SOBRE SURREALISMO
onde a alegria de criar e a alegria
de destruir
se mesclam na mesma e única alegria
ALDO PELLEGRINI
1. O poeta Aldo Pellegrini (Argentina, 1903-1973)
reúne em sua biografia um conjunto de circunstâncias valiosas que o situam entre
os mais inestimáveis personagens da cultura na América Latina. O que fez pela identificação
das vanguardas no século passado e a consequente integração a esse ambiente da poesia
não somente na Argentina como em todos os países de língua espanhola em nosso continente,
é uma tarefa que requer atenção e agradecimento perenes. É comum situá-lo como editor
da primeira revista surrealista surgida deste lado do Atlântico (Qué, 1928),
ou mencionar que tenha fundado, em 1926, o primeiro grupo surrealista de língua
espanhola. São dois curiosos registros cronológicos que carecem de alguma anotação.
A primeira delas indica o contraste entre a existência real da revista e a inexistência
do grupo. Quando lemos os dois números da revista, a começar pelo texto programático
incluído na primeira edição (novembro de 1928), “Pequeno esforço de justificativa
coletiva” – texto que pode ser interpretado como um manifesto, mas vale lembrar
que em momento algum se toca na palavra surrealismo –, observamos a identificação
apenas implícita com o movimento europeu. A afinidade é intensa. A declaração, nenhuma.
Acrescente-se a isto a curiosidade de que todos os integrantes, incluindo o próprio
Pellegrini, publicam seus textos sob pseudônimo.
Aldo
Pellegrini é um cultor admirável da prosa poética, já manifesta desde seus primeiros
momentos, em textos inseridos justamente no número inicial da revista Qué,
sob o pseudônimo de Adolfo Este. Ali trata da relação entre poesia e sistema filosófico,
referindo-se aos “problemas da personalidade em toda sua angustiosa lucidez de pressentimento”.
Inquieta-me esse tremor anímico de Pellegrini, que inclusive o leva a redigir o
editorial do número 2 de sua revista assinado por dois pseudônimos seus, Filidor
Lagos e o já citado Adolfo Este. Toda a poesia de Pellegrini toca muito singularmente
este conflito da personalidade, sempre buscando de alguma maneira destacar a grandeza
do mistério da existência humana acima de todo misticismo ou desesperança.
Cronologicamente
este primeiro momento de Pellegrini vai sendo depurado de forma mais intensa em
sua identificação com o surrealismo. Os anos 40 são os de publicação de sua poesia
já livre de pseudônimos e da edição da revista Ciclo (1948). Mais um preâmbulo
em busca de um encontro definitivo, consigo mesmo e com a grande defesa que fez
do surrealismo e da poesia de vanguarda na América Hispânica, situada em realizações
preciosas nos anos 50 e 60. Em conferência que deu em 1952 observa de maneira clara
que “a criação de uma poesia pura não tem sentido”, afirmando que “se realmente
é poesia, sempre é impura, pois arrasta o vital do homem”. Este sinal de vitalidade
é o da entrega ao mundo, da conduta de liberdade que permite conhecer o mundo a
partir de uma aventura do espírito. Pellegrini já se encontra tomado daquelas vozes
que são fundamentais à sua poética e que resulta em traduções e estudos, destacadamente
Artaud e Lautréamont – não deixar de mencionar que foi tradutor introdutor dos dois
poetas em língua espanhola.
Sua convivência
agora redimensiona a paixão surrealista e imprime na própria carne a defesa de que
“a poesia constitui o núcleo vivo de toda manifestação de arte e ela lhe dá seu
verdadeiro sentido”. O homem é essencialmente um animal poético. Será fundamental
a convivência com poetas como Enrique Molina, Francisco Madariaga, Carlos Latorre, José Juan Ceselli, Julio Llinás e Juan Antonio
Vasco.
