quarta-feira, 26 de abril de 2023

A GRANDE OBRA DA CARNE | My favorite things [escrito a quatro mãos com Manuel Iris]

 

 

MEMORIES OF YOU

(Eubie Blake & Andy Razaf) | The unique Thelonious Monk (1956)

 

como a noite aproximando-se de nossos corpos

assim o passado reconhece seu nome em tua pele

e já sabemos que foste tu a vida inteira

chegada na memória de teus fogos a viver-me

e és a boca e a palavra que a diz

a faísca a cinza que deixaste para trás

tua lentidão a calma em calma das horas

mais inoportunas para estranhar teu hálito

por sorte o amor dedicado a teus olhos

é o mesmo que acende as vozes adormecidas

sonhar com tuas sombras nas pedras desnudas

é o mesmo que arder nos braços de deus

e é o que acende nosso doce vício

nossa terna combustão as vontades de fugir

como dois gatos que se afastam elegantemente

e és isso: a memória de uma mão

acariciando o dorso     e é isso: a memória

entre dois corpos que se aproximam no limite

dos espelhos     e és isso: a doce

memória dos fogos

e o caminho

 

MEDITATION FOR MOSES

(Charles Mingus) | Mingus plays piano (1963)

 

uma verdade que se parece com um piano

com uma criança solta como animal raivoso

cai

     e te descubro sozinha

como ajoelhada febre

 

uma verdade que se parece com a pedra

que salta de um piano a outro em tuas mãos

e voa

     quando aprende teu nome

como se fosse um acorde secreto

 

e chega e nada como peixe adormecido

e não passa nada     como peixe de pó

aquele peixe solúvel que nos dissera André

quando tinha razão     e passam tantas coisas

por teu olhar imóvel

caminhas e esse piano já não necessita

dizer outra vez estou aqui

tampouco a verdade com seus peixes voadores

     e seus doces mares

os manuscritos do sol em tua pele

no marfim de teu espírito

na pluma de compassos abissais

teu surpreendido abismo     tua vocação de chuva

 

observas coisas quando mudam de lugar

permaneces diante do piano invisível de tuas mãos

e a música     o chamado     chega

e a verdade     uma vez mais

nos dói

 

LOVER MAN

(Jimmy Davis, Ram Ramirez & James Sherman) | (Coleman Hawkins, 1961)

 

vou tocar-te com a fascinação que me provoca uma desconhecida     uma mulher que não és tu     à meia luz no cinema

acariciar-te com a mesma ousadia de um falcão (ri, amigo Coleman) que vai com o bico sobre o pescoço

de quem o escutou     mas também vou cuidar dos outros     o rebanho a matilha     os que sabemos de nós

quando Bird toca sei de que cor é o cabelo da mulher em que pensa

disse Dizzie creio     em realidade não importa

vou beijar-te nesse púbis avermelhado     ruivo     em teu prazer castanho

e toda serás ela     todas serás uma     tua mudança é uma forma de continuar contigo

quando és uma com sentido do humor te ris de tudo e sinto     que devemos morrer juntos

e logo abres as pernas e te observo depilada     desconheço tua obsessão de menina

e nos beijamos novamente     em realidade é novo     não me lembro de teu nome

de teus seios pequenos ou pontiagudos ou dolentes     mas sei que isto é amor     e já não procuro     nada que não tenhas

à meia luz no cinema     e és tu

com a voz que tem o gosto de cascata e a língua submersa em meu ouvido

eu     o afogado em teus mares     o extraviado em teus matagais     o caído em teus braços

a ideia vem do céu porém os sons estão no corpo

isto disse Hermeto     embora também não importe

a intimidade de tuas especiarias se desprende dos astros     a multidão de luzes espalhadas em tua pele

menina de meus assombros     já não há cinema sem gemidos

sem o voo de tuas sombras

sem o peso de teu corpo     que é igual ao corpo que desejo     e é distinto do que despes diante de mim

como se fosse a primeira vez que te desnudas     e és uma menina

tão maior que tu

e me dói que não sejas todas as que amo     e és elas     e me dói ainda mais saber

que se faltasses     nada neste mundo     curaria tuas ausências

 

SO SWEET MY LITTLE GIRL

(Johnny Coles) | Little Johnny C (1963)

