EPÍLOGO
Selma abria um sorriso luminoso na foto.
Desses que juramos guardar por toda a vida. Selma era a mulher perfeita para
durar a vida inteira. O infinito conhecia seus caprichos. Já não recordo onde
encontrei a foto, porém sei que nela o sorriso permanecia. As fotos habitam
sítios por vezes incompreensíveis, metidas em lugarejos da casa que jamais
habitamos. Selma era quem melhor conhecia a casa. Ríamos das vezes em que eu
não a encontrava em nossos jogos. Fincava a roupa no sorriso. Bordava um
labirinto no olhar. Soletrava o espinhaço do abismo em meu rosto. Selma era um
delírio incomum. A casa não ia a parte alguma sem ela.
TRÊS
ANOS DEPOIS
Por um instante as cenas voltaram a se
repetir. Pequenos rasgos na banheira delatavam o que ainda havia na memória.
Tua nudez em pedra branca já não era de todo visível, o corpo lido apenas em
fragmentos. Um último beijo reteve-se em meus lábios até poucos dias. Sem lugar
para ficar, aos poucos nossas lembranças vão se ausentando. O imprevisível
refaz o mundo com que sonhamos. E antes que aprendamos o nome de cada coisa,
volta a refazê-lo. Não importa a vontade de Deus ou que eu te ame um pouco
mais. Nada se demora em seu lugar. Ainda que eu te mate. Não permanecerás comigo
sequer na memória. Não há nada mais sombrio que o tempo. [Dentro dele a tua
morte sussurra meu nome.] Os últimos recortes da banheira eram quase
indescritíveis. A dor não se reconhecia. Nenhum de nós sabia o que estava ali
fazendo. Fui refazendo, aos poucos, meu esquecimento. Já não sei quem és.
ANTES
QUE FOSSE ESCRITO
O meu corpo inteiro me dizia que não
ficasse em casa. Uma frase assim, apanhada como um enigma retorcendo a manhã
pode, quando menos, saturar o dia. Doía-me o corpo todo insistindo no assombro.
Onde iria afinal, sem motivo algum para sair de casa? Tropeçava em contas do
inexplicável ao sentir um risco na espinha. O gosto do sangue antecede o teatro
de sua floração. Quando ouvi meus gritos, Eduardo já me havia desfigurado parte
do corpo. Meu desespero duvidava que fosse eu mesma. Uma aflita palavra se
repetia, sem mais nenhuma influência. De uma maneira ou outra, a morte sempre
nos surpreende. Que a minha se chamasse Eduardo era algo que eu simplesmente
não podia entender. O que falta ao mundo nem sempre é aquilo que se supõe indispensável.
Amei Eduardo mesmo enquanto eu o via me rasgando a carne. Mesmo morta. Nem sei
ao certo se o deixei de amar. Não houve tempo para isto. Desta vez, a morte é
que foi surpreendida.
O
ILUSIONISTA
Despeço-me da natureza humana.
Confundem-se corpo e alma em seus últimos espasmos. Mesclam-se as raízes do que
fomos e de todo um mundo impossível. Quando me tocas já não estou. Em um
vislumbre, escapas de meu ser. Um jorro de abismos se expõe em minha nudez. Tenho
a pele supliciada. Uma ribanceira de êxtase ampliada em sítios ermos. Para que
me cobices onde nem mesmo a memória alcance. E para que argumentes que eu te
moldei como uma vítima secreta. Agora já sabes como pude mover-me de um extremo
a outro de tua ilusão. A paisagem pressentida sempre esteve ali, como uma visão
despida de toda crença.
ELEMENTO
SURPRESA
O tempo tropeça na própria rotina.
Eduardo refaz seu percurso de sombras. Em vão, tenta regressar ao que um dia
imaginou ser. A cada revirada página de anseios repete-se unicamente o corpo
sem vida de Selma. Pensa em roubá-lo de sua memória. Afundá-lo em um lago que
em seguida esconderia de si mesmo. Na medida em que busca uma solução para
livrar-se daquele cadáver, seus planos vão sendo escritos na pele feminina. O
corpo se enche de frases que são como um livro secreto de últimos recursos.
Receituário de truques espantosos que ressoam como um fosso de incriminações.
Um rio suspenso que lhe atormenta os passos. A dor multiplicada e amontoada
como a ruína do que não soube evitar. Eduardo avança as páginas do tempo
implorando por um naco de instabilidade. Um elemento surpresa. Uma chuva que
chegasse a confundir as evidências. Contudo, não chove. Selma está
irremediavelmente morta. E seu corpo agora é o que Eduardo mais teme.