Cabe
destacar uma atuação de comovente entrega de espírito
e alicerce fundamental para a criação, duplo exemplo que constituem a publicação
da Antología de Poesía Surrealista [de lengua francesa] (1961) e Antología
de la Poesía Viva Latino-americana (1966). A primeira cumpre o prometido logo
nas primeiras páginas, a apresentação de “um balanço histórico de um movimento fundamentalmente
poético cuja importância na evolução da cultura neste século já se admite como fundamental”.
Dificilmente se encontra outro exemplo em todo o mundo de um registro tão criterioso
e honesto do surrealismo como este valioso trabalho realizado por Pellegrini. No
segundo caso, graças ao seu olhar atento para perceber os ninhos consistentes das
novas poéticas na América Hispânica é que reúne o que há de mais expressivo na poesia
de língua espanhola em todo o continente, resultando em decisiva contribuição ao
conhecimento de todos os poetas ali inseridos. Bastante significativo também o plano
editorial dos dois trabalhos, ou seja, a antologia de poetas franceses ele traduz
para o espanhol e a publica na Argentina, enquanto a antologia dos poetas hispano-americanos
ele a publica na Espanha. Notável estratégia.
Pellegrini
é também autor de ensaios e teatro. Seu filho, Mario Pellegrini, ao criar em Buenos
Aires a Editorial Argonauta tratou de recuperar a obra de seu pai em toda sua amplidão
de registro, incluindo as traduções, deixando unicamente pendente a reunião dos
ensaios, edição já em preparo.
Ao publicar,
em 1964, seu Teatro de la inestable realidad, em uma nota inicial Aldo Pellegrini
observa que “a realidade e o homem são dois processos que transcorrem paralelos
e parecem destinados a não se encontrarem jamais”. Retomamos assim o tema inicial
do conflito da identidade ou da vertigem da personalidade. O que Pellegrini abordou
em seus ensaios não é distinto do que tenha experimentado em sua escritura poética
ou mesmo do que tenha sonhado e vivido e compartilhado com seus amigos. Toda a rede
de metáforas de sua poesia busca criar uma solução para o esvaziamento da alma,
para a ausência de si que antevia no homem que começava a definir a modernidade.
A poesia de Aldo Pellegrini não funda um novo homem. Antes se preocupa com o estado
em que se encontra o homem que somos e o abismo para o qual nos deixamos conduzir.
Toda
a obra deste poeta reage contra o que chama de uma estratégia de fuga do
homem contemporâneo em relação ao seu próprio tempo, ausentar-se do que é para situar-se
em uma zona neutra em que é desvencilhado de si mesmo ao ponto de não haver mais
conexão entre os seres, porque é justamente a diferença que nos une. Simples como
uma ilusão. Fácil como a reencarnação. Ao alcance de todos. Não riam, pois este
é o tipo de provocação que o poeta argentino adotou de forma brilhante. Em um ensaio
observa que o homem normal “é realmente capaz de sentimentos intensos, porém somente
em uma direção”. É verdade. A cartografia existencial do ser humano aponta na direção
de um engodo de becos sem saída ou vias de mão única. Toda e qualquer ideia de convívio
tem sido de imediato cerceada por um fundamentalismo que confirma a camaradagem
das retóricas.
Agora
publicamos no Brasil pela primeira vez a prosa poética reunida de Aldo Pellegrini.
Este livro é todo um manifesto, sob vários aspectos. Pellegrini é parte fundamental
do título que demos à presente coleção, decalcado de um livro meu publicado em 2001,
que trata de fazer entender que em algum momento temos que começar a nos conhecer.
Não faz sentido o Brasil criar um sentimento ambíguo de presunção e subserviência
em relação à sua presença no continente americano. Culturalmente não somos inferiores
ou superiores ao rock ou ao merengue. O que precisamos cultuar no Brasil é a vertigem
da diversidade. O país precisa se abrir ao que tem e ao que não tem. Terá dias melhores
como resultado dessa entrega. A coleção “O começo da busca” é uma sugestão abusada
de que temos um extenso capítulo de equívocos em relação ao nosso convívio em um
continente que conta com 19 países de língua espanhola – nem me reporto ao Caribe
francês, que é outra fonte lastimável de desconhecimento nosso.
