terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ESCRITURA CONQUISTADA | Aldo Pellegrini (Argentina, 1903-1973)

  


SOBRE SURREALISMO

 


Viver na travessia da morte

onde a alegria de criar e a alegria de destruir

se mesclam na mesma e única alegria

ALDO PELLEGRINI

 

1. O poeta Aldo Pellegrini (Argentina, 1903-1973) reúne em sua biografia um conjunto de circunstâncias valiosas que o situam entre os mais inestimáveis personagens da cultura na América Latina. O que fez pela identificação das vanguardas no século passado e a consequente integração a esse ambiente da poesia não somente na Argentina como em todos os países de língua espanhola em nosso continente, é uma tarefa que requer atenção e agradecimento perenes. É comum situá-lo como editor da primeira revista surrealista surgida deste lado do Atlântico (Qué, 1928), ou mencionar que tenha fundado, em 1926, o primeiro grupo surrealista de língua espanhola. São dois curiosos registros cronológicos que carecem de alguma anotação. A primeira delas indica o contraste entre a existência real da revista e a inexistência do grupo. Quando lemos os dois números da revista, a começar pelo texto programático incluído na primeira edição (novembro de 1928), “Pequeno esforço de justificativa coletiva” – texto que pode ser interpretado como um manifesto, mas vale lembrar que em momento algum se toca na palavra surrealismo –, observamos a identificação apenas implícita com o movimento europeu. A afinidade é intensa. A declaração, nenhuma. Acrescente-se a isto a curiosidade de que todos os integrantes, incluindo o próprio Pellegrini, publicam seus textos sob pseudônimo.

Aldo Pellegrini é um cultor admirável da prosa poética, já manifesta desde seus primeiros momentos, em textos inseridos justamente no número inicial da revista Qué, sob o pseudônimo de Adolfo Este. Ali trata da relação entre poesia e sistema filosófico, referindo-se aos “problemas da personalidade em toda sua angustiosa lucidez de pressentimento”. Inquieta-me esse tremor anímico de Pellegrini, que inclusive o leva a redigir o editorial do número 2 de sua revista assinado por dois pseudônimos seus, Filidor Lagos e o já citado Adolfo Este. Toda a poesia de Pellegrini toca muito singularmente este conflito da personalidade, sempre buscando de alguma maneira destacar a grandeza do mistério da existência humana acima de todo misticismo ou desesperança.

Cronologicamente este primeiro momento de Pellegrini vai sendo depurado de forma mais intensa em sua identificação com o surrealismo. Os anos 40 são os de publicação de sua poesia já livre de pseudônimos e da edição da revista Ciclo (1948). Mais um preâmbulo em busca de um encontro definitivo, consigo mesmo e com a grande defesa que fez do surrealismo e da poesia de vanguarda na América Hispânica, situada em realizações preciosas nos anos 50 e 60. Em conferência que deu em 1952 observa de maneira clara que “a criação de uma poesia pura não tem sentido”, afirmando que “se realmente é poesia, sempre é impura, pois arrasta o vital do homem”. Este sinal de vitalidade é o da entrega ao mundo, da conduta de liberdade que permite conhecer o mundo a partir de uma aventura do espírito. Pellegrini já se encontra tomado daquelas vozes que são fundamentais à sua poética e que resulta em traduções e estudos, destacadamente Artaud e Lautréamont – não deixar de mencionar que foi tradutor introdutor dos dois poetas em língua espanhola.

Sua convivência agora redimensiona a paixão surrealista e imprime na própria carne a defesa de que “a poesia constitui o núcleo vivo de toda manifestação de arte e ela lhe dá seu verdadeiro sentido”. O homem é essencialmente um animal poético. Será fundamental a convivência com poetas como Enrique Molina, Francisco Madariaga, Carlos Latorre, José Juan Ceselli, Julio Llinás e Juan Antonio Vasco.

Cabe destacar uma atuação de comovente entrega de espírito e alicerce fundamental para a criação, duplo exemplo que constituem a publicação da Antología de Poesía Surrealista [de lengua francesa] (1961) e Antología de la Poesía Viva Latino-americana (1966). A primeira cumpre o prometido logo nas primeiras páginas, a apresentação de “um balanço histórico de um movimento fundamentalmente poético cuja importância na evolução da cultura neste século já se admite como fundamental”. Dificilmente se encontra outro exemplo em todo o mundo de um registro tão criterioso e honesto do surrealismo como este valioso trabalho realizado por Pellegrini. No segundo caso, graças ao seu olhar atento para perceber os ninhos consistentes das novas poéticas na América Hispânica é que reúne o que há de mais expressivo na poesia de língua espanhola em todo o continente, resultando em decisiva contribuição ao conhecimento de todos os poetas ali inseridos. Bastante significativo também o plano editorial dos dois trabalhos, ou seja, a antologia de poetas franceses ele traduz para o espanhol e a publica na Argentina, enquanto a antologia dos poetas hispano-americanos ele a publica na Espanha. Notável estratégia.