 

se tenho sorte

um verso que não disse rirá em teu pulso

como se fosse uma pulseira louca     uma antecipação

da chuva triste     da urgência de que sigas

de que nunca saibas o que esconde essa manhã

em que desceste de um balanço sem sentir

essa infância que havias deixado para trás

 

busca teu longo riso que repete sem cessar os caderninhos de mistério

pelos travesseiros do mesmo sonho     minha doce menina sempre cuida de aquecer as pedras da chuva     o mar que bate em sua janela     as poucas notas do relâmpago

 

o esquecimento que se torna encanto e sempre regressa à mesma porta

em que uma vez choraste por um globo um passarinho morto

era esse pranto repetido e monótono de uma tristeza cega

e não choraste assim quando desceste do balanço

e ficaste ali     para sempre balançando-se     minha menina triste e doce

 

trilce

 

minha menina

 

THE PROCASTINATOR

(Lee Morgan) | The procastinator (Lee Morgan, 1967)

 

não há uma dor que não fique amassada em nossa pressa

em nossas vontades de chegar ao ritmo que virá depois

não há um som que não chegue atrasado para fazer a linha dupla

do extinto     não há amor que não tire os sapatos

para jogar minhocas     não há amor que chegue tarde

às escondidinhas     que não possa continuar amanhã

que não cesse de pulsar     não há sístole sem desesperação

morte cansada vulnerada morte     não há amor

que não revele paixão por seu final     por essa pedra arremessada na janela     pluma esquecida de assinar seu próprio nome

o amor não está aqui     não é para mim     volte amanhã     não sei sabe onde     o amor é o fogo     o santo que é demônio

baile de miragens     receita de milagres     sondagem de quedas

não há amor que aceite as leis do espaço e do tempo

arranca-lhe a pedra diz o alquimista e não passa nada     a dor jamais chega mais tarde que o desejo e lhe abrem a cabeça

e Amor sabe que sua pedra     que seu canto     é mais dor que sal     mais pelo que mistério     e chega atrasado perde consoantes busca

a maneira de chegar depois     deixa tudo     prorroga tudo     pospõe sempre seu prazer maduro

o amor se torna louco para que o acreditem são

é uma véspera que nunca chega

é o silêncio que já não se escuta

um milagre que se queima

linha dupla no horizonte

a fuga que não alcança

o exorcismo que perdeu seu demônio

porém volta     sempre

volta

 

NENÊ

(Hermeto Pascoal) | Por diferentes caminhos (Hermeto Pascoal, 1988)

 

reconhecer na pele o mapa do abismo

como se fosse um truque de deus ou o ramo

do canto que se faz fonte do mistério

ou um traço do sonho que inventa a cada

um de nós enquanto sonhamos com

sua presença um dia no olho da vigília

 

reconhecer no abismo um mapa de epiderme

e sair improvisando contrapontos     ver o pássaro afastado do galho

e que o galho siga sendo canto     o sonho mais desperto

mais cravado na vigília

oh belo sonho insone

criador desse mistério

oh belo sonho insone

a homenagem ao fogo

ainda neonato     e o som

das pedras mais vulcânicas     as âncoras

de meus dedos voadores

 

reconhecer a partitura de ossos     a vertigem sendo escrita     a máquina de sonhos em que viajamos quando o mundo se desfaz

 

a música que tenho é uma terra de reconhecimentos

sempre regresso a tudo o que desconheço

sempre uma cadeira com asas     e este piano     suas teclas como portas que não param de abrir-se

e a linha de mil olhos que vê o horizonte como se fosse seu mais incrível truque

e a sombra da árvore que dança cada vez que escuto seu  nome

vindo de regresso     carregado do som que deixou para trás

a árvore-pássaro que viaja e que dá frutos

e árvore-vento que é o pássaro e o ninho

a folha e a pluma

a solidão e tu     gritando aparições

deixando surdamente

o grito em que terminas

 

SUMMIT

(Astor Piazzolla & Gerry Mulligan) | Reunión cumbre (Piazzolla & Mulligan, 1974)

 

teu olhar arde fazendo o que sabe fazer melhor

e o melhor é que ninguém saiba o que vês por dentro

o que sai do alvor do fogo de teu sonho feito música     dos espaços novos criados pelo coração que ama compartilhar     viver é para viver contigo     não tenho outras notícias da terra     conta-me as horas profundas de tua paixão pela vida

conta-me pulsando em teu ser a cada momento e conta quantifica notaria

todo o indizível     busca um bandoneón e o morde na jugular

e conta

narra-me as horas que passamos juntos na fumaça

fazendo um verso e o amor que não surge senão agora     o melhor

é que ninguém saiba o que vês por dentro     não temos notícias da terra

conta-me as horas profundas     conta

o sangue do bandoneón mordido     o beijo flutuando no céu da música

tudo o que vês o fazes com as pedras de fogo do mistério

conta-me como é possível tanto amor nos pincéis do viver e a indizível narrativa do gozo e os papéis da vertigem

conta a música

enquanto mordes meu espírito ajoelhado diante de tua voz que narra seu mistério único