Reunir
o que há de mais expressivo na prosa poética de Aldo Pellegrini é a tônica deste
livro que apresenta ao leitor brasileiro o ouro personalíssimo deste que foi, sob
muitos aspectos, pioneiro do surrealismo no continente americano. Os textos, originalmente
inseridos em revistas ou integrando, ao lado de poemas em verso, os livros do autor,
aqui se concentram pela primeira vez, permitindo ao leitor decifrar a força mágica
deste notável poeta que, ao dizer de Enrique Molina, sempre “se manteve irredutível
ante seus próprios conflitos, sabendo que esses termos inevitáveis de sua paixão:
realidade e sonho, justiça e liberdade, somente se conciliariam em uma esperança
desesperada, que nunca traiu”. Temos aqui um desses audazes poetas que sempre provocou
os espelhos. O que refletem? Qual a realidade daquilo que tocamos, experimentamos
ou mesmo que negamos, porém sem risco algum da mínima hesitação? Por mais que tenha
iniciado sua vida sob pseudônimo, Aldo Pellegrini sempre foi um poeta, um homem,
sem subterfúgios.
2.
Em
conferência dada em 1952, observou Aldo Pellegrini (Argentina, 1903-1973) que “A
voz do poeta, ao expressar-se a si mesma, é também expressão autêntica de seu tempo,
no que este tem de mais profundo, no essencial”. [1] Destaca, no entanto, que essa relação com o tempo – como valioso
acento da ambiguidade de toda época – não congela ou paralisa a poesia, uma vez
que a mesma, como ele próprio recordara anos depois, se impõe como “uma mística
da realidade”. [2] Dada a intensidade
da participação da poesia no intrincado cenário da realidade, não se submete uma
linguagem à outra, mas se interpenetram, influindo ao modo de cada uma de suas partes
na defesa do homem, ampliando significados e se opondo à dilatação intencional de
toda e qualquer forma de poder.
Pellegrini
tinha um entendimento singular acerca de tal convívio, como sublinha em outra oportunidade:
“A realidade e o homem são dois processos que transcorrem paralelos e parecem destinados
a não se encontrar jamais”. [3] No entanto,
cabe aqui apreciar a existência de certa ambiguidade em relação ao tema, pois tanto
se define a realidade em seu sentido mais anedótico, quanto em uma abrangência de
todas as formas de manifestação da existência humana. E sua lucidez o levou a conceber
e erguer conexões inestimáveis entre pontos até então dispersos na realidade em
que atuava, seja através de ensaios, conferências e textos de catálogos de exposições,
da realização de duas fundamentais antologias, como também de sua poesia e teatro.
Soube ser um homem essencialmente ao dia com sua época, ou seja, consciente também
do intrincado labirinto que reúne passado e porvir.
No preâmbulo
de um livro de ensaios, Pellegrini mencionou que “Aquele que trate de iluminar o
panorama do mundo não fará mais do que por em evidência essa grande confusão em
que vive o homem de hoje”. [4] Se a realidade
é ambígua, o conceito de atualidade é regido pela ilusão. Aceitá-lo requer uma dose
extravagante de tolerância, ao passo que manipulá-lo não exige senão umas gotas
de perversão.
Defensor
incondicional do Surrealismo, desde o momento inicial de seu conhecimento do mesmo
– o Primeiro Manifesto do Surrealismo
coincide com os 21 anos de idade do poeta –, destacando-se em uma onda crescente
de afinidade com o movimento, em 1961 presenteia o mundo de língua espanhola com
uma edição de imprescindível contribuição cultural, a Antologia da poesia surrealista (de língua francesa).Mais do que um
amante ou seguidor do Surrealismo, Pellegrini torna-se seu crítico, tradutor, introdutor,
atuando em variantes fascinantes no que diz respeito à prática e difusão do movimento
em seu país. Duas décadas após a publicação da antologia na Argentina, o livro foi
reeditado em um ambiente mais amplo, na Espanha (Barcelona: Editorial Argonauta,
1981). Até então atuava como uma dessas aves de ouro do mistério que pousam no ombro
das circunstâncias mais inesperadas. Ao encontrar nova edição, em 2006, o editor
salienta:
A tantos anos da edição original, pode resultar
surpreendente a profunda vigência que mantém esta obra. A explicação – nas palavras
de seu autor – parece estar no fato de que o surrealismo mais do que um movimento
artístico deve ser considerado um movimento ideológico em favor da libertação do
homem, que encontra na poesia e na arte sua justificação e expressão.
