dia a dia
provocativamente
ele desencadeou
ilusões
KANSUKE YAMAMOTO
A solidão está na esperança,
no triunfo, no riso e na dança.
LUIS CARDOZA Y ARAGÓN
NOS BOLSOS DA SONÂMBULA
A solidão estava
por toda a casa, enquanto caminhava ausente de si. Por vezes dançava e ria, no
triunfo de uma quase debilidade. O corpo movendo-se entre o espasmo e a
heresia. Dança de esvoaçante nado. O garoto a via no mergulho em um engodo
ancestral, debatendo-se pelas ramagens da própria queda. Havia um cheiro que
levaria consigo até a essência de seus escritos. A mulher ali à frente ritmava
a sua infância. Ele, o insone; ela, a sonâmbula.
Nada disso.
Intuía ser outra a razão da presença/ausência de ambos. Nada lhe era de todo
invisível. Vendo-a insinuar-se no desenho rítmico de seus acolhimentos, um
mundo começava a lhe abrir parênteses, recebia recados do acaso, anotava
sigilosas imagens. Vê-la caminhar pelas dobras de um abismo interior era uma
fortuna inigualável. Decerto deixaria que toda a infância fosse tomada pelo
espectro indomável daquela mulher recebendo distintas entidades. Mas não. O
tempo com ela não se deteve o suficiente. Logo se foi sem tambores.
Os tambores ele
próprio desenhou. A sonâmbula trazia muitas vozes nos bolsos de sua pele. Antes
dela a mãe tremia ao descrever assombrações que lhe assaltavam as noites. O
convulsivo dança enquanto dura a projeção do abismo. Os tambores todos sondavam
o baile ulterior. Acompanhara o roçado secreto daquela mulher, manifestações
com chumaço ou praga, guizalhados, bufos, zumbidos, martelares, guinchos,
cacarejos. Tambores.
Amara aquela
mulher, mais do que duas primas que sorrateiras enfarinharam de encantos alguns
momentos guardados de memória. A ideia do perdido se construía com delineada
firmeza. Tufo de alegorias, untura de espantos, isqueiro do cognoscível. A
memória dançava. Corpo segurado por outro, agitando-se em círculos incansáveis.
Mares de fibra cobrindo e descobrindo a cena. Teatro do encoberto. Terra de
outros ares sendo ela mesma a própria terra e sua impossibilidade.
O corpo nu lhe
atraía, tanto quanto a astúcia e o menoscabo do riso dos tambores. Porém nada
como a inocência daquele olhar quando retornava a si e lhe indagava o que
houvera. A solidão voltava de uma longa viagem. Mil vezes a mesma tarde, o
mesmo longo trajeto, insondável sempre. Um precário destino com os bolsos
esburacados por planos que jamais compartilhariam realidade alguma.
LIÇÕES DE ABISMO
As sobras estão
pesadas. À noite, estive com os mesmos corpos, movimentos idênticos, iguais
falas entrecortadas pela aflição. Quantos desejam permanecer aqui? Indagam se
ainda haverá motivo. Terá havido acaso alguma vez? Mortes as que se seguirão,
vorazes fragmentos antecipados. Desde garoto começou a contá-las, chegando a
rabiscar um temos tão-somente o que
perdemos em uma folha encontrada nos guardados da mãe, esquecidos na casa
da avó, anos depois que ela morrera. A mesma lembrança, uma vez mais? A memória
não faz outra coisa senão repetir-se.
Uma natureza
morta na sala da casa materna abismou-lhe a infância. Peixes devoravam frutas e
se convertiam em flores. Via ali um mundo em permanente metamorfose. Pinturas
de um tio médico, recorda aqueles óleos como silhueta pulsante de todo um
mistério que animaria a existência. Aqueles óleos? Havia outros. Em um deles,
uma mulher saía da cama e ia sentar-se no piano ao lado, nua, onde tocava por
horas sem que se lhe ouvisse um acorde. As notas do silêncio possuíam uma dor
insuspeita. Por vezes parecia identificar o dorso daquela mulher. A exatidão
das coisas reflete bem mais uma impropriedade. O mundo não passa de um abismo
de sugestões.