Pellegrini é também autor de ensaios e teatro. Seu filho, Mario Pellegrini, ao criar em Buenos Aires a Editorial Argonauta tratou de recuperar a obra de seu pai em toda sua amplidão de registro, incluindo as traduções, deixando unicamente pendente a reunião dos ensaios, edição já em preparo.

Ao publicar, em 1964, seu Teatro de la inestable realidad, em uma nota inicial Aldo Pellegrini observa que “a realidade e o homem são dois processos que transcorrem paralelos e parecem destinados a não se encontrarem jamais”. Retomamos assim o tema inicial do conflito da identidade ou da vertigem da personalidade. O que Pellegrini abordou em seus ensaios não é distinto do que tenha experimentado em sua escritura poética ou mesmo do que tenha sonhado e vivido e compartilhado com seus amigos. Toda a rede de metáforas de sua poesia busca criar uma solução para o esvaziamento da alma, para a ausência de si que antevia no homem que começava a definir a modernidade. A poesia de Aldo Pellegrini não funda um novo homem. Antes se preocupa com o estado em que se encontra o homem que somos e o abismo para o qual nos deixamos conduzir.

Toda a obra deste poeta reage contra o que chama de uma estratégia de fuga do homem contemporâneo em relação ao seu próprio tempo, ausentar-se do que é para situar-se em uma zona neutra em que é desvencilhado de si mesmo ao ponto de não haver mais conexão entre os seres, porque é justamente a diferença que nos une. Simples como uma ilusão. Fácil como a reencarnação. Ao alcance de todos. Não riam, pois este é o tipo de provocação que o poeta argentino adotou de forma brilhante. Em um ensaio observa que o homem normal “é realmente capaz de sentimentos intensos, porém somente em uma direção”. É verdade. A cartografia existencial do ser humano aponta na direção de um engodo de becos sem saída ou vias de mão única. Toda e qualquer ideia de convívio tem sido de imediato cerceada por um fundamentalismo que confirma a camaradagem das retóricas.

Agora publicamos no Brasil pela primeira vez a prosa poética reunida de Aldo Pellegrini. Este livro é todo um manifesto, sob vários aspectos. Pellegrini é parte fundamental do título que demos à presente coleção, decalcado de um livro meu publicado em 2001, que trata de fazer entender que em algum momento temos que começar a nos conhecer. Não faz sentido o Brasil criar um sentimento ambíguo de presunção e subserviência em relação à sua presença no continente americano. Culturalmente não somos inferiores ou superiores ao rock ou ao merengue. O que precisamos cultuar no Brasil é a vertigem da diversidade. O país precisa se abrir ao que tem e ao que não tem. Terá dias melhores como resultado dessa entrega. A coleção “O começo da busca” é uma sugestão abusada de que temos um extenso capítulo de equívocos em relação ao nosso convívio em um continente que conta com 19 países de língua espanhola – nem me reporto ao Caribe francês, que é outra fonte lastimável de desconhecimento nosso.

Reunir o que há de mais expressivo na prosa poética de Aldo Pellegrini é a tônica deste livro que apresenta ao leitor brasileiro o ouro personalíssimo deste que foi, sob muitos aspectos, pioneiro do surrealismo no continente americano. Os textos, originalmente inseridos em revistas ou integrando, ao lado de poemas em verso, os livros do autor, aqui se concentram pela primeira vez, permitindo ao leitor decifrar a força mágica deste notável poeta que, ao dizer de Enrique Molina, sempre “se manteve irredutível ante seus próprios conflitos, sabendo que esses termos inevitáveis de sua paixão: realidade e sonho, justiça e liberdade, somente se conciliariam em uma esperança desesperada, que nunca traiu”. Temos aqui um desses audazes poetas que sempre provocou os espelhos. O que refletem? Qual a realidade daquilo que tocamos, experimentamos ou mesmo que negamos, porém sem risco algum da mínima hesitação? Por mais que tenha iniciado sua vida sob pseudônimo, Aldo Pellegrini sempre foi um poeta, um homem, sem subterfúgios.