A obra
de Aldo Pellegrini, em seu ambiente múltiplo, conta hoje com um registro quase completo
de reedições bem cuidadas, graças à dedicação de seu filho, Mario Pellegrini, editor,
criador da Editorial Argonauta, cujo catálogo inclui também autores como Sade, Artaud,
Breton, Rimbaud. Segue, no entanto, pouco conhecida ou referida em outros idiomas.
Uma das razões a encontramos na observação que o próprio Pellegrini faz acerca da
relutância de se conseguir editora interessada em publicar tradução dos Manifestos do Surrealismo. Segundo ele a
rejeição “revela a qualidade altamente subversiva de um texto que figura entre as
expressões fundamentais deste século”. [5]
Não apenas sua poesia, em especial a ensaística alcança um grau singular de subversão,
abrangendo os temas mais polêmicos que trataram de definir e dar grandeza à arte
e à cultura na primeira e renovadora metade do século XX. Seus estudos críticos
sobre poesia, artes plásticas e variados movimentos de vanguarda, bem como a atuação
como promotor cultural – onde se destacam conferências, edição de revistas, realização
de antologias e um permanente trabalho como tradutor –, inserem o nome de Aldo Pellegrini
entre os mais destacados intelectuais de sua época.
Em um
ensaio sobre poesia reflete que “O espírito poético capta essa fatalidade de transformar-se
que coincide com seu próprio acontecer”, [6]
o que equivale apontar a inexistência de dois tempos no que respeita ao ato criador
em sua relação com a realidade. As duas figuras se confundem em uma só. Criar não
se trata de antecipar-se a tempo algum, mas antes de afirmar ou revelar a pérola
do instante. A permanência voluptuosa de transformações na criação não implica uma
obsessão pela mudança, mas antes uma profunda identificação com a realidade, como
fonte inesgotável de acontecimentos. O verdadeiro poeta cria a partir de seu pressentimento
da realidade. Os mecanismos de linguagem aos quais recorre constituem a base de
definição de sua poética. Dominá-los é tarefa de seu jardim da infância. Ao traçar
uma relação íntima entre ciência e poesia, recorda Pellegrini que “A poesia é o
estado em que o conhecimento se faz vida, se humaniza”, em seguida lembrando que
poesia e ciência “marcham rumo à conquista do desconhecido”. [7]
Um dos
aspectos mais fascinantes da ensaística de Pellegrini é que o acento de suas observações
não pousa em uma tendência isolada, mas antes nessa intensa relação entre o homem
e a realidade, tendo sempre o criador, o artista, como a fonte de referência ou
de iluminação. Mesmo sua intransigente defesa do Surrealismo encontra uma perspectiva
de diálogo com outros aspectos, a exemplo da arte concreta, tendência da qual foi
crítico e promotor lúcido, nela encontrando afinidades valiosas. Esta ótica soa
como uma blasfêmia no Brasil, pela incompreensão de que as fontes de ruptura com
a realidade nem sempre estão interessadas em criar um novo cenário que se oponha
à rigidez ou esterilidade com que se apresente uma falsa ideia da realidade. Não
há criação sem um alvo de destruição, disto já sabemos. Ah mas aqui cabe uma observação
deliciosa de Pellegrini: “A destruição de um objeto não o aniquila, nos põe de frente
com uma nova realidade do objeto, a carga de um sentido que antes não tinha”. [8]
Se acaso
o nosso assunto fosse uma correlação entre o pensamento de Aldo Pellegrini e a realidade
poética no Brasil, avançaríamos horas. Igualmente se houvesse disposição de tempo
para confrontar a defesa poética do poeta argentino com o mexicano Octavio Paz,
que posteriormente a Pellegrini tratou de expor ideias acerca de seu entendimento