Um dia foi
indagado sobre a morte do irmão. Não podia entender aquele corpo se agitando
diante de si, em evasivas, a nada correspondendo. Qual doença teria? Estava
vivo, ria quando ouvia música, debatia-se alarmado diante de algum som que não
lhe agradava. Estranho que não dissesse uma palavra, mas não via nisso uma
enfermidade. Uma atrofia múltipla se dava sem que lhe importasse. Queria o
irmão presente e encontrou no estímulo sexual uma reduzida chance. Masturbava-o
enquanto entoava alguma canção saída da vitrola dos pais. Porém o fez poucas
vezes, antes que morresse. Não importa que espécie de deus nos traga conforto. A
existência humana se dá como uma combinação química. Em qualquer circunstância
será quase inevitável perceber um sentido mínimo, decerto ilusório, em seguir
vivendo. Deus algum nos inventa ou mesmo nos completa. Somos o enlevo de seu
precário raio de ação.
VISITA DE UM LAGARTO
O cenário dos
sonhos era sempre composto pelas casas da infância. Silenciosos sonhos com as
mesmas salas quartos telhados. Somente anos depois, quando morreram os pais, é
que os sonhos tornaram-se sonoros e cada cena se mostrava em terreno próprio.
As casas da infância eram um amálgama de seu destino. Entrava e saía delas por
uma parede. Nos sonhos não havia distinção entre cômodos. Uns tantos móveis
indicavam quando de cada uma se tratava. Identificação que julgava sem importância.
A parede desenhava-se como a de uma biblioteca. Os livros o conduziam de um
lugar a outro.
O que havia ali
atrás? Duas irmãs mimadas disputavam o uso de um piano. Aquele estranho objeto
que emitia sons sem que ninguém o tocasse lhe parecera a chave da passagem de
uma casa a outra. Uma delas lhe dizia tudo o que não viria a ocorrer. Da
segunda receberia o peso de uma existência talhada a perdas. Suas visões eram
mais propriamente um anátema. Teclas do piano saltavam de tigelas de sopa,
corriam sorrateiras para debaixo de guarda-louças ou escondiam-se nas altas
prateleiras de armários na despensa. Inúmeras as noites em que acordava
asfixiado com as cordas do piano apertando-lhe o pescoço. A primeira das irmãs
a morrer foi sua mãe. O piano tornou-se intocável. Jazia silencioso em uma sala
fechada na outra casa. Nunca mais se lhe ouviu um único gemido. Gastou-se entre
poeira, cupins e goteiras.
Nada nos sonhos
denunciara a loucura que acometera a tia. Alguns personagens nos tantos livros
que lia. O entrar e sair naquelas duas casas. O garoto recortava silhuetas de
suas visões, colando-as nas páginas dos livros ou soprando-as no ar, imaginando
que alcançassem abertas inexistentes janelas ou mesmo que mergulhassem em
saliências de quadros, nas demais paredes ou em reproduções em inúmeras
revistas que folheava.
Nessas idas e
vindas – já não recorda se sobre um tanque de roupas ou se lentamente
movendo-se para fora de um livro – vislumbrou uma presença distinta entre as
demais. Que forma assumiria tal vestígio em sua vida? As formas significam
muito pouco. Poderia seguir recortando-as. Por uma aurícula errante trataria
todas as cobras de duas cabeças. Chamaria raio os esfaqueamentos misteriosos
que não raro eram comentados em casa. E daria pernas ou asas ao pescoçudo
gramofone da avó. As formas não lhe bastavam. Um novo personagem lhe despertara
para tanto. Arrastava-se brincalhão sobre seu corpo. Não lhe eram mais
enfadonhos os sonhos, embora seguissem silenciosos e em repisado repertório.
Tudo permanecia o mesmo, mas ganhava um significado.
JOGO DAS FORMAS
A loucura terá
seus anúncios? O colecionador de pentelhos em caixas de fósforo, a caluniosa
simpática que fazia-se coxa quando lhe descobriam a tramoia, o trêmulo a
rabiscar paredes com os dedos sangrados. Loucos em banheiras planejando golpes
de estado, renúncias de cargo algum, assuntos evitados. Em quantos vasos
percorre o mundo a loucura? Haverá mesmo uma?
Ao visitar a tia,
nenhum diálogo se completava. O argucioso é tudo menos louco. E o garoto logo
perceberia viver em um nicho de evasivas. A avó desconversava quando vinha com
suas inquietudes acerca de Deus. Aos 13 anos a visita de um parente bispo
coroara o assunto. Deus era um grande equívoco e a loucura não passava de um
blefe. Toda prova é circunstancial e pode ser usada para fins distintos. O
silêncio arremeda autismo e dissidência. Para onde me mova, estou em tuas mãos.