 

2. Em conferência dada em 1952, observou Aldo Pellegrini (Argentina, 1903-1973) que “A voz do poeta, ao expressar-se a si mesma, é também expressão autêntica de seu tempo, no que este tem de mais profundo, no essencial”. [1] Destaca, no entanto, que essa relação com o tempo – como valioso acento da ambiguidade de toda época – não congela ou paralisa a poesia, uma vez que a mesma, como ele próprio recordara anos depois, se impõe como “uma mística da realidade”. [2] Dada a intensidade da participação da poesia no intrincado cenário da realidade, não se submete uma linguagem à outra, mas se interpenetram, influindo ao modo de cada uma de suas partes na defesa do homem, ampliando significados e se opondo à dilatação intencional de toda e qualquer forma de poder.

Pellegrini tinha um entendimento singular acerca de tal convívio, como sublinha em outra oportunidade: “A realidade e o homem são dois processos que transcorrem paralelos e parecem destinados a não se encontrar jamais”. [3] No entanto, cabe aqui apreciar a existência de certa ambiguidade em relação ao tema, pois tanto se define a realidade em seu sentido mais anedótico, quanto em uma abrangência de todas as formas de manifestação da existência humana. E sua lucidez o levou a conceber e erguer conexões inestimáveis entre pontos até então dispersos na realidade em que atuava, seja através de ensaios, conferências e textos de catálogos de exposições, da realização de duas fundamentais antologias, como também de sua poesia e teatro. Soube ser um homem essencialmente ao dia com sua época, ou seja, consciente também do intrincado labirinto que reúne passado e porvir.

No preâmbulo de um livro de ensaios, Pellegrini mencionou que “Aquele que trate de iluminar o panorama do mundo não fará mais do que por em evidência essa grande confusão em que vive o homem de hoje”. [4] Se a realidade é ambígua, o conceito de atualidade é regido pela ilusão. Aceitá-lo requer uma dose extravagante de tolerância, ao passo que manipulá-lo não exige senão umas gotas de perversão.

Defensor incondicional do Surrealismo, desde o momento inicial de seu conhecimento do mesmo – o Primeiro Manifesto do Surrealismo coincide com os 21 anos de idade do poeta –, destacando-se em uma onda crescente de afinidade com o movimento, em 1961 presenteia o mundo de língua espanhola com uma edição de imprescindível contribuição cultural, a Antologia da poesia surrealista (de língua francesa).Mais do que um amante ou seguidor do Surrealismo, Pellegrini torna-se seu crítico, tradutor, introdutor, atuando em variantes fascinantes no que diz respeito à prática e difusão do movimento em seu país. Duas décadas após a publicação da antologia na Argentina, o livro foi reeditado em um ambiente mais amplo, na Espanha (Barcelona: Editorial Argonauta, 1981). Até então atuava como uma dessas aves de ouro do mistério que pousam no ombro das circunstâncias mais inesperadas. Ao encontrar nova edição, em 2006, o editor salienta:

 

A tantos anos da edição original, pode resultar surpreendente a profunda vigência que mantém esta obra. A explicação – nas palavras de seu autor – parece estar no fato de que o surrealismo mais do que um movimento artístico deve ser considerado um movimento ideológico em favor da libertação do homem, que encontra na poesia e na arte sua justificação e expressão.

 

A obra de Aldo Pellegrini, em seu ambiente múltiplo, conta hoje com um registro quase completo de reedições bem cuidadas, graças à dedicação de seu filho, Mario Pellegrini, editor, criador da Editorial Argonauta, cujo catálogo inclui também autores como Sade, Artaud, Breton, Rimbaud. Segue, no entanto, pouco conhecida ou referida em outros idiomas. Uma das razões a encontramos na observação que o próprio Pellegrini faz acerca da relutância de se conseguir editora interessada em publicar tradução dos Manifestos do Surrealismo. Segundo ele a rejeição “revela a qualidade altamente subversiva de um texto que figura entre as expressões fundamentais deste século”. [5] Não apenas sua poesia, em especial a ensaística alcança um grau singular de subversão, abrangendo os temas mais polêmicos que trataram de definir e dar grandeza à arte e à cultura na primeira e renovadora metade do século XX. Seus estudos críticos sobre poesia, artes plásticas e variados movimentos de vanguarda, bem como a atuação como promotor cultural – onde se destacam conferências, edição de revistas, realização de antologias e um permanente trabalho como tradutor –, inserem o nome de Aldo Pellegrini entre os mais destacados intelectuais de sua época.