sobre criação e realidade. Em ambos invariavelmente os temas se encontram. Os três livros
essenciais de Paz que tratam do tema são de 1956 (El arco y la lira), 1967
(Corriente alterna) e 1974 (Los hijos del limo), portanto posteriores
aos ensaios de Pellegrini. No entanto, não se pode observar essa coincidência de
pensamento senão como originária da mesma fonte, que essencialmente inclui nomes
como Novalis, Shelley e Rimbaud, além do surrealismo. Seguimos
com Pellegrini:
Toca ao artista revelar a universalidade
do processo de destruição, fazer com que perca o medo do termo, depurá-lo de conteúdos
impuros: o ódio, o ressentimento, o egoísmo. A universalidade da destruição se revela
em que dois objetos que entram em contato iniciam imediatamente um processo de mútua
destruição, daí que o amor seja o fenômeno de destruição mais ardente que venha
a se dar na relação de dois seres vivos. [9]
Assim
retornamos ao aspecto subversivo da visão de mundo do poeta argentino. Sua discussão
sobre a relação entre beleza e fealdade como cenário da arte que lhe era contemporânea
parte de um ponto instigante: a extensão da curiosidade. A criação artística sempre
esteve no mais pleno leito da beleza. As formas mais destituídas de harmonia não
encontraram obstáculo em ser classificadas como padrão de beleza de uma época. Quem
determina a beleza? O século XX trouxe a campo um artifício, uma espécie de dissensão
entre beleza e arte. Mas de que beleza se está falando? Aquela que plasticamente
restringe o ser a um ângulo do olhar ou a outra, que o expande para além de toda
visão possível?
Outro dos preconceitos que deve suportar
a arte é o da beleza. A arte moderna é feia, se costuma dizer. Faz tempo que os
pensadores da arte, Fiedler em especial, apontaram a diferença que existe entre
juízo estético e juízo artístico. Uma obra pode ser bela sem ser artística e, vice-versa,
uma obra de arte pode não ser bela. [10]
Aldo
Pellegrini não se fez adepto do Surrealismo por assinatura de época, mas antes descobriu
no movimento europeu uma plataforma de afinidades com o que ia averiguando, vivendo
e criando em um ambiente artístico no mínimo antipático às descobertas de um jovem
que desde muito cedo compreendera o quanto a poesia estava na outra ponta de uma
realidade que frequentemente se descaracterizava como tal graças à intervenção de
diversas formas de poder. Sua personalidade excede a física desta apresentação,
que deve considerar prioritariamente a imersão no surrealismo, a leitura das diversas
e por vezes conflitantes entre si particularidades do movimento. Não chegaremos,
portanto, ao domínio de uma palavra final. A decisão por esta edição brasileira
de uma cota valiosa de seus estudos sobre o surrealismo é o que alimenta uma curiosidade
irrequieta pela leitura de sua ensaística completa. Mesmo destacando, como o fizemos,
apenas o ambiente surrealista, deixamos de fora vários textos que, uma vez reunidos,
comprovariam a objetividade estética de um poeta que foi a medida justa e sincera
de seu tempo.
A ideia
deste livro nasceu de uma conversa em minha casa que eu tive com o editor Márcio
Simões. Antes eu havia organizado a prosa poética de Aldo Pellegrini para as Edições
Nephelibata, [11] e Simões havia manifestado
interesse em publicar um dos livros de poemas do argentino. Juntos lemos o revelador
ensaio com que Pellegrini abre as portas de sua Antologia da poesia surrealista, e logo imaginamos que a publicação
desta peça crítica seria imprescindível no catálogo da Sol Negro Edições. Então
decidimos por agregar a este ensaio uma série de outros textos de Pellegrini sobre
Surrealismo.