 

LOST

(Wayne Shorter) | The shoothsayer (Wayne Shorter, 1965)

 

sobre assombradas ruas estendi uma tábua de minha janela à tua     lá embaixo crianças sorriem: ali vão os perdidos     e tinham razão

nós somos os que se deixam deitados e saem em busca de si mesmos muito além de si

os que riem     que não têm paradeiro

ali vão os perdidos     e a tábua se suspende sobre a realidade: não há como perdermos isto     jogam     vociferam     adivinham

se cairei primeiro se perderei se perderá a vida

se perderão o jogo da tábua suspensa

sobre suas cabeças     as primeiras notas são sempre para deixar a noite limpa

o assédio do acaso e os polegares de um suposto destino jogando com a intempérie

 

eu queria estar perdido na tábua sem que ninguém soubesse de que morro

porém as vozes insistem que devo atrair as ruas para a armadilha     nada mais

 

enquanto as janelas descobrem outras crianças     o enigma a repetir-se

o precipício que se pendura na tábua para não cair     para guardar sua vertigem e as crianças cujo jogo somos     e a morte ali

calada e sorrindo lá embaixo desde antes desde ti

de teus minutos na tábua e os minutos em que és isso     a criança que se perde

vendo-nos jogar a criança já perdida que não chora

e a morte que sorri uma vez mais e se vai     e se vai     e se vai

 

KOLN CONCERT Part II b

(Keith Jarrett) | The Koln Concert (Keith Jarrett, 1975)

 

uma sombra caminha pela rua como se a noite estivesse dentro dela

pura vertigem em abismo de matéria que se refaz a cada passo tempo esmagado     espaço sem memória     tudo é queda para cima como um pássaro que não tem onde pousar

febre de movimentos que se aproximam da eternidade sem tocá-la

 

então fica mudo o dicionário

tudo cai no silêncio de sua definição     e ri     permanentemente superado pelo pássaro que cai de um céu para outro     comarca de vazios emplumados

palavra disfarçada de espiral

que chega e foge com suas vozes cegas

 

a serpente-rua refeita pela sombra que celebra seu amor e os móveis da escuridão

o desejo fugidio percorrendo o espinhaço desse personagem sem nome

que assombra o dicionário com sua mudança permanente de sentido pousado em cada frase que alguém escuta longe dali

nos arredores

 

LIGHTS OF A SATELLITE

(Sun Ra) | Fate in a pleasant mood & When sun comes out (Sun Ra, 1966)

 

acendo minha cegueira para te ver

estás por vir     como pedras luminosas em um sonho

enigma de escadarias suspensas na escuridão

os primeiros acordes manifestos da decifração são como vozes identificadas na ostentação do caos     no bulício diabólico de vultos que se aproximam de ti para dizer que estás por vir

porém ao final não chegas ou chegas e desapareces     nada em tua cintura me promete nada

e és a última parte de uma música que cantarola uma criança surda     e és peixe de fumaça     nada em tua cintura me promete

e te diluis quando (recordas o poema?) já havias alcançado tua melhor definição     a criança surda ri     sabe que vem em ti cantarolando

que te leva como caramelo     não supõe tua palavra     nem minhas mãos te supõem

acendo minha cegueira para te ver

e tua sombra soletra um segredo em meus olhos com sua fome de jogos

quando chega a trilha sonora de teus beijos o mar traduz o castelo de areia que havia guardado em teus seios

e te vais     e te vais     e me rio sozinho     mastigando uma lua esquecida

e sou a criança que te escuta e não compreende     há alguém que nos observa     uma mulher     um rio

a lua tem gosto de terra     de luz em pó     de pedras luminosas no sonho     e nada

nada em tua cintura me promete

 

ADVANCE ROMANCE

(Frank Zappa) | Bongo fury (Frank Zappa, 1975)