Em um ensaio sobre poesia reflete que “O espírito poético capta essa fatalidade de transformar-se que coincide com seu próprio acontecer”, [6] o que equivale apontar a inexistência de dois tempos no que respeita ao ato criador em sua relação com a realidade. As duas figuras se confundem em uma só. Criar não se trata de antecipar-se a tempo algum, mas antes de afirmar ou revelar a pérola do instante. A permanência voluptuosa de transformações na criação não implica uma obsessão pela mudança, mas antes uma profunda identificação com a realidade, como fonte inesgotável de acontecimentos. O verdadeiro poeta cria a partir de seu pressentimento da realidade. Os mecanismos de linguagem aos quais recorre constituem a base de definição de sua poética. Dominá-los é tarefa de seu jardim da infância. Ao traçar uma relação íntima entre ciência e poesia, recorda Pellegrini que “A poesia é o estado em que o conhecimento se faz vida, se humaniza”, em seguida lembrando que poesia e ciência “marcham rumo à conquista do desconhecido”. [7]

Um dos aspectos mais fascinantes da ensaística de Pellegrini é que o acento de suas observações não pousa em uma tendência isolada, mas antes nessa intensa relação entre o homem e a realidade, tendo sempre o criador, o artista, como a fonte de referência ou de iluminação. Mesmo sua intransigente defesa do Surrealismo encontra uma perspectiva de diálogo com outros aspectos, a exemplo da arte concreta, tendência da qual foi crítico e promotor lúcido, nela encontrando afinidades valiosas. Esta ótica soa como uma blasfêmia no Brasil, pela incompreensão de que as fontes de ruptura com a realidade nem sempre estão interessadas em criar um novo cenário que se oponha à rigidez ou esterilidade com que se apresente uma falsa ideia da realidade. Não há criação sem um alvo de destruição, disto já sabemos. Ah mas aqui cabe uma observação deliciosa de Pellegrini: “A destruição de um objeto não o aniquila, nos põe de frente com uma nova realidade do objeto, a carga de um sentido que antes não tinha”. [8]


Se acaso o nosso assunto fosse uma correlação entre o pensamento de Aldo Pellegrini e a realidade poética no Brasil, avançaríamos horas. Igualmente se houvesse disposição de tempo para confrontar a defesa poética do poeta argentino com o mexicano Octavio Paz, que posteriormente a Pellegrini tratou de expor ideias acerca de seu entendimento sobre criação e realidade. Em ambos invariavelmente os temas se encontram. Os três livros essenciais de Paz que tratam do tema são de 1956 (El arco y la lira), 1967 (Corriente alterna) e 1974 (Los hijos del limo), portanto posteriores aos ensaios de Pellegrini. No entanto, não se pode observar essa coincidência de pensamento senão como originária da mesma fonte, que essencialmente inclui nomes como Novalis, Shelley e Rimbaud, além do surrealismo. Seguimos com Pellegrini:

 

Toca ao artista revelar a universalidade do processo de destruição, fazer com que perca o medo do termo, depurá-lo de conteúdos impuros: o ódio, o ressentimento, o egoísmo. A universalidade da destruição se revela em que dois objetos que entram em contato iniciam imediatamente um processo de mútua destruição, daí que o amor seja o fenômeno de destruição mais ardente que venha a se dar na relação de dois seres vivos. [9]

 

Assim retornamos ao aspecto subversivo da visão de mundo do poeta argentino. Sua discussão sobre a relação entre beleza e fealdade como cenário da arte que lhe era contemporânea parte de um ponto instigante: a extensão da curiosidade. A criação artística sempre esteve no mais pleno leito da beleza. As formas mais destituídas de harmonia não encontraram obstáculo em ser classificadas como padrão de beleza de uma época. Quem determina a beleza? O século XX trouxe a campo um artifício, uma espécie de dissensão entre beleza e arte. Mas de que beleza se está falando? Aquela que plasticamente restringe o ser a um ângulo do olhar ou a outra, que o expande para além de toda visão possível?

 

Outro dos preconceitos que deve suportar a arte é o da beleza. A arte moderna é feia, se costuma dizer. Faz tempo que os pensadores da arte, Fiedler em especial, apontaram a diferença que existe entre juízo estético e juízo artístico. Uma obra pode ser bela sem ser artística e, vice-versa, uma obra de arte pode não ser bela. [10]

 

Aldo Pellegrini não se fez adepto do Surrealismo por assinatura de época, mas antes descobriu no movimento europeu uma plataforma de afinidades com o que ia averiguando, vivendo e criando em um ambiente artístico no mínimo antipático às descobertas de um jovem que desde muito cedo compreendera o quanto a poesia estava na outra ponta de uma realidade que frequentemente se descaracterizava como tal graças à intervenção de diversas formas de poder. Sua personalidade excede a física desta apresentação, que deve considerar prioritariamente a imersão no surrealismo, a leitura das diversas e por vezes conflitantes entre si particularidades do movimento. Não chegaremos, portanto, ao domínio de uma palavra final. A decisão por esta edição brasileira de uma cota valiosa de seus estudos sobre o surrealismo é o que alimenta uma curiosidade irrequieta pela leitura de sua ensaística completa. Mesmo destacando, como o fizemos, apenas o ambiente surrealista, deixamos de fora vários textos que, uma vez reunidos, comprovariam a objetividade estética de um poeta que foi a medida justa e sincera de seu tempo.