O ensaio
“A poesia surrealista”, além de seu caráter precursor – abre a antologia que é considerada
a primeira dedicada à poesia surrealista fora da França –, singulariza-se pela apaixonada
lucidez com que seu autor detalha peculiaridades do Surrealismo, as técnicas marcantes,
as polêmicas, balizando a contribuição de cada uma das mais expressivas vozes poéticas
dentro do movimento. Em uma advertência editorial, na edição original de 1961, destaca:
Talvez para alguns leitores sobrem certos
nomes incluídos nesta antologia; porém o autor acreditou que todos eles refletem
a multidão de seres unidos, embora apenas transitoriamente, por um ideal coletivo.
Uns desapareceram sem deixar mais marca do que esta passagem por um sonho comum,
outros se afastaram para se destacar em diversos terrenos; porém dos últimos talvez
tenha restado o melhor nesta paisagem efêmera através de um sonho a serviço do homem.
Pellegrini
nos delicia com dois aspectos valiosos neste parágrafo: a ênfase em “um sonho a
serviço do homem” e a sobra de autores em uma antologia. O Surrealismo tornou evidência
incontestável a prioridade da arte comprometer-se com o sonho de um mundo que atenda
às necessidades essenciais do homem. Em uma declaração coletiva de 1925, lemos:
O surrealismo não é um meio de expressão
novo, ou mais fácil, nem tampouco uma metafísica da poesia: é um meio de libertação
do espírito.
O surrealismo não é uma forma poética. É
um grito do espírito que retorna a si mesmo com a decisão de romper desesperadamente
suas ataduras.
Pellegrini
soube como poucos salientar essa condição visceral da concepção do Surrealismo,
sem deixar de reconhecer a integridade de uma dedicação mágica aos princípios do
movimento, da parte de todos os seus integrantes, nos momentos em que se comprometeram
com este “sonho a serviço do homem”.
Há um
enfadonho lugar-comum em contestar ou justificar incompletude da parte de uma antologia.
Os argumentos pendem todos para a casa da ausência. Pellegrini, ao contrário, comenta
acerca do excesso. Este seu inventário de uma poesia surrealista, não esquecendo
que se concentra especificamente no ambiente da língua francesa, pode sugerir certo
transbordamento na seleção de poetas, porém o faz em nome desse jorro de intensificações
que caracterizou entradas e saídas referentes à formação grupal do movimento. É
justo inclusive na acolhida que dá, em seu livro, a poetas do continente americano
que efetivamente atuaram nas trincheiras do grupo parisiense: Aimé Césaire, César
Moro, Roland Giguère, Étienne Lero e Magloire Saint-Aude.
A Antologia da poesia surrealista é um livro
que jamais pecará pela ausência e – a meu ver – menos ainda pelo excesso. Outra
antologia fundamental realizada por Aldo Pellegrini trata do que então ele definiu
como poesia viva latino-americana. [12]
Graças a uma ótica de inquestionável amplitude de registro tratou de prefigurar
uma linha de horizonte que fundamentasse a aventura poética latino-americana frente
a um ambiente pautado como de exigente vanguarda. Pecou apenas pela ausência de
autores dos países latino-americanos de línguas portuguesa e francesa, um tipo de
equívoco recorrente que tem marcado a historiografia do continente americano em
muitas ocasiões.
Embora
esta não seja uma antologia dedicada à presença do Surrealismo na América Latina,
o autor destaca o seguinte:
A influência francesa mais destacada na
nova poesia americana é a do surrealismo. Não há dúvida de que tinha que exercer
uma particular atração na América Latina, por seu duplo caráter de linguagem poética
e concepção revolucionário da vida. Essa influência resulta de fundamental importância
na Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México e Venezuela, que constituem os países
de maior densidade poética. O surrealismo oferece aos novos poetas o privilégio
de uma deslumbrante liberdade de expressão, o incentivo da imagem insólita e seu
permanente caráter experimental. O mundo do mágico, tão forte nas culturas pre-colombianas,
significa também um ponto de contato com o surrealismo. [13]
Outro
momento em que trata especificamente de Surrealismo é seu breve prólogo à primeira
edição em língua espanhola da reunião dos manifestos do movimento, e aqui tratamos
de incluir sua íntegra.
