MEMORIES OF YOU
(Eubie Blake & Andy Razaf) | The unique Thelonious Monk (1956)
como a noite aproximando-se de nossos corpos
assim o passado reconhece seu nome em tua pele
e já sabemos que foste tu a vida inteira
chegada na memória de teus fogos a viver-me
e és a boca e a palavra que a diz
a faísca a cinza que deixaste para trás
tua lentidão a calma em calma das horas
mais inoportunas para estranhar teu hálito
por sorte o amor dedicado a teus olhos
é o mesmo que acende as vozes adormecidas
sonhar com tuas sombras nas pedras desnudas
é o mesmo que arder nos braços de deus
e é o que acende nosso doce vício
nossa terna combustão as vontades de fugir
como dois gatos que se afastam elegantemente
e és isso: a memória de uma mão
acariciando o dorso e é isso: a memória
entre dois corpos que se aproximam no limite
dos espelhos
e és isso: a doce
memória dos fogos
e o caminho
MEDITATION FOR MOSES
(Charles Mingus) | Mingus plays piano (1963)
uma
verdade que se parece com um piano
com
uma criança solta como animal raivoso
cai
e te descubro sozinha
como
ajoelhada febre
uma
verdade que se parece com a pedra
que
salta de um piano a outro em tuas mãos
e
voa
quando aprende teu nome
como
se fosse um acorde secreto
e
chega e nada como peixe adormecido
e
não passa nada como peixe de pó
aquele
peixe solúvel que nos dissera André
quando
tinha razão e passam tantas coisas
por
teu olhar imóvel
caminhas
e esse piano já não necessita
dizer
outra vez estou aqui
tampouco
a verdade com seus peixes voadores
e seus doces mares
os
manuscritos do sol em tua pele
no
marfim de teu espírito
na
pluma de compassos abissais
teu
surpreendido abismo tua vocação de
chuva
observas
coisas quando mudam de lugar
permaneces
diante do piano invisível de tuas mãos
e
a música o chamado chega
e
a verdade uma vez mais
nos dói
LOVER MAN
(Jimmy Davis, Ram Ramirez & James
Sherman) | (Coleman Hawkins, 1961)
vou tocar-te com a
fascinação que me provoca uma desconhecida
uma mulher que não és tu à
meia luz no cinema
acariciar-te com a
mesma ousadia de um falcão (ri, amigo Coleman) que vai com o bico sobre o
pescoço
de quem o
escutou mas também vou cuidar dos
outros o rebanho a matilha os que sabemos de nós
quando Bird toca sei de que cor é o cabelo da mulher em
que pensa
disse Dizzie
creio em realidade não importa
vou beijar-te nesse
púbis avermelhado ruivo em teu prazer castanho
e toda serás
ela todas serás uma tua mudança é uma forma de continuar
contigo
quando és uma com
sentido do humor te ris de tudo e sinto
que devemos morrer juntos
e logo abres as
pernas e te observo depilada
desconheço tua obsessão de menina
e nos beijamos
novamente em realidade é novo não me lembro de teu nome
de teus seios
pequenos ou pontiagudos ou dolentes
mas sei que isto é amor e já
não procuro nada que não tenhas
à meia luz no
cinema e és tu
com a voz que tem o
gosto de cascata e a língua submersa em meu ouvido
eu o afogado em teus mares o extraviado em teus matagais o caído em teus braços
a ideia vem do céu porém os sons estão no corpo
isto disse
Hermeto embora também não importe
a intimidade de
tuas especiarias se desprende dos astros
a multidão de luzes espalhadas em tua pele
menina de meus
assombros já não há cinema sem
gemidos
sem o voo de tuas
sombras
sem o peso de teu
corpo que é igual ao corpo que
desejo e é distinto do que despes
diante de mim
como se fosse a
primeira vez que te desnudas e és uma
menina
tão maior que tu
e me dói que não
sejas todas as que amo e és elas e me dói ainda mais saber
que se
faltasses nada neste mundo curaria tuas ausências
SO SWEET MY LITTLE GIRL
(Johnny Coles) | Little Johnny C (1963)
se tenho sorte
um verso que não disse rirá em teu pulso
como se fosse uma pulseira louca
uma antecipação
da chuva triste da urgência de
que sigas
de que nunca saibas o que esconde essa manhã
em que desceste de um balanço sem sentir
essa infância que havias deixado para trás
busca teu longo riso que repete sem cessar os caderninhos de mistério
pelos travesseiros do mesmo sonho
minha doce menina sempre cuida de aquecer as pedras da chuva o mar que bate em sua janela as poucas notas do relâmpago
o esquecimento que se torna encanto e sempre regressa à mesma porta