 

a confusão entre dois mundos

é que sempre um deles

não aceita o buraco que cresce em seu jardim

tudo no mundo cresce como um buraco

o amor a esperança a dor e a morte

tudo no buraco cresce como se fosse a infância do mundo

não importa o inferno     avança o buraco

e alguém sai de casa até à loja de bebidas porém na verdade quer sair de seus sapatos

e não pensar no que já lhe disseram     abrir cinco dos olhos que possui

ficar ali pensando que ela é um demônio

a quem pedes um beijo certa manhã antecipadamente

uma criança tem sede

e sais de tua casa     não te fixas nesse buraco que há em teu jardim como uma boca aberta

dizer que esse é meu túmulo é demasiado fácil     pensas     porque não queres morrer

estás acabado enamorado do demônio

com os olhos se multiplicando saindo pelo buraco sem cessar

e o beijo com uma boca para devorar a sede e outra para sua contaminação

olha que o amor já não sabe o que fazer com essa confissão de dois mundos insustentáveis

pela manhã a mesma que me amou quer me assassinar

e saio para a loja de bebidas a buscar a outra realidade líquida de meus dias

disse que me amava e eu acreditei     acreditas em qualquer coisa   tu a olhas desde ti mesma desde tuas órbitas vazias como o olho do jardim     como essa boca     esse lugar aberto     e ela entra em teu olhar     em tua saliva

e tu a abres de pernas e queres sepultar a ti mesma     então vês a rua     uma cova cheia de ratos

os amantes são os ratos do amor     recordas esse túmulo em teu jardim entre suas pernas

queres sepultar a ti mesma     e já está próxima a loja de bebidas

e já não posso esquecer que há um buraco no jardim e que a confusão entre dois mundos não se aclara entre tu e eu

 

SO WHAT

(Gil Evans) | Kind of blue (Miles Davis & John Coltrane, 1959)

 

un filo de hielo va cortando las pestañas de la noche

y nada es frío y nada es mar ni lluvia     se miran a los ojos

el feto y el ahogado     se abandonan a sus aguas     son la misma 

son el mismo     el filo va cortando las entrañas     va buscando la yugular de un río

 

lágrimas de fogo percorrem o deserto da memória

rastro intrigante de um conflito     queimam por dentro quando em seu exterior é pura luz

ossuário de sonhos     incoerente naufrágio de aparências

o fogo não deixa o tempo saber quem foi

 

en altamar hay una nube sola  y un naufragio presentido   

nada es más terrible que morir de sed soñaba una fogata adormecida

y va goteando     y ya nos llena nos inunda nos empapa una caliente sed 

que no apuñala el hielo que no sabe de tu amniótico mirarte

en el espejo     poeta ahogado     feto moribundo

 

o fogo não compreende por que guarda tantos trapos incinerados

em um caixote de cinzas rabisca os nomes mais próximos

com a outra mão de imediato os dissipa

não faz segredo de seus vultos     com eles modela uma estranha arquitetura

e percorre seus labirintos colhendo os relatos mais dilacerados

 

dime a dónde van tus ríos yugulares quién inunda la pasión de los que mueren solos

los que duermen con el semen coagulado el lacrimal polvoso     di     cuál es el cauce

que salivan los enfermos los que esperan lluvia los heridos por un témpano punzante

por la quemante sed la hidratación de la palabra espina su sabor de sangre de agua con metal

oh poeta bajo lluvia no sabes el inicio de tu desnudez

el comenzar del llanto

 

o espinhaço da paisagem é cortado pelo fogo

vítimas inesperadas com as raízes à mostra

trevos consumidos em um ritual ilegível     trevas enigmáticas     o culto deforma o mito

a tabuleta passa tão rápido pela janela do trem     quase ninguém a percebe

os manuscritos queimam na mão de quem os escreve

gritos se espalham por todo o horizonte de cinzas como cápsulas que em seu íntimo conservem um segredo

o que ouvimos talvez seja apenas a voz do fogo

a verdadeira dor talvez não tenha ainda como comunicar-se conosco

 

muerdes tu cuero y sales de tus propias venas te vacías como tinta manchas lo sagrado   

eyacúlame en la cara  te pidió una niña     y saboreas     tus palabras no serán la tempestad

no hay un diluvio equivalente a tu resaca     no hay amor que sepa igual a las heridas de una bestia

que confunde perseguir el agua y la belleza con el propio rabo     que confunde su saliva con el mar con el sudor

del hombre perseguido por el hielo más filoso por la noche más espina el viento más granizo el hambre más océano

el más alud poema

 