Quedas são
transcritas por exímios copistas. Estados de pânico, angústias banais,
violências súbitas. A tia escorregava em um lodoso silêncio, sempre que ele
falava em sua mãe. Acendia um cigarro e logo o largava. Procurava algo nos
bolsos. E retomava o que bom que você
veio me ver. Não retornou mais ali.
Também sentia-se
só. Os sonhos se dispersaram. Já não era mais garoto. As casas foram vendidas.
Uma delas demolida. Não tinha consigo um único daqueles milhares de livros. Os
parentes todos morreram. Apenas a tia ainda vivia, uma irônica relação entre
ser e tempo. Qual a medida da loucura naquilo tudo? Qual a medida de nossa
presença em tudo o que fazemos? A loucura é o que deixamos escapar, o que não
conseguimos ser?
O menino levava
consigo uma pequena caixa de madeira. Dentro havia duas lâminas de vidro, uma
tesoura minúscula cuja forma era a do encontro de duas cobras, e um raro acervo
de figuras as mais insólitas. Algumas imagens se repetiam ao excesso – janelas,
molduras, livros abertos, corpos humanos, fogueiras – e pareciam não ter fim.
Ao buscar o livro que seria as asas de um lagarto planejando a fuga diante de
uma janela aberta, retirou da caixa dezenas de recortes, amontoados ao redor.
Descontente afirmara que o infinito tem seus próprios dilemas e então recortou
as abas de dois livros e com elas o lagarto se foi. Todos aqueles papelotes
retornaram a um ninho de dimensões impossíveis de contê-los.
O CÃO E O LUSTRE
O quarto tinha
apenas uma cama ao centro. A avó estava ali, entregue a um ritualístico diálogo
com os mortos. Ao me ver abriu um frágil sorriso, o corpo inteiro
desfazendo-se, ocupado em despedir-se do espírito. Beijei-lhe a fronte e a
pouca voz me chamou pelo nome de um tio e me falou orgulhosa da visita de
outro, minutos atrás, visita que coincidia com a morte do mesmo em outra
cidade. E assim me tratando, com o olhar apontou inúmeras presenças no quarto.
Um irmão a havia
decepcionado pelos versos roubados a outro. Lamentava que uma das irmãs jamais
houvesse conhecido homem algum. Preocupou-se com a filha viva, prevendo-lhe o
abandono pelos demais parentes. A todos tratava como se estivessem presentes.
Com dificuldade a voz me levava para mais perto de seus lábios, a revelar-lhe
um estojo de tormentos e indignações. O corpo em desalinho, assediado por
escaras, um magro seio a descoberto, mórbido contraste com o que significara a
existência daquela mulher.
O quarto
deixou-se ocupar por fantasmas. A avó me olhava fixamente, sem que mais
falasse, e pude compreender cada presença, por mais invisível. Depoentes
movidos por arrependimentos vários. Um caudal de culpas a serem expiadas. Do desculpa-me, irmã ao não era para que soubesses. Nossos
lábios estavam quase colados. Mesmo o hálito putrefato não evitou o beijo,
demorado, seguido de um encantamento no olhar.
Visões
intumescidas asfixiavam a memória. A avó com suas minúcias guardadas em celas,
no oratório precário de uma vida doada e que nem mesmo ao final dos dias algo
recebia, sequer um pouco de compreensão em torno de seu desprendimento.
Beijamo-nos como dois amantes cujo amor corresponde a uma esfera jamais
visitada pela família.
Como recobrar-se?
Até hoje não sei. Lembro que havia um lustre pendendo do teto. A pouca voz me
disse que ali estava com ela aquele negro cão, quieto, confiável, suspenso no
vazio. Cão ou lustre? Luz ou escuridão? Minhas mãos já seguravam fortemente o
travesseiro sobre seu rosto, sufocando-a.
As mesmas mãos me
vinham ao rosto por incontáveis noites, ao me perseguir o pesadelo de não haver
morto a avó naquela tarde. Todos os enunciados em nosso último encontro se
cumpriram. O que houve depois do beijo? Nada. Dali eu me fui, sem que
retornasse jamais. Decerto anda comigo o cão, ainda que não o veja.
O RIO LOUCO
Os pés do amor. O
mordisco de peixes quando os mergulhava no grande tanque de cimento. A alegria
vinha do nada. Erguia a perna e o garoto dilatava-se seduzido. Atendia ao vem aqui e ela o jogava n’água, para que
sentisse os peixes. Depois lhe trazia o rosto para o centro de suas pernas. E
entoava um mantra, solene, combinação de trevas desejosas que envolvia a ambos naquela
e em outras manhãs.