em que uma vez choraste por um globo um passarinho morto
era esse pranto repetido e monótono de uma tristeza cega
e não choraste assim quando desceste do balanço
e ficaste ali para sempre
balançando-se minha menina triste e
doce
trilce
minha menina
(Lee Morgan) | The procastinator (Lee
Morgan, 1967)
não há uma dor que
não fique amassada em nossa pressa
em nossas vontades
de chegar ao ritmo que virá depois
não há um som que
não chegue atrasado para fazer a linha dupla
do extinto não há amor que não tire os sapatos
para jogar
minhocas não há amor que chegue tarde
às
escondidinhas que não possa continuar
amanhã
que não cesse de
pulsar não há sístole sem
desesperação
morte cansada
vulnerada morte não há amor
que não revele
paixão por seu final por essa pedra
arremessada na janela pluma esquecida
de assinar seu próprio nome
o amor não está
aqui não é para mim volte amanhã não sei sabe onde o amor é o fogo o santo que é demônio
baile de
miragens receita de milagres sondagem de quedas
não há amor que
aceite as leis do espaço e do tempo
arranca-lhe a pedra diz o alquimista e não passa
nada a dor jamais chega mais tarde que o desejo e lhe abrem a cabeça
e Amor sabe que sua
pedra que seu canto é mais dor que sal mais pelo que mistério e chega atrasado perde consoantes busca
a maneira de chegar
depois deixa tudo prorroga tudo pospõe sempre seu prazer maduro
o amor se torna
louco para que o acreditem são
é uma véspera que
nunca chega
é o silêncio que já
não se escuta
um milagre que se
queima
linha dupla no
horizonte
a fuga que não
alcança
o exorcismo que
perdeu seu demônio
porém volta sempre
volta
NENÊ
(Hermeto Pascoal) | Por diferentes
caminhos (Hermeto Pascoal, 1988)
reconhecer na pele
o mapa do abismo
como se fosse um
truque de deus ou o ramo
do canto que se faz
fonte do mistério
ou um traço do
sonho que inventa a cada
um de nós enquanto
sonhamos com
sua presença um dia
no olho da vigília
reconhecer no
abismo um mapa de epiderme
e sair improvisando
contrapontos ver o pássaro afastado
do galho
e que o galho siga
sendo canto o sonho mais desperto
mais cravado na
vigília
oh belo sonho
insone
criador desse
mistério
oh belo sonho
insone
a homenagem ao fogo
ainda neonato e o som
das pedras mais
vulcânicas as âncoras
de meus dedos
voadores
reconhecer a
partitura de ossos a vertigem sendo
escrita a máquina de sonhos em que
viajamos quando o mundo se desfaz
a música que tenho
é uma terra de reconhecimentos
sempre regresso a
tudo o que desconheço
sempre uma cadeira
com asas e este piano suas teclas como portas que não param de
abrir-se
e a linha de mil
olhos que vê o horizonte como se fosse seu mais incrível truque
e a sombra da
árvore que dança cada vez que escuto seu
nome
vindo de
regresso carregado do som que deixou
para trás
a árvore-pássaro
que viaja e que dá frutos
e árvore-vento que
é o pássaro e o ninho
a folha e a pluma
a solidão e tu gritando aparições
deixando surdamente
o grito em que
terminas
SUMMIT
(Astor Piazzolla & Gerry Mulligan) | Reunión cumbre (Piazzolla & Mulligan, 1974)
teu olhar arde
fazendo o que sabe fazer melhor
e o melhor é que
ninguém saiba o que vês por dentro
o que sai do alvor
do fogo de teu sonho feito música dos
espaços novos criados pelo coração que ama compartilhar viver é para viver contigo não tenho outras notícias da terra conta-me as horas profundas de tua paixão
pela vida
conta-me pulsando
em teu ser a cada momento e conta quantifica notaria
todo o
indizível busca um bandoneón e o
morde na jugular
e conta
narra-me as horas
que passamos juntos na fumaça
fazendo um verso e
o amor que não surge senão agora o
melhor
é que ninguém saiba
o que vês por dentro não temos
notícias da terra
conta-me as horas
profundas conta
o sangue do
bandoneón mordido o beijo flutuando
no céu da música
tudo o que vês o
fazes com as pedras de fogo do mistério
conta-me como é
possível tanto amor nos pincéis do viver e a indizível narrativa do gozo e os
papéis da vertigem
conta a música
enquanto mordes meu
espírito ajoelhado diante de tua voz que narra seu mistério único
LOST
(Wayne Shorter) | The shoothsayer
(Wayne Shorter, 1965)
sobre assombradas
ruas estendi uma tábua de minha janela à tua
lá embaixo crianças sorriem: ali
vão os perdidos e tinham razão