Referência
fundamental para entender o pensamento de Aldo Pellegrini, sua defesa intransigente
da poesia, constitui o volume Para contribuir
a la confusión general (1987). Dele elegi três peças: “A universalidade do poético”,
“A ação subversiva da poesia” e “O ovo filosófico”. Como em toda sua atuação como
crítico – incluindo fatia expressiva dedicada às artes plásticas –, tradutor, diretor
de revistas, Aldo Pellegrini como poucos compreendeu que o Surrealismo, em sua concepção
vital – essencial e originalíssima – abriu portas para distintas visões de um mundo
à deriva, cada vez mais necessitado de que o homem volte a prefigurar uma utopia
como linha do horizonte.
O desgaste
de um mundo mecânico, acentuado pelo deslumbramento frente aos modelos permissivos
dessa mecânica, em especial as deformações de poder, a exploração do outro, a perda
da dimensão do sagrado, estes e demais aspectos garantem a atualidade do Surrealismo,
como defesa intransigente do homem e como questionamento permanente dos efeitos
danosos oriundos da falta de entendimento do plano – físico e metafísico – de atuação
do que vulgarmente chamamos de liberdade de expressão.
Meus
agradecimentos à cumplicidade generosa de Mario Pellegrini, o filho devoto, atraído
pela magia incorruptível que reinava no coração de seu pai.
NOTAS
1. “A universalidade
do poético”, Instituto Francês de Estudos Superiores, Buenos Aires, 18/05/1952.
A íntegra desta conferência se encontra na presente edição.
2. “Chama-se
poesia tudo aquilo que fecha a porta aos imbecis”. Revista Poesía = Poesía # 9. Buenos Aires, agosto de 1961.
3. Prólogo de
Teatro de la inestable realidad. Buenos
Aires: Ediciones del Carro de Tespis, 1964.
4. Para contribuir a
la confusión general. Buenos Aires: Editorial Leviatan, 1987 [edição póstuma].
5. “Prólogo”. Los manifiestos
del surrealismo. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1965. A íntegra deste texto se encontra
na presente edição.
6. “A universalidade
do poético”, Ob. Cit.
7. “A universalidade
do poético”, idem.
8. “Fundamentos
de uma estética da destruição”. Texto de catálogo de uma exposição de “Arte destrutiva”.
Galeria Lirolay. Buenos Aires, 1961.
9. “Fundamentos
de uma estética da destruição”. Ob. Cit.
10. “Sobre a
decadência da arte contemporânea”. Conferência pronunciada no Instituto Nacional
do Professorado Secundário. Buenos Aires, outubro de 1964.
11. O caracol privado, prosa poética de Aldo
Pellegrini. Organização, tradução e prólogo de Floriano Martins. São Pedro de Alcântara,
Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2010.
12. Antología de la poesía viva latinoamericana.
Barcelona: Editorial Seix Barral, 1966.
13. Antología de la poesía viva latinoamericana.
Ob. Cit.