O garoto não via
graça na vida que não fosse tocá-la. Não tinham mais o que guardar um do outro.
Peixes são línguas são algas são rios loucos dentro da linguagem. Peixes com
pés e um singular sorriso que transborda vislumbres por toda a carne. A música
que ouvia era cantada bem dentro. E as vozes se multiplicavam. Peixes
cantantes. Alguns o mordiam até que sangrasse.
Umas vozes
acendiam restos de vela. O garoto espreitava a mulher de joelhos reunindo
contas no chão. Punha uma venda em si mesma e aquecia uns dedos no fogo antes
de tocar-se em volúpia. Logo ressurgia animada por enigmática vertigem. Não
resistia a seus toques, banhava-se de desejo e alegria.
Dentro de um
peixe o garoto sente-se sufocado, o rio ausente. Espasmos de memória levam-no
de um cesto a outro de imagens. Quer o rio de volta e as pernas daquela mulher.
Assusta-se com o travesseiro roubando-lhe o ar, debate-se, não crê em seus
olhos, a mulher lhe asfixia pesando sobre o corpo.
Não sou eu, não
eras tu, não somos ninguém. O que amamos nos cabe dentro? O garoto saiu dali
com um silêncio a durar-lhe a vida inteira. O que explica alguém ser vítima
quase fatal de algo que desconhece? Como perder-se a linguagem em algo que não
lhe diz respeito? Um verso, uma fotografia, uma frase à toa, mulher e garoto
rebentados, música de silêncio.
Improviso um
adiamento da morte. Uns dias a mais enquanto me escuto acerca de deslizes e
crendices. A volúpia despertada pelas inúmeras que me parecia ser aquela
primeira mulher, variação abissal de vozes que jorrava daqueles lábios e
contagiava-lhe os gestos, pânico me rasgando a inocência. Não era ele, era eu.
Ainda hoje mal suporto o lance de imagens da memória. Em um momento me tinha
dentro dela e logo asfixiado por um travesseiro. De uma morte a outra, a
linguagem perdendo referência.
Não sei o que
houve com ela. O que é feito de protagonistas de incontáveis circunstâncias que
nos marcam a vida inteira? Seu fantasma está comigo. Não sei, não sei, de fato,
o que houve com ela.
JOVENS RUÍNAS E TRÉGUA NENHUMA
Nada. Nada se
move. O garoto abria páginas e páginas de todos aqueles livros na biblioteca do
pai. Tudo lhe parecia um simulacro, um baile de falsificadores. Ulisses algum
voltou para casa. Lâmpadas, moedas, revelações, pesagem de almas, nada,
absolutamente. A parede não se abria mais. Mudava os móveis de lugar, evocava
espíritos, improvisava mandalas na tábua corrida. Nada. Nem mesmo queimando
alguns raros exemplares em sacrifício. Inclinou-se diante de tudo aquilo em que
acreditava. Nada. Espinhos, vislumbres, sepulcros, eclipses, nada se move. O
garoto sentia-se preso a metade de sua vida. Acender velas, cumprir anos, tudo
perdera significado, desde aquela manhã em que os livros simplesmente se foram.
O equilíbrio é também a medida do perdido.