nós somos os que se
deixam deitados e saem em busca de si mesmos muito além de si
os que riem que não têm paradeiro
ali vão os perdidos
e a tábua se suspende sobre a realidade: não há como perdermos isto
jogam vociferam adivinham
se cairei primeiro
se perderei se perderá a vida
se perderão o jogo
da tábua suspensa
sobre suas
cabeças as primeiras notas são sempre
para deixar a noite limpa
o assédio do acaso
e os polegares de um suposto destino jogando com a intempérie
eu queria estar
perdido na tábua sem que ninguém soubesse de que morro
porém as vozes
insistem que devo atrair as ruas para a armadilha nada mais
enquanto as janelas
descobrem outras crianças o enigma a
repetir-se
o precipício que se
pendura na tábua para não cair para
guardar sua vertigem e as crianças cujo jogo somos e a morte ali
calada e sorrindo
lá embaixo desde antes desde ti
de teus minutos na
tábua e os minutos em que és isso a
criança que se perde
vendo-nos jogar a
criança já perdida que não chora
e a morte que sorri
uma vez mais e se vai e se vai e se vai
KOLN CONCERT Part II b
(Keith Jarrett) | The Koln Concert (Keith Jarrett, 1975)
uma sombra caminha
pela rua como se a noite estivesse dentro dela
pura vertigem em
abismo de matéria que se refaz a cada passo tempo esmagado espaço sem memória tudo é queda para cima como um pássaro que
não tem onde pousar
febre de movimentos
que se aproximam da eternidade sem tocá-la
então fica mudo o
dicionário
tudo cai no
silêncio de sua definição e ri permanentemente superado pelo pássaro que
cai de um céu para outro comarca de
vazios emplumados
palavra disfarçada
de espiral
que chega e foge
com suas vozes cegas
a serpente-rua
refeita pela sombra que celebra seu amor e os móveis da escuridão
o desejo fugidio
percorrendo o espinhaço desse personagem sem nome
que assombra o
dicionário com sua mudança permanente de sentido pousado em cada frase que
alguém escuta longe dali
nos arredores
LIGHTS OF A SATELLITE
(Sun Ra) | Fate
in a pleasant mood & When sun comes out (Sun Ra, 1966)
acendo minha
cegueira para te ver
estás por vir como pedras luminosas em um sonho
enigma de
escadarias suspensas na escuridão
os primeiros
acordes manifestos da decifração são como vozes identificadas na ostentação do
caos no bulício diabólico de vultos
que se aproximam de ti para dizer que estás por vir
porém ao final não
chegas ou chegas e desapareces nada
em tua cintura me promete nada
e és a última parte
de uma música que cantarola uma criança surda e és peixe de fumaça nada em tua cintura me promete
e te diluis quando
(recordas o poema?) já havias alcançado tua melhor definição a criança surda ri sabe que vem em ti cantarolando
que te leva como
caramelo não supõe tua palavra nem minhas mãos te supõem
acendo minha
cegueira para te ver
e tua sombra
soletra um segredo em meus olhos com sua fome de jogos
quando chega a
trilha sonora de teus beijos o mar traduz o castelo de areia que havia guardado
em teus seios
e te vais e te vais e me rio sozinho mastigando uma lua esquecida
e sou a criança que
te escuta e não compreende há alguém
que nos observa uma mulher um rio
a lua tem gosto de
terra de luz em pó de pedras luminosas no sonho e nada
nada em tua cintura
me promete
ADVANCE ROMANCE
(Frank Zappa) | Bongo fury (Frank Zappa, 1975)
a confusão entre
dois mundos
é que sempre um
deles
não aceita o buraco
que cresce em seu jardim
tudo no mundo
cresce como um buraco
o amor a esperança
a dor e a morte
tudo no buraco
cresce como se fosse a infância do mundo
não importa o
inferno avança o buraco
e alguém sai de
casa até à loja de bebidas porém na verdade quer sair de seus sapatos
e não pensar no que
já lhe disseram abrir cinco dos olhos
que possui
ficar ali pensando
que ela é um demônio
a quem pedes um
beijo certa manhã antecipadamente
uma criança tem
sede
e sais de tua
casa não te fixas nesse buraco que há
em teu jardim como uma boca aberta
dizer que esse é meu túmulo é demasiado fácil pensas
porque não queres morrer
estás acabado
enamorado do demônio
com os olhos se
multiplicando saindo pelo buraco sem cessar
e o beijo com uma
boca para devorar a sede e outra para sua contaminação
olha que o amor já
não sabe o que fazer com essa confissão de dois mundos insustentáveis