DEVOÇÃO
Teu corpo é feito de lábios. Onde quer
que eu te beije, renasço. Um secreto plantio de cores, penugens, revoadas
através das estações. Acalanto de senhas, dos pés à nuca. O que sei de ti é o
que encontro a cada caminhada por teu corpo. À noite admiro teus limites, como
me preenchem. Adormeço entre luzes flutuantes, renomeando os arcanos do fogo em
tua pele. Assim te amo. O dia aprende a ler as migrações de teu desejo.
Estranhas formas que mudam de olhar enquanto as alimentas. Eu sei como te fazes
assim. Como pousas no horizonte de meu ser, com tudo o que vai ficando pelo
caminho. Sem que me chames. Tudo em mim sabe onde te encontrar. Meus lábios são
a fábula de teu corpo.
NUNCA
ESTIVE PRONTO
A dor não atende por seu nome. Procurei
por tua sombra pelas reentrâncias vorazes da casa. O corpo estático envolto em
novo dilema. Pasto de horas movediças. Debato-me por entre cômodos, reviro
utensílios, arranco o assoalho. Não há traços de tua sombra. A tua morte foi um
mau pressentimento. Encaro meus erros todos reunidos à volta de teu corpo.
Pressiona-me a desconfiança de que a sombra permanecerá oculta. Desfaço-te de
roupas, hábitos, lembranças. Desprendo a mobília do olhar. Emudeço lâmpadas,
torneiras, janelas. Ponho a casa toda a procurar por ela. Assusta-me não saber
onde encontrá-la. Desespero a mudar os nomes da aflição. Esqueço o meu próprio
nome e mesmo assim não te mostras. Não te vejo mais onde estás. Tento não
respirar para amenizar a dor, porém a respiração não se desprende de mim,
latejante como um castigo. Dói-me infinitamente o silêncio mortificante de tua
sombra ausente. Não importa o que eu tenha aprendido. A dor não me atende mais
por nome algum.
ALGUNS
MINUTOS ANTES
O que vamos subtraindo ao tempo é nosso
pânico ante a confidência. O medo de estar certo. Quando te insinuas e
frequentas meu desejo, desmascaro a vigília e elimino suas pistas. Não me
escutes. Não devemos estar aqui. O simples roçar de teus mamilos em meus lábios
e o sítio nos parece outro. Lâminas atiradas de imagens que nos querem cada uma
à sua maneira. O suor soletrando quimeras. A saliva espreitando novos
mistérios. Meu corpo se inscreve no teu, com suas ranhuras, iscas, astúcias. Pátio
de enredos, desfrute de harmonias, tuas saliências escandalosas. Memória
desforrada por toda omissão. Não me toques outra vez este fio incontido.
Esvazia teu ser como uma ferida transitiva, o abismo interino de teu gozo. Não
me retenhas. Se te falta uma sílaba, o espírito desfalece. Transpira sem
queixas. Já não sei qual de nós tem a última palavra. Abre um novo erro em mim.
SOBRAS
DO VAZIO
A casa se agita entre o esgoto e a
chaminé. Constrangida por dois enigmas a tarde se retorce, quase em desmaio.
Eduardo não encontra mais o nome de Selma e passa a chamá-la por uma palavra
que se esquece sempre que pronunciada. O relógio não perde as horas. A chuva
não cai na rua. A louça na cozinha não vai ao chão. Nenhum ruído fora de lugar.
Não chama atenção alguma o vulto sentado na poltrona da sala. Observa sem
malícia a palidez de Eduardo. Sem que o perceba, vaga pela casa transpirando
inquietude, como se procurasse a própria imagem consumida. Ao entrar na sala,
confunde-a com o vulto imóvel. Imagina-se o outro sem saber mais de si.
Ilude-se ante o fantasma de sua perda. Em vão apela para alguma destreza
oculta, um artifício que lhe devolva os ossos do tempo, a máscara, um indulto
que o faça suportar a memória. A ausência de espelhos no cômodo o desperta de
sua demência. E junta-se a ela um argumento insepulto, o som legítimo e
implacável que vem da cozinha, a faca com que mortificara Selma mergulhando da
mesa ao chão. Aturdido pelo estrondo daquele utensílio, Eduardo finalmente
compreende que jamais estará só.
VERSÃO
EM SILÊNCIO
.
O rosto de Selma como o de uma esfinge alheia
ao próprio enigma. Na medida em que suprimo sua vida, a mesma se esvoaça à
minha frente de maneira violenta. O sangue golpeia sua escrita delirante por
toda a carne. Certas anotações são como truques, ilegíveis para mim. Quando a
ponho na banheira, as pernas se multiplicam em convulsões. Em meio à agitação dos
verbos sanguíneos, eu a desembaraço do vestido aberto rasgado aflito como a
pele cortada em apelos instáveis. O metal da faca vibra impassível melodia. É o
único som que se escuta. Selma esbraveja silêncio a cada incisão. Seu corpo
transborda espanto, porém o rosto preserva pavorosa ausência. Busco acertá-lo
com a lâmina. Não alcanço um rasgo sequer no olhar despido de qualquer reação.