A ideia deste livro nasceu de uma conversa em minha casa que eu tive com o editor Márcio Simões. Antes eu havia organizado a prosa poética de Aldo Pellegrini para as Edições Nephelibata, [11] e Simões havia manifestado interesse em publicar um dos livros de poemas do argentino. Juntos lemos o revelador ensaio com que Pellegrini abre as portas de sua Antologia da poesia surrealista, e logo imaginamos que a publicação desta peça crítica seria imprescindível no catálogo da Sol Negro Edições. Então decidimos por agregar a este ensaio uma série de outros textos de Pellegrini sobre Surrealismo.

O ensaio “A poesia surrealista”, além de seu caráter precursor – abre a antologia que é considerada a primeira dedicada à poesia surrealista fora da França –, singulariza-se pela apaixonada lucidez com que seu autor detalha peculiaridades do Surrealismo, as técnicas marcantes, as polêmicas, balizando a contribuição de cada uma das mais expressivas vozes poéticas dentro do movimento. Em uma advertência editorial, na edição original de 1961, destaca:

 

Talvez para alguns leitores sobrem certos nomes incluídos nesta antologia; porém o autor acreditou que todos eles refletem a multidão de seres unidos, embora apenas transitoriamente, por um ideal coletivo. Uns desapareceram sem deixar mais marca do que esta passagem por um sonho comum, outros se afastaram para se destacar em diversos terrenos; porém dos últimos talvez tenha restado o melhor nesta paisagem efêmera através de um sonho a serviço do homem.

 

Pellegrini nos delicia com dois aspectos valiosos neste parágrafo: a ênfase em “um sonho a serviço do homem” e a sobra de autores em uma antologia. O Surrealismo tornou evidência incontestável a prioridade da arte comprometer-se com o sonho de um mundo que atenda às necessidades essenciais do homem. Em uma declaração coletiva de 1925, lemos:

 

O surrealismo não é um meio de expressão novo, ou mais fácil, nem tampouco uma metafísica da poesia: é um meio de libertação do espírito.

O surrealismo não é uma forma poética. É um grito do espírito que retorna a si mesmo com a decisão de romper desesperadamente suas ataduras.

 

Pellegrini soube como poucos salientar essa condição visceral da concepção do Surrealismo, sem deixar de reconhecer a integridade de uma dedicação mágica aos princípios do movimento, da parte de todos os seus integrantes, nos momentos em que se comprometeram com este “sonho a serviço do homem”.

Há um enfadonho lugar-comum em contestar ou justificar incompletude da parte de uma antologia. Os argumentos pendem todos para a casa da ausência. Pellegrini, ao contrário, comenta acerca do excesso. Este seu inventário de uma poesia surrealista, não esquecendo que se concentra especificamente no ambiente da língua francesa, pode sugerir certo transbordamento na seleção de poetas, porém o faz em nome desse jorro de intensificações que caracterizou entradas e saídas referentes à formação grupal do movimento. É justo inclusive na acolhida que dá, em seu livro, a poetas do continente americano que efetivamente atuaram nas trincheiras do grupo parisiense: Aimé Césaire, César Moro, Roland Giguère, Étienne Lero e Magloire Saint-Aude.

A Antologia da poesia surrealista é um livro que jamais pecará pela ausência e – a meu ver – menos ainda pelo excesso. Outra antologia fundamental realizada por Aldo Pellegrini trata do que então ele definiu como poesia viva latino-americana. [12] Graças a uma ótica de inquestionável amplitude de registro tratou de prefigurar uma linha de horizonte que fundamentasse a aventura poética latino-americana frente a um ambiente pautado como de exigente vanguarda. Pecou apenas pela ausência de autores dos países latino-americanos de línguas portuguesa e francesa, um tipo de equívoco recorrente que tem marcado a historiografia do continente americano em muitas ocasiões.

Embora esta não seja uma antologia dedicada à presença do Surrealismo na América Latina, o autor destaca o seguinte:

 

A influência francesa mais destacada na nova poesia americana é a do surrealismo. Não há dúvida de que tinha que exercer uma particular atração na América Latina, por seu duplo caráter de linguagem poética e concepção revolucionário da vida. Essa influência resulta de fundamental importância na Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México e Venezuela, que constituem os países de maior densidade poética. O surrealismo oferece aos novos poetas o privilégio de uma deslumbrante liberdade de expressão, o incentivo da imagem insólita e seu permanente caráter experimental. O mundo do mágico, tão forte nas culturas pre-colombianas, significa também um ponto de contato com o surrealismo. [13]

 

Outro momento em que trata especificamente de Surrealismo é seu breve prólogo à primeira edição em língua espanhola da reunião dos manifestos do movimento, e aqui tratamos de incluir sua íntegra.