pela manhã a mesma
que me amou quer me assassinar
e saio para a loja
de bebidas a buscar a outra realidade líquida de meus dias
disse que me amava e eu acreditei acreditas em qualquer coisa tu a olhas desde ti mesma desde tuas órbitas
vazias como o olho do jardim como
essa boca esse lugar aberto e ela entra em teu olhar em tua saliva
e tu a abres de
pernas e queres sepultar a ti mesma
então vês a rua uma cova cheia
de ratos
os amantes são os ratos do amor recordas esse túmulo em teu jardim entre
suas pernas
queres sepultar a
ti mesma e já está próxima a loja de
bebidas
e já não posso
esquecer que há um buraco no jardim e que a confusão entre dois mundos não se
aclara entre tu e eu
SO WHAT
(Gil Evans) | Kind of blue (Miles Davis & John Coltrane, 1959)
un filo de hielo va cortando las pestañas de la noche
y nada es frío y nada es mar ni lluvia se miran a los ojos
el feto y el ahogado se abandonan a sus aguas
son la misma
son el mismo el filo va cortando las entrañas
va buscando la yugular de un río
lágrimas de fogo
percorrem o deserto da memória
rastro intrigante
de um conflito queimam por dentro quando em seu
exterior é pura luz
ossuário de
sonhos incoerente naufrágio de aparências
o fogo não deixa o
tempo saber quem foi
en altamar hay una nube sola y un naufragio presentido
nada es más terrible que morir de sed soñaba una fogata adormecida
y va goteando y ya nos llena nos inunda nos empapa
una caliente sed
que no apuñala el hielo que no sabe de tu amniótico mirarte
en el espejo poeta ahogado
feto moribundo
o fogo não compreende
por que guarda tantos trapos incinerados
em um caixote de
cinzas rabisca os nomes mais próximos
com a outra mão de
imediato os dissipa
não faz segredo de
seus vultos com eles modela uma estranha
arquitetura
e percorre seus
labirintos colhendo os relatos mais dilacerados
dime a dónde van tus ríos yugulares quién inunda la pasión de los que
mueren solos
los que duermen con el semen coagulado el lacrimal
polvoso di cuál es el
cauce
que salivan los enfermos los que esperan lluvia los heridos por un témpano
punzante
por la quemante sed la hidratación de la palabra espina su
sabor de sangre de agua con metal
oh poeta bajo lluvia no sabes el inicio de tu desnudez
el comenzar del
llanto
o espinhaço da
paisagem é cortado pelo fogo
vítimas inesperadas
com as raízes à mostra
trevos consumidos
em um ritual ilegível trevas
enigmáticas o culto deforma o mito
a tabuleta passa
tão rápido pela janela do trem quase ninguém a
percebe
os manuscritos
queimam na mão de quem os escreve
gritos se espalham
por todo o horizonte de cinzas como cápsulas que em seu íntimo conservem um
segredo
o que ouvimos
talvez seja apenas a voz do fogo
a verdadeira dor
talvez não tenha ainda como comunicar-se conosco
muerdes tu cuero y sales de tus propias venas te vacías como tinta manchas
lo sagrado
eyacúlame en la cara te pidió una
niña y saboreas tus
palabras no serán la tempestad
no hay un diluvio equivalente a tu resaca no
hay amor que sepa igual a las heridas de una bestia
que confunde perseguir el agua y la belleza con el propio
rabo que confunde su saliva con el mar con el
sudor
del hombre perseguido por el hielo más filoso por la noche más espina el
viento más granizo el hambre más océano
el más alud poema
queimar um pouco
agora deixar outro tanto para quando retornes
o percurso de teu
corpo até o meu o olhar com suas trêmulas
visões queimar um pouco a pele e a ilusão de teus
sentidos
mas deixar um pouco
para que ninguém saiba que estive aqui
o fogo deverá ser
um acidente na vida de cada uma delas fortuito
como a própria existência
pequena flor do
desejo intrigada com as frases que vão se repetindo
como pétalas que se
renovam
lluvia encendida
renovado llanto
olho da janela o
fogo mascando a noite inteira
y tiene sed el fuego y saliva babea como perro
en la ventana
o fogo queimando
meu olhar como teus lábios em espantosa felação
dámelo en la cara te repite la
mujer más sed
para que a luz se
converta em líquida tempestade com seu enredo de saliva e lavas
y surge el fuego viertes y te sales y su sed se sacia
o tempo convirtiendo sus versos en cicatrices
e espectros de água y fuego
em plena
alquimia renacimiento