Nem mesmo o sangue lhe atinge. O rosto de Selma impede que eu complete o
testemunho de sua morte. Em tamanha loucura posta à prova, o rosto não morre.
Como um agravo, não morre. Eu não posso matá-la mais do que isto.
SOLEIRA
DO ABISMO
A memória do ocorrido parecia tão
desfeita quanto o corpo de Selma. A casa ausentava-se do bairro, imersa em um
matagal fechado. A noite revirando o interior do lugar. Ninguém esperava que
Deus nela entrasse sozinho. Eduardo afagando os retalhos do corpo da amada.
Alheio ao horror que ele próprio lapidara, fita o vazio como se pousasse
alguma recordação feliz. Parecia quase sorrir em certo momento. E amparado em
um semblante pueril tocava a intimidade dos restos de Selma. Queria ouvi-la
gemendo e pedindo que não parasse. Sua mão, no entanto, retornava descontente
daquele púbis marcado a sangue. Eduardo soluçava desamparado. A casa se abrindo
a seus olhos como uma transparência frondosa. O mundo visível de sua danação.
Da banheira podia distinguir o vulto que permanecia na poltrona, como se
esperasse a hora de entrar em cena. Onde estaria a voz de Selma? Quem a teria
levado para longe dela? Eduardo voltou a fitar o vazio, acariciando um mamilo
quase de todo despregado do seio daquele corpo imóvel.
UMA
EPÍGRAFE
Se eu vejo alguém matar outra pessoa, e matá-la de verdade, é
um gesto terrível, dramático, mas que está isolado em seu próprio horror. Ao
contrário, sabemos muito bem que a arte deve ser exemplar, como uma coisa que
será a significação de outra.
EUGÈNE IONESCO
NA
SEMANA PASSADA
Colávamos apelidos um no riso do outro.
Corríamos pela casa buscando nomes distintos, termos engraçados, alguns de puro
espalhafato. Eu o chamava de todas as tolices que pousavam em minha mente. Ele
imitava minha voz, repetindo-me com entusiasmo. Infinitos batismos depois o meu
cansaço me fazia sentar. Eduardo cheirava-me o regaço com um regozijo infantil.
Punha-me uma escala acima na desordem de sua língua. Eu não escolhia os gritos,
em seu deleite agudo. Tudo em nós era automático, com sua mina explosiva de
mistérios. Mesmo quando me abria com exagero, curioso como se diante de um
espelho, buscando algo de si em meu íntimo. Eu lhe pedia que evitasse a dor.
Ele dizia conhecer o caminho. Desabotoava-me toda resistência. Por vezes
guardava seus dedos em mim e mudava de excessos. Doía-me em tais casos. Eduardo
arranhava meus gemidos. Em seu olhar incontido parecia não haver ninguém.
Eu o queria de volta, antes que a dor se alastrasse. Deixei escapar seu nome
com algumas lágrimas e vi, em seguida, como retornava ao olhar e às carícias
insuspeitas. E voltava a improvisar apelidos em meu rosto. Nada em
Eduardo fazia sentido prolongadamente.
CONVERSA
COM O AUTOR
Os móveis perambulavam pela casa. Alguns
utensílios vasculhavam a memória de quinas, gavetas, esgotos. Cada movimento
sugeria vínculos estreitos com a cena funesta. Como se a casa disfarçasse
alguma conivência com o crime. Algo que antecipara o desatino de Eduardo. Algo
que drenara a memória ao ponto de não haver resquício algum de motivos. Um
bocado de gestos já quase de todo desfigurados. Selma reagira àqueles ataques
com algum desalento. Como se a morte fosse parte de seu conflito. Morrer nas
mãos de Eduardo, sem maior tumulto. Flutuar com ele em direção
ao núcleo de sua alienação. Porém algo destoava na mecânica daquele plano.
A casa parecia ocultar uma suspeita hesitação. Falsa opinião dos talheres,
desacerto na mobília, doutrina gasta do encanamento. A súbita aparição de um
princípio fora de lugar. A casa a sangrar como quem perde a noção de si mesmo.
Selma e Eduardo como espectros assimilados por esse itinerário de destroços. A
casa empalidecida ante o roteiro extraviado. Nódoa no suprimento de sinais. Em
definitivo, algo dera errado.