Referência fundamental para entender o pensamento de Aldo Pellegrini, sua defesa intransigente da poesia, constitui o volume Para contribuir a la confusión general (1987). Dele elegi três peças: “A universalidade do poético”, “A ação subversiva da poesia” e “O ovo filosófico”. Como em toda sua atuação como crítico – incluindo fatia expressiva dedicada às artes plásticas –, tradutor, diretor de revistas, Aldo Pellegrini como poucos compreendeu que o Surrealismo, em sua concepção vital – essencial e originalíssima – abriu portas para distintas visões de um mundo à deriva, cada vez mais necessitado de que o homem volte a prefigurar uma utopia como linha do horizonte.

O desgaste de um mundo mecânico, acentuado pelo deslumbramento frente aos modelos permissivos dessa mecânica, em especial as deformações de poder, a exploração do outro, a perda da dimensão do sagrado, estes e demais aspectos garantem a atualidade do Surrealismo, como defesa intransigente do homem e como questionamento permanente dos efeitos danosos oriundos da falta de entendimento do plano – físico e metafísico – de atuação do que vulgarmente chamamos de liberdade de expressão.

Meus agradecimentos à cumplicidade generosa de Mario Pellegrini, o filho devoto, atraído pela magia incorruptível que reinava no coração de seu pai.

 

NOTAS

1. “A universalidade do poético”, Instituto Francês de Estudos Superiores, Buenos Aires, 18/05/1952. A íntegra desta conferência se encontra na presente edição.

2. “Chama-se poesia tudo aquilo que fecha a porta aos imbecis”. Revista Poesía = Poesía # 9. Buenos Aires, agosto de 1961.

3. Prólogo de Teatro de la inestable realidad. Buenos Aires: Ediciones del Carro de Tespis, 1964.

4. Para contribuir a la confusión general. Buenos Aires: Editorial Leviatan, 1987 [edição póstuma].

5. “Prólogo”. Los manifiestos del surrealismo. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1965. A íntegra deste texto se encontra na presente edição.

6. “A universalidade do poético”, Ob. Cit.

7. “A universalidade do poético”, idem.

8. “Fundamentos de uma estética da destruição”. Texto de catálogo de uma exposição de “Arte destrutiva”. Galeria Lirolay. Buenos Aires, 1961.

9. “Fundamentos de uma estética da destruição”. Ob. Cit.

10. “Sobre a decadência da arte contemporânea”. Conferência pronunciada no Instituto Nacional do Professorado Secundário. Buenos Aires, outubro de 1964.

11. O caracol privado, prosa poética de Aldo Pellegrini. Organização, tradução e prólogo de Floriano Martins. São Pedro de Alcântara, Santa Catarina: Edições Nephelibata, 2010.

12. Antología de la poesía viva latinoamericana. Barcelona: Editorial Seix Barral, 1966.

13. Antología de la poesía viva latinoamericana. Ob. Cit.

  

 



Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. Escritura Conquistada é um complemento aos projetos: Atlas Lírico da América Hispânica (revista Acrobata) – poemas traduzidos para o português – e Conexão Hispânica (Agulha Revista de Cultura) – estudos críticos sobre poetas. Nesta terceira linha, também dedicada à tradição lírica na América Hispânica, encontramos juntos os ensaios, entrevistas e prólogos assinados por Floriano Martins. Parte significativa desse material – as entrevistas – compõe o volume homônimo, Escrita Conquistada, publicado em 2018.


1874-1942 José María Eguren (Perú) A POESIA DE JOSÉ MARÍA EGUREN

1893-1948 Vicente Huidobro (Chile) LA COSECHA VERTIGINOSA DE LA IMAGEN POÉTICA

1899-1986 Jorge Luis Borges (Argentina) AS ENTREVISTAS COM JORGE LUÍS BORGES

1903-1958 César Moro (Perú) CÉSAR MORO ENTRE AMIGOS

1903-1973 Aldo Pellegrini (Argentina) SOBRE SURREALISMO

1904-1973 Pablo Neruda (Chile) A POESIA DE PABLO NERUDA

1910-1996 Enrique Molina (Argentina) OS COSTUMES ERRANTES DE ENRIQUE MOLINA

1912-2002 Pablo Antonio Cuadra (Nicaragua) POESÍA: EL ENSAYO DE LO INEFABLE

1915-1995 Enrique Gómez-Correa (Chile) TESTIMONIOS DE UN POETA EXPLOSIVO

1915-2001 Juan Liscano (Venezuela) LA EXPRESIÓN DE LO ESENCIAL

1917-2011 Gonzalo Rojas (Chile) A POESIA DE GONZALO ROJAS

1919-1974 Eunice Odio (Costa Rica) LAS VERTIENTES DEL FUEGO

1920-1994 Freddy Gatón Arce (República Dominicana) LA HUMANIDAD SECRETA DE LOS ABISMOS