∞
A GRANDE OBRA DA CARNE
A poesia de Floriano Martins
1991 Cinzas do sol
1991 Sábias areias
1994 Tumultúmulos
1998 Autorretrato
2003-2017 Floração de centelhas [com Beatriz Bajo]
2004 Antes da queda
2004 Lusbet & o olho do abismo abundante
2004 Prodígio das tintas
2004-2015 Estudos de pele
2004-2017 Mecânica do abismo
2005 A queda
2005 Extravio de noites
2006 A noite em tua pele impressa
2006 Duas mentiras
2006-2007 Autobiografia de um truque
2007 Teatro impossível
2008 Sobras de Deus
2008 Blacktown Hospital Bed 23
2009-2010 Efígies suspeitas
2010 Joias do abismo
2010-2011 Antes que a árvore se feche
2012 O livro invisível de William Burroughs
2012-2014 Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]
2013 Anatomia suspeita da realidade
2013 My favorite things [com Manuel Iris]
2013 Sonho de uma última paixão
2013-2015 Breviário dos animais fabulosos fugidos da memória
2014 Mobília de disfarces
2014 O sol e as sombras
2014-2015 Reflexões sobre o inverossímil
2015 Enigmas circulares
2015 Improviso para dois pianos [com Farah Hallal]
2016 Cine Azteka [com Zuca Sardan]
2016 Circo Cyclame [com Zuca Sardan]
2016 Trem Carthago [com Zuca Sardan]
2016 A vida acidental de Aurora Leonardos
2016 Altares do caos
2016-2017 Convulsiva taça dos desejos [com Leila Ferraz]
2016-2017 Obra prima da confusão entre dois mundos
2017 O livro desmedido de William Blake
2017 Antigas formas do abandono
2017 Manuscrito das obsessões inexatas
2017-2020 A volta da baleia Beluxa [com Zuca Sardan]
2017-2022 Nenhuma voz cabe no silêncio de outra
2018 Atlas revirado
2018 Tabula rasa
2018 Vestígios deleitosos do azar
2021 Las mujeres desaparecidas
2021 Museu do visionário [com Berta Lucía Estrada]
2021 Naufrágios do tempo [com Berta Lucía Estrada]
2022 As sombras suspensas [com Berta Lucía Estrada]
2022 Las resurrecciones íntimas [com Berta Lucía Estrada]
2023 Huesos de los presságios [con Fernando Cuartas Acosta]
2023 Inventário da pintura de uma época
2023 Letras del fuego [con Susana Wald]
2023 Primeiro verão longe de casa
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1991-2023 Mesa crítica [Prefácios, posfácios, orelhas]
2013-2017 Manuscritos
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Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. A grande obra da carne – título emprestado de um de seus livros, é uma biblioteca desenvolvida como espaço paralelo dentro da Agulha Revista de Cultura, a partir de uma ideia do próprio Floriano Martins, de modo a propiciar acesso gratuito a toda a sua produção poética.
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OBRA POÉTICA PUBLICADA
Cinzas do sol. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Sábias areias. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1991.
Tumultúmulos. Rio de Janeiro: Mundo Manual Edições, 1994.
Ashes of the sun. Translated by Margaret Jull Costa. The myth of the world. Vol. 2. The Dedalus Book of Surrealism. London: Dedalus Ltd., 1994.
Alma em chamas. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Cenizas del sol [con Edgar Zúñiga]. San José, Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2001.
Extravio de noites. Caxias do Sul: Poetas de Orpheu, 2001.
Estudos de pele. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
Tres estudios para un amor loco. Trad. Marta Spagnuolo. México: Alforja Arte y Literatura A.C., 2006.
La noche impresa en tu piel. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Taller Editorial El Pez Soluble, 2006.
Duas mentiras. São Paulo: Edições Projeto Dulcinéia Catadora, 2008.
Sobras de Deus. Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2008.
Teatro imposible. Trad. Marta Spagnuolo. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2008.
A alma desfeita em corpo. Lisboa: Apenas Livros, 2009.
Fuego en las cartas. Trad. Blanca Luz Pulido. Huelva, España: Ayuntamiento de Punta Umbría, Colección Palabra Ibérica, 2009.
Autobiografia de um truque. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2010.
Delante del fuego. Selección y traducción de Benjamín Valdivia. Guanajuato, México: Azafrán y Cinabrio Ediciones, 2010.
Abismanto [com Viviane de Santana Paulo]. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
O livro invisível de William Burroughs. Natal: Sol Negro Edições, 2012.
Lembrança de homens que não existiam [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2013.
Em silêncio [com Viviane de Santana Paulo]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Overnight medley [com Manuel Iris]. Trad. ao espanhol (Juan Cameron) e ao inglês (Allan Vidigal). Fortaleza: ARC Edições, 2014.
O sol e as sombras [com Valdir Rocha]. São Paulo: Pantemporâneo, 2014.
A vida inesperada. Fortaleza: ARC Edições, 2015.
Circo Cyclame [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
O iluminismo é uma baleia [com Zuca Sardan]. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Espelho náufrago. Lisboa: Apenas Livros, 2017.
A grande obra da carne. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Tabula rasa [com Valdir Rocha]. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Antes que a árvore se feche (poesia reunida). Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Tríptico da agonia [com Berta Lucía Estrada]. Fortaleza: ARC Edições, 2021.
Las mujeres desaparecidas. Santiago, Chile: LP5 Editora, 2021.
Un día fui Aurora Leonardos. Quito: Línea Imaginaria Ediciones, 2022.
El frutero de los sueños. Wilmington, USA: Generis Publishing, 2023.
Sombras no jardim. Fortaleza: ARC Edições, 2023.
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Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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