SELMA
ENTRE NUVENS
Despertei, a noite estendida por toda a
cama. A meu lado, Eduardo no compasso sempre inquieto de seu sono. Sempre
dormimos nus. Porém sua nudez era um mar revolto. A minha assemelhava-se a um
banho de nuvens. Tão calma estive sempre em meu recolhimento que, por vezes, me
ausentava de mim sem que o percebesse. Uma noite me vi permanecida na cama ao
regressar da cozinha. Vi-me ali deitada capinando sonhos. E toquei-me,
recostada à porta, a conferir qual das duas eu era. Eduardo punha a mão a
escorregar sobre minha barriga. Buscava uma umidade perdida em meu sono.
Com que doçura me encontrava onde eu já não lhe correspondia de todo. Como se
atiçasse um enxame de carinho, ele me separava as pernas e se punha a
penetrar-me. Aproximei-me com tudo o que sentia dentro e perto de mim. O
espelho no quarto não me refletia sob o corpo de Eduardo. Quem éramos se tornou
impossível saber. Quantas eu fui naquelas noites em que não tive sede? Quantas
de mim eu vejo agora que não me reconhecem? Onde estou, afinal? Trato de
acordar Eduardo, para que me diga o que sabe.
NENHUMA
CARTA ENCONTRADA
Um vulto dedica-se a abordar os
argumentos invisíveis da casa. Seu disfarce atrai sombras de todos os cômodos.
Espelhos que se comunicam entre si como sílabas do vento renomeando janelas a
noite inteira. O corpo de Selma viola a astúcia da beleza. Confunde labirintos
ao descrever seus fragmentos. Eduardo alimenta-se de uma dor disforme que não
lhe permite escapar de seus encargos. A chave está em círculos e curvas, os
anéis que foi espalhando Selma por toda a casa, ocultados como provas
invisíveis de que por ali havia passado. Ela o desejava com toda sua inocência
nessas pistas sinuosas, com seu piano úmido assaltado pelo desejo. Ele a quis
por outra ilegítima morada. O vulto seguia retocando os detalhes da cena. A
casa deseja refazer-se de tudo, porém um corpo permanece impedindo seus
truques. O corpo de Selma, com seu enigma retalhado. Ou o corpo de Eduardo,
tropeçando em sua própria maldição. Ambos já não se superam.
UM
DIA A MAIS
A memória se encarrega de garantir que
ainda estamos ali. Quando escurece procuro manter meu nome, ao menos até
descobrir qual destino dar aos restos de Selma. A escuridão é muito suja e não
sei bem como atravessá-la. Ocupo-me de suas pequenas vertigens, desastres
ocasionais, ruídos rasgando os tímpanos da cena. A noite não pode estar assim
apenas por descuido. Toda esta imundície que carregamos em nosso íntimo. Como
arruinar tudo isto, fingindo alguma normalidade em nossas vidas?
∞
A GRANDE OBRA DA CARNE
A poesia de Floriano Martins
1991 Cinzas do sol
1991 Sábias areias
1994 Tumultúmulos
1998 Autorretrato
2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]
2004 Antes da queda
2004 Lusbet & o olho do abismo abundante
2004 Prodígio das tintas
2004-2015 Estudos de pele
2004-2017 Mecânica do abismo
2005 A queda
2005 Extravio de noites
2006 A noite em tua pele impressa
2006 Duas mentiras
2006-2007 Autobiografia de um truque
2007 Teatro impossível
2008 Sobras de Deus
2008 Blacktown Hospital Bed 23
2009-2010 Efígies suspeitas
2010 Joias do abismo
2010-2011 Antes que a árvore se feche
2012 O livro invisível de William Burroughs
2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]
2013 Anatomia suspeita da realidade
2013 My favorite things [com Manuel Iris]
2013 Sonho de uma última paixão
2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória
2014 Mobília de disfarces
2014 O sol e as sombras
2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil
2015 Enigmas circulares
2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]
2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]
2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]
2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]
2016 A vida acidental de Aurora Leonardos
2016 Altares do caos
2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]
2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos
2017 O livro desmedido de William Blake
2017 Antigas formas do abandono
2017 Manuscrito das obsessões inexatas
2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]
2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra
2018 Atlas revirado
2018 Tabula rasa
2018 Vestígios deleitosos do azar
2021 Las mujeres desaparecidas
2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]
2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]
2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]
2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]
2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]
2023 Inventário da pintura de uma época
2023 Letras del fuego [con Susana Wald]
2023 Primeiro verão longe de casa
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1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]
2013-2017 Manuscritos
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Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.
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OBRA POÉTICA PUBLICADA
Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.
Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2. The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.
Alma em chamas. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.
Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.
Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.
La noche impresa en tu piel. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.
Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.
Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.
Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.
A alma desfeita em corpo. Lisboa: Apenas Livros, 2009.
Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.
Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.
Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.
Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.
Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.
O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.
A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.
Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.
A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.
Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.
Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.
El frutero de los sueños. Wilmington, USA: Generis Publishing, 2023.
Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.
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Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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