∞
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1944 Armando Romero (Colombia) DOS POETAS, CUATRO ENCUENTROS
1944 Francisco Proaño Arandi (Ecuador) DOS ENCUENTROS
1944 Renée Ferrer (Paraguay) DOS ENCUENTROS
1945 Harold Alvarado Tenorio (Colombia) POESIA & OUTRAS ESPÉCIES
1946 Carlos Vásquez-Zawadzki (Colombia) LAS VANGUARDIAS EN COLOMBIA
1946 Guido Rodríguez Alcalá (Paraguay) LAS VANGUARDIAS EN PARAGUAY
1947 Juan Cameron (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE
1947 Juan Carlos Mieses (República Dominicana) DETRÁS DE LAS PALABRAS Y LOS RITMOS
1947 Susana Giraudo (Argentina) LA POESÍA Y SUS NOMBRES INFINITOS
1948 Helen Umaña (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS
1948 Miguel Espejo (Argentina) LAS VANGUARDIAS EN ARGENTINA
1948-2022 Alfredo Fressia (Uruguay) EN LAS FISURAS DE LA MIMESIS
1950 Alfonso Velis Tobar (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR
1950 Soledad Alvarez (República Dominicana) LAS VANGUARDIAS EN LA REPÚBLICA DOMINICANA
1950-2018 Enrique Verástegui (Perú) O MOTOR DO DESEJO
1951 Carlos Francisco Monge (Costa Rica) DOS ENCUENTROS
1951 Jesús David Curbelo (Cuba) LAS VANGUARDIAS EN CUBA
1952 David Cortés Cabán (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO
1952 Julio del Valle-Castillo (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA
1952 Martin Jamieson (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ
1952 Orlando José Hernández (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO
1954 Ernestina Elorriaga (Argentina) DOS POETAS EN UNA MESA DE LUZ
1955 Berta Lucía Estrada (Colombia) UNA MESA VERTICAL
1955 Carlos Barbarito (Argentina) A POESIA DE CARLOS BARBARITO
1955 Mónica Salinas (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY
1956 Gary Daher Canedo (Bolivia) SITIO DONDE AGUARDA UN CÁNTARO
1957 Alejandro Bruzual (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA
1957 Homero Carvalho Oliva (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA
1957 Luis Bravo (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY
1958 Adriano Corrales Arias (Costa Rica) LAS VANGUARDIAS EN COSTA RICA
1958 Beatriz Hausner (Chile) CAMINHOS DO SURREALISMO
1958 José Ángel Leyva (México) DOS ENCUENTROS
1958 José Carr (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ
1958 Nicasio Urbina (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA
1958 Omar Castillo (Colombia) DIÁLOGO ENTRE DOS POETAS
1958 Rodolfo Häsler (Cuba) EN BUSCA DE LO IMPOSIBLE
1960 José Mármol (República Dominicana) LA OTREDAD SORPRENDIDA DEL POETA
1960 Vilma Tapia Anaya (Bolivia) DOS ENCUENTROS
1961 Enrique de Santiago (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE
1962 Arturo Gutiérrez Plaza (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA
1962 Raúl Serrano Sánchez (Ecuador) LAS VANGUARDIAS EN ECUADOR
1963 Pedro Xavier Solis (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA
1963-2016 Gonzalo Márquez Cristo (Colombia) CORRESPONDENCIAS ENTRE POESÍA Y ACCIÓN
1965 Jorge Fernández Granados (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO
1969 Luis Alvarenga (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR
1972 Gabriel Chávez Casazola (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA
1972 Xavier Oquendo Troncoso (Ecuador) DIÁLOGO EN EL CENTRO DEL MUNDO
1973 Carolina Zamudio (Argentina) LA ILUSIÓN TRANSITORIA DE LOS ESPACIOS
1973 Ricardo Venegas (México) LA POESÍA DE RICARDO VENEGAS
1974 Fabricio Estrada (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS
1974 Javier Payeras (Guatemala) LAS VANGUARDIAS EN GUATEMALA
1983 Manuel Iris (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO
1984 Alex Morillo Sotomayor (Perú) LAS VANGUARDIAS EN PERÚ
OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA
El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.
Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.
Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.
Alberto Nepomuceno. Edições FDR. Fortaleza. 2000.
O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.
Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. Caracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.
A inocência de pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.
Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica. 2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.
Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.
Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.
Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.
Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.
Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.
Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.
Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.
Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.
Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.
120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.
TRADUÇÕES
Poemas de amor, de Federico García Lorca. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.
Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.
Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.
A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.
Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.
III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.
Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.
Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.
Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.
Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.
Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.
Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.
Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.
O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.
A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.
Agulha Revista de Cultura
Criada por Floriano Martins
Dirigida por Elys Regina Zils
https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/
1999-2024
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