luz consumida
∞
MANUEL IRIS (México, 1983). Poeta, ensaísta. Autor de cinco coletâneas de poesia. Escritor residente da biblioteca pública e fundação de biblioteca do condado de Cincinnati e Hamilton (2023), Escritor residente da Thomas More University (2023-2024), Poeta Laureado Emérito da cidade de Cincinnati, Ohio (2018-2020), e membro do Sistema Nacional de Criadores de Arte ou México (SNCA, 2022-2024).
∞
A GRANDE OBRA DA CARNE
A poesia de Floriano Martins
1991 Cinzas do sol
1991 Sábias areias
1994 Tumultúmulos
1998 Autorretrato
2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]
2004 Antes da queda
2004 Lusbet & o olho do abismo abundante
2004 Prodígio das tintas
2004-2015 Estudos de pele
2004-2017 Mecânica do abismo
2005 A queda
2005 Extravio de noites
2006 A noite em tua pele impressa
2006 Duas mentiras
2006-2007 Autobiografia de um truque
2007 Teatro impossível
2008 Sobras de Deus
2008 Blacktown Hospital Bed 23
2009-2010 Efígies suspeitas
2010 Joias do abismo
2010-2011 Antes que a árvore se feche
2012 O livro invisível de William Burroughs
2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]
2013 Anatomia suspeita da realidade
2013 My favorite things [com Manuel Iris]
2013 Sonho de uma última paixão
2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória
2014 Mobília de disfarces
2014 O sol e as sombras
2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil
2015 Enigmas circulares
2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]
2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]
2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]
2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]
2016 A vida acidental de Aurora Leonardos
2016 Altares do caos
2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]
2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos
2017 O livro desmedido de William Blake
2017 Antigas formas do abandono
2017 Manuscrito das obsessões inexatas
2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]
2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra
2018 Atlas revirado
2018 Tabula rasa
2018 Vestígios deleitosos do azar
2021 Las mujeres desaparecidas
2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]
2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]
2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]
2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]
2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]
2023 Inventário da pintura de uma época
2023 Letras del fuego [con Susana Wald]
2023 Primeiro verão longe de casa
∞
1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]
2013-2017 Manuscritos
∞
Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.
∞
OBRA POÉTICA PUBLICADA
Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.
Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2. The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.
Alma em chamas. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.
Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.
Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.
La noche impresa en tu piel. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.
Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.
Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.
Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.
A alma desfeita em corpo. Lisboa: Apenas Livros, 2009.
Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.
Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.
Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.
Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.
Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.
O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.
A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.
Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.
A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.
Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.
Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.
El frutero de los sueños. Wilmington, USA: Generis Publishing, 2023.
Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.
∞
Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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