queimar um pouco agora     deixar outro tanto para quando retornes

o percurso de teu corpo até o meu     o olhar com suas trêmulas visões     queimar um pouco a pele e a ilusão de teus sentidos

mas deixar um pouco para que ninguém saiba que estive aqui

o fogo deverá ser um acidente na vida de cada uma delas     fortuito como a própria existência

pequena flor do desejo intrigada com as frases que vão se repetindo

como pétalas que se renovam

 

lluvia encendida renovado llanto 

olho da janela o fogo mascando a noite inteira

y tiene sed el fuego y saliva     babea como perro en la ventana

o fogo queimando meu olhar como teus lábios em espantosa felação

dámelo en la cara te repite la mujer más sed

para que a luz se converta em líquida tempestade com seu enredo de saliva e lavas

y surge el fuego viertes y te sales y su sed se sacia

o tempo convirtiendo sus versos en cicatrices    e espectros de água y fuego      

em plena alquimia     renacimiento

 

luz consumida

 



 

 


 
MANUEL IRIS (México, 1983). Poeta, ensaísta. Autor de cinco coletâneas de poesia. Escritor residente da biblioteca pública e fundação de biblioteca do condado de Cincinnati e Hamilton (2023), Escritor residente da Thomas More University (2023-2024), Poeta Laureado Emérito da cidade de Cincinnati, Ohio (2018-2020), e membro do Sistema Nacional de Criadores de Arte ou México (SNCA, 2022-2024).


 

 



A GRANDE OBRA DA CARNE

A poesia de Floriano Martins

  

1991 Cinzas do sol 

1991 Sábias areias 

1994 Tumultúmulos 

1998 A outra ponta do homem 

1998 Autorretrato 

1998 Os miseráveis tormentos da linguagem e as seduções do inferno nos instantes trágicos do amor de Barbus & Lozna 

2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]

2004 Antes da queda 

2004 Lusbet & o olho do abismo abundante 

2004 Prodígio das tintas 

2004 Rastros de um caracol 

2004 Sombras raptadas [Coroa] 

2004 Sombras raptadas [Cara] 

2004-2015 Estudos de pele 

2004-2017 Mecânica do abismo 

2005 A queda 

2005 Extravio de noites 

2006 A noite em tua pele impressa 

2006 Duas mentiras 

2006-2007 Autobiografia de um truque 

2007 Teatro impossível  

2008 Sobras de Deus

2008 Blacktown Hospital Bed 23 

2009-2010 Efígies suspeitas 

2010 Joias do abismo 

2010-2011 Antes que a árvore se feche 

2012 O livro invisível de William Burroughs

2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]

2013 Anatomia suspeita da realidade 

2013 My favorite things [com Manuel Iris]

2013 O piano andou bebendo 

2013 Sonho de uma última paixão 

2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória 

2014 Mobília de disfarces 

2014 O sol e as sombras 

2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil 

2015 Enigmas circulares 

2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]

2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]

2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]

2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]

2016 A mais antiga das noites 

2016 A vida acidental de Aurora Leonardos 

2016 Altares do caos 

2016 Breve história da magia 

2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]

2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos 

2017 O livro desmedido de William Blake

2017 Antigas formas do abandono 

2017 Labirintos clandestinos 

2017 Manuscrito das obsessões inexatas  

2017 O mais antigo dos dias 

2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]

2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra 

2018 Atlas revirado 

2018 Tabula rasa 

2018 Vestígios deleitosos do azar 

2021 Las mujeres desaparecidas

2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]

2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]

2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]

2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]

2023 A casa de Lenilde Fablas

2023 Caligrafias do espírito

2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]

2023 Inventário da pintura de uma época

2023 Letras del fuego [con Susana Wald]

2023 Representação consentida

2023 Primeiro verão longe de casa 


 

 

1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]

2013-2017 Manuscritos


 

 

Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.


 

 

OBRA POÉTICA PUBLICADA

 

Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.

Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.

Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.

Alma em chamasFortaleza: Letra & Música, 1998.

Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.

Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.

Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.

La noche impresa en tu pielTrad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.

Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.

Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.

Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.

A alma desfeita em corpoLisboa: Apenas Livros, 2009.

Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.

Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.

Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.

Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.

Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.

Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.

O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.

A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.

Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.

A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.

Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.

Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.

El frutero de los sueñosWilmington, USA: Generis Publishing, 2023.

Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.


 

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

1999-2024 

 


 


Nenhum comentário:

Postar um comentário