023.

Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.


 

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

1999-2024 

 


 


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