1920-1999 Olga Orozco (Argentina) RETRATO-RELÂMPAGO DE OLGA OROZCO

1920-2004 Fernando Charry Lara (Colombia) PASIÓN Y REFLEXIÓN DE LA POESÍA

1921-2004 Javier Sologuren (Perú) UNA POÉTICA DE LA LEVEDAD

1921-2007 Otto-Raúl González (Guatemala) GUATEMALA Y SUS VOCES OCULTAS

1921-2010 Amanda Berenguer (Uruguay) VIAJES INCESANTES DEL LENGUAJE

1923-2013 Álvaro Mutis (Colombia) A POESIA DE ÁLVARO MUTIS

1924-2018 Claribel Alegría (Nicaragua) RECUERDOS DE LA REALIDAD

1924-2021 Manuel de la Puebla (Puerto Rico) MEMORIA POÉTICA DE UN PAÍS

1927 Carlos Germán Belli (Perú) PRECIOSOS MISTERIOS DE LA EXPERIENCIA POÉTICA

1927-2000 Francisco Madariaga (Argentina) “SOY SÓLO UN PEÓN DEL PLANETA”

1927-2010 Rolando Toro (Chile) A POESIA DE ROLANDO TORO

1927-2019 Ludwig Zeller (Chile) EL SURREALISMO EN LA MESA (Part. Susana Wald)

1928 Graciela Maturo (Argentina) LAS VANGUARDIAS EN ARGENTINA

1929-2016 Américo Ferrari (Perú) EL RECORTE SAGRADO DE LAS PALABRAS

1930-2011 Roberto Sosa (Honduras) HONDURAS EN SU AMBIENTE POÉTICO

1930-2018 José Guillermo Ros-Zanet (Panamá) ENCUENTROS Y DESENCUENTROS

1931 Juan Calzadilla (Venezuela) HUMOR Y SÍNTESIS EN EL ACTO CREADOR

1931-2016 Jorge Ariel Madrazo (Argentina) EL POEMA COMO CUERPO VIVO

1932 Circe Maia (Uruguay) UNA VOZ A TRAVÉS DEL TIEMPO

1932 Pedro Lastra (Chile) DEL ESPEJO A LA MULTIPLICACIÓN DE LAS VOCES

1932-2004 Marosa di Giorgio (Uruguay) DIÁLOGO SIN PAUSA

1932-2013 Carlos M. Luis (Cuba) DOS ENCUENTROS

1932-2019 Thelma Nava (México) SOBRE LA REVISTA PÁJARO CASCABEL

1933-2009 Alfredo Silva Estrada (Venezuela) INSCRIPCIONES EN EL ESPACIO POÉTICO

1933-2023 Manuel Mora Serrano (República Dominicana) DOS ENCUENTROS

1934-2014 Gerardo Deniz (México) RECORTES DE UNA IRONÍA APASIONADA

1934-2021 Rodolfo Alonso (Argentina) LA RIQUEZA ABANDONADA DE LA POESÍA

1937 Miguel Grinberg (Argentina) UNA MIRADA EN LAS VANGUARDIAS

1937-2020 Rodrigo Pesántez-Rodas (Ecuador) EL ECUADOR DE LAS LUCES

1938 Fernando Palenzuela (Cuba) CONVERSA SOBRE LA REVISTA ALACRÁN AZUL

1938-2008 Eugenio Montejo (Venezuela) ANOTACIONES DE LA PERMANENCIA DEL CANTO

1939 José Roberto Cea (Honduras) CASI UN TESTAMENTO POÉTICO

1939-2014 Ulises Estrella (Ecuador) SOBRE LAS REVISTAS PUCUNA E LA BUFANDA DEL SOL

1940 Francisco Morales Santos (Guatemala) DOS ENCUENTROS

1940 Gustavo Pereira (Venezuela) “AL DIABLO LOS VERSOS”

1940 José Kozer (Cuba) DOIS ENCONTROS

1940 Jotamario Arbeláez (Colombia) EXTRAVAGANCIAS POÉTICAS DEL NADAÍSMO

1941 Hildebrando Pérez Grande (Perú) LAS VANGUARDIAS EN EL PERÚ

1941 Luis Alberto Crespo (Venezuela) RESONANCIAS DEL ESPÍRITU POÉTICO

1943 Eduardo Mitre (Bolivia) LA RAZÓN ARDIENTE DE LA POESÍA

1944 Armando Romero (Colombia) DOS POETAS, CUATRO ENCUENTROS

1944 Francisco Proaño Arandi (Ecuador) DOS ENCUENTROS

1944 Renée Ferrer (Paraguay) DOS ENCUENTROS

1945 Harold Alvarado Tenorio (Colombia) POESIA & OUTRAS ESPÉCIES

1946 Carlos Vásquez-Zawadzki (Colombia) LAS VANGUARDIAS EN COLOMBIA

1946 Guido Rodríguez Alcalá (Paraguay) LAS VANGUARDIAS EN PARAGUAY

1947 Juan Cameron (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE

1947 Juan Carlos Mieses (República Dominicana) DETRÁS DE LAS PALABRAS Y LOS RITMOS

1947 Susana Giraudo (Argentina) LA POESÍA Y SUS NOMBRES INFINITOS

1948 Helen Umaña (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS

1948 Miguel Espejo (Argentina) LAS VANGUARDIAS EN ARGENTINA

1948-2022 Alfredo Fressia (Uruguay) EN LAS FISURAS DE LA MIMESIS

1950 Alfonso Velis Tobar (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR 

1950 Soledad Alvarez (República Dominicana) LAS VANGUARDIAS EN LA REPÚBLICA DOMINICANA

1950-2018 Enrique Verástegui (Perú) O MOTOR DO DESEJO

1951 Carlos Francisco Monge (Costa Rica) DOS ENCUENTROS

1951 Jesús David Curbelo (Cuba) LAS VANGUARDIAS EN CUBA

1952 David Cortés Cabán (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO

1952 Julio del Valle-Castillo (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1952 Martin Jamieson (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ

1952 Orlando José Hernández (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO

1954 Ernestina Elorriaga (Argentina) DOS POETAS EN UNA MESA DE LUZ

1955 Berta Lucía Estrada (Colombia) UNA MESA VERTICAL

1955 Carlos Barbarito (Argentina) A POESIA DE CARLOS BARBARITO

1955 Mónica Salinas (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY

1956 Gary Daher Canedo (Bolivia) SITIO DONDE AGUARDA UN CÁNTARO

1957 Alejandro Bruzual (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA

1957 Homero Carvalho Oliva (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA

1957 Luis Bravo (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY

1958 Adriano Corrales Arias (Costa Rica) LAS VANGUARDIAS EN COSTA RICA

1958 Beatriz Hausner (Chile) CAMINHOS DO SURREALISMO

1958 José Ángel Leyva (México) DOS ENCUENTROS

1958 José Carr (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ

1958 Nicasio Urbina (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1958 Omar Castillo (Colombia) DIÁLOGO ENTRE DOS POETAS

1958 Rodolfo Häsler (Cuba) EN BUSCA DE LO IMPOSIBLE

1960 José Mármol (República Dominicana) LA OTREDAD SORPRENDIDA DEL POETA

1960 Vilma Tapia Anaya (Bolivia) DOS ENCUENTROS

1961 Enrique de Santiago (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE

1962 Arturo Gutiérrez Plaza (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA

1962 Raúl Serrano Sánchez (Ecuador) LAS VANGUARDIAS EN ECUADOR

1963 Pedro Xavier Solis (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1963-2016 Gonzalo Márquez Cristo (Colombia) CORRESPONDENCIAS ENTRE POESÍA Y ACCIÓN

1965 Jorge Fernández Granados (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO

1969 Luis Alvarenga (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR

1972 Gabriel Chávez Casazola (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA

1972 Xavier Oquendo Troncoso (Ecuador) DIÁLOGO EN EL CENTRO DEL MUNDO

1973 Carolina Zamudio (Argentina) LA ILUSIÓN TRANSITORIA DE LOS ESPACIOS

1973 Ricardo Venegas (México) LA POESÍA DE RICARDO VENEGAS

1974 Fabricio Estrada (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS

1974 Javier Payeras (Guatemala) LAS VANGUARDIAS EN GUATEMALA

1983 Manuel Iris (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO

1984 Alex Morillo Sotomayor (Perú) LAS VANGUARDIAS EN PERÚ


 


 

 

OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA

 

El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.

Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.

Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.

Alberto Nepomuceno. Edições FDR. Fortaleza. 2000.

O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra AméricaCaracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.

A inocência de pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.

Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.

Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.

Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.

Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.

Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.

Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.

120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.

 

TRADUÇÕES

 

Poemas de amor, de Federico García Lorca. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.

A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.

Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.

A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.

III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.

Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.

Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.

Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.

Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.

Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.

Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.

Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.

O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.

A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.

 

  

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

1999-2024 



 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário